Principais Desafios Para Adoção Do Hospital Digital

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Transcrição:

Principais Desafios Para Adoção Do Hospital Digital Eliz Delozangela Arruda de Oliveira 1, Rafael Fábio Maciel 2 1. Bacharel em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, Especialista em Gestão Financeira e Auditoria Contábil pela UNAES. 2. Professor Doutor. Universidade Aberta do Brasil, Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP, São Paulo (SP), Brasil. Resumo Objetivo: Esse trabalho tem como objetivo principal apresentar uma visão geral dos principais desafios enfrentados atualmente para ter um hospital digital. Método: Foi realizada pesquisa bibliográfica, nas bases de dados MEDLINE, LILACs, SCIELO e PUBMED ISI entre os meses de agosto a novembro de 2016. A abrangência da pesquisa foi delimitada aos hospitais brasileiros, considerando o período dos últimos 5 anos. Resultados: Os hospitais brasileiros estão progredindo na adoção de ferramentas informatizadas, utilizando a Tecnologia da Informação para angariar eficiência operacional, melhor qualidade assistencial e maior segurança do paciente. No entanto, o número que hospital que são paperless ainda não é significativo. Conclusão: Adotar sistemas de informação que proporcionem maior automação dos processos que possuam os níveis de garantia de segurança estabelecidos pela Sociedade Brasileira de Informática em Saúde, implantar os processos e ferramentas para elevar o conhecimento e profissionalismo da dos profissionais da área da saúde e estar em conformidade com a legislação, diretrizes e certificações das entidades responsáveis foram os desafios apresentados nesse trabalho. Descritores: Hospital Digital, Paperless, Certificação Digital, Sistemas de Registro Eletrônico de Saúde, Prontuário Eletrônico do Paciente. Introdução Um documento essencial dentro do ambiente hospitalar é o prontuário do paciente. Este documento permeia toda a sua atividade assistencial, administrativa, de pesquisa e ensino, além de permitir a integração entre os vários setores e com seus respectivos profissionais de saúde 3.

Apesar de diversas instituições já utilizarem o Prontuário Eletrônico do Paciente, o Brasil ainda não conta com um número significativo de hospitais digitais. É fato que a transição dos arquivos e setores físicos para digital é um processo gradativo e complexo. Outro entrave é a questão cultural, enraizada em nossos hospitais, que postergam a eliminação do uso dos papéis. Para que a implantação de um sistema de informática aconteça, deve existir uma mudança cultural na instituição 4. No entanto, com o advento da tecnologia e aumento da utilização de dispositivos móveis (já que o uso de tablets e smartphones fazem parte tanto da rotina do paciente quanto dos médicos) e considerando ainda o forte desejo dos hospitais em inovar e aprimorar o uso das informações, é eminente implementar soluções tecnológicas visando a automatização de dados e processos, aprimorando o atendimento, o registro das informações e a segurança do paciente. Podemos ressaltar também a contribuição com o meio ambiente com a eliminação dos papéis e liberação dos espaços físicos (utilizados para armazenamento de prontuários em papel) que podem ser destinados a setores produtivos. A respeito das vantagens de utilização do PEP, os profissionais da saúde ressaltam a preservação do meio ambiente e a economia além da modernidade trazida por essa tecnologia, da segurança, da facilidade de acesso às informações e à gestão destas 5. Conforme ressalta Pinochet 6, os sistemas gerenciais podem auxiliar no atendimento das seguintes metas: 1) reduzir a redundância e/ou duplicidade de dados; 2) fornecer dados com qualidade; 3) manter a integridade de dados; 4) proteger a segurança de dados; 5) proporcionar uma interface relativamente mais acessível com avanços da tecnologia; e 6) facilitar o acesso a uma única base de dados para diversas aplicações, podendo ser utilizadas por múltiplos usuários. Método: O interesse pelo tema desafios para adoção do hospital digital surgiu após a atuação profissional na implantação do prontuário eletrônico do paciente e da percepção da relevância do hospital digital para administração hospitalar, uma vez que abrange processos de trabalho concisos e bem desenhados. O presente trabalho de conclusão de curso será apresentado no formato de trabalho científico e procura fazer um diagnóstico dos maiores desafios encontrados

para implantação do hospital digital. Foi utilizado a modalidade de pesquisa bibliográfica com o objetivo de abordar as dificuldades encontradas na adoção do hospital digital em sua plenitude. Dessa forma, será utilizada a pesquisa explicativa. As pesquisas serão realizadas nas bases de dados MEDLINE, LILACs, SCIELO e PUBMED ISI. A abrangência da pesquisa será delimitada aos hospitais brasileiros, considerando o período de abrangência dos últimos 5 anos, pois a experiência brasileira com hospitais digitais é muito recente. Critérios de Inclusão: Hospitais brasileiros que possuem interesse em ser um hospital paperless. Resultados Os resultados encontrado em busca bibliográfica, serão expostos na tabela a seguir (tabela 1). Tabela 1 Artigos localizados nas bases de dados MEDLINE, LILACs, SCIELO e PUBMED ISI. Título do Artigo/Referência Objetivo Resultados O estudo tem como objetivo Ficou evidenciado que a utilização do verificar e avaliar a contribuição PEP pelas instituições de saúde traz Martins C, Lima SM. Vantagens e da implantação de prontuário significativas vantagens, contribuindo desvantagens do prontuário eletrônico do paciente (PEP), com a qualidade das informações do eletrônico para instituição de saúde. identificando suas vantagens e paciente, dados importantes e RAS 2014 abr-jun; 16 (63): 61-6. desvantagens para a instituição essenciais tanto para continuidade da de saúde. assistência como para ações gerenciais. Jenal S, Évora YDM. Desafio da implantação do prontuário eletrônico do paciente. J Health Inform. 012;4(Esp):216-9. Medeiros GH, Oliveira LL, Viana SAA. Processo de implantação da certificação do prontuário eletrônico do paciente. Disponível em: http://apps.cofen.gov.br/cbcenf/siste mainscricoes/arquivostrabalhos/i661 18.E13.T13233.D9AP.pdf O artigo consiste na pesquisa de Estudo de Caso em um Complexo Hospitalar e tem como objetivo descrever o processo de implantação do Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP). O objetivo do estudo foi conhecer os processos de implantação da Certificação do Prontuário Eletrônico do Paciente, verificar como os registros dos pacientes são armazenados eletronicamente, compreender e avaliar o comportamento da equipe de enfermagem diante da utilização do PEP, identificando o grau de conhecimento e as dificuldades dos enfermeiros com relação ao uso dos sistemas de informação. A implantação do Prontuário Eletrônico do Paciente mudou a forma de trabalho do hospital. Os autores atribuíram a dedicação e entusiasmo dos próprios funcionários, como fator determinando para o sucesso da implantação. Percebe-se também a importância da integração dos sistemas de todos os serviços e unidades hospitalares. Os autores ressaltam as vantagens trazidas pela aplicação do prontuário eletrônico na instituição, destacando a modernidade trazida por essa tecnologia, a segurança dos dados e a evolução sem papeis, a facilidade de acesso aos dados e a gestão das informações. Além disso, a praticidade de organização e compreensão, o melhor aproveitamento do tempo e o armazenamento em bancos de dados seguros também foram elencados pelos profissionais, refletindo a importância de adotar esse recurso nas instituições de saúde.

Pinochet LHC. Tendências de tecnologia de informação na gestão da saúde. Mundo saúde, v. 35, n. 4, p. 382-394, 2011. Sociedade Brasileira de Informática em Saúde. Manual de Certificação para Sistemas de Registro Eletrônico em Saúde. 2013; (Versão 4.1):1-92. Disponível em: http://www.sbis.org.br/certificacao/ma nual_certificacao_sbis- CFM_2013_v4-1.pdf Ramires M. Os benefícios da Certificação Digital ao setor da saúde. 2016. Disponível em: http://saudebusiness.com/noticias/os -beneficios-da-certificacao-digital-aosetor-da-saude/ De Araújo BG, Valentim RAM, Hekis HR, Júnior JD, Tourinho FSV, Alves RLS. Processo de certificação de sistemas de registro eletrônico de saúde no brasil: uma abordagem abrangente e os principais desafios. Revista Brasileira de Inovação Tecnológica em Saúde ISSN: 2236-1103, v. 3, n. 3, 2013. Costa CG. Entenda o modelo de adoção do prontuário eletrônico da HIMSS. 2014. Disponível em: http://saudebusiness.com/noticias/en tenda-o-modelo-de-adocao-doprontuario-eletronico-da-himss/ Perez G., Zwicker R. Fatores determinantes da adoção de sistemas de informação na área de saúde: um estudo sobre o prontuário médico eletrônico. RAM. Revista de Administração Mackenzie O trabalho teve como objetivo principal apresentar as novas tendências de Tecnologia de Informação emergentes que estão trazendo benefícios diretos e indiretos para a Gestão da Saúde. O manual tem como objetivo detalhar os requisitos de segurança, conteúdo e funcionalidades que um sistema de Registro Eletrônico em Saúde (RES) deve ter para estar em conformidade com as resoluções do Conselho Federal de Medicina. O artigo aborda os benefícios no uso da Certificação Digital que além de melhorar os processos operacionais contribui para segurança da informação. O artigo apresenta uma visão geral sobre o processo de Certificação de Sistemas de Registro Eletrônico de Saúde no Brasil e lista os principais desafios enfrentados na atualidade. O objetivo do artigo é abordar como funciona a certificação da Healthcare Information and Management Systems Society (HIMSS) e o modelo de prontuário EMRAM. O artigo analisou os principais fatores que afetam a adoção da inovação tecnológica em sistemas de informações na área de saúde e os reflexos O cenário brasileiro tem vários nichos de mercado diferentes, sendo muito complexo pois, além dos universos com uma visão macro (saúde pública, suplementar e complementar), tem hospitais que pertencem às operadoras de saúde, cooperativas médicas, medicina de grupo, entre outros. Essa diversidade obriga cada organização estabelecer processos diferentes que refletem em soluções diferentes. Cumpri com a proposta inicial de detalhar os requisitos de segurança, conteúdo e funcionalidades que um sistema de Registro Eletrônico em Saúde (RES) deve ter. O uso do Certificado Digital na área da saúde preza pela segurança, já que os processos no meio eletrônico são mais fáceis de serem administrados e rastreados. Com ele, é possível minimizar o risco de extravio de documentos e registros. Também é possível reduzir o risco de interpretação errônea de receitas manuscritas. O autor considera a criação do processo de Certificação de Sistemas de Registro Eletrônico de Saúde um marco importante para a área da saúde, pois a partir dele, Sistemas podem ser certificados através de uma verificação de conformidade, garantindo que a sua execução seja de forma esperada e que os dados envolvidos estejam seguros, evitando assim, vazamento de informações e falhas nos procedimentos. O EMRAM é um Modelo de Adoção do Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP). Desde seu desenvolvimento, tem servido como referência para os hospitais em todo o mundo. Funciona como uma acreditação hospitalar, já que define requisitos mínimos que um hospital deve atender, sendo esses relacionados à adoção de tecnologias do prontuário eletrônico. Segundo o autor, pode-se concluir que o uso de sistemas de informações acarreta, por parte de seus usuários, percepções que podem ter importantes

(Online),11(1), 174-200. 2010. Disponível em: http://www.producao.usp.br/handle/b DPI/6219 dessa adoção para os indivíduos, profissionais e grupos sociais envolvidos com a inovação. reflexos nas tarefas e no trabalho da organização. De Carvalho ACM, De Souza LP. Ativos intangíveis ou capital intelectual: discussões das contradições na literatura e propostas para sua avaliação. Perspectivas em ciência da informação, v. 4, n. 1, 1999. Meyers, M. Health It And Patient Safety: Building Safer Systems For Better Care. JAMA, 308(21). 2012. Grupo de estudos de tecnologia da informação da ANAHP - Associação Nacional de Hospitais Privados. Diretrizes de TI para Hospitais Privados. Em busca do Hospital Digital. 2015. Disponível em: http://anahp.com.br/publicacoesanahp/livros/manual-diretrizes-de-ti O objetivo é abordar a importância do uso da avaliação dos ativos intangíveis enquanto ferramenta complementar para o gerenciamento organizacional. O relatório explica os potenciais benefícios e riscos que a tecnologia da informação pode ocasionar à área da saúde. O documento traz indicações que servem para que que hospital avalie como está o seu grau e estratégia de adoção de TI em relação aos eixos essenciais de um plano para um Hospital Digital. Os autores acreditam na relevância dos ativos intangíveis (importante fonte de riqueza das empresas) e da sua avaliação enquanto ferramenta adicional no processo de gestão da organização; sendo importante avançar a discussão com vistas a propiciar uma ampliação da compreensão das questões organizacionais. Conclui-se que a tecnologia da informação aplicada à saúde, tem grande potencial para melhorar drasticamente a segurança do paciente em todas as áreas do cuidado. O documento traz uma relação de variáveis essenciais para a adoção do hospital digital, tais como os Sistemas ERP, Automação dos processos, gestão estratégica da instituição, Inovação com o uso de novas tecnologias, Integração dos sistemas de informação, investimento em Infraestrutura e uma equipe de TI qualificada. Entre outros. Discussão Atualmente, o cenário nacional apresenta uma representatividade baixa de hospitais digitais em relação à quantidade de instituições de saúde existentes, também é sabido que, neste cenário podemos dividir em 3 grandes grupos macroeconômicos, tais como: públicos, filantrópicos e privados, cada um com sua particularidade, mas, cada um com o mesmo objeto de trabalho, ou seja a qualidade de atendimento, tratamento e acompanhamento dos seus pacientes. Portanto, se faz necessário ter ferramentas para otimizar processos e melhorar a qualidade assistencial. Diante deste cenário surge o questionamento, sobre os desafios de se implantar um hospital totalmente paperless. Há uma tendência mundial em busca de tecnologia e informatização dos processos e nos ambientes hospitalares não é diferente. Na área da saúde, a segurança das informações é uma característica indispensável nos sistemas utilizados, pois são manipulados dados e procedimentos sobre a saúde de pacientes que, na maioria das vezes, são sigilosos. Visando isso, os Sistemas de Registro

Eletrônico de Saúde (S-RES) devem apresentar um alto grau de confiabilidade e segurança, com o objetivo de evitar falhas durante o uso. Visando isto, o Conselho Federal de Medicina (CFM) juntamente com a Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS) criaram um processo de certificação para sistemas que gerenciam informações relacionadas à saúde de indivíduos, como o Prontuário Eletrônico de Pacientes. O conselho visou as questões concernentes à legalidade da utilização de sistemas informatizados para capturar, armazenar, manusear e transmitir dados do atendimento em saúde, incluindo as condições para a substituição do suporte papel pelo meio eletrônico 7. Um requisito obrigatório nesse processo de certificação, visando a eliminação do uso dos papéis, é a utilização do certificado digital para o processo de autenticação e assinatura digital de documentos eletrônicos no S-RES. A certificação digital se faz necessário em todas as áreas que precisam garantir a autenticidade e a integridade de ações no meio eletrônico. Conforme Ramires 8, o uso da certificação digital melhora a eficiência operacional, já que possibilita a migração de 100% dos processos físicos para o meio digital. No Brasil, os certificados digitais são emitidos pelo ICP-Brasil. Para Araújo et al. 9, a certificação digital é uma importante prática de segurança da informação, todavia não garante que os dados irão ficar completamente seguros, mas inibe a ação de criminosos e de falhas que venham a ocorrer que comprometam as informações armazenadas. Dessa forma, para os hospitais interessados em eliminar o registro das informações em papel, é necessário que seu S-RES esteja em conformidade com o Nível de Garantia de Segurança 2 (NGS2) estabelecido pela SBIS, que contempla obrigatoriamente o uso desses certificados digitais. É importante frisar que, para atingir o NGS2 é necessário que atenda aos requisitos já descritos para o NGS1 e apresente ainda total conformidade com os requisitos especificados para o Nível de Garantia 2 7. Nessa busca pelo hospital digital, é importante que a instituição estabeleça um um benchmarking entre o seu hospital e outros. Nesse sentido, uma boa referência é a adoção do Prontuário Eletrônico da HIMSS (EMRAM Electronic Medical Record Adoption Model). Segundo Costa 10, esse modelo preconiza a adoção progressiva de algumas tecnologias que suportam o processo assistencial, definindo 8 estágios evolutivos, do 0 ao 7, e com requisitos específicos que os hospitais devem atender

para conquistar a classificação de cada estágio. Basicamente, um hospital estágio 0 não possui nenhum tipo de sistema ou tecnologia que dê apoio à assistência ao paciente, enquanto uma instituição estágio 7 é um hospital digital, com intenso e amplo uso de tecnologias que dão suporte à assistência clínica e ao cuidado do paciente. Esses estágios são baseados basicamente em processos sistematizados, que precisam estar bem definidos e implantados para que não se tenha transtornos no processo de certificação da HIMSS. Esse tipo de certificação é importante para o hospital, visto que impulsionam a instituição a adotar as melhores práticas do mercado, garantindo segurança, maturidade, eficiência e gestão dos processos, sejam esses operacionais assistenciais ou mesmo de TI. Segundo Pinochet 6 não há dúvidas de que é preciso rever processos e investir em tecnologias capazes de aumentar o controle e melhorar a qualidade da assistência. No entanto, o que vemos nos hospitais é uma deficiência grande nos processos de trabalho. Quando abordamos sobre sistema de informação e certificações na área da saúde, é imprescindível padronizar e definir os processos operacionais à serem trabalhados, com a intenção de analisar resultados que possam contribuir na tomada de decisões, aumentando a qualidade assistencial e administrativa da instituição, caso, estes fluxos operacionais não sejam padronizados e homologados, a implantação não será efetiva e todo investimento estará fadado ao fracasso. O Brien e Marakas citado por Perez e Zwicker 11 definem um sistema de informações como um conjunto integrado de recursos, que é composto por pessoas, dados, software, hardware e redes de comunicação. Considerando essa premissa, um aspecto igualmente importante e muitas vezes ignorado nesse processo de autenticação é a capacidade técnica do capital humano utilizado na área da saúde. Conforme Carvalho e Souza 12, o Capital Humano é a capacidade, conhecimento, habilidade, criatividade e experiências individuais dos empregados e gerente transformando em produtos e serviços que são o motivo pelo qual os clientes procuram a empresa e não o concorrente. O questionamento que fica é: Qual a importância do capital humano no processo de busca por um hospital digital? As pessoas levam tempo para inserir dados e processá-los ou muitas vezes inserem dados incoerentes. Como um software irá processar as informações em tempo real e de forma fidedigna se o

capital humano não o alimenta de forma correta? Tornar esse esforço o mais eficiente e eficaz possível deveria ser um objetivo equivalente a garantir segurança, privacidade, interoperabilidade e conformidade regulatória. Há maneiras sistemáticas de medir o desempenho humano e tentar evitar o erro. Todavia, investir na estruturação, capacitação e qualificação dos profissionais da saúde, é essencial nesse processo. Afinal, de que adianta as empresas investirem fortemente em tecnologia, se não tiver recursos humanos com conhecimento suficiente para utilizála. Conclusão A necessidade de gerir e armazenar dados de consultas, exames e internações dos pacientes, bem como gerenciar leitos hospitalares, controlar estoques de medicamentos e materiais e consolidar todas essas informações em um único software de forma clara e concisa é um desafio na área da saúde, ainda mais quando falamos em registros eletrônicos em saúde, que foi o foco dessa pesquisa. Um dos desafios na busca do Hospital Digital é enfrentado diretamente pelas indústrias de software, no que diz respeito ao desenvolvimento de sistemas que serão submetidos ao Nível de Garantia de Segurança 2 (NGS2). Outro fator a considerar é que, para eliminação dos papéis nos hospitais é obrigatória a utilização de certificação digital, sendo a ICP-Brasil, a entidade responsável por emiti-los no Brasil. No entanto, o desafio consiste em como incentivar a utilização de sistemas certificados na área da saúde, que culturalmente não tem esse hábito. Muitos acreditam que, ao implantar o Prontuário Eletrônico do Paciente e o certificado digital, o hospital digital estará pronto, o que é um engano. É preciso transformar dados em informações práticas, de forma coerente e assertiva. Para isso, processos de trabalho devem estar bem definidos e implantados, o que muitas vezes requer toda reestruturação do hospital. Consoante a isso, há de se considerar o capital humano investido nesse processo que deve corresponder às expectativas propostas pelo projeto de implantação do hospital digital. Não ter um processo bem definido e mão de obra qualificada para executá-lo, torna o projeto malsucedido ou que demande muito mais esforço e transtorno para se concretizar. Referências

3. Martins C, Lima SM. Vantagens e desvantagens do prontuário eletrônico para instituição de saúde. RAS 2014 abr-jun; 16 (63): 61-6. 4. Jenal S, Évora YDM. Desafio da implantação do prontuário eletrônico do paciente. J Health Inform. 2012;4(Esp):216-9. 5. Medeiros GH, Oliveira LL, Viana SAA. Processo de implantação da certificação do prontuário eletrônico do paciente. Disponível em: http://apps.cofen.gov.br/cbcenf/sistemainscricoes/arquivostrabalhos/i66118.e13. T13233.D9AP.pdf 6. Pinochet LHC. Tendências de tecnologia de informação na gestão da saúde. Mundo saúde, v. 35, n. 4, p. 382-394, 2011. 7. Sociedade Brasileira de Informática em Saúde. Manual de Certificação para Sistemas de Registro Eletrônico em Saúde. 2013; (Versão 4.1):1-92. Disponível em: http://www.sbis.org.br/certificacao/manual_certificacao_sbis- CFM_2013_v4-1.pdf 8. Ramires M. Os benefícios da Certificação Digital ao setor da saúde. 2016. Disponível em: http://saudebusiness.com/noticias/os-beneficios-da-certificacaodigital-ao-setor-da-saude/ 9. De Araújo BG, Valentim RAM, Hekis HR, Júnior JD, Tourinho FSV, Alves RLS. Processo de certificação de sistemas de registro eletrônico de saúde no brasil: uma abordagem abrangente e os principais desafios. Revista Brasileira de Inovação Tecnológica em Saúde ISSN: 2236-1103, v. 3, n. 3, 2013. 10. Costa CG. Entenda o modelo de adoção do prontuário eletrônico da HIMSS. 2014. Disponível em: http://saudebusiness.com/noticias/entenda-o-modelo-deadocao-do-prontuario-eletronico-da-himss/ 11. Perez G., Zwicker R. Fatores determinantes da adoção de sistemas de informação na área de saúde: um estudo sobre o prontuário médico eletrônico. RAM. Revista de Administração Mackenzie (Online),11(1), 174-200. 2010. Disponível em: http://www.producao.usp.br/handle/bdpi/6219 12. De Carvalho ACM, De Souza LP. Ativos intangíveis ou capital intelectual: discussões das contradições na literatura e propostas para sua avaliação. Perspectivas em ciência da informação, v. 4, n. 1, 1999.