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Transcrição:

EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS BRAZILIAN EXPORTS BALANÇA COMERCIAL BRASILEIRA A balança comercial brasileira continua em queda e apresentou, até o mês de novembro de 2014, um déficit de US$ 4,22 bilhões, alavancado pelo pior resultado do mês de novembro dos últimos vinte anos. As exportações acumuladas alcançaram US$ 207,61 bilhões (média diária de US$ 906 milhões) e as importações US$ 211,83 bilhões (média diária de US$ 913 milhões). Esse resultado de novembro representa uma queda de 25% nas exportações, com relação a novembro de 2013, enquanto as importações caíram 6%. O fraco desempenho é lastreado, principalmente, na falta de competitividade do manufaturado brasileiro, agravada pela desaceleração programada da China e pela grave crise econômica instalada na Argentina, o que promoveu queda, respectivamente, nos preços das commodities e na exportação de manufaturados brasileiros. BRAZILIAN TRADE BALANCE Brazilian trade balance continues to fall and presented, until the month of November 2014, a US$ 4.22 billion deficit, driven by the worst result of the November comparing to the same month of the last twenty years. The cumulative exports reached US$ 207.61 billion (daily average of US$ 906 million) and imports reached US$ 211.83 billion (daily average of US$ 913 million). This result of November represents a 25% fall in exports in relation to November 2013, while imports fell 6%. The poor performance is backed mainly on the lack of competitiveness of Brazilian manufactured product, compounded by the planned slowdown in China and by the severe economic crisis installed in Argentina, which generated the decrease in commodity prices and exports of Brazilian manufactured products, respectively. Revista Courobusiness - novembro / dezembro 2014-19

Com inflação alta, a valorização do dólar, mesmo alcançando o patamar de R$ 2,60, se mostrou insuficiente para alavancar as exportações brasileiras, pois maior a inflação, maior a necessidade de desvalorização cambial para elevar as exportações. Não se pode esquecer que a volatilidade cambial inviabiliza o planejamento da indústria. Certamente, há uma limitação na evolução do comércio exterior brasileiro causada, também e principalmente, pela enorme burocracia nas operações de exportação, pela infraestrutura deteriorada e pela baixa produtividade em diversos segmentos industriais. Tanto é que, desde 2008, as exportações brasileiras cresceram 22%, enquanto as importações evoluíram mais rapidamente e cresceram 38%. Particularizando, o agronegócio mantém o protagonismo no comércio exterior brasileiro, devendo se sustentar, em 2014, no patamar de US$ 100 bilhões exportados. With high inflation, the appreciation of the dollar, even reaching a level of BRL 2.60, proved insufficient to boost Brazilian exports, since the higher the inflation, the greater the need for currency devaluation in order to boost exports. We cannot forget that the exchange rate volatility impedes industry planning. Certainly, there is a limitation in Brazilian foreign trade evolution that is caused also and mainly by the huge bureaucracy in export transactions, by the deteriorated infrastructure and by low productivity in various segments. In fact, since 2008, Brazilian exports grew 22%, while imports have been developing faster and grew 38%. Particularizing, agribusiness keeps the leadership in Brazilian foreign trade and must be sustained in 2014 at around US$ 100 billion in exports. Ao obter crescimento, mesmo pequeno, o agronegócio destoou da queda ocorrida nas exportações dos demais produtos, e elevou para 42% sua participação nas exportações totais do Brasil. Já o complexo carne, segundando o complexo soja nas exportações do agronegócio, deverá fechar 2014 no mesmo patamar de 2013, com US$ 17 bilhões em exportações. Agribusiness had a small growth, unlike the fall that has occurred in exports of other products, and it increased to 42% its share of total exports from Brazil. Regarding the meat domain, following the soy domain in agribusiness exports, should end 2014 at the same level of 2013, with US$ 17 billion in exports. 20 - Revista Courobusiness -novembro / dezembro 2014

EXPORTAÇÕES DE COURO DO BRASIL O mercado interno para o couro brasileiro, não competitivo, estagnado e com tendência de queda pelo crescente endividamento do consumidor, não deixa alternativa para a indústria curtidora nacional, senão o mercado internacional. Até novembro de 2014, o Brasil exportou US$ 2,69 bilhões em couros e peles (19% acima do resultado obtido no mesmo período de 2013), o que equivale a quase três dias das exportações totais brasileiras e manteve em 1,3% a participação das exportações dessa matéria-prima nas exportações totais do Brasil. 2014 se encerrará com exportações de couro se aproximando de US$ 3,0 bilhões. Se as exportações da matéria-prima couro crescem continuamente, as exportações de manufaturados de couro eternizam a queda livre. LEATHER EXPORTS FROM BRAZIL The internal market for Brazilian leather, which is not competitive, stagnant and trends to declining because of the increasing consumer debt, leaves no alternative to national tanning industry but the international market. Until November 2014, Brazil exported US$ 2.69 billion in hides and skins (19% above the result achieved in the same period of 2013), which is equivalent to almost three days of total Brazilian exports and it maintained at 1.3% the share of exports of this raw material in Brazilian total exports. 2014 will close with the exports of leather approaching US$ 3.0 billion. If exports of raw leather grow continuously, exports of leather manufactured products perpetuate the free fall. As exportações de calçados (US$ 1,1 bilhão) do Brasil não passam de 41% das exportações de couro (US$ 2,7 bilhões), enquanto as exportações de artefatos (bolsas, cintos, carteiras, etc.) se limitam a ínfimos 2%. Mal comparando, do outro lado do mundo, a China continua aumentando sua produção de calçados (produziu 14 bilhões de pares em 2013) e esse crescimento, obviamente, independe das importações de couro do Brasil. Essa independência vale também para o Vietnâ, um dos maiores exportadores de artigos de couro do planeta. Exports of footwear (US$ 1.1 billion) from Brazil are not higher than 41% of exports of leather (US$ 2.7 billion), while exports of artifacts (bags, belts, wallets, etc.) are limited to only 2%. In addition to that, on the other side of the world, China continues to increase its production of footwear (it produced 14 billion pairs in 2013) and this growth, of course, is independent of leather imports from Brazil. This independence also applies to Vietnam, one of the largest exporters of leather goods on the planet. Revista Courobusiness - novembro / dezembro 2014-21

Há cinco anos, as exportações de calçados (US$ 1,1 bilhão) do Brasil eram 38% superiores às exportações de couro (US$ 791 milhões). Em 2014, as exportações de calçados (US$ 920 milhões) não passam de 41% das exportações de couro (US$ 2,2 bilhões). No mesmo período, as exportações de artefatos passaram de 10% das exportações de couro para menos de 2%. O que ocorreu nesse espaço de tempo que reduziu as exportações de produtos finais em 16% (calçados) e 45% (artefatos)? A resposta está na crescente perda de competitividade do produto brasileiro, resultado de uma política industrial equivocada que se alicerça em desonerações pontuais para setores escolhidos. Essas desonerações, complementadas por encarecimento do produto importado e por taxação de exportação de couros salgado e wet blue não têm a capacidade de fornecer competitividade a esses setores produtivos. Como consequência, a indústria brasileira realiza constante perda de mercado e as commodities se tornam alvos de predadora demanda. A ausência de uma política industrial que priorize a competitividade estrutural da indústria nacional pereniza esse fúnebre cenário. Como o mercado internacional nada tem a ver com isso, demanda nossa matéria-prima couro de forma crescente, proporcionando esse admirável incremento que alcançou 25%, nos últimos dois anos. Five years ago, exports of footwear (US$ 1.1 billion) in Brazil were 38% higher than exports of leather (US$ 791 million). In 2014, exports of footwear (US$ 920 million) are only 41% of leather exports (US$ 2.2 billion). In the same period, exports of artifacts have gone from 10% of the exports of leather to less than 2%. What happened in that space of time that reduced exports of final products in 16% (footwear) and 45% (artifacts)? The answer lies in the increasing loss of competitiveness of Brazilian products, as a consequence of a misguided industrial policy which is grounded in specific exemptions for selected sectors. These exonerations, complemented by enhancement of imported products and by taxation of exports of salted and wet blue leathers, do not have the ability to provide competitiveness to these productive sectors. As a result, Brazilian industry is steadily losing market, and commodities become targets for a predatory demand. The absence of an industrial policy that prioritizes the structural competitiveness of the domestic industry perpetuates this funeral situation. As the international market has nothing to do with it, it demands more and more our leather as raw material, providing this great growth, which reached 25% in the last two years. 22 - Revista Courobusiness -novembro / dezembro 2014

As exportações de couros salgado e wet blue cresceram quase 24% nos últimos dois anos, enquanto as exportações de couros crust e acabados cresceram 17% no mesmo período. Detalhando, verifica-se que o couro crust manteve exportações estáveis, não acompanhando a evolução dos outros estágios da matéria-prima couro. Exports of salted and wet blue leathers increased nearly 24% in the last two years, while exports of crust and finished leathers increased 17% over the same period. In detail, it appears that exports of crust leather remained stable, not following the trend of other stages of the leather as raw material. Revista Courobusiness - novembro / dezembro 2014-23

De qualquer forma o couro crust apresentou, neste ano de 2014, preços muito semelhantes aos do wet blue, reduzindo em muito seu preço médio. A evolução das exportações de couro do Brasil evidencia a importância das economias desenvolvidas para o comércio do couro brasileiro. Desde 2009, as exportações de couro para os países dos blocos econômicos BRICS e NAFTA triplicaram, enquanto duplicaram para os países da União Europeia, todas superando valores de US$ 300 milhões/ano. Either way, crust leather presented, in this year 2014, prices that werer very similar to the wet blue, greatly reducing its average price. The evolution of Brazilian leather exports highlights the importance of developed economies to trade of Brazilian leather. Since 2009, exports of leather to the countries of the economic blocs BRICS and NAFTA tripled, while they doubled for the countries of the European Union, all of them with values that exceeds US$ 300 million/year. Para o couro brasileiro, a relevância mercadológica está na União Europeia, no NAFTA e nos países do BRICS, destinos que há longo tempo vêm se apresentando como alvos preferenciais de possíveis acordos comerciais. Uma das causas da manutenção da descompetitividade da indústria de manufaturados de couro é a atitude do setor em se contentar com a insuficiência das desonerações pontuais e com os apoios paliativos, chegando até a pleitear esses instrumentos que somente lhe fornecem fôlego temporário, mas não lhe permitem galgar a estruturada competitividade. Sem condições de competir, fica o setor, então, sem opção e obrigado a focar o mercado interno que se encontra com demanda em queda e com For Brazilian leather, marketing relevance lies in the European Union, NAFTA and the BRICS countries, destinations that for a long time have been presented as preferred targets of possible trade agreements. One of the causes of maintaining the low competitiveness of the manufacturing industry the segment s attitude to settle for the lack of specific exemptions and palliative support, to the point of claiming that these instruments that only provides with a temporary respite, but do not allow them to climb the structured competitiveness. Unable to compete, the sector has, then, no option and it is forced to focus on the domestic market which presents a decrease in demand and various in- 24 - Revista Courobusiness -novembro / dezembro 2014

diversas atividades industriais cerrando as portas (vide Franca, São Paulo), decorrente da estagnação da economia. Essa indesejável conjuntura deixa a cadeia brasileira do couro submetida ao típico ambiente se correr, o bicho pega, se ficar, o bicho come, levando a matéria- -prima couro brasileiro a ser industrializada alhures. Obviamente que essa situação não interessa à indústria e à economia nacionais, mas as medidas necessárias para proporcionar competitividade à indústria de manufaturados de couro são sempre tangenciadas e carentes de debates. Enquanto a competitividade da cadeia produtiva não deslancha, o couro encontra seu jeito de ser comprado. dustrial activities clenching the doors (see Franca, Sao Paulo), due to the stagnation of the economy. This undesirable situation leaves the Brazilian leather chain subjected to the typical environment which leading the Brazilian leather as raw material to be industrialized elsewhere. Obviously, this situation does not interest to industry and the national economy, but the necessary measures to provide competitiveness to the leather manufacturing industry are always tangential, and there are no debates. While the competitiveness of the productive chain does not take off, the leather finds it s way of being purchased. Nos últimos seis anos China, com 159%, e EUA, com 209%, registraram um forte crescimento na demanda pela matéria-prima couro do Brasil. Já a Itália registrou um pequeno (quando comparado à evolução das demandas chinesa e americana) crescimento de 70%, não acompanhando a evolução da oferta brasileira de couros. Ao mesmo tempo, China e EUA mantiveram suas participações nas exportações brasileiras de couro em 36% e 10%, enquanto a Itália caiu de 22% para 14%, no mesmo período. Over the past six years China with 159%, and USA with 209%, recorded a strong growth in demand for Brazil leather as raw material. Italy recorded a small growth (when compared to the evolution of Chinese and American demands) of 70%, not following the evolution of Brazilian supply of hides. At the same time, China and the USA kept their shares in Brazilian leather exports by 36% and 10%, while Italy fell from 22% to 14% over the same period. Revista Courobusiness - novembro / dezembro 2014-25

COMENTÁRIOS FINAIS Equívocos na gestão do comércio exterior brasileiro vêm excluindo o Brasil de relevantes acordos comerciais bilaterais e deteriorando a balança comercial. Por exemplo, entre 178 países analisados pelo Banco Mundial, o Brasil é o que apresenta o mais baixo Índice de Corrente de Comércio (ICC) e, por conseguinte, identifica o Brasil como o país mais fechado do mundo para o comércio internacional. O ICC mede a relação entre o comércio internacional e a capacidade de geração de renda de um país. Esse baixo índice é resultado de uma política comercial ideologizada que limita os esforços de competitividade à política cambial e ao protecionismo. Sem ações concretas para solucionar o baixo nível de educação formal e a baixa produtividade da indústria nacional, o Brasil passa a ser também um dos países menos competitivos do planeta. FINAL COMMENTS Misconceptions in management of Brazilian foreign trade has been excluding Brazil of relevant bilateral trade agreements and deteriorating the trade balance. For example, out of 178 countries surveyed by the World Bank, Brazil is the one that presents the lowest Trade Current Index (ICC) and therefore it identifies Brazil as the most closed for international trade in the world. The ICC measures the relationship between international trade and the ability to generate income in a country. Such low rate is a result of an ideological trade policy that limits the efforts of competitiveness to exchange rate policy and to protectionism. Without concrete actions to address the low level of formal education and the low productivity of the domestic industry, Brazil becomes also one of the least competitive countries in the world. 26 - Revista Courobusiness -novembro / dezembro 2014

Certamente não podemos comparar o resultado do Brasil com o de Cingapura ou com o de Hong Kong, conhecidos entrepostos comerciais, porém podemos e devemos compará-lo com os resultados apresentados pelos países membros do BRICS, por exemplo, e aí percebemos o inexplicável isolamento comercial do Brasil. Solitário por escolha própria, o Brasil se atrasa em relação aos países articulados comercialmente e capacitados industrialmente. Há uma tendência para fugir do entendimento de que não há como melhorar a competitividade brasileira sem investimento em infraestrutura, sem elevação do nível da educação e sem a efetiva abertura comercial. Todavia, o Brasil insiste em promover competitividade pela instituição de reserva de mercado, modelo reconhecidamente ineficaz. A fase de exportar, independente da ausência de condições para competir, foi encerrada. É preciso reconhecer que os ventos favoráveis ao comércio exterior brasileiro, baseados nos elevados preços das commodities no mercado internacional, são página virada. Esse ambiente internacional que permitiu aquele superávit de US$ 46 bilhões em 2006, não mais existe e, o que é pior, o Brasil não fez o dever de casa, ao não se capacitar para a competição na época das vacas gordas. Hoje, as exportações brasileiras estão em queda, tanto as de produtos básicos quanto as de manufaturados. Para produtos básicos (58% das exportações do Brasil), a demanda mundial está em queda, reduzindo os preços das commodities. Já no caso dos manufaturados (42% das exportações do Brasil), o principal problema é a crônica falta de competitividade do produto nacional, agravado pelo Custo Brasil, pela infraestrutura deteriorada e pela prolongada crise na Argentina, principal comprador dos produtos industrializados brasileiros. Vê-se um Brasil excessivamente caro, com seus principais clientes enfrentando sérios problemas econômicos. Como se os problemas internamente criados não fossem suficientes, uma nova preocupação surge no horizonte com a assinatura pelos EUA e pela China de tratado de liberação comercial para bens de alta tecnologia, acordo que envolve 54 economias e eliminará tarifas na comercialização de US$ 1 trilhão. O Brasil, atrelado a um Mercosul ideológico e decadente, fica à margem desse vibrante ambiente comercial e aprofunda seu isolamento no mercado mundial. A opção pelo multilateralismo e a priorização da política Sul/Sul resultam em que as cadeias globais de valor, no Brasil, participem com somente 40% no comércio internacional, enquanto no mundo a participação é de 80%. O Brasil está na contramão da evolução nas relações comerciais. Portanto, We certainly we cannot compare the results between Brazil and Singapore or Hong Kong, knowing trading posts, but we can and should compare it with the results presented by BRICS member countries for example, and then we realize the inexplicable Brazilian trade isolation. Solitary by choice, Brazil delays regarding commercially articulated and industrially trained countries. There is a tendency that escapes understanding, that there is no way to improve Brazilian competitiveness without investment in infrastructure, without raising the level of education and without an effective trade liberalization. However, Brazil insists on promoting competitiveness through establishment of market reserve, a model that is admittedly inefficient. The export phase, regardless of the absence of conditions to compete, was closed. It is necessary to recognize that the winds that are favorable to Brazilian foreign trade, based on high commodity prices in the international market, have gone. This international environment that allowed a surplus of US$ 46 billion in 2006, no longer exists and, what is worse, Brazil has not done its homework, because it is not trained for the competition at the period of fat cows. Today, Brazilian exports are falling, regarding both basic products and manufactured products. For basic products (58% of Brazilian exports), world demand is falling, reducing commodity prices. In the case of manufactured goods (42% of Brazilian exports), the main problem is the chronic lack of competitiveness of the national product, aggravated by the Brazil Cost, by the deteriorated infrastructure and by the prolonged crisis in Argentina, the main buyer of Brazilian manufactured products. It is clear that Brazil is a very expensive country and its main clients is facing serious economic problems. As if the problems internally created were not enough, a new concern appears on the horizon as the US and China sign a trade liberalization treaty for high technology goods, an agreement that involves 54 economies and that will eliminate taxes in the trade of US$ 1 trillion. Brazil, coupled to an ideological and decadent Mercosur, is on the side of this vibrant business environment and deepens its isolation in the world market. The choice of multilateralism and the prioritization of South/South policy result in the share of only 40% by the global value chains in international trade in Brazil, while in the world the share is 80%. Brazil is in the op- Revista Courobusiness - novembro / dezembro 2014-27

a definição política se transforma em mais uma ação que restringe e isola o comércio exterior brasileiro. De qualquer forma, e com todos os acidentes de percurso, as previsões do Banco Central (Relatório Focus) indicam superávit na balança comercial brasileira de US$ 2,5 bilhões para 2014. Já o mercado prevê déficit, que pode ultrapassar US$ 5 bilhões. A atitude de proteger a indústria brasileira utilizando reserva de mercado levou, por exemplo, a União Europeia a pedir, em novembro de 2014, a abertura de um painel na Organização Mundial do Comércio OMC contra os incentivos fiscais oferecidos pelo governo brasileiro aos setores automotivo (Inovar-Auto que eleva em 30% o IPI dos carros importados) e de tecnologia da informação (smartphones e tablets). Esse modelo protecionista resulta em que os automóveis brasileiros tenham preços absurdamente estratosféricos. Contudo, não é animadora a atitude dos setores industriais que não fazem parte deste sistema protecionista e que, no lugar de pressionar por uma política estruturante e globalizada de competitividade, brigam ferozmente para nele ser incluídos. Farinha pouca, meu pirão primeiro. Como o resto do mundo nada tem a ver com as agruras do Brasil, China e Austrália firmaram, em novembro último, um histórico acordo de livre comércio que liberará de impostos 95% das exportações australianas para a China e reduzirá as restrições aos investimentos chineses na Austrália. Considerando que a Austrália tem forte interesse nas exportações de produtos agrícolas, esse acordo pode deslocar as exportações da carne brasileira para a China (principal mercado para a carne bovina brasileira). Porém, como nem tudo é desvantagem, o frigorífico JBS, com unidade em território australiano, certamente se beneficiará desse acordo. Já o mercado russo (segundo mercado para a carne bovina brasileira) deve também se tornar preocupante em 2015. A queda no preço do petróleo, sanções do mundo ocidental e a forte desvalorização do rublo reduzirão o poder aquisitivo da população russa, despencando a demanda por carne bovina. E o consumo doméstico de carne bovina deverá também se reduzir em 2015, consequência da inflação, do endividamento da população e do ambiente econômico resultante do ajuste fiscal. Essas movimentações nos mercados doméstico e internacional da carne bovina impactam negativamente posite direction of evolution in trade relations. Therefore, the policy definition becomes one more action that restricts and isolates Brazilian foreign trade. Anyway, with all commuting accidents, the forecasts of the Central Bank (Focus Report) indicate surplus in Brazilian trade balance of US$ 2.5 billion for 2014. On the other hand, the market predicts deficit, which may exceed US$ 5 billion. The attitude of protecting Brazilian industry using market reserve has led, for instance, the European Union to ask in November 2014, the opening of a panel at the World Trade Organization WTO against tax incentives offered by the Brazilian government to automotive sector ( Inovar-Auto, which raises by 30% the tax on imported cars) and to information technology (smartphones and tablets). This protectionist model results in absurdly stratospheric prices of Brazilian cars. However, there is no encouragement in the attitude of the industrial sectors that are not part of this protective system and that, instead of pushing for a structural and global competitiveness policy, they fiercely fight to be included in it. I take my part, if there is any part left, you can take yours. As the rest of the world has nothing to do with the hardships of Brazil, China and Australia signed last November, a historic free trade agreement that will release tax of 95% of Australian exports to China and will reduce restrictions on Chinese investment in Australia. Considering that Australia has a strong interest in exports of agricultural products, this agreement can displace exports of Brazilian beef to China (main market for Brazilian beef). However, not everything is a disadvantage, the JBS slaughterhouse, with unit in Australian territory, will certainly benefit from that agreement. The Russian market, (second market for Brazilian beef), on the other hand, should also become worrying in 2015. The fall in oil prices, the Western world sanctions and the sharp devaluation of the ruble will reduce the purchasing power of the Russian population, considerably decreasing the demand for beef. And the domestic beef consumption should also be reduced in 2015, a result of inflation, indebtedness of the population as well as the economic environment generated by the fiscal adjustment. These movements in beef domestic and international markets are negatively impacting the slaughtering in Brazil 28 - Revista Courobusiness -novembro / dezembro 2014

os abates no Brasil e reduzem a oferta de couros para os curtumes brasileiros que, consequentemente, enfrentarão crescentes dificuldades para atender a demanda internacional. Pelos mesmos motivos, China e Rússia também apresentarão enfraquecimento em seus mercados de luxo, afetando a demanda pelos artigos de couro. Conclusão: projeta-se, para 2015, menor oferta e menor demanda para os curtumes. No geral, todas as projeções para 2015 explicitam grandes dificuldades para o cidadão brasileiro. O enorme desafio reside em promover o crescimento da economia brasileira, reduzir a carga tributária e realizar uma reforma política, tudo isso em um ambiente de inflação no teto da meta e balanço de pagamentos deficitário. Para fazer frente a esse desafio, a Presidente da República reeleita para mais quatro anos de mandato, anunciou os principais membros da nova equipe econômica na tentativa de conquistar maior confiança do mercado, visto os desalentadores resultados econômicos apresentados pelo Brasil em 2014. O Ministério da Fazenda será ocupado por Joaquim Levy, respeitado economista de linha ortodoxa, que já declarou um gradual, mas vigoroso, ajuste fiscal para 2015, na busca da estabilidade monetária e do equilíbrio nas contas públicas. A indicação de Levy trouxe inegável alívio ao mercado ao sinalizar para o fim das delirantes experiências econômicas, para o desaparecimento da catastrófica contabilidade criativa e para o retorno da matriz econômica baseada no tripé : superávit primário, metas de inflação e câmbio flutuante. Apesar do alento, persistem dúvidas: até quando o governo dará suporte ao ajuste fiscal e como o administrará? Sinalizando para o controle da inflação (inflação que se mantém girando ao redor do teto da meta, em 6,5% ao ano), o Comitê de Política Monetária COPOM do Banco Central elevou, em novembro último, a taxa de juros para 11,75% ao ano, enfraquecendo a atividade econômica e fortalecendo a atração de capital especulativo. Juros, nesse patamar, mantém o Brasil na liderança mundial da taxa real de juros e, para 2015, a previsão é a elevação da taxa de juros para 12,5% ao ano. Mas, e a política industrial? Para o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior MDIC foi anunciado Armando Monteiro Neto, ex-presidente da Confederação Nacional da Indústria CNI, que anunciou, and reducing the supply of hides for Brazilian tanneries that consequently will face increasing difficulties to meet the international demand. For the same reasons, China and Russia will also present weakness in its luxury markets, affecting the demand for leather goods. Conclusion: it is projected for 2015 lower supply and lower demand for tanning. Overall, all projections for 2015 explain major difficulties for Brazilian citizens. The high challenge is to promote the growth of the Brazilian economy, as well as reducing the tax burden and make a political reform, all in a context of inflation in the target ceiling and balance of deficit payments. To address this challenge, the President of the Republic, re-elected for another four-year term, announced key members of the new economic team in an attempt to gain greater market confidence, considering the disappointing economic results that the country presented in 2014. The Ministry of Finance will be leaded by Joaquim Levy, respected orthodox economist, who has already declared a gradual but vigorous fiscal adjustment for 2015, in the pursuit of monetary stability and balance in the public accounts. Levy s appointment brought an undeniable relief to the market in signaling the end of delusional economic experiences, to the disappearance of the catastrophic creative accounting and to the return of the economic matrix based on the tripod : primary surplus, inflation targets and floating exchange rate. Despite the encouragement, the question remains: how long the government will support the fiscal adjustment and how will they manage it? Signaling to inflation control (inflation that keeps spinning around the target ceiling, at 6.5% per year), the Monetary Policy Committee COPOM of the Central Bank raised last November the interest rate to 11 75% per year, weakening economic activity and strengthening the attraction of speculative capital. Interest, at that level, maintains Brazil leading the global real interest rate and, for 2015, the forecast is the increase of the interest rate to 12.5% per year. But what about industrial policy? Armando Monteiro Neto was announced for the Ministry of Development, Industry and Foreign Trade MDIC, he is former president of the National Confederation of Industry CNI. He declared, correct and solemnly, the pursuit of reduction of Revista Courobusiness - novembro / dezembro 2014-29