Sr. Vice-Governador do BNA; Srs. Membros do Conselho de Administração do BNA; Distintos Membros dos Órgãos Sociais da Banca Comercial; Sr Representante das Casas de Câmbios Srs. Directores e responsáveis do BNA; Minhas senhoras e meus senhores; Chegamos ao final de mais um ano e, por isso, é oportuno, fazer-se um balanço das actividades realizadas, bem como perspectivar as acções para o próximo ano. Ainda que de forma ténue e dispersa, a economia mundial, na generalidade, deu sinais de recuperação, sendo expectável que a taxa de crescimento se situe em torno dos 4,8%. Para a recuperação das economias mais desenvolvidas e mais atingidas pelos efeitos directos da crise económica mundial de 2007, tem sido determinante a implementação de programas de reforma fiscal e orçamental, acompanhados por intervenções relevantes de natureza monetária para estimular e proteger a actividade económica, mas mantendo controlada a inflação. Neste ano, e no caso concreto da economia angolana, um dos pontos mais altos foi o que se relacionou com o apuramento do risco soberano que mereceu uma avaliação positiva por parte das principais instituições mundiais de análise de risco. É uma notícia animadora para Angola, enquanto facilitadora das possibilidades de obtenção de financiamentos junto dos mercados internacionais de capitais em condições mais favoráveis. 1
O facto também de ao longo do ano, o FMI ter aprovado o desembolso da segunda e terceira tranches do financiamento ao abrigo do Acordo celebrado pelas autoridades angolanas e aquela instituição financeira internacional, marca positivamente o ano económico que agora termina. No contexto macroeconómico interno a economia angolana não se dissociou da economia mundial. O Produto Interno Bruto deverá crescer cerca de 4%, realçando-se o crescimento do sector não petrolífero que se deverá situar em torno de 5,7%. Enquanto entidade com responsabilidades na preservação do valor da moeda, o Banco Nacional de Angola tem acompanhado com atenção a evolução dos mercados monetário e cambial, particularmente nos momentos em que o aumento da liquidez na economia pode estimular uma maior instabilidade de preços. Assim, ciente dos efeitos que movimentos voláteis na taxa de câmbio exercem sobre as expectativas dos agentes económicos, e particularmente sobre a estrutura de custos da nossa economia, o Banco Nacional de Angola, não poupou esforços no sentido de prover o mercado com recursos suficientes para assegurar a oportuna cobertura e manutenção do ciclo normal de importação de bens e serviços, tendo disponibilizado à economia, via sistema bancário, cerca de USD 11,7 mil milhões, à uma taxa de câmbio média de referência que se situou ao redor dos 92,2 kwanzas por dólar americano. As Reservas Internacionais Líquidas do país comparativamente ao ano anterior cresceram em aproximadamente 27%, situando-se em cerca de Usd 15,8 mil milhões. 2
No domínio monetário, os meios de pagamento, até finais do terceiro trimestre, seguiram uma trajectória contraccionista, inflectindo apenas nos meses de Novembro e Dezembro, reflexo, por um lado, do impacto da crise financeira sobre a economia angolana, e por outro lado, do sentido de controlo da evolução dos efeitos combinados de política orçamental e monetária sobre o comportamento da inflação. De qualquer modo, o efeito do aumento dos preços no mercado internacional dos produtos que compõem a cesta básica nacional e a redução da subvenção aos preços dos combustíveis que teve lugar em Setembro de 2010, também influenciaram a evolução da inflação no ano. Em Novembro de 2010, a inflação acumulada nos últimos 12 meses era de 13,44%. O sistema bancário nacional não deixou de se ressentir dos efeitos de um exercício económico mais exigente e apesar do crédito concedido à economia ter evoluído em quase 29%, a qualidade da carteira não melhorou, pesando, também aqui, o efeito da regularização da dívida pública. Quanto à captação de depósitos, até finais de Novembro a taxa de crescimento no ano era de 7%. No entanto, a banca manteve-se bastante estável com um rácio médio de solvabilidade de 16,8%, e manteve-se a continuidade dos programas de expansão da rede bancária. O sistema conta já com 875 balcões e a taxa de bancarização ronda os 11% da população. 3
Minhas Senhoras, meus senhores, O sistema financeiro é instrumental para a sustentação de programas de desenvolvimento económico e social, e os efeitos da crise sentida à escala global deixam referências importantes também para o nosso processo de desenvolvimento: Primeiro, a sustentabilidade das economias passa pela construção de um sistema financeiro sólido, eficazmente regulado e socialmente responsável. Capaz de estimular a poupança e a afectação de recursos para a promoção de capacidades internas de produção e consequente defesa de postos de trabalho; Segundo, para suster preços na economia, não basta adoptar políticas monetárias restritivas ou disponibilizar recursos cambiais em larga escala, é crucial que se mantenha uma permanente coordenação entre a política fiscal, orçamental e monetária para que se alcance e mantenha a estabilidade nos mercados; Finalmente, é determinante o controlo da inflação para que se garanta confiança aos aforradores e aos investidores. Em última instância assegura a preservação do valor da moeda e permite a protecção da economia contra choques externos. 4
Assim, assegurar o ritmo de crescimento da economia com estabilidade macroeconómica, conforme determina o Plano Nacional para 2011, deve constar da acção central do Banco Nacional de Angola no ano que se avizinha. As iniciativas normativas e de política monetária tomadas no último trimestre do ano em curso pelo BNA, em que realçamos a redução da taxa de redesconto, a introdução de facilidades permanentes de liquidez, a redução progressiva da exposição cambial permitida aos bancos comerciais, a regulamentação das casas de câmbio e mais recentemente a aprovação pelo Conselho de Ministros da regulamentação das sociedades financeiras não bancárias de micro-crédito e cooperativas de crédito, vão já no sentido do alinhamento do Banco Central aos objectivos de desenvolvimento económico traçados pelo Executivo para 2011. A meta de inflação fixada em 12% para o novo exercício económico vai obrigar a esforços de todos os agentes económicos. O BNA vai prosseguir uma política monetária com sentido de rigor, procurando manter controlados os factores de expansão monetária em estreita e efectiva coordenação com o Ministério das Finanças. Esse exercício conjunto vai também procurar a manutenção da taxa de juro na economia em alinhamento com as expectativas de inflação e respeitando o propósito de dinamização do sector empresarial. 5
A intervenção no mercado cambial deve atender as necessidades legítimas de divisas demandadas pela economia, mas deve assegurar o crescimento e preservação das mesmas com o mesmo sentido de defesa da solvabilidade externa da economia nacional. Neste domínio, o BNA vai promover a revisão dos instrutivos de política cambial, facilitando a sua interpretação pelos agentes económicos e aprimorando os mecanismos de controlo pela autoridade cambial. No domínio da supervisão bancária há a destacar a contínua modernização dos serviços de fiscalização preventiva não presencial e acompanhamento da implementação de normas de boa governação pelos agentes financeiros licenciados pelo Banco Central. A institucionalização da Unidade de Informação Financeira, órgão do BNA vocacionado para análise, prevenção e detecção de tentativas de utilização do sistema financeiro para actos de branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo consta também das acções prioritárias da governação do BNA, prevendo-se o início de funções da referida Unidade, já no primeiro trimestre de 2011. A solidez do sistema financeiro ganhará também novo impulso com a implementação do Programa de Consolidação da Banca Angolana que passará pelo reforço da estrutura de capitais dos bancos e adopção de critérios de prudência em harmonia com as melhores práticas internacionais para a indústria financeira. 6
Por seu lado, a defesa dos consumidores de serviços financeiros também sairá reforçada em 2011 com a institucionalização de uma unidade vocacionada à aceitação, registo e acompanhamento de reclamações. O ano de 2011 será exigente e intenso, mas contamos com o compromisso e colaboração de todos. Dar sustentabilidade à economia nacional significa manter um sistema financeiro sólido, eficiente e competitivo, engajado e comprometido com os anseios de desenvolvimento e de bem estar da sociedade como um todo. Aproveito esta ocasião para expressar votos de boas festas e de ano novo pleno de realizações pessoais e colectivas. 7