Parte V Financiamento do Desenvolvimento
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- Simone Sacramento Stachinski
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1 Parte V Financiamento do Desenvolvimento CAPÍTULO 9. O PAPEL DOS BANCOS PÚBLICOS CAPÍTULO 10. REFORMAS FINANCEIRAS PARA APOIAR O DESENVOLVIMENTO. Questão central: Quais as dificuldades do financiamento e como torná lo funcional ao desenvolvimento econômico?
2 Capítulo 9: O Papel dos Bancos Públicos Três motivações básicas para a criação e atuação de bancos públicos: a) incompletude do mercado financeiro; b) a necessidade de autonomia política e financeira para implementação de políticas de desenvolvimento; c) a capacidade de atuação anticíclica no mercado de crédito; Princípios ideais que devem moldar a atuação desses bancos, de modo a preservar sua funcionalidade desenvolvimento econômico: a) a provisão de crédito aos setores desassistidos e estratégicos desenvolvimento; b) a manutenção de setores e/ou empresas de boa qualidade de risco na carteira de crédito do banco público, como instrumento regular de defesa da qualidade do risco de seu ativo; c) Condições de crédito melhores que as praticadas pelas instituições privadas, como forma de induzi-las a operarem com margens de intermediação não inibidoras dos investimentos; d) uma estrutura de funding apoiada, predominantemente em fundos parafiscais, recursos próprios do banco e empréstimos de organismos internacionais de desenvolvimento.
3 Capítulo 9: O Papel dos Bancos Públicos Uma condição geral de funcionalidade de um banco público é que a política macroeconômica em curso seja coordenada com as políticas de desenvolvimento econômico existência do banco público. que justificam a
4 Capítulo 9: O Papel dos Bancos Públicos Bancos Públicos no Brasil breve diagnóstico e propostas -Os três bancos em análise perecem cumprir os princípios relativos à alocação do crédito. Todos operam em segmentos que, tradicionalmente despertam pouco interesse por parte das instituições privadas: O BB no crédito agrícola, a CEF no imobiliário e o BNDES no crédito de longo prazo em geral. Além disso, BB e CEF atuam ainda no sentido de promover o aumento da taxa de bancarização de empresas e pessoas de menor renda através de ampla rede de agências que alcançam também municípios de baixa renda. -BB e CEF vêm, crescentemente, diversificando suas atuações (à semelhança dos bancos privados) o que pode favorecer a sua funcionalidade desenvolvimento brasileiro, desde que os dois bancos ofereçam condições de crédito (prazos e custos) melhores que os bancos concorrentes, de modo a exercer o efeito indução. Porém apenas no caso do BNDES é possível concluir-se pelo cumprimento dessa condição de funcionalidade. -Especialmente nos países em desenvolvimento, os maiores desafios financeiros se manifestam nas atividades voltadas reforço da competitividade do país no mercado externo e desenvolvimento social. A julgar pela experiência do BB e da CEF desde suas origens e pela já consolidada importância do BNDES no apoio àquele primeiro grupo de atividades, conclui-se que o segundo seria o candidato natural à ampliação do papel do BB e da CEF no processo de desenvolvimento econômico brasileiro.
5 Capítulo 9: O Papel dos Bancos Públicos - No que se refere ao funding, as estruturas de passivo crescentemente dependentes de Depósitos e Captações de Mercado, menor comprometimento com Obrigações e Repasses e baixo peso relativo do PL (sobre o passivo total), tendem a retirar graus de liberdade dos bancos públicos - BB e CEF - na alocação de recursos, seja pela necessidade de controle de risco de liquidez associado aos depósitos à vista ou pela necessidade de remuneração dos depósitos à prazo, títulos e dívidas. Em particular, a capacidade de atuação anticíclica desses bancos fica comprometida. - Assim, para que os dois bancos possam cumprir adequadamente as funções típicas de bancos públicos no que tange a alocação de recursos, um plano de reestruturação do passivo do BB e da CEF, visando à redução de sua dependência em relação a recursos de mercado seria recomendável.
6 Capítulo 10:Reformas Financeiras para Apoiar o Desenvolvimento Questão: Como tornar o Sistema Financeiro Funcional no apoio do desenvolvimento econômico liderado pelo capital doméstico? - Uma eventual retomada de um ciclo sustentado de crescimento terá necessariamente de se basear no capital privado domestico. - Mudanças mais profundas serão necessárias para que a oferta de recursos financeiros venha a se dar na escala e na forma compatíveis com um processo de crescimento acelerado liderado pelo capital nacional. Funções essenciais do Sistema Financeiro: 1)Disponibilizar recursos financeiros para a sustentação do processo produtivo e da realização de investimentos que permitam ampliar e modernizar a capacidade produtiva existente na economia no volume e nos termos apropriados; 2)Criar ativos financeiros com os perfis de retorno e risco demandados pelos agentes privados para que estes possam acumular riqueza; 2) Que (1) e (2) sejam feitas sem que se comprometa a segurança sistêmica da economia, sendo essa função cumprida pelo aparato de regulação e supervisão financeiras, complementares ao Sistema Financeiro.
7 Capítulo 10:Reformas Financeiras para Apoiar o Desenvolvimento Desempenho e características do Setor Financeiro no Brasil pós-real - Paradoxo da existência de instituições financeiras modernas, ativas e competitivas que pouco servem para impulsionar a atividade produtiva mais voltadas para atividade intra-financeira. - Características do SFB: sistema baseado em crédito, dominância de instituições de controle doméstico, importância das instituições estatais. -Rápida expansão recente do mercado de títulos (tabelas). Potencial do mercado de capitais como canal de financiamento no Brasil deve ser visto com parcimônia. - O SFB não parece constituir uma barreira ao investimento e ao desenvolvimento econômico do ponto de vista do volume de recursos gerados: o setor tem mostrado alta elasticidade de produção de serviços financeiros, respondendo à demanda com agilidade. - No entanto, a alocação desse capital e os termos em que ele é disponibilizado às empresas é preocupante, inclusive porque sua evolução dificilmente seria alcançada por uma evolução espontânea. E aqui que o papel do Estado é particularmente importante, implementando estratégias que orientem uma provisão mais adequada de recursos para a realização de investimentos produtivos, particularmente pelas empresas privadas nacionais.
8 Capítulo 10:Reformas Financeiras para Apoiar o Desenvolvimento Reformando o Sistema Financeiro Melhorar condições de financiamento - Custo de capital para empresas do setor produtivo precisa ser reduzido. -Fomento de canais de financiamento alternativos ao setor bancário como forma de ampliar o grau de concorrência. -Expandir processos de securitização e do mercado de capitais, paralelamente ao sistema bancário. Ressalvas: impedir permissividade às formas de securitização secundária e superar barreira de acesso a esses mercados. - Extensão de instrumentos de seguro a formas de financiamento que se queira promover seria uma estratégia de governo alternativa à participação direta nos mercados financeiros. -Importância da organização de mercados secundários e do papel exercido pelos bancos públicos, especialmente no caso de financiamento de investimentos que envolvam externalidades positivas relevantes.
9 Capítulo 10:Reformas Financeiras para Apoiar o Desenvolvimento Criando produtos para acumulação de riqueza financeira - As reformas são necessárias não apenas para facilitar acesso de empresas a recursos financeiros, mas também para: - aumentar a atratividade das aplicações financeiras com características melhores para investidores e; - aumentar o universo de aplicadores, especialmente no que se refere aos grupos de renda média e média baixa. -É preciso criar instrumentos que viabilizem a emissão de papéis privados intervenção no risco de juros. -É improvável que esses instrumentos fossem suficientes para reorientar de forma significativa a demanda dos investidores de papeis públicos s privados. Importância de incentivos fiscais para favorecer aplicações mais longas e ampliação do universo de investidores, o que seria útil para aumentar reserva de poupança financeira a ser mobilizada, mas também perseguir objetivos de redistribuição de riqueza.
10 Capítulo 10:Reformas Financeiras para Apoiar o Desenvolvimento Redistribuindo riqueza financeira -Fenômeno de segregação. -Melhoria do acesso a crédito e possibilidade de compartilhamento por parte de grupos de renda média e média baixa dos retornos oriundos de investimento em uma nova fase de crescimento mais rápido da economia. Conclusão: Ainda que as medidas propostas possam ser consideradas individualmente, elas constituem um grupo integrado, planejado não apenas para baratear custos de capital para empresas mas também para dar apoio a transformações estruturais que devem acompanhar o processo de desenvolvimento, inclusive na dimensão essencial de redistribuição de riqueza.
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