André Luís Montagnini Disciplina de Cirurgia do Aparelho Digestivo - HC/FMUSP



Documentos relacionados
Câncer de Testículo Não Seminomatoso

TRATAMENTO PÓS OPERATÓRIO NO SEMINOMA E NÃO SEMINOMA DE ESTÁGIO I DE ALTO RISCO Daniel Fernandes Saragiotto

CÂNCER GÁSTRICO PRECOCE

Câncer do pâncreas. Orlando Jorge Martins Torres Professor Livre-Docente UFMA

Câncer gástrico localmente avançado: Anelisa K. Coutinho

Linfadenectomia em câncer de próstata. Marcos Tobias Machado Setor de Uro-oncologia


RADIOTERAPIA HIPOFRACIONADA EM MAMA: INDICAÇÕES E RESULTADOS

ACADEMIA NACIONAL DE MEDICINA

O que há de verdade sobre os efeitos deletérios da radioterapia para o cérebro todo?

Para pacientes portadores de carcinoma de esôfago em boas condições clínica

adjuvante em câncer gástrico? Dr. Milton Barros Departamento de Oncologia Clínica A. C. Camargo Cancer Center

Câncer de bexiga músculo-invasivo. Limírio Leal da Fonseca Filho

Terapia Endoscópica para Tumores Esofágicos e Gástricos Precoces: Quando Indicar? Fauze Maluf-Filho

Controle loco-regional na doença metastática


Casos Clínicos: câncer de mama

Declaro não haver nenhum conflito de interesse.

da Junção Esofagogástrica

Câncer GástricoG Estado Atual do Tratamento

Os Trabalhos/Abstracts mais Relevantes em Avaliação genética e tratamentos preventivos

É possível omitir Radioterapia adjuvante em mulheres idosas com Receptor Hormonal positivo?

PELE - MELANOMA PREVENÇÃO

Setor de PET/CT & Medicina Nuclear PET/CT (FDG) Agradecimento a Dra. Carla Ono por ceder material científico

QUIMIOTERAPIA NO CÂNCER DE CABEÇA E PESCOÇO

Carcinoma de tireóide ide na infância

S R E V R I V Ç I O D E E C IR I URGIA I A T O T RÁCIC I A

O que é câncer de estômago?

Atualização do Congresso Americano de Oncologia Fabio Kater

Diretrizes Assistenciais

Efeito da quimioradioterapia adjuvante na sobrevida global do câncer gástrico com linfadenectomia D2

Estamos prontos para guiar o tratamento com base no status do HPV?

Terapia hormonal prévia e adjuvante à radioterapia externa no tratamento do câncer de próstata

SISTEMATIZAÇÃO DA ANÁLISE ANÁTOMO-PATOLÓGICA NO CÂNCER GÁSTRICO. Luíse Meurer

13th StGallenInternationalBreast CancerConference2013 Aspectos Clínicos. Marcelo R. S. Cruz Oncologista Clínico

Diretrizes Assistenciais

Tumor Desmoplásico de Pequenas Células Redondas: Relato de um caso.

Analisar a sobrevida em cinco anos de mulheres. que foram submetidas a tratamento cirúrgico, rgico, seguida de quimioterapia adjuvante.

Estadiamento do Mediastino. PET-CT vs. Mediastinoscopia vs. EBUS

PECOGI A.C.Camargo Cancer Center PROGRAMA 2014

André Salazar e Marcelo Mamede CANCER PATIENTS: CORRELATION WITH PATHOLOGY. Instituto Mário Penna e HC-UFMG. Belo Horizonte-MG, Brasil.

Perfusao e Infusao Papel Atual Frente os Novos Tratamentos

Câncer de próstata. Câncer de próstata localmente avançado Resultados do tratamento com radioterapia e supressão hormonal.

Estadiamento e Follow Up em Melanoma. Rafael Aron Schmerling

Revisão da anatomia e definição dos volumes de tratamento: Câncer de estômago. Mariana Morsch Beier R2 Radioterapia - Hospital Santa Rita

CIRURGIA COLORRECTAL LAPAROSCÓPICA

Prostatectomia para doença localmente avançada. José Milfont Instituto de Urologia do Rio de Janeiro

NLST: estamos prontos para o rastreamento do câncer de pulmão?

Os Trabalhos/Abstracts mais Relevantes em Câncer de mama Tratamento Adjuvante: Hormonioterapia. José Bines Instituto Nacional de Câncer

EMENTA: Câncer urológico - Critérios de alta para pacientes com câncer CONSULTA


como intervir Héber Salvador de Castro Ribeiro Departamento de Cirurgia Abdominal A.C. Camargo Cancer Center

Estado atual do tratamento cirúrgico do adenocarcinoma gástrico avançado

Tumores do Testículo não. Quando Indicar Linfadenectomia ou Quimioterapia? Dr. Stênio de Cássio Zequi

Gaudencio Barbosa R4 CCP HUWC Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço

CÂNCER DE COLO DE ÚTERO OPERADO RADIOTERAPIA COMPLEMENTAR: INDICAÇÕES E RESULTADOS

Diagnóstico diferencial de nódulos pulmonares suspeitos: quando e como investigar

BRAQUITERAPIA DECABEÇA E PESCOÇO?

I Seminário de Controvérsias rsias em Aparelho Digestivo I Encontro Norte-Nordeste Nordeste de Videocirurgia no Aparelho Digestivo

Hipofracionamento de dose pode ser considerado tratamento padrão para todas as pacientes? NÃO. Robson Ferrigno

Escrito por Prof. Dr. Sabas Carlos Vieira Sex, 18 de Junho de :48 - Última atualização Qui, 15 de Julho de :30

Journal Club 23/06/2010. Apresentador: João Paulo Lira Barros-E4 Orientador: Dr. Eduardo Secaf

VaIN II II e III há indicação para tratamentos não- excisionais?

Devemos fazer triagem de Câncer de próstata em pacientes com menos de 70. Dr. Aguinaldo César Nardi

Sobrevida Mediana Classe I: 7,1 meses Classe II: 4,2 meses Classe III: 2,3 meses

Tratamento anticoagulante a longo prazo do tromboembolismo venoso (TEV)

Como tratar o câncer de mama na paciente com mutação genética? Prof. Dr. Giuliano Duarte

TEMA: Temozolomida para tratamento de glioblastoma multiforme

II ENCONTRO DE UROLOGIA DO SUDESTE CÂNCER DE BEXIGA QUANDO INDICAR UMA TERAPIA MAIS AGRESSIVA NO T1 DE ALTO GRAU? CARLOS CORRADI

TRATAMENTO SISÊMICO NEOADJUVANTE SEGUIDO DE CITORREDUÇÃO DE INTERVALO. Eduardo Vieira da Motta

Histerectomia Radical Laparoscópica versus Aberta para tratamento de cancer de colo uterino inicial: epidemiologia e resultados cirúrgicos

O Que solicitar no estadiamento estádio por estádio. Maria de Fátima Dias Gaui CETHO

CÂNCER DE CÓLONC ASPECTOS CIRÚRGICOS RGICOS CURSO CONTINUADO DE CIRURGIA GERAL CAPÍTULO DE SÃO PAULO COLÉGIO BRASILEIRO DE CIRURGIÕES

RM MAMÁRIA: quando indicar?

Rodrigo de Morais Hanriot Radioterapeuta Sênior Hospital Israelita Albert Einstein e Hospital Alemão Oswaldo Cruz

Reconstrução de mama: Qual o tempo ideal? Dr. Fabrício P. Brenelli

2ª. PARTE CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Câncer gástrico em idosos

TEMA: Temozolomida para tratamento de glioblastoma multiforme

Neoplasias Gástricas. Pedro Vale Bedê

RASTREAMENTO EM CÂNCER CRITÉRIOS EPIDEMIOLÓGICOS E IMPLICAÇÕES

Atuação da Acupuntura na dor articular decorrente do uso do inibidor de aromatase como parte do tratamento do câncer de mama

ATUALIZAÇÃO NEUROBLASTOMA E TUMOR DE WILMS

ADENOCARCINOMA DE SIGMOIDE AVANÇADO: RELATO DE CASO

Devemos fazer a triagem de Câncer de Próstata em pacientes com menos de 70 anos? Wilson Busato Jr

Alexandre de Lima Farah

Adenocarcinoma de Esôfago como conseqüência de Esôfago de Barret

Quimioterapia de Conversão no Câncer Colorretal: Qual a melhor estratégia?

Indicações de quimioterapia intra-peritoneal com catéter nas pacientes com câncer de ovário avançado. Aknar Calabrich

Atualidades na doença invasiva do colo uterino: Seguimento após tratamento. Fábio Russomano IFF/Fiocruz Trocando Idéias 29 a 31 de agosto de 2013

Universidade Federal do Ceará Faculdade de Medicina Liga de Cirurgia de Cabeça e Pescoço. Jônatas Catunda de Freitas

no Brasil de Hoje: Avanços e Dificuldades

Radioterapia de Intensidade Modulada (IMRT) no Tratamento do. Câncer de Cabeça e Pescoço. Contexto da Medicina Baseada em Evidências

Parecer do Grupo de Avaliação de Tecnologias em Saúde GATS 25/07

PAPEL DA RESSECÇÃO LIMITADA NA CIRURGIA DO CÂNCER DE PULMÃO Paulo de Biasi

Câncer de Pulmão Casos Clínicos Riad Younes Hospital S ão São José São Paulo

Carlos Bernardo Cola, 1 Eduardo Linhares, 2 Rubens Kesley, 3 Carlos Eduardo Pinto 4

Recomendações do tratamento do câncer de rim estadio T1

VI Workshop Internacional de Atualização em Hepatologia 2012 Pólipos de Vesícula Biliar Diagnóstico e Conduta

Transcrição:

PODE A RADIOQUIMIOTERAPIA SUBSTITUIR A DISSECÇÃO LINFONODAL ESTENDIDA NO CÂNCER GÁSTRICO? André Luís Montagnini Disciplina de Cirurgia do Aparelho Digestivo - HC/FMUSP

http://www.cancerresearchuk.org/home/ RXt+Qt vs Linfadenectomia

Texto RXt+Qt vs Linfadenectomia

Intestinal: Associado a metaplasia intestinal H. pylori Mais comum Difuso: Pacientes jovens Multicentricidade Mais agressivo Classificação de Lauren

LAUREN vs SOBREVIDA p= 0.03 Cunninghan et al, J Gastrointest Surg 2005

TRATAMENTO CIRURGIA CHANCE REAL DE CURA

OBJETIVO DA CIRURGIA R0 R1 prognóstico pior

100 N = 4.730 % R0 = 60,6 % n = 4.136 0 sobrevida 5 anos R1 = 7 % n = 594 JSRGC, 1987

% em 5 anos 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 92 85 CÂNCER GÁSTRICO SOBREVIVÊNCIA 71 47 NATIONAL CANCER CENTER CANCER CENTER INSTITUTE ESTUDO MULTICÊNTRICO ALEMÂO MEMORIAL SLOAN KETTERING Ia Ib II IIIa IIIb IV 23 7 Maruyama, Sasako, Kinoshita. Arch Surg 1992; 130:135 Siewert et al. Ann Surg 1998; 228: 449 Nakajima e Yamaguchi. Dtabase of Cancer Center Institute Hospital, 1999 Karpeh et al, Ann Surg 2000: 232: 362

Sobrevida 5 anos (%) EUA - Japão JSRGC, 1987 ACS, 1993 MSKCC,1996 pacientes 3.176 18.365 675 I 91 50 84 II 72 29 61 III 44 13 29 IV 9 3 25 Mortalidade 1 7 3 MARUYAMA, 1987 WANEBO, 1993 BRENNAN, 1996

PADRONIZAÇÃO DA LINFADENECTOMIA OCIDENTE versus ORIENTE D1 Linfonodos cadeias 1 a 6 D2 D1 + Linfonodos cadeias 7 a 11

REAÇÃO OCIDENTAL!!! ESTUDOS PROSPECTIVOS PARA AVALIAR EVENTUAL BENEFÍCIO DA LINFADENECTOMIA D2

DUTCH TRIAL Randomizado, multicêntrico 711 pac D1 em 380 D2 em 331 PCC em 30% D2 - Maior morbidade Mortalidade: 10% vs 4% Sem diferença em sobrevida Bonenkemp JJ et cols N E J Medicine, 1999

BRITISH TRIAL (MRC ST01) 737 pacientes 400 randomizados 200 D1 vs 200 D2 Mortalidade (13% vs. 6,5%) Pancreatectomia e esplenectomia (56% vs. 4%) Esplenectomia em gastrectomias subtotais Deiscência 26% Cuschieri A et al. Br J Cancer 1999

OCIDENTE NÃO RECONHECE O BENEFÍCIO DA LINFADENECTOMIA D2 QUEM PODE AJUDAR? ADJUVÂNCIA?

LINFADENECTOMIA D2 NOVO CENÁRIO RXt/Qt adjuvante Mais complicações Mais morbidade Sem ganho de sobrevida Maiores riscos Possibilita cirurgia menos radical Maior sobrevida Toxicidade aceitável Melhor controle local CIRURGIA D1 + RXt/Qt MELHOR QUE CIRURGIA D2????

DIVERSOS PROTOCOLOS DE Qt PRE E PÓS OPERATÓRIAS Jain VK, Cunningham D, Chau I. Surg Oncol Clin N Am, 2012: 21

DIVERSOS ESTUDOS NÃO RANDOMIZADOS MOSTRARAM SUPERIORIDADE DA D2 SOBRE D1 Pacelli F et cols, Br J Surg, 1993;80 Noguchi Y et cols, Cancer, 2000;89 Degiuli M. Br J Cancer, 2004;90 Hartgrink HH et cols, J Surg Oncol, 2005;90

REVISÃO DO DUTCH TRIAL APÓS 15 ANOS

SOBREVIDA GLOBAL ÓBITOS POR NEOPLASIA

ÓBITOS POR NEOPLASIA

RECIDIVAS LOCAL E REGIONAL

LINFADENECTOMIA D2 PASSOU A SER RECOMENDADA POR DIVERSOS GUIDELINES E SOCIEDADES Guidelines for management of gastric cancer, 2002 Scottish Intercollegiate Guidelines Network, 2006 ESMO Clinical Practice Guidelines, 2010 Japanese Gastric Cancer Association, 2010 NCCN Clinical Practice Guideline, 2011 Optimal Management os Gastric Cancer Toronto, 2013

Texto RECOMENDAÇÃO Linfadenectomia D2 Para câncer gástrico avançado e curável

Linfadenectomia Estudo de fatores prognósticos 1654 pacientes Estadio II RXt+Qt vs Linfadenectomia Siewert JR et al. Ann Surg 1998

Linfadenectomia Estudo de fatores prognósticos 3814 pacientes Base populacional RXt+Qt vs Linfadenectomia Smith DD et al. J Clin Oncol 2005 (A) T1/2 N0, (B) T1/2 N1, (C) T3 N0, (D) T3 N1

HÁ BENEFÍCIO DE RXt/QT ADJUVANTE NA LINFADENECTOMIA D2??

Texto RXt+Qt vs Linfadenectomia

Texto RXt+Qt vs Linfadenectomia

CIRURGIA SEM RXt/Qt 1 Dutch Cancer Group Trial CIRURGIA COM RXt/Qt 2,3 Fase I/II de RXt/Qt pós gastrectomia parcial D1 (n= 369) X D2 (n= 325) Avaliados para recorrência e sobrevida D1 (n= 39) X D2 (n=25) 1. Bonenkamp JJ et cols, N Engl J Med, 340 1999 2. Jansen EP et cols, Int J Radiat Oncol Biol Phys 69, 2007 3. Jansen EP et cols, Br J Cancer 97, 2007

P= 0,0015 P= 0,51

P= 0,001 P= 0,18

P= 0,84 P= 0,88

NECESSÁRIOS EPCR PARA AVALIAR BENEFÍCIO DA QUIMIO/RADIOTERAPIA APÓS D2 ADEQUADA IDENTIFICAÇÃO DE GRUPOS DE MAIOR RISCO A DISSECÇÃO LINFONODAL ESTENDIDA PODE SUBSTITUIR A RADIOQUIMIOTERAPIA??

TAKE HOME MESSAGES A LINFADENECTOMIA D2 É PROCEDIMENTO SEGURO E REPRODUTÍVEL A LINFADENECTOMIA D2 ESTÁ INDICADA PARA OS TUMORES GASTRICOS AVANÇADOS E RESSECÁVEIS A RETIRADA DE MAIS DE 25 LN NA PEÇA TEM IMPACTO POSITIVO NA SOBREVIDA A RADIOQUIMIOTERPIA NÃO SUBSTITUI A LINFADENECTOMIA ESTENDIDA

OBRIGADO