Acompanhamento Conjuntural 05/2012

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Transcrição:

Acompanhamento Conjuntural 05/2012 FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DA BAHIA Diretoria Executiva Superintendência de Desenvolvimento Industrial Data de fechamento: 21/05/2012 PIB O PIB brasileiro continua com ritmo de crescimento similar ao verificado em 2011. Nos primeiros meses do ano, o consumo das famílias continua sustentando a economia do Brasil, sobretudo com base no consumo de bens não duráveis. Por outro lado, as vendas de bens duráveis e bens de capital estão em declínio, por conta da menor oferta de crédito. Política Monetária O Copom cortou pela 6ª vez consecutiva os juros na reunião de abril, passando a taxa básica da economia para 9%. O corte de 0,75 p.p seguiu a tendência do mês anterior e, mais uma vez, foi motivado pela preocupação do Banco Central em trazer os juros para um nível compatível com o atual quadro de desaceleração da atividade econômica. Embora o mercado financeiro acredite em novos cortes da taxa básica de juros até o fim do ano (Selic de 8%), o Copom manifestou que deverá conduzir a política de flexibilização com mais parcimônia. Dessa forma, são esperadas menores reduções da Selic nas próximas reuniões. 2012, o IPCA contabiliza elevação de 1,87%, bem abaixo dos 3,23% registrados em igual período de 2011. Em 12 meses o IPCA alcançou 5,10%. Política Fiscal A economia do setor público realizada até março alcança mais de um terço do total previsto para o ano, e o superávit primário do primeiro trimestre deste ano é recorde para o período. Esse bom desempenho reforça a ideia de que o Governo deverá cumprir o superávit primário fixado para este ano, estimado em R$ 139,8 bilhões (3,1% do PIB). A atual política monetária está contribuindo para a realização do superávit primário. O governo estima que cada ponto porcentual de queda da Selic resulta na redução de R$ 10,4 bilhões dos juros. O governo manteve a meta de superávit primário em 3,1% do PIB (R$ 155,9 bilhões) para 2013, tomando como base um crescimento de 5,5% do PIB, IPCA de 4,5% e salário mínimo de R$ 667,75 no próximo ano. A inflação medida pelo IPCA apresentou alta inesperada em abril, com variação positiva de 0,64% (maior índice mensal desde abril de 2011), ante 0,21% em março. O item de maior pressão sobre o IPCA foi cigarros, cujos preços subiram 15,04%, com impacto de 0,12 p.p. no índice. No acumulado do primeiro quadrimestre de

Contas Externas No primeiro trimestre deste ano, o saldo em conta corrente, que compreende os resultados da balança comercial e das contas serviços, rendas e transferências unilaterais, foi deficitário em US$ 12,1 bilhões. No acumulado dos últimos 12 meses, o déficit alcançou US$ 49,8 bilhões (2% do PIB), permanecendo praticamente no mesmo patamar registrado no final de 2011. O déficit nas contas serviços e rendas, em função, principalmente, das despesas com aluguel de equipamentos e pagamento de juros, explica o saldo negativo em conta corrente. A expectativa do mercado é de aumento do déficit em conta corrente nos próximos meses, alcançando US$ 68 bilhões no final do ano. As reservas internacionais em abril totalizaram US$ 374,3 bilhões, registrando elevação de US$ 9,1 bilhões em relação ao verificado em março, ainda resultado das intervenções realizadas pelo Banco Central nos mercados de câmbio à vista e a termo. Com o recrudescimento da crise na Grécia e o temor dos efeitos de sua eventual saída da zona do euro, entre outros fatores e a consequente valorização do dólar no mercado internacional, o mercado (relatório Focos do BCB) espera que a cotação da moeda americana se eleve frente o Real, encerrando o ano em R$ 1,85. 2

PIB O PIB brasileiro continua com ritmo de crescimento similar ao verificado em 2011. O setor industrial, sobretudo, enfrenta um processo de enfraquecimento dos seus resultados, por conta de aspectos conjunturais como a queda da demanda externa, devido à crise internacional. Mas, o mais preocupante é mesmo a perda de competitividade da indústria por conta de aspectos estruturais da economia nacional, a exemplo da baixa produtividade, infraestrutura inadequada, complexa e elevada carga tributária, baixa qualificação da mão de obra, além de uma legislação trabalhista defasada, entre outros componentes do chamado Custo Brasil. Nos primeiros meses do ano, o consumo das famílias continua sustentando a economia do Brasil, sobretudo com base no consumo de bens não duráveis. Por outro lado, as vendas de bens duráveis e bens de capital estão em declínio, por conta da oferta de crédito reduzida, atribuída pelo setor bancário ao elevado nível de inadimplência da economia sobretudo no item veículos. Os investimentos necessários para um novo ciclo de crescimento sustentado encontram-se paralisados. Para retomá-los, além da retomada do crédito, as expectativas negativas precisam ser revertidas. A simples redução da Selic em curso se traduz muito lentamente em retomada de atividade econômica, em função dos elevados níveis de spreads bancários, tarifas e taxas de compulsório praticadas, que conformam o sistema bancário nacional. Rentável, seguro, mas pouco propenso a financiar a atividade produtiva. Um movimento que parece surtir um efeito mais rápido sobre as expectativas e a oferta de crédito na economia é a recente redução das taxas bancárias, praticadas pelos bancos estatais, o que vêm levando os bancos privados a acompanhar o movimento, barateando o custo dos empréstimos. Os dados do Caged, divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), apontam uma geração líquida de 216,9 mil empregos formais em abril de 2012, contra 111,7 mil no mês anterior. Os setores responsáveis pelo desempenho no mês foram: Serviços (82,9 mil), Construção Civil (40,6 mil) e Comércio (33,7 mil). Nos primeiros quatro meses do ano, o País gerou um saldo de 702,1 mil postos de trabalho. No acumulado de 12 meses, o saldo registrado foi de 1,71 milhão de empregos gerados. Os dados apontam para uma desaceleração na geração de empregos, em comparação ao registrado nos dois últimos anos, refletindo a própria evolução da economia brasileira. Política Monetária Na reunião de abril (dias 17 e 18), o Copom reduziu pela 6ª vez consecutiva a taxa básica de juros da economia, fixando-a no patamar de 9% ao ano. Os membros do Comitê decidiram manter o ritmo de queda da Selic em resposta ao atual quadro de desaceleração da atividade econômica. Desde o início do processo de flexibilização monetária, iniciado no final de agosto de 2011, a redução já soma 3,5 p.p. De acordo com a avaliação do Copom, os recentes acontecimentos externos influenciam negativamente a economia brasileira, com reflexos na moderação da corrente de comércio, na moderação do fluxo de investimentos e nas condições de crédito mais restritivas. O Comitê entendeu que o processo de moderação em que se encontra a economia brasileira desde o primeiro semestre do ano passado foi potencializado pela fragilidade da economia global. Em adição, o cenário prospectivo para a inflação considerado até a data da reunião manteve sinais favoráveis, com taxas baixas. Esses foram os fatores que fizeram com que os membros do Comitê decidissem, por unanimidade, reduzir a taxa Selic. 3

Embora o mercado financeiro acredite em novos cortes da taxa básica de juros até o fim do ano, o Copom manifestou que, dados os efeitos cumulativos e defasados das ações de política implementadas até o momento, qualquer movimento de flexibilização monetária adicional deve ser conduzido com parcimônia, mesmo considerando que a recuperação da atividade vem ocorrendo mais lentamente do que se antecipava. Dessa forma, são esperadas menores reduções da Selic nas próximas reuniões. A redução da Selic para níveis historicamente baixos resultou na necessidade de rever as regras da poupança. Caso a Selic alcance 8,5% ou menos, a remuneração da poupança será de 70% da taxa ao ano. Essa medida abre caminho para novas quedas nos juros, tendo em vista que no modelo anterior havia a possibilidade de a poupança ser mais rentável que os títulos da dívida pública. A inflação medida pelo IPCA apresentou alta inesperada em abril, com variação positiva de 0,64% (maior índice mensal desde abril de 2011), ante 0,21% em março. De acordo com o IBGE, a maioria dos grupos de produtos e serviços mostrou crescimento nas taxas, com destaque para os grupos de despesas pessoais (+2,23%), vestuário (+0,98%) e saúde e cuidados pessoais (+0,96%). O item de maior pressão sobre o IPCA foi cigarros, cujos preços subiram 15,04% e impacto de 0,12 pp no índice. Outros itens que pressionaram o IPCA foram remédios e salários dos empregados domésticos. A soma dos impactos desses 3 itens resultou em 0,24 p.p, sendo responsáveis por 38% da variação do IPCA. No acumulado dos primeiros 4 meses de 2012, o IPCA contabiliza elevação de 1,87%, bem abaixo dos 3,23% registrados em igual período de 2011. Em 12 meses, o IPCA alcançou 5,10%, situando-se no intervalo da meta de inflação. Cumpre registrar que, a partir de janeiro de 2012, o IBGE alterou a metodologia de cálculo do IPCA, utilizando a nova base de estruturas de gastos de consumo. A partir de abril de 2011, o IBGE passou a divulgar mensalmente o Índice de Preço ao Produtor (IPP), que mede a evolução dos preços de produtos na porta da fábrica, sem impostos e sem frete, de 23 setores da indústria de transformação. O período de divulgação tem defasagem de dois meses. Em março de 2012, o IPP registrou inflação de 1,05%, ante deflação nos 2 meses anteriores (-0,42 e -0,43%, em fevereiro e janeiro, respectivamente). As maiores altas observadas em março se deram entre os produtos das seguintes atividades industriais: equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (4,70%), fumo (4,28%), papel e celulose (3,82%) e outros equipamentos de transporte (2,56%). No ano, o IPP registra inflação de 0,19% e no acumulado de 12 meses até março, alta 1,37%. Política Fiscal O superávit primário do setor público em março alcançou R$ 10,4 bilhões, abaixo do registrado em igual mês do ano passado, que foi de R$ 13,6 bilhões. O pagamento de juros no mês somou R$ 21,04 bilhões, contra R$ 20,55 bilhões em igual mês do ano passado (o maior número de dias úteis no mês contribuiu para este aumento). Por conta do pagamento de juros no mês, o déficit nominal alcançou 3% do PIB. A dívida líquida do setor público alcançou R$ 1,538 trilhão, equivalente a 36,6% do PIB, com redução de 0,9 p.p. em relação ao mês anterior (devido ao fato do setor público ser credor em dólares). Por conta da valorização do dólar, a expectativa é de que a dívida caia ainda mais, alcançando 36% já no próximo mês, menor nível da série. A dívida bruta, variável utilizada nas comparações internacionais, alcançou R$ 2,37 trilhões em março de 2011, equivalente a 56,3% do PIB (elevando-se em 0,6 p.p em relação a fevereiro). No ano, o superávit primário alcança 4,51% do PIB, resultado do esforço das instâncias dos governos central e regionais, contrabalançada pelo déficit nas estatais (ver tabela 2 no anexo). Cumpre registrar o aumento de 4,2% do déficit da Previdência na comparação do primeiro trimestre do ano de 2012 com igual período de 2011. Em 12 meses, o superávit primário caiu para 3,2% do PIB, mas ainda está 0,1 p.p. acima da meta fixada para este ano. O déficit nominal em 12 meses 4

subiu para 2,4% do PIB, com alta de 0,1 p.p em relação ao mês anterior (ver tabela 3 no anexo). Os resultados consolidados das contas públicas no primeiro trimestre de 2012 indicam que o Governo deverá cumprir o superávit primário fixado para este ano, estimado em R$ 139,8 bilhões (3,1% do PIB). A economia realizada até março alcança mais de um terço do total previsto para o ano, e o superávit primário do primeiro trimestre deste ano é recorde para o período. O bom desempenho das contas neste início de ano resultou do aumento da receita líquida do Governo Federal, que cresceu mais de 8% na comparação de janeiro a março de 2012 com igual período do ano passado. Analistas estimam que as receitas do Governo Federal alcancem, até o fim do ano, 20,5% do PIB, contra 19,7% do PIB em 2011. Com os resultados do primeiro trimestre, as projeções melhoraram em relação ao mês anterior, com o superávit primário atingindo a meta cheia (sem ajustes com gastos em infraestrutura). A projeção do Relatório de Mercado para 2012 para o déficit nominal é de 2% do PIB e para a dívida pública, 35,9% do PIB. Outro ponto que reforça a visão do cumprimento da meta é o atual programa de redução dos juros do Banco Central. O governo estima que cada ponto porcentual de queda da Selic, considerando o atual nível de indexação da dívida pública federal, resulta na redução de R$ 10,4 bilhões dos juros. Os efeitos acumulados da redução de 3,5 p.p dos juros ainda refletirão sobre a conta de juros ao longo deste ano. Em recente apresentação do Projeto de Lei das Diretrizes Orçamentária 2013 (8/5), a Ministra Miriam Belchior reafirmou que o superávit primário continuará em 3,1% do PIB para 2013 (R$ 155,9 bilhões), com base num crescimento real da economia de 5,5%. Espera-se que a dívida caia para 32,4% do PIB em 2013 e alcance, em 2015, o valor de 27,4% do PIB. Em 2013, o IPCA atingirá a meta (4,5%) e o salário mínimo será reajustado para R$ 667,75. Contas Externas O déficit em conta corrente de US$ 12,1 bilhões no primeiro trimestre deste ano pode ser explicado pelo saldo negativo do agregado serviços e rendas, que passou de -US$ 18,8 bilhões em 2011 para -US$ 15,2 bilhões em igual período de 2012, em virtude, principalmente, das despesas com aluguel de equipamentos, viagens internacionais e transporte, além da remessa de lucros e dividendos, e do pagamento de juros. A balança comercial apresentou superávit de US$ 2,4 bilhões e o saldo das transferências unilaterais alcançou US$ 686 milhões de janeiro a março de 2012. A entrada de investimentos estrangeiros diretos (IED) no País alcançou US$ 14,9 bilhões, contra US$ 17,5 bilhões no primeiro trimestre de 2011, destinados principalmente para as seguintes atividades: serviços financeiros e atividades auxiliares; veículos automotores, reboques e carrocerias; produtos químicos; comércio, exceto veículos; eletricidade, gás e outras utilidades; produtos alimentícios; celulose, papel e produtos de papel; extração de minerais metálicos; serviços de tecnologia da informação; e metalurgia. O último Relatório de Mercado do BC apresenta as seguintes projeções para o ano de 2012: saldo de US$ 20 bilhões na balança comercial, déficit de US$ 68 bilhões na conta corrente e fluxo de US$ 55 bilhões em investimentos estrangeiros diretos. No primeiro quadrimestre deste ano, o fluxo de entrada de dólares superou o de saída em US$ 25,3 bilhões, contra US$ 37,1 bilhões em igual período de 2011, reflexo da entrada de US$ 17,5 bilhões no mercado comercial e de US$ 7,9 bilhões no mercado financeiro. Após iniciar o ano cotado a R$ 1,87, o dólar apresentou queda, alcançando R$ 1,70 no final de fevereiro. A partir de março, o dólar registrou alta, refletindo a ampliação do IOF para empréstimos externos com prazo de até cinco anos e a sinalização de que o Governo reduzirá os juros nos próximos meses, tendo atingido a marca dos R$ 2 no início de maio. A alta da taxa de câmbio em maio também 5

refletiu o recrudescimento da crise na Grécia e o temor dos efeitos de sua eventual saída da zona do euro. A dívida externa total brasileira alcançou US$ 299,6 bilhões em março, tendo a dívida de longo prazo atingido US$ 262,8 bilhões e a de curto prazo totalizado US$ 36,8 bilhões. O valor das exportações brasileiras alcançou US$ 19,6 bilhões em abril, contra importações de US$ 18,7 bilhões, gerando um saldo comercial de US$ 881 milhões, contra US$ 2 bilhões no mês anterior. No primeiro quadrimestre deste ano, as exportações alcançaram US$ 74,7 bilhões, um aumento de 4,5% em relação ao mesmo período do ano anterior, e as importações, US$ 71,3 bilhões, alta de 7,4% em relação ao mesmo período do ano anterior. O superávit comercial no acumulado em 2012 foi da ordem de US$ 3,3 bilhões, valor US$ 1,7 bilhão inferior ao de igual período do ano passado. No período acumulado de 12 meses até abril, as exportações alcançaram US$ 259,3 bilhões e as importações US$ 231,2 bilhões. A expectativa da Secex é que, em 2012, as exportações brasileiras alcancem US$ 264 bilhões no final de 2012, alta de 3,1% em relação ao verificado em 2011. Front Externo A Europa segue sendo o centro das atenções no panorama econômico mundial. A Grécia vive um momento delicado, com as crises econômica e política se combinando e se retroalimentando. No 1º trimestre do ano o PIB da Grécia registrou queda de 6,2% em termos anualizados, após uma queda de 7,5% no último trimestre de 2011. Em março, o Banco Central grego advertiu para o risco de uma recessão mais forte que a esperada este ano, com uma queda estimada do PIB de 4,5%. Em 2011, o PIB encolheu 6,9%. O presidente grego Karolos Papoulias não conseguiu formar um governo de coalizão o que obriga a convocação de novas eleições. Tal situação aumenta ainda mais a probabilidade da Grécia sair da zona do euro. Segundo o Ministério das Finanças da França, uma eventual saída da Grécia da zona euro custaria 50 bilhões de euros líquidos em empréstimos perdidos para a França. O que explica as quedas sucessivas nas bolsas europeias. Justamente no dia em que deu posse ao seu novo presidente, o socialista François Hollande, a França divulgou o resultado do PIB do 1º trimestre, registrando um crescimento nulo, em comparação com o 4º trimestre de 2011, em linha com a previsão da maioria dos analistas. O Insee (Instituto de estatísticas oficiais da França) também revisou o PIB do 4º trimestre do ano passado para um crescimento de 0,1%, ante a leitura anterior de 0,2%. Tais números aumentam a responsabilidade do novo governo em adotar medidas efetivas para que a economia volte a um caminho de crescimento e geração de empregos, ao mesmo tempo em que tenciona a relação com a Alemanha, uma vez que Angela Merkel, primeira ministra alemã, já afirmou diversas vezes que o pacto de austeridade é fundamental para assegurar uma saída rápida da crise atual. Outros dados da economia francesa revelam que os gastos dos consumidores - que respondem por mais da metade do PIB francês - não se aceleraram significativamente, registrando apenas 0,2% de crescimento no 1º trimestre, na comparação com o trimestre anterior, após um aumento de 0,1% nos últimos três meses de 2011. Já o investimento caiu 0,8% no 1º trimestre. A balança comercial também deu uma contribuição negativa para o PIB, à medida que as importações aumentaram e houve desaceleração nas exportações. No sentido contrário, a economia alemã evitou a recessão registrando um crescimento de 0,5% no 1º trimestre de 2012. O PIB alemão retomou o crescimento depois de ter contraído 0,2% no último trimestre de 2011. Na comparação com os três primeiros meses de 2011, a economia alemã cresceu 1,7%. Os principais responsáveis pelo bom resultado foram o comércio exterior e a demanda interna, que compensaram a redução nos investimentos. 6

Assim, O PIB da zona do euro ficou estável no 1º trimestre deste ano, tanto em relação ao trimestre anterior como em comparação com o mesmo período do ano passado, superando as previsões de queda de 0,2%. Já a União Europeia registrou resultado nulo em relação ao período anterior, porém cresceu 0,1% em relação a igual período do ano anterior. No 4º trimestre de 2011 a economia da zona do euro havia recuado 0,3% em relação ao trimestre anterior. O índice de preços ao consumidor da zona do euro registrou variação de 2,7%, enquanto a taxa de desemprego alcançou 10,9%, ambos em março de 2012. Nos Estados Unidos, segundo a primeira estimativa do Bureau of Economic Analysis (BEA), o PIB dos Estados Unidos cresceu 2,2% no 1º trimestre de 2012, contra uma expansão de 3% no 4º trimestre de 2011, em termos anualizados. Os investimentos fixos não residenciais caíram 2,1% no 1º trimestre de 2012, em comparação com o aumento de 5,2% no trimestre anterior. Os gastos do governo declinaram 3%, após a queda de 4,2% nos gastos públicos na mesma comparação intertemporal. Por outro lado os gastos com consumo subiram 2,9%, maior alta desde o 4º trimestre de 2010. Na China de acordo com dados divulgados pelo National Bureau of Statistics of China a produção industrial do país apresentou, em março, expansão de 11,9% em relação ao registrado em igual mês do ano anterior e 11,6% no acumulado do ano. Segundo dados do Ministério do Comércio, o investimento estrangeiro direto na China recuou pelo 6º mês consecutivo em abril, configurando a maior sequência negativa desde a crise financeira global. O investimento estrangeiro direto em abril totalizou US$ 8,4 bilhões, recuo de 0,74% contra o mesmo período de 2011. Nos primeiros quatro meses de 2012, este indicador recuou 13,94% ante o mesmo período de 2011, para US$ 37,9 bilhões. O Índice de Preços ao Consumidor da China, principal indicador da inflação no país, foi de 3,6% em março. Já a taxa de desemprego divulgada, referente ao 4º trimestre de 2011 foi de 4,1%. Em relação à economia do Japão, segundo dados divulgados pelo METI (Ministério da Economia, Comércio e Indústria), a produção industrial japonesa cresceu 1% em março, na comparação com o mês anterior e 13,9% em relação ao verificado em igual mês de 2011. A comparação anual reflete o efeito comparação em função do tsunami ocorrido em março de 2011. Os segmentos industriais que mais contribuíram para o aumento foram: equipamentos de transporte, equipamentos eletrônicos de informação e comunicação e produtos de cerâmica, pedra e argila. Em março a taxa de desemprego ficou em 4,5% e o índice de preços ao consumidor registrou inflação de 0,5%. Na Argentina segue a crise crônica de descrédito em relação aos dados oficiais de desempenho da economia. Analistas acreditam que haverá uma fuga de capitais da Argentina por conta das medidas adotadas pelo governo de Cristina Kirshner, tais como a imposição de barreiras protecionistas ao Brasil e a expropriação da petroleira espanhola. Sobre esse último assunto, o comissário de comércio da União Europeia anunciou que vai tomar medidas contra a Argentina, por conta da decisão de expropriar os ativos da espanhola Repsol na petrolífera YPF, uma vez que a Argentina se recusou a pagar à Repsol o valor integral pretendido pelo grupo espanhol como pagamento por sua parte na YPF. 7

Acompanhamento Conjuntural 05/2012 Economia em passo lento A despeito das medidas de incentivo à atividade produtiva no âmbito do Programa Brasil Maior, dificilmente o País alcançará crescimento do PIB da ordem de 4,5-5%, como anunciado pelo Governo Federal. O fato é que há um baixo carregamento estatístico do ano anterior, o crescimento da demanda encontra-se em ritmo lento, e a desaceleração da construção civil e do consumo de máquinas e equipamentos reflete um decréscimo do nível de investimentos. Além disso, o cenário externo continua desafiador, com baixo crescimento nas economias avançadas e desaceleração da economia chinesa. Como fator novo, a trajetória do câmbio mudou de sentido nos últimos dias, tendo registrado expressiva desvalorização da moeda nacional, chegando ao patamar de R$ 2,00 por dólar. É verdade que esse movimento poderia estimular às exportações, infelizmente, não tão representativo dado o quadro combalido da economia internacional. É possível, no entanto, que haja um esfriamento das importações e dos gastos no exterior. Mas, é preciso destacar que a desvalorização da moeda precisa ser monitorada, também por conta de seus efeitos deletérios sobre as empresas que possuem dívidas denominadas em dólares, além do seu impacto sobre os preços dos produtos e serviços (inflação). Os setores industriais capital-intensivos e produtores de bens tradable, apesar de também sofrerem os efeitos da redução da atividade, ainda se beneficiam dos preços das commodities, relativamente elevados, que impulsionam as receitas de segmentos como refino, petroquímico, metalurgia e celulose. No âmbito local, vale destacar que a Braskem registrou queda de 50% no lucro líquido do 1º trimestre de 2012, em relação ao verificado em igual período do ano anterior. É importante salientar que, assim como outras grandes empresas nacionais, há uma exposição em relação ao dólar, o que faz com que as grandes flutuações da moeda norte-americana não sejam convenientes. Em termos operacionais, a Braskem bateu recorde de produção em março, com produção de 306 mil toneladas de eteno e de 151 mil toneladas polipropileno. Os crackers operaram a uma taxa média de 93%, contra 80% no trimestre anterior, que havia sido impactado por duas paradas de manutenção. A perspectiva da Braskem é de um cenário ainda volátil, mas com grande possibilidade de crescimento, sobretudo do mercado brasileiro. No contexto do mercado petroquímico mundial, o cenário de curto prazo ainda é de grande variação de preços e custos. Para o ano, espera-se uma recuperação gradual no consumo, influenciada pela melhoria da economia no sudeste asiático (pós tsunami no Japão), pelos sinais positivos na Alemanha e potencial influência em outros países da região, e a mudança de foco da política chinesa para o crescimento do seu mercado doméstico. Analisando a conjuntura econômica com foco no setor industrial, observamse efeitos diferenciados de acordo com o perfil setorial. Os fabricantes de bens de consumo, a exemplo de calçados, têxteis, móveis e autopeças, têm sofrido bastante com o processo de valorização cambial que, juntamente ao problema dos elevados encargos trabalhistas, reduz significativamente a competitividade das empresas locais em relação aos concorrentes externos. Nesse sentido, o governo tem oferecido tratamento prioritário a esses setores através da desoneração da folha e da oferta de crédito diferenciado. 8

Compõem o presente Anexo os seguintes documentos: (i) (iii) (iv) Brasil: Representatividade da Indústria de Transformação (% PIB) (pág.10); Brasil: Composição das Exportações 1995 a 2012, em % (pág.11); Bahia: Composição das Exportações 1995 a 2012, em % (pág.12); (v) Tabelas de Política Fiscal (págs. 13 a 15); (vi) Brasil e Bahia: Evolução Mensal dos Saldos das Admissões menos Desligamentos de Trabalhadores regidos pela CLT, no período janeiro a março 2012 (págs. 16 e 17); (vii) World Economic Outlook, abril de 2012 (pág. 18); viii) Indicadores de Economias Avançadas (pág. 19); (ix) (x) Indicadores Econômicos de Países Emergentes (pág. 20); e Relatório de Mercado do Banco Central - Expectativas de Mercado (págs. 21 e 22). 9

Fonte: Ipeadata; elaboração FIEB/SDI. (*) Dados preliminares. 10

Fonte: MDIC/Secex; elaboração FIEB/SDI. Nota: 2012 de janeiro a março. Nota: 2011 de janeiro a setembro 11

Fonte: MDIC/Secex; elaboração FIEB/SDI. Nota: 2012 de janeiro a março. 12

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Relatório de Mercado do Banco Central: Expectativas de Mercado (18/05/2012) 21

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Acompanhamento Conjuntural (AC) é uma publicação mensal da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), produzida pela Superintendência de Desenvolvimento Industrial (SDI). Presidente: José de F. Mascarenhas Diretor Executivo Interino: Leone Peter Correia da Silva Andrade Superintendente: João Marcelo Alves (Economista, Mestre em Administração pela UFBA/ISEG-UTL, Especialista em Finanças Corporativas pela New York University) Críticas e sugestões serão bem recebidas. Endereço Internet: http://www.fieb.org.br E-mail: sdi@fieb.org.br Reprodução permitida, desde que citada a fonte. Equipe Técnica: Marcus Emerson Verhine (Mestre em Economia e Finanças pela Universidade da Califórnia) Carlos Danilo Peres Almeida (Mestre em Economia pela UFBA) Ricardo Menezes Kawabe (Mestre em Administração Pública pela UFBA) Mauricio West Pedrão (Mestre em Análise Regional pela UNIFACS) Everaldo Guedes (Bacharel em Ciências Estatísticas ESEB)