Red Econolatin Expertos Económicos de Universidades Latinoamericanas
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- Daniela Farias Fialho
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1 Red Econolatin Expertos Económicos de Universidades Latinoamericanas BRASIL Junio 2011 Profa. Anita Kon PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO - PROGRAMA DE ESTUDOS PÓS- GRADUADOS EM ECONOMIA POLÍTICA. 1. SITUACIÓN ECONÓMICA ACTIVIDAD ECONÓMICA Neste trimestre iniciado em Abril, a economia continua em um processo de desaceleração, iniciado no trimestre anterior, quando os financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) reduziu seu financiamento freando investimentos de empresas. As vendas desaceleraram em abril e maio e o ritmo de crescimento dos investimentos caiu de 20% ao ano para 10% ao ano embora a taxa ainda seja o dobro da de expansão do Produto Interno Bruto. Diante de juros mais altos e perspectivas de demanda mais fraca, empresários já se mostram menos dispostos a investir nos próximos meses. No 2 0 trimestre os resultados da atividade industrial mostram uma interrupção da retomada do setor, que nos três primeiros meses de 2011 havia acumulado alta de 3,3 %. Um dos fatores que podem ter determinando esse comportamento da indústria pode ser o fato de que dada a evolução recente de valorização do câmbio, uma nova onda de substituição dos bens domésticos pelos importados esteja em curso. As medidas governamentais desde 2010 que criaram mecanismos para conter o crédito e reduzir o consumo, têm repercutido na economia que caminha mais lentamente, com o intuito de diminuir a tendência de aumento inflacionário. SECTOR EXTERIOR No período, o consumo de itens estrangeiros no Brasil cresceu mais do que a compra de produtos nacionais, o que provocou o aumento da participação dos importados na economia. Esta alta é explicada pela forte demanda doméstica e pelo real valorizado e alguns analistas salientam que a importação de insumos baratos é positiva, pois aumenta a competitividade da indústria. Pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) mostra que o Brasil tem focado suas exportações em commodities e perdido espaço na
2 venda de produtos de maior intensidade tecnológica, de maior valor. Para monitorar o fluxo de importações, o governo federal adotou em maio uma medida que exige licença prévia para a liberação do guia de importação que era feito de forma automática, o que pode atrasar a entrada desse produto no Brasil em até dois meses e pode influenciar o fluxo de caixa das empresas. Com relação à entrada de dólares no país, os investidores, bancos e empresas têm recorrido a investimentos estrangeiros diretos em empresas, que bateram recorde no primeiro quadrimestre e ao comércio exterior, como forma de combate à elevação dos tributos sobre operações financeiras que visam frear o endividamento em dólar das empresas. Segundo o Banco Central (BC) o volume de empréstimos no exterior caiu 60% em maio, ante a média do 1º trimestre. Da mesma forma ocorreu recuo de gastos de turistas no exterior, sobre os quais também passou a incidir a tributação. Embora as medidas tenham melhorado o perfil da dívida externa, o fluxo de financiamento externo continua alto, desde que o governo não conseguiu conter de forma significativa o volume de crédito que entra no país. SECTOR PÚBLICO Y POLÍTICA FISCAL No mês de abril a dívida pública federal subiu 2,34%, de acordo com dados do Tesouro Nacional, valor que se refere ao endividamento interno e externo do país. Internamente a Previdência Social registrou déficit de R$ 5,729 bilhões em abril, que é 81,4% maior do que o registrado em março e 79% maior que o de abril de 2010, que é atribuído pela Previdência ao pagamento de ações judiciais. O governo federal vem segurando investimentos, com o intuito de economizar nos primeiros quatro meses do ano, além de estar arrecadando mais, desde que a quantia de impostos arrecadada pela Receita subiu 11,51% de janeiro a abril, na comparação com os quatro primeiros meses de Os investimentos ficaram abaixo até mesmo da alta acumulada do Produto Interno Bruto no período. A redução no ritmo dos gastos é observada na execução do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que executa investimentos em infra-estrutura e as despesas com o programa no acumulado do ano cresceram 39%, enquanto haviam subido 108% no mesmo período de No entanto, o secretário do Tesouro Nacional afirmou que o desempenho do ano não é uma tendência e o investimento no ano vai crescer bem acima do PIB nominal. EMPLEO Apesar do bom resultado de abril no confronto com abril de 2010, o total de vagas criadas caiu 10,7%, com maior representatividade no Sudeste do país, especificamente em São Paulo, porem com recuo no Nordeste, que perdeu quase 20 mil vagas ligadas ao fim da colheita de cana-de-açúcar. No entanto, a taxa de desemprego atingiu 6,4% em média no trimestre, a menor marca desde 2002, quando teve início a série histórica da pesquisa do IBGE. O aumento do emprego costuma acontecer porque, a partir do segundo trimestre, a economia começa a rodar com mais velocidade e tradicionalmente as empresas voltam abrir vagas, no entanto o desemprego permaneceu no mesmo nível.
3 As expectativas são do aumento do emprego, pois os investimentos em setores como de infra-estrutura e serviços devem aumentar cada vez mais, tendo em vista a preparação do país para a próxima Copa do Mundo e para as Olimpíadas. Segundo o IPEA, o nível do emprego no Brasil está se acomodando e a taxa de desocupação deve fechar 2011, bem próxima da de 2010, que foi de 5,7%. Por outro lado, observa-se o avanço da formalização do emprego. POLÍTICA MONETARIA E INFLACIÓN O Banco Central ainda não conseguiu controlar devidamente a alta dos preços, apesar da alta dos juros e das medidas de contenção ao crédito. Em abril de 2011, pela primeira vez desde 2003, o índice oficial de inflação ultrapassou o teto da meta admitido pelo governo, quando considerada a variação em 12 meses. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o indicador ficou em 6,51%, enquanto que a meta oficial, que o BC se compromete a perseguir, é de 4,5% para A inflação foi agravada primeiramente por um choque de preços de alimentos no começo do ano, que já mostram arrefecimento e podem cair nos próximos meses. O desafio do Banco Central é controlar a inflação e evitar que ela se "realimente", pois se as expectativas de inflação estão em alta, empresários antecipam reajustes, o que pressiona mais o índice. Também os preços indexados por contratos, como energia, aluguéis, ônibus e outros forma centros de pressão para a inflação em Em pesquisa semanal do BC, os empresários estimam o indicador ficará em 6,37% no fim do ano, ou seja, dentro do teto da meta oficial. O presidente do Banco Central incentivou os consumidores brasileiros a adiar suas compras e aproveitar o momento de alta nos juros para poupar e incentivou as aplicações financeiras. O aumento dos preços e vem sendo combatido pelo governo por meio de medidas que deixam o crédito mais O ministro da Fazenda declarou que o governo continuará tomando medidas para evitar a valorização excessiva do real, sem tomar medidas drásticas quanto à entrada de dólares no país, necessária para os investimentos em infra-estrutura. O BC indicou novos rumos para a condução da política monetária, porém sinalizou que daria menos importância às medidas de restrição do crédito e focaria no aumento de juros. MERCADOS FINANCIEROS A agência classificadora de riscos Standard & Poor's em maio colocou mais ênfase à sua recomendação de investimento no Brasil, estabelecendo uma perspectiva positiva à nota atribuída ao país, que poderá ser elevada. A agência citou ainda as medidas para conter a inflação, como restrições ao crédito e altas na taxa básica de juros. As medidas anunciadas pelo governo desde novembro de 2010 para segurar o consumo e a inflação, foram representadas pela elevação da taxa de juros, restrição dos prazos de financiamento e aumento do imposto sobre empréstimos. Como resultado, as condições de financiamento continuam a piorar e pesquisa mensal do Banco Central mostra que em abril os juros
4 bancários voltaram a subir, pelo 5º mês consecutivo em abril e nas duas primeiras semanas de maio. O custo do crédito ao consumidor já subiu 20%, conduzindo a uma taxa média de juros de 39,8% ao ano, no final do mês passado. Em abril de 2011, a média diária de concessões de crédito para o consumo havia superado o verificado em novembro de 2010, mas descontada a inflação há uma queda de 4%. TIPO DE CAMBIO A relação de Câmbio entre dólar e real vem freando os preços, porem apesar de ser uma arma contra a inflação, a valorização do real continua prejudicando as exportações e está criando um dilema para o BC. Foram beneficiados pela queda do dólar produtos que usam insumos e componentes importados, aqueles que sofrem concorrência direta de compras feitas no exterior e itens suscetíveis às cotações internacionais. O dólar teve impacto particularmente nas atividades que sentem a competição de importados ou usam peças ou matérias-primas feitas no exterior. Tendo em visa o auxílio do câmbio para conter o surto inflacionário, o governo foi levado a abandonar os esforços do início do ano para combater a valorização do real, reivindicação de empresários preocupados com suas exportações. O Banco Central se vê num dilema cambial: com a alta da inflação e o impacto do dólar baixo nos preços, o BC perdeu margem para combater a valorização do real, causando maior perda de competitividade gerada pelo câmbio. A entrada de dólares no Brasil voltou a crescer nas primeiras semanas de maio depois de cair no mês anterior, segundo o Banco Central. Este fato é avaliado como resultado das ações que as empresas e investidores estão tomando nas linhas de empréstimo com prazos mais longos no exterior, que não são tributadas pelo governo com o Imposto sobre Operações Financeiras. 2. PERSPECTIVAS ECONÓMICAS Expectativas negativas sobre o andamento da economia nos próximos meses vêm sendo refletidas na diminuição da produção de bens de capital, que preocupa não somente no que se refere à evolução da indústria nacional, mas também para a economia como um todo. Os analistas prevêem que a expectativa de desaceleração da economia nos próximos meses já esteja afetando o fluxo de investimentos no País. O índice de confiança do empresário industrial, que em outubro de 2010 alcançou um nível de 114 pontos caiu no segundo trimestre deste ano para 109,9% em maio. As projeções consensuais do governo e do setor privado mostram que a atual escalada da inflação atingirá seu pico justamente quando corporações mais numerosas e influentes no sindicalismo nacional estarão em campanha para aumento salarial. O 1º de setembro é a data-base para os metalúrgicos, bancários e petroleiros do país, entro outros, reivindicarem maiores salários, o que poderá entrar em choque com a política antinflacionária. Pelas estimativas de investidores e analistas de mercado
5 pesquisadas pelo Banco Central, o INPC, índice que normalmente baliza negociações, e o IPCA, índice de inflação referência para metas oficiais, chegarão a 7,4% no período de 12 meses a ser encerrado em agosto e a 5,7% no final do ano. Os economistas de mercado elevaram suas estimativas sobre a taxa básica de juros para 2011, para 12,5% ao ano e também elevaram, pela oitava semana seguida, a previsão para a inflação, para 6,37%, enquanto a meta oficial é de 4,5%, podendo variar até o teto de 6,5%. Por fim, o governo reduziu a previsão sobre o crescimento da economia em 2011 em relação à estimativa feita dois meses atrás, de 5% para 4%. 3. SITUACIÓN POLÍTICA A presidente Dilma Roussef enfrentou no trimestre pressões políticas para a indicação de nomes por partidos aliados do governo, para cargos de 2 0 e 3 0 escalões e em maio, acusações sobre atos ilegais derrubaram o chefe da casa civil. Políticamente, em substituição ao seu anterior auxiliar, a presidente enfrentou novas pressões para a indicação não apenas de novo chefe da casa civil, mas também de responsável pela articulação política. Com a divulgação do aumento da inflação de abril, a presidente manteve um discurso político para convencer o mercado e empresários de que o dado de abril era um "olhar no retrovisor" e que a pior fase já passou. Um assunto relacionado ao auxílio ao mercado de trabalho está sendo discutido entre governo, sindicatos e empresários. O governo pretendia, ainda neste trimestre, enviar ao Congresso Nacional um projeto de desoneração da folha de pagamento. O projeto deveria ter sido enviado para votação até maio, mas agora ficou adiado para junho, com a expectativa de que a proposta entre em vigor em 2012, para aliviar o custo do empregador e estimular a formalização da mão de obra no país, sem prejudicar a arrecadação da Previdência. Sob pressão da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), da Central Única de Trabalhadores (CUT) e da Força Sindical o governo federal deverá discutir ações para compensar perdas provocadas pelo dólar baixo. A proposta dos sindicalistas e indústria é reeditar um grupo de trabalho tripartite, com trabalhadores, indústria e governo, que existiu nos anos 90 para discutir medidas de incentivo à indústria no país.
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