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Transcrição:

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL Faculdade de Medicina Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia TelessaúdeRS/UFRGS Rua Dona Laura, 320 11º andar Bairro Rio Branco CEP: 90430 090 Porto Alegre/RS Tel.: (51) 3333-7025 Site: www.telessauders.ufrgs.br E-mail: contato@telessauders.ufrgs.br Coordenação Geral: Roberto Nunes Umpierre Marcelo Rodrigues Gonçalves Organizadores: Ana Cláudia Magnus Martins Milena Rodrigues Agostinho Rech Elise Botteselle de Oliveira Rudi Roman Autores: Alexandre Wahl Hennigen Ana Cláudia Magnus Martins Dimitris Rucks Varvaki Rados Elise Botteselle de Oliveira Ellen Machado Arlindo Gabriela Monteiro Grendene Juliana Keller Brenner Ligia Marroni Burigo Milena Rodrigues Agostinho Rech Natan Katz Roberta Marobin Rodolfo Souza da Silva Rudi Roman Revisão ortográfica e normalização: Rosely de Andrade Vargas Designer: Lorenzo Costa Kupstaitis

TELECONDUTAS Nº 24 DIABETES E GESTAÇÃO Sumário Introdução Fatores de risco para DMG Classificação Rastreamento Tratamento DM gestacional Tratamento DM na gestação Controle glicêmico Avaliação pré-concepcional em diabéticas Avaliação complementar Momento e via de parto Acompanhamento pós-parto Encaminhamento para serviço especializado Referências Anexo 1 Orientações nutricionais Introdução (definições e epidemiologia) Os quadros hiperglicêmicos que são diagnosticados na gravidez são classificados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em duas categorias: 1) Diabetes Mellitus (DM) na gestação : hiperglicemia compatível com DM fora na gestação, mas que o diagnóstico é feito na gestação (overt Diabetes em inglês) e; 2) Diabetes Mellitus Gestacional (DMG): estado de hiperglicemia, em valores que não preenchem critérios para DM, usualmente diagnosticado após a metade da gestação e que tende a se resolver com o término da gestação. No Brasil, a prevalência de DMG no Sistema Único de Saúde (SUS) passou de 7,5% para 18%, conforme os critérios diagnósticos atuais. Tanto o DM na gestação quanto o DMG aumentam o risco de desfechos maternos e fetais graves, devendo, portanto, ser identificados, adequadamente tratados na Atenção Primária à Saúde (APS) e, quando indicado, nos serviços especializados em Pré-natal de alto risco. Fatores de risco para Diabetes Mellitus Gestacional (DMG) Os fatores de risco para DMG são: Maternos: idade > 25 anos, sobrepeso/obesidade, história familiar de DM (primeiro grau). Antecedentes pessoais de alterações metabólicas: HbA1c 5,7%, síndrome dos ovários policísticos, hipertrigliceridemia, hipertensão arterial sistêmica, acantose nigricans, doença cardiovascular aterosclerótica, uso de medicamentos hiperglicemiantes (corticóides, diuréticos tiazídicos). Antecedentes obstétricos: Duas ou mais perdas gestacionais prévias, diabetes mellitus gestacional, polidrâmnio, macrossomia (recém-nascido anterior com peso 4000 g), óbito fetal/neonatal sem causa determinada, malformação fetal. Classificação Diabetes Mellitus (DM) na gestação: DM com diagnóstico antes da gestação (tipo 1, 2 ou outro tipo) ou durante o rastreamento do pré-natal que preenche critérios para DM fora da gestação. É mais grave porque seus efeitos iniciam precocemente, desde a concepção, levando a um risco aumentado de abortos, malformações congênitas graves e restrição do crescimento

fetal, principalmente nos casos não adequadamente controlados. Além das complicações fetais, desfechos adversos maternos também são frequentes, especialmente na presença de complicações prévias como retinopatia, nefropatia e hipertensão. Diabetes gestacional (DMG): quadro hiperglicêmico cujo início ou detecção ocorre durante a gravidez, sem preencher critérios para classificação como Diabetes Mellitus (DM). O DMG aumenta o risco de desfechos adversos maternos na gestação, como pré-eclâmpsia, hipertensão gestacional e aumento dos índices de cesariana. Além disso, os recém-nascidos de mães com DMG tem mais complicações fetais e neonatais como prematuridade, macrossomia, distocia de ombro, hipoglicemia e morte perinatal. Além disso, cerca de 50% das pacientes com DMG terão diagnóstico de DM2 em 10 anos, e os seus bebês, terão risco aumentado para obesidade e síndrome metabólica. Quadro 1. Definição de Hiperglicemia na Gestação: Diabetes Mellitus (DM) na gestação: DM (tipo 1, 2 ou outro) diagnosticado antes do período gestacional; ou Diagnóstico de DM durante a gestação, conforme os seguintes parâmetros: Glicemia em jejum maior ou igual 126 mg/dl; Glicemia 2 horas após sobrecarga de 75 gramas de glicose maior ou igual a 200 mg/dl; Hemoglobina Glicada maior ou igual 6,5%; Glicemia aleatória maior ou igual a 200 mg/dl na presença de sintomas (poliúria, polidipsia e perda de peso). Diabetes Mellitus Gestacional (DMG): Hiperglicemia diagnosticada pela primeira vez durante a gestação, com níveis glicêmicos que não atingem critérios para diagnóstico de DM. Critérios diagnóstico para DMG são os seguintes parâmetros: glicemia em jejum realizada no primeiro trimestre com valor maior ou igual a 92 mg/dl e menor ou igual a 125 mg/dl; ou glicemia avaliada pelo Teste Oral de Tolerância à Glicose (TOTG) com sobrecarga de 75 gramas de glicose (realizado entre 24 e 28 semanas, para gestantes que no primeiro exame de glicemia apresentaram valor inferior a 92 mg/dl) com pelo menos um dos seguintes resultados: - glicemia em jejum maior ou igual a 92 mg/dl e menor ou igual a 125 mg/dl; e/ou - glicemia 1 hora após sobrecarga maior ou igual a 180 mg/dl; e/ou - glicemia 2 horas após sobrecarga maior ou igual a 153 mg/dl e menor ou igual a 199 mg/dl. Fonte: TelessaúdeRS-UFRGS (2018) adaptado de Diretrizes Sociedade Brasileira de Diabetes (2017).

Rastreamento de diabetes na gestação Para o rastreamento de diabetes na gestação, medir glicemia de jejum na primeira consulta de pré-natal (primeiro trimestre ou até 24 semanas gestacionais), com o objetivo principal de diagnosticar mulheres com DM na gestação (critérios no quadro 1). Para todas as mulheres que não apresentaram diagnóstico de DM na gestação ou DMG no primeiro trimestre (glicemia de jejum inferior a 92 mg/dl), o rastreamento deve ser realizado entre 24 e 28 semanas com o Teste Oral de Tolerância à Glicose (TOTG) com sobrecarga de 75 g de glicose, através da medida de glicemia em jejum e após 1 e 2 horas da sobrecarga de glicose. É considerado diabetes gestacional quando pelo menos um valor for igual ou superior a 92 mg/dl (em jejum), 180 mg/dl (após 1 hora) ou 153 mg/dl (após 2 horas), e valores não preencherem critérios para DM na gestação (quadro 1). Em situações em que o pré-natal apresenta início tardio (após 24 semanas) o TOTG 75g também é realizado como rastreamento inicial. Em locais onde não disponibilizam o exame de TOTG 75g, o Ministério da Saúde recomenda, para aquelas mulheres cujo primeiro exame era inferior a 92 mg/dl, repetir a glicemia de jejum entre 24 e 28 semanas. Estima-se que assim sejam detectados 86% dos casos de diabetes gestacional. Figura 1. Rastreamento e diagnóstico de diabetes no pré-natal. Fonte: TelessaúdeRS-UFRGS (2018) adaptado de OPAS/MS et. al. (2016).

Tratamento de DMG e DM na Gestação O tratamento do diabetes mellitus na gestação ou diabetes mellitus gestacional inclui dieta individualizada e prática de atividade física, além do uso de medicamentos, quando indicado. O objetivo é atingir adequado controle glicêmico e ganho de peso. 1) Tratamento do Diabetes Mellitus Gestacional (DMG) Mulheres com diagnóstico de DMG devem iniciar tratamento com medidas não farmacológicas (dieta e exercício físico). Na ausência de controle glicêmico (ver controle glicêmico no quadro 4 ou figura 2) após 2 semanas, o uso de hipoglicemiantes está indicado. As etapas do tratamento estão resumidas na Figura 2 e serão pormenorizadas na sequência do texto. Figura 2 - Tratamento de Diabetes Mellitus Gestacional Fonte: TelessaúdeRS-UFRGS (2018)

Primeira etapa: Terapia não-farmacológica: A prescrição de dieta e atividade física é um componente essencial no tratamento de todas as mulheres com diabetes gestacional. É a etapa inicial do tratamento e a maioria das gestantes (70 a 85%) consegue atingir a normoglicemia apenas com mudanças no estilo de vida. Acompanhamento com nutricionista é recomendado, sempre que possível. Caso as metas glicêmicas preconizadas não sejam alcançadas em duas semanas, o tratamento farmacológico é indicado. Dieta: a terapia nutricional no DMG consiste em um planejamento alimentar saudável, para promover adequado ganho de peso da mãe e do feto, manutenção da glicemia e prevenção de cetose (ver anexo 1 para orientações nutricionais). As recomendações gerais dietéticas para mulheres com DMG são: - alimentação diária deve ser dividida em 3 refeições principais e de 2 a 4 lanches. Evitar períodos de jejum prolongado (maior do que 4 a 5 horas), pelo risco de cetose. - para gestantes com DMG, a restrição da quantidade de carboidratos de 40 a 55% do total de calorias pode ser útil na obtenção de glicemias pós-prandiais adequadas. Preferir carboidratos com baixo índice glicêmico. - adoçantes artificiais não calóricos (aditivos alimentares como o aspartame, a sacarina, o acesulfame-k, a sucralose e o neotame) podem ser utilizados com moderação. - o consumo de álcool está contraindicado durante todo o período de gestação. - controlar o ganho de peso da gestante durante a gestação para valores entre 5 kg a 18 kg, dependendo do IMC da gestante antes da gravidez (Quadro 2). Quadro 2. Ganho de peso recomendado conforme Índice de Massa Corporal (IMC) pré-gravídico. IMC inicial Ganho de peso total recomendado (kg) no 1º trimestre Ganho de peso recomendado (kg) semanal no 2º e 3º trimestres Ganho de peso (kg) total na gestação Baixo peso (< 18,5 kg/m 2 ) 2,3 0,5 (0,44 0,58) 12,5 18,0 Normal (18,5-24,9 kg/m 2 ) 1,6 0,4 (0,35 0,50) 11,5 16,0 Sobrepeso (25-29,9 kg/m 2 ) 0,9 0,3 (0,23 0,33) 7,0 11,5 Obesidade ( 30 kg/m 2 ) - 0,2 (0,17 0,27) 5,0 9,0 Fonte: TelessaúdeRS-UFRGS (2018) adaptado de Rasmussen e Yaktine (2009). Atividade Física: As atividades físicas poderão ser mantidas durante a gravidez, desde que não existam contraindicações (Quadro 3). Gestantes sedentárias devem ser orientadas a iniciar um programa de caminhadas regulares ou atividade física de baixo impacto por 20 minutos diariamente. Evitar exercícios de alto impacto, como saltos, pular corda, corridas, esportes de contato, dando preferência para exercícios como natação, hidroginástica, musculação, ciclismo e caminhadas. Exercícios leves de alongamento também são recomendados durante a gestação, bem como treinamento do assoalho pélvicos.

Quadro 3. Contraindicações à prática de exercícios durante a gestação: Absolutas: - Ruptura prematura de membranas - Trabalho de parto prematuro em gestação atual - Pré-eclâmpsia ou hipertensão gestacional - Incompetência istmo cervical - Gestação múltipla ( 3) - Placenta prévia após 28 semanas - Sangramento persistente no 2 º ou 3 º trimestre - Doença sistêmica grave (cardíaca, pulmonar, tireoidiana, etc.) - Restrição de crescimento fetal - DM 1 descompensado - Algumas modalidades de exercício (mergulho com descompressão, risco de queda ou trauma abdominal) Relativas: - Aborto espontâneo prévio - Parto pré-termo prévio - Doença cardiovascular e respiratória leve a moderada - Anemia (Hemoglobina < 10 g/dl) - Desnutrição ou distúrbio alimentar - Gestação gemelar > 28 semanas - Outras condições médicas relevantes Fonte: TelessaúdeRS-UFRGS (2018) adaptado de Davie et. al. (2018) Segunda etapa: Terapia farmacológica: Os hipoglicemiantes devem ser utilizados como tratamento para o DMG quando não houver controle glicêmico adequado após 2 semanas de mudança no estilo de vida (dieta e exercício físico). Hipoglicemiantes orais: Estudos recentes comprovam a segurança do uso dos antidiabéticos orais metformina e glibenclamida na gestação. O National Institute for Health and Clinical Excellence (NICE) e o International Diabetes Federation (IDF) sugerem em suas diretrizes o uso destas drogas como tratamento para o DMG. - Metformina: O uso da metformina parece ser seguro na gestação, inclusive no primeiro trimestre e pode ser mantido em pacientes diabéticas que engravidam. Revisão sistemática recente não mostrou diferença em desfechos neurológicos e composição corporal a longo prazo de crianças com mães que usaram metformina ou insulina, exceto discreto aumento no peso dos filhos de mães que usaram metformina. A forma de uso é semelhante ao período fora da gestação, assim como a dose. Deve ser considerada como primeira opção em casos de hiperglicemia leve não totalmente controladas com a dieta. A dose inicial é 500 mg 1x/dia para melhorar tolerância (efeitos digestivos - dispepsia e diarreia), podendo chegar a dose máxima de 1000 mg 2 vezes ao dia. As contraindicações são TFG < 30ml/min, ICC grave, insuficiência hepática descompensada, DPOC avançado. Cerca de 1/3 das pacientes em uso de metformina irão necessitar de terapia adicional com insulina. - Glibenclamida: Embora metanálises recentes tenham demonstrado eficácia semelhante à insulina e segurança do seu uso a partir do segundo trimestre, há outros estudos mostrando aumento do risco de hipoglicemia neonatal e na gestação e

macrossomia fetal com glibenclamida. Assim como a insulina, o principal efeito adverso da glibenclamida é a hipoglicemia materna. Seu uso deve ser feito com precaução em situações específicas, como em mulheres que não atingem controle glicêmico com metformina (ou não a toleram) e se recusam a usar insulina. Doses iniciais de 2,5 a 5 mg uma vez ao dia são usadas, e a dose é aumentada conforme a necessidade para um máximo de 20 mg/dia, divididos em 2 a 3 tomadas, 30-60 minutos antes das refeições. Insulinoterapia: insulinoterapia é o tratamento padrão para o DMG, quando as medidas dietéticas, exercício e a metformina não conseguem manter as glicemias nos níveis desejados, ou quando há alto risco de falha com tratamento oral, como glicemia de jejum 140 mg/dl ou glicemia de 2h 200 mg/dl no TOTG 75 g. Algumas orientações sobre o uso de insulina: - As insulinas humanas, NPH e regular, são as mais recomendadas pela sua demonstrada eficácia e segurança. - A dose inicial de insulina de ação intermediária (NPH) deve ser em torno de 0,2-0,5 UI/kg/dia, em uma a duas aplicações diárias (às 7h e/ou às 22h), com ajustes individualizados para cada paciente. - Para casos onde predomina a hiperglicemia de jejum, é recomendado uso de insulina NPH antes de dormir. - Os ajustes posteriores devem ser realizados de acordo com os alvos glicêmicos (quadro 4), iniciando-se insulina regular para pacientes que têm alvos pré-prandiais adequados, mas com hiperglicemia pós-prandial. A dose recomendada é de 1,5 UI por 10 g de carboidrato no café da manhã e 1 UI por 10 g de carboidrato no almoço e no jantar (ver quadro 6 no anexo para valores de carboidratos em alguns alimentos). - Para pacientes usando esquemas de insulina basal e bolus, a sugestão é administrar 50%-60% da dose diária como insulina NPH (basal) e 40%-50% como insulina regular (bolus). 2) Tratamento do Diabetes Mellitus na Gestação O tratamento e o controle glicêmico de mulheres com diagnóstico de DM na gestação dependem, em partes, do tratamento prévio utilizado. De maneira geral, essas gestantes (independentemente se apresentam diagnóstico de DM1 ou DM2) serão acompanhadas em serviços de Pré-Natal de Alto Risco. É importante ressaltar que o maior risco de malformações é no período periconcepcional (primeiro trimestre), o que reforça a importância de que mulheres com DM engravidem com controle glicêmico adequado. Pacientes em uso de metformina e com bom controle (ver controle glicêmico no quadro 4), devem manter seu uso. Se necessário, deve-se acrescentar insulina. Pacientes utilizando demais medicamentos antidiabéticos, devem ter seu esquema trocado para insulina. Aquelas sem tratamento podem seguir o mesmo fluxo de tratamento de DMG (Figura 2), exceto quando há alto risco de falha com tratamento oral, como glicemia de jejum 140 mg/dl ou glicemia de 2h 200 mg/dl no TOTG 75 g.

Controle Glicêmico As metas para o controle glicêmico são as mesmas para pacientes com DM na gestação ou DMG. No início, a monitorização da glicemia capilar domiciliar diária é recomendada, devendo ser realizada de 3 a 7 vezes por dia (em jejum antes das principais refeições e pós-prandiais). Como padrão, pode-se realizar 1 medida em jejum e 3 pós-prandiais: o ajuste baseado nas glicemias pósprandiais (comparado com pré-prandial) está associado com melhores desfechos. Para pacientes usando insulina, recomenda-se 7 medidas diárias (jejum, antes e após principais refeições). Em pacientes com bom controle glicêmico após 1 a 2 semanas, pode-se espaçar a monitorização para dias alternados (4 vezes por semana). As mulheres devem ser avaliadas a cada 2 semanas para verificar se a meta do controle glicêmico está adequada e semanalmente após as 36 semanas. Em resumo, sugere-se o seguinte esquema de monitoramento: Sem uso de insulina: jejum (manhã) e pós-prandial (após café, almoço e jantar). Em uso de insulina: antes e depois das refeições e as 22 horas; Após controle glicêmico adequado: monitorização em dias alternados (4 vezes por semana). Quadro 4. Metas do controle glicêmico: Glicemia capilar Jejum < 95 mg/dl 1h pós-prandial < 140 mg/dl 2h pós-prandial < 120 mg/dl Fonte: American Diabetes Association (2018) A monitorização metabólica com dosagem de hemoglobina glicada (HbA1c) não é recomendada para mulheres com DMG, pois não há estudos que validem o uso deste exame com desfechos clínicos no DMG. Além disso, há variações fisiológicas da hemoglobina (hemodiluição) na gravidez que comprometem a interpretação deste exame. Observação: O critério de crescimento fetal, por meio da medida da circunferência abdominal fetal maior ou igual ao percentil 75, também pode ser utilizado para indicar mau controle metabólico e readequação do tratamento em uso. Avaliação pré-concepcional na mulher com Diabetes Mellitus: O planejamento da gestação é fundamental para alcançar o melhor controle glicêmico possível no período da concepção e organogênese em mulheres com diagnóstico conhecido de diabetes mellitus. Antes da gravidez, é importante assegurar um método contraceptivo efetivo até que uma HbA1C < 6,5% seja alcançada, desde que não ocorra hipoglicemia excessiva. Recomendase também rastreamento de complicações crônicas do DM com: exame de fundo de olho, creatinina, pesquisa de albuminúria ou relação proteína/creatinina em amostra de urina, TSH, avaliação da pressão arterial e índice de massa corporal (IMC), além de outros exames recomendados em avaliação pré-concepcional habitual: sorologias para rubéola e hepatite B, sífilis

e HIV, tipagem sanguínea, citopatológico de colo uterino. Como medidas terapêuticas, recomenda-se a adequação do peso e cessação do tabagismo, se pertinente, e troca de hipoglicemiantes orais para metformina ou insulina. Além disso, substituir medicações potencialmente teratogênicas, como anti-hipertensivos inibidores da ECA, bloqueador do receptor de angiotensina II (BRA) e estatinas. Iniciar a prescrição de ácido fólico 5mg/dia por, no mínimo, 1 mês antes da concepção. Avaliação complementar Ecografia morfológica: pacientes com DMG ou DM na gestação tem recomendação de realizar ecografia morfológica com 3 cortes para avaliação do coração fetal (quatro câmaras, ventrículo esquerdo e aorta, ventrículo direito e artéria pulmonar) em torno de 20 semanas gestacionais, considerando o potencial efeito teratogênico da hiperglicemia no concepto. Ecocardiografia fetal: pacientes com diabetes mellitus na gestação (pré-gestacional ou diagnosticado no primeiro trimestre) apresentam indicação de realização de ecocardiografia fetal entre 19 e 22 semanas de gestação. Essa recomendação é baseada nos efeitos teratogênicos e maior risco de malformações fetais em gestantes com hiperglicemia no período periconcepcional Crescimento fetal: Independente do controle metabólico, uma ecografia obstétrica para avaliação do peso estimado fetal é recomendada por volta das 36 semanas gestacionais. Se o peso fetal estimado for 4.500 g, encaminhar para avaliação em emergência obstétrica. Pacientes que fazem uso de terapia farmacológica ou aquelas que tem mau controle glicêmico, podem começar a avaliação de crescimento no início do terceiro trimestre (28, 32 ou 36 semanas), variando conforme a gravidade da doença e o protocolo da instituição. Avaliação de Bem-estar fetal: - Pacientes com DMG com bom controle glicêmico, sem tratamento farmacológico ou comorbidades: Não é necessário avaliar vitalidade fetal até o final da gestação, além das recomendações usuais para gestantes de baixo-risco. - Pacientes que fazem uso de hipoglicemiantes orais, insulina ou aquelas que tem um mau controle glicêmico: Iniciar avaliação de bem-estar fetal semanal no centro obstétrico em torno de 32 semanas de gestação. Não há procedimento de avaliação da vitalidade fetal específico para gestantes com diabetes, sendo a cardiotocografia e o perfil biofísico fetal os mais utilizados. Momento e via de parto Não há evidências fortes que possam estimar qual o melhor momento para o parto. As gestantes com ótimo controle metabólico e sem intercorrências da gravidez podem aguardar a evolução espontânea para o parto até 41 semanas. Aquelas com mau controle glicêmico ou em uso de terapia farmacológica podem ter indicação de interrupção da gravidez com 39 semanas ou menos, a depender da avaliação de bem-estar e crescimento fetal. O diagnóstico de diabetes

gestacional não indica necessariamente cesariana, que deve ser reservada aos casos de indicação obstétrica ou de macrossomia fetal suspeitada ou comprovada. Acompanhamento pós-parto A maioria das mulheres com DMG estará normoglicêmica após o parto. Porém, o risco de desenvolver diabetes tipo 2 ao longo da vida é de 50-70% em 15 a 25 anos e de apresentar DMG na próxima gestação de 30-60%. É recomendado controle no puerpério com realização do TOTG com 75 g de glicose cerca de 4-12 semanas após o parto, usando os critérios de diagnóstico para diabetes fora da gestação (glicemia jejum 126 mg/dl e/ou glicemia 200 mg/dl 2 horas após a sobrecarga de glicose quadro 1). Naquelas mulheres com resultados do TOTG 75 g normal, o rastreamento de diabetes deve ser feito a cada 3 anos, ou antes se a mulher estiver planejando nova gestação. O estilo de vida saudável com controle da dieta, peso e atividade física deve sempre ser aconselhado, pois reduz o risco de diabetes e de doenças cardiovasculares no futuro. Todas as gestantes devem ser estimuladas amamentar. Aquelas com diabetes prévio à gestação podem necessitar de ajustes na dieta, nas doses de insulina e dos hipoglicemiantes orais. O uso de metformina, glibenclamida e insulina é seguro e compatível com a amamentação. Os métodos contraceptivos são os mesmos recomendados às mulheres não diabéticas. Encaminhamento para serviço especializado Condições clínicas que indicam a necessidade de encaminhamento para Obstetrícia (Pré- Natal de Alto Risco): Diagnóstico de diabetes mellitus na gestação (diagnóstico pré-gestacional ou glicemia de jejum 126 mg/dl identificado na gestação); ou Diabetes gestacional e: - necessidade de hipoglicemiante (oral ou insulina) para obter controle glicêmico adequado; ou - gestante com hipertensão crônica.

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Anexo 1 - Orientações Nutricionais O plano alimentar deve fornecer quantidade adequada de energia para promover a saúde do feto e da mãe, a fim de atingir níveis glicêmicos adequados e possibilitar apropriado ganho de peso. O monitoramento da glicemia, presença de corpos cetônicos, apetite e ganho de peso são os fatores norteadores para o desenvolvimento do planejamento alimentar, bem como seus ajustes ao longo da gestação. - Recomenda-se que o ganho de peso durante a gestação seja de 5 a 18 kg, dependendo do peso da gestante antes da gravidez (Quadro 3). Esse ganho de peso é estimado por semana. Existem diferentes formas de estimar o gasto energético diário dos indivíduos, como fórmulas de bolso ou fórmulas de autores e/ou entidades (FAO/OMS, DRI, entre outras). No primeiro trimestre a gestante deve manter sua ingestão energética semelhante ao período pré-gestacional. Já o aumento nas calorias recomendados para o segundo e terceiro trimestres da gestação é de cerca de 360 e 475 kcal por dia, respectivamente. - O plano alimentar baseia-se na ingestão dietética de referência (DRI), que recomenda para todas as gestantes um mínimo de 175 g de carboidratos, 71 g de proteínas e 28 g de fibras ao dia. É importante atentar para a quantidade (exemplos no quadro 6) e tipo de carboidrato utilizado na refeição, que afetará diretamente os níveis de glicose. - A alimentação diária deve ser dividida em 3 refeições principais e de dois a quatro lanches. Evitar períodos de jejum superiores a 4 a 5 horas, pelo risco de cetose. Devese considerar, conforme anamnese nutricional, o consumo de lanche noturno, a fim de evitar episódio de hipoglicemia na madrugada. - Deve-se preferir o consumo de alimentos in natura ou minimamente processados (grãos, tubérculos e raízes, leguminosas, frutas, vegetais, leite, ovos, carnes, peixes) e limitar o consumo de alimentos processados (vegetais em conserva, frutas em calda, carne seca). Evitar o consumo de alimentos ultraprocessados (bolacha recheada, salgadinhos de pacote, refrigerantes, macarrão instantâneo). - Para o manejo de DMG, a restrição da quantidade de carboidratos de 40 a 55% do total de calorias ou mínimo 175 g/dia, dentro do contexto de um plano alimentar saudável, pode ser útil na obtenção de glicemias pós-prandiais adequadas. Já para o manejo de diabetes mellitus na gestação, a restrição de carboidratos de 40 a 45% do total de calorias é recomendada. Preferir o consumo de alimentos com carboidratos de baixo índice glicêmico (frutas, hortaliças, alimentos integrais, leguminosas). - Adoçantes artificiais não calóricos (aditivos alimentares como o aspartame, a sacarina, o acesulfame-k, a sucralose e o neotame) podem ser utilizados com moderação. Esses adoçantes possuem, estabelecido pelo JECFA (Joint FAO/WHO Expert Committee on Food Additives), um limite de ingestão diária, denominado Ingestão Diária Aceitável IDA, a partir da avaliação de risco dessas substâncias, para que o aditivo seja consumido sem causar efeitos adversos à gestante ou ao feto. Ainda, esses adoçantes são em

média de 200 a 300 vezes mais doces que a sacarose e, por esses motivos, devem ser utilizados com cautela e sob orientação do nutricionista (quadro 5). - O consumo de álcool está contraindicado durante todo o período de gestação. - Com exceção de ácido fólico e ferro, a suplementação de vitaminas e minerais só deverá ser realizada se detectada deficiência nutricional. Quadro 5 - Adoçante artificial e dose diária aceitável. Adoçante artificial Ingestão diária aceitável Aspartame Sacarina Acessulfame-K Sucralose Neotame 40 mg/kg de peso 5 mg/kg de peso do corpo 15 mg/kg de peso 15 mg/kg de peso 2 mg/kg de peso Fonte: TelessaúdeRS-UFRGS (2018)

Quadro 6 - Exemplos de alimentos e quantidades médias de fibras, carboidratos e proteínas por 100 g de alimento Alimento Quantidade média de fibras por 100g de alimento Quantidade média de carboidratos por 100g de alimento Quantidade média de proteínas por 100g de alimento Banana, crua 2 g 26 g 1,3 g Maçã, crua 1,3 g 15,2 g 0,3 g Laranja, crua 4 g 12,9 g 1,1 g Uva-passa 5 g 71 g 1,3 g Tomate, cru 1,2 g 3,1 g 1,1 g Cenoura, crua 3,2 g 7,7 g 1,3 g Abóbora, moranga, refogada 1,5 g 6 g 0,4 g Aipim, cozido 1,6 g 30,1 g 0,6 g Arroz integral, cozido 3 g 25 g 2,6 g Pão de forma integral 6 g 50 g 9 g Feijão preto, cozido 14 g 14 g 4,5 g Castanha-do-Brasil 8 g 15 g 14 g Peito de frango, sem pele, cozido Não aplicável 0,0 g 31,5 g Bife, patinho, cozido Não aplicável 0,0 g 36 g Ovo de galinha, inteiro, cozido Não aplicável 0,6 g 13,3g Fonte: TelessaúdeRS-UFRGS (2018)