Palavras - chave: Capital de giro, pequena empresa, rentabilidade.



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Transcrição:

A gestão do capital de giro nas pequenas empresas no segmento de cosméticos varejista em Divinópolis: Dificuldades e influência na rentabilidade. Claudinei Oliveira Laurindo 1 Kátia Ferreira de Araújo Soares 1 Thaís Rocha de Barros Lima 1 Wellington Luiz Teixeira Troglio 2 RESUMO O capital de giro muitas vezes é representado pelo resultado das atividades operacionais de uma empresa e uma gestão eficiente garante uma boa situação financeira. O objetivo deste artigo é identificar as dificuldades que as pequenas empresas do setor de cosméticos varejistas possuem em administrar seu capital de giro e quais os reflexos essas dificuldades causam em sua rentabilidade. Para alcançar o objetivo, foi realizada uma pesquisa qualitativa em algumas empresas de Divinópolis, através de um questionário, apontando o nível de conhecimento dos gestores em relação ao seu controle financeiro. Através da pesquisa realizada foi possível identificar as dificuldades na administração do capital de giro. Palavras - chave: Capital de giro, pequena empresa, rentabilidade. 1 INTRODUÇÃO O capital de giro é imprescindível para qualquer organização, pois representa os fundos necessários para assegurar suas atividades, exigindo uma boa gestão econômica financeira. A relevância da gestão do capital de giro se faz presente nas pequenas empresas devido possuírem recursos escassos quando comparados com as grandes empresas. Desta forma, o presente artigo tem como problema verificar as principais dificuldades encontradas pelas pequenas empresas do segmento varejista de 1 Graduandos em Administração FACED. 2 Mestre em Administração - Professor da FACED. E-mail: wellingtontroglio@gmail.com

cosméticos em Divinópolis na administração do capital de giro e quais os reflexos em sua rentabilidade. O capital de giro tem participação relevante no desempenho operacional das empresas, visto que uma administração inadequada resulta em sérios problemas financeiros, contribuindo para uma situação de insolvência. O capital de giro é crucial para todas as áreas da empresa e sua gestão garante liquidez, redução dos custos, sincronismo dos ciclos operacional, financeiro e econômico, melhor aproveitamento dos recursos financeiros assim como das oportunidades oferecidas pelo mercado na empresa. Este artigo tem como objetivo definir os conceitos do fluxo de caixa, capital de giro, rentabilidade, conceituar e identificar as dificuldades do capital de giro no comercio varejista no segmento de cosméticos. Para identificar essas dificuldades, foi realizada uma pesquisa através de aplicação de questionário em cinco empresas varejistas do segmento de cosméticos em Divinópolis. As pequenas empresas não utilizam a contabilidade para fins gerenciais e falta conhecimento técnico por parte dos gestores financeiros. Esses fatores constituem-se nas principais dificuldades encontradas pelas pequenas empresas na gestão do capital de giro. Não havendo o devido controle na gestão de contas a pagar e a receber, como também na gestão do ciclo operacional e financeiro, fica muito difícil da empresa obter a saúde financeira, de forma que seu lucro operacional será influenciado negativamente. Com isso, a lucratividade da empresa tende a diminuir. Em um sentido mais amplo, o capital de giro representa os recursos demandados por uma empresa para financiar suas necessidades operacionais, identificadas desde a aquisição de matérias primas (ou mercadorias) até o recebimento pela venda do produto acabado, portanto, a correta gestão do capital de giro leva a empresa a gerir melhor suas aplicações de recursos de acordo com seus financiamentos possíveis. Neste contexto, a gestão dos ciclos operacionais e financeiros torna-se um forte aliado frente o giro operacional de forma a aumentar o lucro operacional e conseqüentemente o lucro líquido. Assim as empresas deste segmento se vêem mais competitivas. A realização da pesquisa de campo teve o intuito de verificar a percepção da empresa e seu conhecimento com relação ao capital de giro e através dos dados coletados foi realizado uma análise crítica dos resultados.

2 GESTÃO DO CAPITAL DE GIRO Determinados processos empresarias devem ser administrados de forma adequada, como o capital de giro, uma importante ferramenta para tomada de decisões, sendo considerado um recurso para sustentar o dia a dia nas operações dos seus ativos e passivos da empresa. Segundo Silva e Neto, o capital de giro tem participação relevante no desempenho operacional das empresas, cobrindo geralmente mais da metade de seus ativos totais investidos. (NETO; SILVA; 2012, p.01). Para Silva: O estudo do capital de giro é fundamental para o administrador financeiro (investimento de recursos) e para outras áreas operacionais nas empresas, como produção, compras e vendas, por exemplo. Para os analistas de empresas, os conceitos relativos à administração do capital de giro servem também como facilidades no entendimento das estruturas básicas de análise. (SILVA, 2012, p.387). Um dos fatores causadores da crise financeira em uma empresa é justamente a falta de controle de seu capital de giro, ocasionando uma situação insolvente, ou seja, perda de liquidez. A necessidade de se mensurar o capital de giro leva empresários a definir estratégias financeiras, como interpretado por Matarazzo: [...] é não só um conceito fundamental para a análise da empresa do ponto de vista financeiro, ou seja, análise de caixa, mas também de estratégias de financiamento, crescimento e lucratividade. (MATARAZZO, 2010, p.283-284). A expressão capital de giro pode ter vários significados, e mesmo sendo utilizada por profissionais de finanças, poderá em cada momento assumir um significado diferente. Surge a necessidade de esclarecer alguns termos técnicos. O capital de giro, em alguns casos, aparece como sinônimo do ativo circulante. Este por sua vez, representa todos os realizáveis da empresa no curto prazo, ou seja, dentro de um exercício social. As disponibilidades são os itens do caixa e equivalentes para pequenos imprevistos que possam ocorrer na empresa, para suas transações operacionais e negociação de descontos pelos fornecedores.

As contas a receber de clientes é parte de crédito e cobrança, envolvem os termos de venda e descontos concedidos aos clientes e nos prazos de pagamentos. Quanto maior o prazo, o número de vendas e prazo para pagamentos, maior será o investimento da empresa em recebíveis de clientes. Estoque é o item mais representativo no ativo circulante, por isso a perda de vendas por falta de produto é fatal, mas o número de estocagem de produtos deve ser o mínimo possível visando reduzir os custos de estocagem. O capital circulante líquido, devido os prazos que cada empresa utiliza para comprar e vender pode variar os resultados financeiros, a liquidez na empresa medida através do CCL vai apresentar maior liquidez quando o CCL estiver maior. O capital permanente líquido, para Silva, (2012, p.392), é a diferença das contas não circulantes, ou seja, é o passivo não circulante mais o patrimônio líquido menos o ativo não circulante. O capital de giro envolve situações de curto prazo nas empresas, que se assimila diretamente com o fluxo de caixa, por se tratar desse tipo de movimentação na empresa. O Fluxo de Caixa, segundo conceito de Neto e Silva:... é um instrumento que relaciona os ingressos e saídas de recursos monetários no âmbito de uma empresa em determinado intervalo de tempo. (NETO; SILVA, 2012, p. 33) Os principais objetivos do fluxo de caixa, como descrito por Matarazzo (2010, p. 234) são: avaliação de alternativas para investimento; avaliação e controle de decisões tomadas na empresa que tenham reflexos monetários e avaliação do caixa da empresa, presente e futura, para evitar a liquidez. A demonstração do fluxo de caixa inclui as atividades operacionais, de investimento e de financiamento. Segundo Gitman (1997, p.81-82), fluxo de caixa operacional são as entradas e saídas relacionadas à produção e à venda de produtos da empresa. Esse modelo demonstra o resultado e transações feitas em um período. Fluxos de investimento são associados com participações societárias e compra e venda de ativos imobilizados. Os fluxos de financiamento são resultantes de empréstimo e capital próprio. Segundo a definição de Gitman: De forma combinada, os fluxos de caixa operacionais, de investimento e de financiamento durante um dado período irão fazer com que saldo de caixa e títulos negociáveis da empresa aumente, diminua, ou permaneça inalterado. (GITMAN, 1997, p. 82)

A Demonstração dos fluxos de caixa tem como objetivo avaliar a situação financeira da empresa, conhecendo assim, sua capacidade real de pagamento. A rentabilidade diz respeito à lucratividade da empresa e é mensurada através de indicadores ou índices que são calculados com base nos dados das demonstrações financeiras. Segundo Matarazzo, índice é a relação entre contas ou grupo de contas das Demonstrações financeiras, que visa evidenciar determinado aspecto da situação econômica ou financeira de uma empresa. (MATARAZZO, 2010, p.81) Os índices de rentabilidade avaliam a lucratividade da empresa em relação à seus ativos, suas vendas, valor da ação e patrimônio líquido. Existem várias medidas de rentabilidade, segundo Gitman: Cada uma delas relaciona os retornos da empresa a suas vendas, a seus ativos, ao seu patrimônio líquido, ou ao valor da ação. Como um todo, essas medidas permitem ao analista avaliar os lucros da empresa em confronto com um dado nível de vendas, um certo nível de ativos, o investimento dos proprietários, ou o valor da ação. Sem lucros uma empresa não atrairá capital de terceiros; ademais, seus atuais credores e proprietários poderão ficar preocupados com o futuro da empresa e tentar reaver seus fundos. Os credores, proprietários e a administração estão sempre atentos ao incremento dos lucros da empresa, devido à sua grande importância para o mercado. (GITMAN, 2002, p. 120) Os indicadores de rentabilidade podem ser divididos em quatro tipos: Retorno sobre o ativo; Retorno sobre o investimento; Retorno sobre o Patrimônio Líquido; Rentabilidade das vendas. O retorno sobre o ativo define o lucro líquido obtido pela empresa em relação ao seu ativo. Não é uma medida de rentabilidade de capital, ela mede o quanto a empresa gera de lucro líquido e assim pode se capitalizar. Na linguagem financeira é conhecido como ROA. O retorno sobre o investimento calcula o retorno produzido pelo total de aplicações feitas por credores e acionistas nos negócios. Segundo definição de Neto, o investimento é composto pelos recursos onerosos captados por uma empresa e os recursos próprios aplicados por seus proprietários, cujos valores são registrados em conta do patrimônio líquido. (NETO, 2012, p.119). Este indicador é chamado de ROI.

O objetivo do retorno sobre o patrimônio líquido é calcular a taxa rendida pelo capital próprio. Quanto maior for esta taxa, melhor será para os proprietários. Como explica Neto (2012, p.119), [...] para cada unidade monetária de recursos próprios (patrimônio líquido) investido na empresa, mede-se quanto os acionistas auferem de lucro. A rentabilidade de vendas calcula a eficiência que uma empresa tem de produzir lucros através de suas vendas. Este indicador pode ser obtido em termos líquidos e operacionais, sendo margem líquida e margem operacional. 3 PEQUENAS EMPRESAS NO SEGMENTO DE COSMÉTICOS O segmento das empresas de pequeno porte, segundo informações do SEBRAE, são as que geralmente mais empregam. Isso devido ao fato de sua grande amplitude no contexto nacional, pois compreendem mais de noventa por cento (90%) dos empreendimentos e empregam cerca de cinquenta por cento (50%) dos brasileiros. De acordo com a lei complementar 123/06 conhecida como Lei Geral da Micro e Pequena Empresa um negócio devidamente registrado é considerado como pequena empresa quando tiver um faturamento anual superior a trezentos e sessenta mil reais (R$ 360.000,00) e inferior a três milhões e seiscentos mil reais (R$ 3.600.000,00). As pequenas empresas do segmento de cosméticos estão investindo em novas tecnologias e produtos diferenciados. O segmento de cosméticos fatura quase R$30 bilhões por ano no Brasil. Os brasileiros, especialmente as mulheres (onde 79% usam produtos de beleza todos os dias e gastam R$80,00 por mês com esses produtos), estão entre os povos que mais gostam de novidades em matéria de beleza. Conforme a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos, o mercado vem apresentando um crescimento médio deflacionado composto, próximos a 10% a.a. nos últimos 18 anos, tendo passado de um faturamento "Ex-Factory", líquido de imposto sobre vendas, de R$ 4,9 bilhões em 1996 para R$ 38 bilhões em 2013. A maioria das indústrias de cosméticos no país está centrada na região Sudeste com mais de 1,6 mil indústrias e mostra um índice bem significante para o mercado de trabalho comparado 1994 e 2013.

Grandes fatores têm contribuído para o crescimento de pequenas empresas no segmento de cosméticos, alguns deles são: o acesso das classes D e E aos produtos, o crescimento de mulheres no mercado, a necessidade de conservar uma impressão mais jovem. A classe C passou a consumir produtos com maior valor agregado, preços práticos pelo setor menores que os índices da economia em geral devido a tecnologia de ponta e seu aumento da produtividade, produtos atendendo cada vez mais às necessidades do mercado. Comparando pelos últimos cinco anos os preços dos produtos de cosméticos, teve um aumento inferior da inflação como mostra o quadro abaixo: Fonte: ABIHPEC, ABEVD, ABF, FIESP e IBGE Fonte: ABIHPEC, FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS, FUNDAÇÃO INSTITUITO DE PESQUISA ECONÔMICAS DA UNIVERSIDADEDE SÃO PAULO. Em relação ao mercado mundial, o Brasil ocupa a terceira posição em higiene pessoal, perfumaria e cosméticos, e a primeira em perfumaria e desodorantes, a

segunda em produtos para cabelos, masculinos, infantil, produtos para banho, depilatórios e proteção solar, terceiro em produtos cosméticos cores, quarto em higiene oral e quinta em pele. Fonte: EUROMONITOR Observa-se em nossa região um grande público feminino, e aliado às características da moda em nossa cidade, verifica-se a preocupação desse público feminino em utilizar produtos de cosméticos, razão pela qual têm-se verificado uma quantidade considerável de comércio varejista de cosméticos. 4 METODOLOGIA Para elaboração deste projeto foi realizada uma revisão bibliográfica, que se baseia em estudos descritivos através de livros, artigos científicos e outros, a serem analisados através de estudo de caso e aplicação de questionário em empresas no segmento de cosméticos. Em seguida foi realizada uma pesquisa de campo com aplicação de um questionário nas empresas a fim de buscar informações como saldo de tesouraria, necessidade de capital de giro, capital permanente líquido, capital circulante líquido, dentre outros. Estas informações mencionadas serão utilizadas na análise da gestão do capital de giro, o qual resultará na obtenção de informações relevantes para o resultado de uma pesquisa qualitativa. Para Gil (2009), questionário é a técnica de investigação composta por um conjunto de questões que são submetidas a pessoas com o propósito de obter conhecimento, crenças, sentimentos, interesses,

expectativas.... O questionário aplicado foi composto por doze questões fechadas e duas abertas para análise do conhecimento e controle em relação à gestão do capital de giro. Tomou-se uma amostra de cinco empresas. A partir da análise dos indicadores existentes, busca-se identificar indicadores de desempenho na gestão do capital que possam auxiliar na alavancagem da rentabilidade das pequenas empresas no segmento de cosméticos. O método utilizado é o indutivo, pois partindo de um problema específico encontrado nas pequenas empresas do segmento de cosméticos, é realizado um estudo bibliográfico geral relacionado ao tema. Portanto, as premissas do conteúdo pesquisado provavelmente levarão a uma conclusão verdadeira. 5 ANÁLISE DE DADOS A aplicação do questionário foi realizada em outubro de 2014 em cinco empresas varejistas no segmento de cosméticos em Divinópolis, situadas nas ruas Goiás, Pernambuco, Rio de Janeiro e Av. Primeiro de Junho. Ao analisar as respostas do questionário aplicado nas empresas, verificou-se que existe muita resistência por parte dos responsáveis nas empresas em informar os dados financeiros. Prova disso é que apenas quarenta por cento (40%) das empresas entrevistadas informaram o faturamento mensal. Das cinco empresas questionadas, apenas três delas (60%) disseram conhecer com precisão sua margem de lucro e quatro delas (80%) não utilizam capitais de terceiros, o que indica um bom retorno e giro das operações. 60% 20% Empréstimo Conhece margem de lucro

O questionário mostrou que oitenta por cento (80%) das empresas pesquisadas fazem um controle de custos eficiente e dizem conhecer suas necessidades de capital de giro de forma a evitar captação de recursos financeiros com custo maior de capital. Embora todas as empresas questionadas utilizarem um fluxo de caixa eficiente de forma a obter uma previsão futura das necessidades de capital, apenas quarenta por cento delas disseram (40%) fazer uso das planilhas eletrônicas com o intuito de monitorar os aspectos econômico-financeiros da empresa, e a maioria delas (60%) informaram que não executam uma política de gestão de prazos com eficiência, ou seja, não tomam medidas para conciliar as datas de pagamento com as datas de recebimentos a fim de conjugar as entradas de capital com suas saídas. 40% 60% Utilizam planilhas Gestão de prazos ineficiente A maioria das empresas amostradas (60%) evidenciou possuir alguma dificuldade quanto à definição dos prazos médios de pagamento e recebimento e quarenta por cento delas (40%) informaram não efetuar um planejamento financeiro eficiente. Os dados da pesquisa mostram certa dificuldade das pequenas empresas varejistas de cosméticos em executarem um controle de estoques eficientes apenas quarenta por cento (40%) fazem uma gestão de estoques eficaz de identificarem os prazos médios de pagamento e de recebimento assim como de efetuarem um controle das datas de pagamento e de recebimento. Aliado a estas evidências, quase a metade das empresas amostradas (40%) informaram não conhecer ou conhecer pouco a rentabilidade de seu negócio.

60% 40% 40% Gestão de estoques eficaz Planejamento financeiro Identifica PMP e PMR Portanto a pesquisa evidenciou uma dificuldade em um número significativo de empresas em gerir o capital de giro de forma eficaz, assim como, por parte dos gestores financeiros, em conhecer com certa exatidão a rentabilidade do negócio de cada empresa. 6 CONCLUSÃO O presente trabalho alcançou seu objetivo quando identificou algumas dificuldades encontradas nas pequenas empresas varejistas de cosméticos de Divinópolis em gerenciar seu capital de giro. A falta de conhecimento técnico por parte dos gestores financeiros leva a uma gestão ineficiente do controle de estoques e de prazo médio de pagamento e de recebimento, o que causa grande dificuldade na gestão do capital de giro. A influência do capital de giro na rentabilidade é direta, pois com um controle de estoque ineficiente, haverá menor giro dos produtos acarretando menor receita e consequentemente, menor lucro. Outro fator que mostra a influência da gestão do capital de giro na rentabilidade é a gestão dos prazos médios de pagamentos e de recebimentos. Quando estes prazos estão demasiadamente distantes, a probabilidade da falta de recursos financeiros para saldar as dívidas aumenta, forçando a empresa a buscar recursos com custos maiores e reduzindo assim o lucro.

Para uma melhor gestão do capital giro, as empresas deveriam fazer um controle maior dos estoques, para evitar produto estocado e compra desnecessária, e fazer um controle melhor de PMP e PMR, para evitar que falte recurso financeiro e assim evitar o capital de terceiro. 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSAF NETO, Alexandre. Finanças corporativas e valor. 6ª Ed. São Paulo: Atlas S.A, 2012. ASSAF NETO, Alexandre; SILVA, César Augusto Tibúrcio. Administração do capital de giro. 4ªed. São Paulo: Atlas, 2012. BRIGHAM, Eugene F; EHRHARDT, Michael C. Administração Financeira: Teoria e prática. 10ª Ed. São Paulo: Cengage Learning, 2010. GITMAN, Lawrence J. Princípios de administração financeira. 7ª Ed. São Paulo: HarbraLtda, 2002. MATARAZZO, Dante C. Análise financeira de balanço: Abordagem gerencial. 7ª Ed. São Paulo: Atlas S.A, 2010. SÁ, Carlos A. Fluxo de caixa: A visão da tesouraria e da controladoria. 4ª Ed. São Paulo: Atlas S.A, 2012. SILVA, José Pereira da.análise financeira das empresas.11ªed.são Paulo: Atlas, 2012. FERREIRA, Edvan Alves. O capital de giro como ferramenta de gestão para sobrevivência das micro e pequenas empresas. Disponível em: file:///c:/users/administrador/downloads/aed4933cf2e160236ca193ad7b80e601.pdf. Acesso em 01de Abril de 2014. Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos. Panorama do setor de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos. Disponível em: http://www.abihpec.org.br/wp-content/uploads/2014/04/2014-panorama-do- SETOR-PORTUGU%C3%8AS-07-MAI.pdf. Acesso em 21 de Maio de 2014.

ABSTRACT The working capitalsome times is representedfor the results of some operations activities of any company, and an efficient management ensures a good financial situation. The objective of this Article is to identify the difficulties that small companies in the cosmetics industry retailers have to manage their working capital and which the reflexes these difficulties cause in their profitability. To achieve this goal, we performed a quantitative research in some companies of Divinopolis in Basil, through a questionnaire, pointing out the level of knowledge of managers in relation to its financial control. Through the survey it was possible to identify the difficulties in the administration of the working capital. Keywords: Working Capital, small business, profitability.