Mato Grosso SITUAÇÃO ECONÔMICA INTERNACIONAL, NACIONAL E REGIONAL SUBSÍDIO A ELABORAÇÃO DA LEI ORÇAMENTÁRIA PARA 2014.

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Transcrição:

SITUAÇÃO ECONÔMICA INTERNACIONAL, NACIONAL E REGIONAL SUBSÍDIO A ELABORAÇÃO DA LEI ORÇAMENTÁRIA PARA 2014 Secretaria de Estado de Planejamento e Coordenação Geral Governo de Mato Grosso Mais por você

SITUAÇÃO ECONÔMICA INTERNACIONAL, NACIONAL E REGIONAL - SUBSÍDIO A ELABORAÇÃO DA LEI ORÇAMENTÁRIA PARA 2014 Superintendência de Orçamento - SEPLAN/MT Setembro/2013 PANORAMAS INTERNACIONAL E NACIONAL 1 Panorama Internacional Atualmente o mundo ainda vê com preocupação as economias européia e japonesa, embora se espere que os próximos dois anos sejam marcados por um processo de recuperação econômica em varias partes do globo, com destaque para os Estados Unidos, America Latina e países emergentes. O desempenho da economia mundial em 2012 foi moderado, com taxa de expansão inferior à observada no biênio 2010-2011 e também ao longo dos anos anteriores à crise financeira de 2008-2009. A maior solidez da economia dos Estados Unidos vem sendo contra-arrestada pela recessão persistente na Europa e por uma redução do ritmo de expansão da China, que aparenta ser permanente. O cenário projetado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) não indica grandes melhorias para 2013. Além disso, os fluxos totais de comércio internacional têm se mantido virtualmente estagnados, com variação inferior à observada no PIB mundial, algo de certa forma inédito nas últimas décadas. Esse quadro tem se mostrado especialmente desfavorável ao Brasil, em virtude da atual composição da pauta de exportações do país. Há relativamente poucos benefícios imediatos a serem obtidos com a recuperação do crescimento da economia dos Estados Unidos que, hoje, é um destino muito menos importante das vendas totais do país. Na verdade, o Brasil sofre frontalmente os efeitos negativos da desaceleração da economia chinesa e da recessão na Europa, no que tange às vendas de commodities (tanto pelo lado dos preços quanto pelas quantidades), e de problemas em mercados importantes da América Latina, como Argentina e Venezuela, quando se trata de manufaturados. Os reflexos da situação mundial começaram a aparecer na economia brasileira de maneira mais intensa nos números do balanço de pagamentos de 2013. O saldo em transações correntes desse balanço registrou déficit de quase US$ 5 bilhões no período de janeiro a julho. É verdade que a maior parte desse desequilíbrio esteve relacionada ao setor de petróleo, com queda das exportações (em virtude da redução da produção doméstica) e com o registro de cerca de US$ 4,5 bilhões de importações realizadas no ano passado. Entretanto, já era esperada para 2013 uma queda do saldo comercial em relação ao ano anterior, em função do cenário mundial prejudicial às exportações e ao crescimento das importações, ampliadas, para atender um ciclo mais dinâmico da atividade doméstica. 1 Texto transcrito e, em alguns trechos adaptado, com dados atualizados, da Carta de Conjuntura- jun. 2013 - do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada IPEA, vinculado à Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República e do documento Economia Brasileira em Perspectiva Balanço 2012; Perspectiva 2013. 18ª ed., mar. 2013, do Ministério da Fazenda. 1

A situação atual está longe, no entanto, de apresentar qualquer risco imediato para o equilíbrio externo, em vista da manutenção de vultosos influxos de capital, suficientes para financiar com folga o déficit, além do volume elevado de reservas acumuladas. Panorama Nacional Os indicadores de atividade econômica, nos primeiros meses de 2013, reforçaram o quadro de crescimento moderado observado desde meados do ano passado. Esse crescimento recente vem ocorrendo de forma mais equilibrada do que em 2012: do lado da oferta, com recuperação da produção industrial e da agropecuária e, portanto, menos dependente do setor de serviços; do lado da demanda, com a expansão dos investimentos e, portanto, menos dependente do consumo das famílias e do governo. O cenário é reforçado pelo crescimento da produtividade do trabalho e pela situação do mercado de trabalho, no qual a taxa de desemprego atinge seus níveis mais baixos da série histórica recente, e os salários continuam crescendo acima da inflação, ainda que o ritmo de criação de empregos tenha diminuído sensivelmente. PRODUÇÃO AGRÍCOLA - O Valor Bruto da Produção (VBP) das 20 principais culturas agrícolas do país deverá alcançar o recorde de R$ 276 bilhões em 2013, conforme estimativas do Ministério da Agricultura, de julho de 2013. Adicionalmente, as culturas de soja, cana e milho, responsáveis por 60% do VPB de 2013, devem apresentar aumento de 14% em relação ao resultado de 2012, enquanto a produção agrícola deverá crescer 11% em valor. MERCADO DE TRABALHO - O mercado de trabalho continuou o ano com uma dinâmica bastante robusta. A taxa de desemprego de 4,6%, registrada em dezembro de 2012, foi a menor da serie histórica e a taxa de janeiro de 2013 (5,4%) foi a menor taxa para o mês desde o inicio da serie (2003). A geração de empregos formais continuou com números consideráveis, atingindo 1,3 milhão de novas vagas em 2012. Além do aumento do emprego, nota-se uma melhoria na qualidade dos postos de trabalho com aumento da escolaridade da população ocupada e crescimento do nível de formalização. A melhoria na qualidade do emprego combinado com o aumento do salário mínimo se reflete na expansão da renda, que, juntamente com os programas sociais de transferência de renda do Governo Federal, são determinantes para a redução da desigualdade no País. Conforme pesquisas do IPEA, o índice de Gini apurado em 2012, com dados até setembro, resultou em 0, 522. No período de 2003 a 2011 esse índice caiu em média 1,2% ao ano. Parte desse resultado certamente se deve à política de valorização do salário mínimo, do Governo, que já o aumentou 75%, em termos reais, de 2003 a 2012. No último ano, o aumento nominal do salário mínimo foi de 9%, passando de R$ 622 para R$ 678. 2

INFLAÇÃO - O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) encerrou 2012 em 5,8% e representou, assim, o nono ano consecutivo em que a inflação ficou dentro do intervalo estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). A alta registrada no ano foi influenciada por choques de oferta em alimentos in natura e de aumentos em derivados das commodities agrícolas, efeitos estes relacionados a intempéries climáticas nos Estados Unidos e no Brasil. Mesmo assim, o Banco Central do Brasil (BCB), respondendo ao recrudescimento da inflação e procurando reafirmar o compromisso com o regime de metas, iniciou um ciclo de aperto monetário, anunciando aumentos da taxa básica de juros. Essa decisão reflete o reconhecimento das limitações da política monetária como instrumento impulsionador do crescimento econômico no atual contexto. O papel de estimular a atividade econômica ficou reservado, então, para a política fiscal. Em 2013, a estratégia é que a combinação de condições mais favoráveis de oferta de alimentos influencie a trajetória da inflação ao consumidor. Esta dinâmica deverá se aprofundar nos próximos meses. Dessa forma, conforme Boletim Focus de 23/08/2013, do BCB, o mercado prevê que o IPCA encerre o ano de 2013 em níveis idênticos aos de 2012. CRÉDITO - O volume de credito do Sistema Financeiro Nacional atingiu o montante de R$ 2.367 bilhões em 2012, crescimento de 16,4% em relação ao ano anterior, com destaque para o crédito habitacional, cujo incremento foi de 34,6% em 12 meses. Como proporção do PIB, o estoque total de crédito passou de 49,1% em 2011 para 53,6% em 2012. Para 2013, prevê-se um crescimento de 16% no estoque de crédito, em linha com o cenário projetado pelo Banco Central do Brasil e consistente com a evolução esperada da atividade econômica. As taxas de inadimplência situam-se próximas à sua média histórica. No crédito à pessoa física, o índice permanece estabilizado em 5,5%, comportamento similar observado para o segmento pessoa jurídica, com índice próximo a 2,2%. POLÍTICA FISCAL - Em 2012, a política fiscal foi capaz de combinar a ação contra cíclica com a manutenção da dívida pública em trajetória de queda e de aprimoramento do seu perfil. Frente aos desafios impostos pelo desempenho da economia internacional, que acabou afetando a atividade doméstica e a arrecadação de tributos, o governo federal optou por combinar desonerações tributárias com ampliação do investimento público. Ao manter sob controle as despesas de custeio, os gastos com pessoal e o déficit da previdência, foi possível alcançar um superávit primário capaz de fortalecer a solvência do País. BALANÇA COMERCIAL - Apesar da crise que afetou a demanda pelas exportações brasileiras, o saldo da balança comercial do país encerrou 2012 positivamente em US$ 19,5 bilhões. As exportações e as importações registraram o segundo maior resultado da série histórica. O resultado do período de janeiro a julho de 2013, por sua vez, negativo em US$ 5 bilhões, foi afetado pelo efeito contábil do registro de importações de combustíveis e lubrificantes, conforme já destacado anteriormente. Essa situação está longe de apresentar riscos imediatos para o 3

equilíbrio externo, devido à manutenção do ingresso de capital suficiente para financiar com folga o déficit. Cabe destacar ainda a tendência à elevação da rentabilidade das exportações brasileiras decorrente da depreciação cambial. Como esses efeitos têm defasagens importantes, principalmente em um contexto internacional de elevada capacidade ociosa, os resultados positivos para os exportadores poderão ser vistos nos próximos meses. INVESTIMENTO ESTRANGEIRO DIRETO (IED) - O volume de Investimento Estrangeiro Direto (IED) ingressado no Brasil em 2012 foi de US$ 65,3 bilhões, acima das projeções de US$ 60 bilhões do mercado. Até janeiro de 2013, o IED acumulado em 12 meses está em US$ 63,6 bilhões. A expectativa é que, em 2013, essa modalidade de investimento permaneça como principal fonte de financiamento externo do País. PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB) - O PIB brasileiro cresceu 0,9% em 2012, inferior às expansões de 2,7%, em 2011, e 7,5% em 2010. O crescimento trimestral de 2012 mostra retomada do crescimento ao longo do ano, de 0,1% no 1º trimestre para 0,6% no último. O impacto da crise internacional e o processo de ajuste de estoques na indústria foram determinantes para o resultado da economia no ano passado. Mesmo assim, o país gerou 1,3 milhão de postos de trabalho com carteira assinada e o desemprego atingiu o nível mais baixo da série. Ao contrário de 2012, a economia começou 2013 em melhores condições, com aceleração em ritmo moderado. A economia brasileira vem se recuperando nos últimos trimestres, encerrando o 4º trimestre de 2012 com crescimento de 1,4% em relação ao mesmo período em 2011. De acordo com o BCB (Boletim FOCUS, de 23/08/2013), a expectativa de mercado é que o PIB nacional cresça 2,2% em 2013 e 2,4% em 2014. PANORAMA ESTADUAL DE MATO GROSSO A análise da situação conjuntural da economia estadual é apresentada a seguir, com base em alguns indicadores utilizados para esse fim. ARRECADAÇÃO FEDERAL E ESTADUAL DE TRIBUTOS E CONTRIBUIÇÕES - Os tributos e contribuições incidem sobre a produção, o consumo, o patrimônio e a renda. Sinalizam, portanto, crescimento ou retração econômica quando sua evolução é positiva ou negativa, respectivamente. Arrecadação federal - As receitas federais no Estado (tributos e contribuições, exceto receitas previdenciárias) nos anos recentes (2011 2013) apresentaram uma evolução bastante positiva. Nominalmente os valores arrecadados no primeiro semestre de cada ano cresceram em 2012, comparativamente a 2011, 7,5% no Brasil e 14,4% em Mato Grosso. Já em 2013 esse crescimento foi de 6,1% e 22,4%, respectivamente. Verifica-se, portanto, que o incremento da arrecadação de receitas federais em Mato Grosso foi 1,9 vezes superior à do Brasil em 2012, passando para 3,7 vezes em 2013, conforme demonstrado na tabela 1. 4

Arrecadação estadual - A receita estadual que melhor reflete o desempenho da economia local é o ICMS, pois incide sobre o consumo. Representa aproximadamente 84% da receita tributária e 36% da receita total do Estado. Sua evolução no período 2011 2013 está demonstrada na tabela 2: em valore nominais cresceu, em relação ao ano anterior, 2,2% em 2012 e deverá crescer 10,3% em 2013. MERCADO DE TRABALHO FORMAL - De acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados CAGED, do Ministério do Trabalho e Emprego, o emprego formal no Estado, entre janeiro e junho cresceu 6,88% em 2011, 6,46% em 2012 e 4,11% em 2013. Os setores que mais cresceram entre janeiro e junho de 2013 foram, pela ordem, a construção civil (12,6%), o extrativismo mineral (10,6%) e a agropecuária (5,2%). O fato de a construção civil liderar o ranking devese, em parte, à intensificação das atividades nessa área em função das obras em andamento, em Cuiabá e Várzea Grande, para a Copa do Mundo da FIFA. Independente disso, esse dado é positivo, já que épocas de intensificação na construção civil sinalizam períodos de crescimento econômico. CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA - De acordo com dados da Centrais Elétricas Matogrossenses (CEMAT) e da Empresa de Pesquisa Energética (empresa pública federal, vinculada ao Ministério de Minas e Energia), no primeiro semestre de 2013, comparado a igual período de 2012, o consumo de energia elétrica em Mato Grosso cresceu 12,11%, praticamente quatro vezes acima da média nacional, que foi de 3,2%. Por classe de consumo tem-se uma expansão relativamente uniforme entre o consumo industrial (11,86%), comercial (11,59%) e rural (13,28%), o que sinaliza 5

positivamente também para o crescimento da indústria no Estado, além do comércio e da agricultura. BALANÇA COMERCIAL ESTADUAL - O saldo da balança comercial de Mato Grosso é historicamente positivo. Em 2012 totalizou US$ 12, 3 bilhões, 63% do superávit nacional, que foi de US$ 19,5 bilhões. Em 2013, no período de janeiro de julho, enquanto a balança comercial brasileira amargou um déficit de US$ 3 bilhões, a de Mato Grosso apresentou superávit de US$ 7,5 bilhões. Isso significa que, sem a contribuição do Estado, o déficit nacional ultrapassaria o valor de US$ 10 bilhões. Tal desempenho deve-se à composição do intercâmbio comercial (exportações mais importações) do Estado: em 2012 as exportações representaram 88% desse intercâmbio, contra 52% do Brasil; em 2013, entre janeiro e junho, esses percentuais foram de 89% e 49%, respectivamente. Além disso, enquanto o coeficiente de abertura econômica (participação da corrente de comércio no PIB) de Mato Grosso fica acima de 30%, a do Brasil situa-se na faixa de 20%. Dessa forma, a contribuição do Estado para minimizar o déficit ou garantir superávit na balança comercial nacional é de fato relevante e precisa, por isso mesmo, de reconhecimento mais concreto via compensações que a União deve proporcionar pela desoneração tributária concedida, por lei federal, nessas transações. Independentemente disso, não se pode ignorar os benefícios que este modelo voltado ao crescimento das exportações proporciona como complemento do mercado interno para absorver a produção. Além disso, gera economias de escala, diluindo custos fixos e, consequentemente, reduzindo custos médios, permitindo melhores margens de lucro e, consequentemente, estimulando investimentos. O que falta ainda é incrementar a especialização, rumo à industrialização que garanta um melhor aproveitamento dos recursos disponíveis. PRODUÇÃO PRIMÁRIA - A participação do setor primário na economia estadual, embora tenha declinado nos últimos anos, ainda é significativa. Segundo dados do IPEADATA, ela já representou mais de 30% do PIB (2004) e agora se situa na faixa de 25%, sendo 20% referentes à agricultura e 5% referentes à pecuária. Tal redução não se deve, no entanto, à queda de produção agrícola ou pecuária no Estado, mas, sim, ao maior crescimento relativo do setor terciário, que elevou sua participação no PIB de 50% em 2004 para 60% em 2009. Essa tendência é confirmada por dados recentes do IBGE sobre serviços (vide tópico SERVIÇOS ) Conforme dados do Ministério da Agricultura, o valor bruto da produção (VBP) agrícola estadual, em valores reais, dobrou no período entre 2005 e 2013: passou de R$ 20 bilhões para R$ 40 bilhões. Em 2013, a soja representa 54% do VBP agrícola, seguida pelo milho (22%) e algodão (18%), totalizando, essas três culturas, 94% do VBP do setor. Esses dados demonstram a concentração da atividade em poucas culturas, o que torna esse importante segmento da economia estadual vulnerável a problemas que se podem apresentar nessas circunstâncias, como intempéries, pragas, flutuação de preços e/ou do câmbio. Comparativamente a 2012 o VBP agrícola não cresceu, embora os levantamentos de safra realizados pela CONAB indiquem crescimento da produção estadual de 40,3 milhões de toneladas em 2012, para 45,7 milhões de toneladas em 2013, incremento de 13,3%, contra 12% do Brasil no mesmo período. 6

Já na pecuária, segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária IMEA, o VBP de 2013, situa-se na faixa de R$ 9 bilhões, sendo 71% desse valor referentes à pecuária bovina e os 29% restantes distribuídos basicamente entre a suinocultura (9%), avicultura (16%) e leite (4%). As demais atividades do setor têm participação apenas marginal no valor da produção. Conforme o IBGE, o Brasil possui o maior rebanho comercial bovino do mundo, registrando um plantel de 213 milhões de cabeças em 2011. Mato Grosso participa com 14% desse total, perfazendo em torno de 29 milhões de cabeças, maior rebanho nacional. SERVIÇOS - Desde janeiro de 2011 o IBGE passou a realizar a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) que resulta em indicadores que permitem acompanhar o comportamento conjuntural do setor de serviços no País. Investiga a receita bruta de serviços nas empresas formalmente constituídas, com 20 ou mais pessoas ocupadas, que desempenham como principal atividade um serviço não financeiro, excluídas as áreas de saúde e educação. Não há detalhamento por atividade para Mato Grosso e para a maioria dos Estados. Apesar disso fica evidente a posição de destaque do Estado nesse setor. Entre 2011 e junho de 2013 a receita bruta nominal do segmento apresentou crescimento de 33,5% - o maior índice dentre as Unidades da Federação - contra 17,1% do Brasil. Tal tendência continua firme, já que no primeiro semestre de 2013, comparado a igual período de 2012, o índice estadual permanece liderando o ranking nacional, com 26,9%, contra 8,4% do Brasil. PIB ESTADUAL - Conforme dados do IBGE, a evolução do PIB de Mato Grosso apresentou crescimento real anual de 11,34% em 2007, 8,55% em 2008, 2,45% em 2009 e 3,61% em 2010, último ano da série. Para estimar a evolução do PIB nos anos seguintes utilizou-se a razão, em valores nominais, do ICMS arrecadado e o PIB nos anos recentes (2009 e 2010), resultando a razão média de 7,52%. Esse percentual representa a carga tributária do ICMS. Os valores do ICMS de 2011 e 2012 são conhecidos e o de 2013 foi possível estimar com base na receita realizada até julho e a sazonalidade histórica da arrecadação nesse período (vide tabela 2). Obteve-se, assim, os valores dos PIBs nominais, para os anos 2011, 2012 e 20013, posteriormente deflacionados pelo IPCA - como Proxy do deflator implícito, ainda não disponível - para estabelecer o PIB real. Os dados assim apurados indicam um robusto crescimento do PIB real em 2011 (15,86%), queda em 2012 (- 3,45%) e recuperação em 2013 (4,19%). Registre-se, todavia, que essa é uma avaliação precária, baseada em apenas um parâmetro e que, portanto, na apuração a ser realizada futuramente pelo IBGE, mediante a aplicação de metodologia pertinente, poderão ser registradas divergências, especialmente na magnitude. Espera-se, no entanto, que a tendência seja confirmada. Para 2014, projetando a evolução média recente desse indicador, estima-se, prudencialmente, seu crescimento em torno de 3,65%, percentual adotado para balizar as estimativas de receitas próprias no PLOA 2014. PARÂMETROS MACROECONOMICOS ADOTADOS PARA O PLOA 2014 DE MATO GROSSO Para fins de estimativa da receita orçamentária do Estado são adotados dois parâmetros macroeconômicos PIB e INFLAÇÃO para os quais foram adotados os seguintes prognósticos: 7

PIB - Diante das evidências reveladas pelos diversos indicadores apresentados (Vide tópico PIB ESTADUAL), a economia de Mato Grosso deverá registrar crescimento real do PIB de 3,65% em 2014, bem acima da expectativa de crescimento do PIB brasileiro (2,4%). INFLAÇÃO O índice adotado para medir a variação de preços para o PLOA 2014, a exemplo de anos anteriores, é o Índice Geral de Preços/Disponibilidade Interna (IGP-DI), apurado mensalmente pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Tratase de uma medida abrangente do movimento de preços. Conforme a própria FGV, esse indicador engloba não apenas diferentes atividades como também etapas distintas do processo produtivo, resultando um parâmetro do nível de atividade econômica. O IGP é a média aritmética ponderada de três outros índices de preços. São eles: Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), Índice de Preços ao Consumidor (IPC), Índice Nacional de Custo da Construção (INCC). Os pesos de cada um deles correspondem a parcelas da despesa interna bruta, calculadas com base nas Contas Nacionais, resultando na seguinte distribuição: 60% para o IPA, 30% para o IPC e 10% para o INCC. O IGP-DI exclui os produtos importados, considerando apenas o que é produzido internamente. Em julho de 2013 o índice acumulado do IGP-DI nos últimos 12 meses (ago. 2012 a jul. 2013) foi de 4,84%. Já no primeiro semestre de 2013 (jan. a jun.) a variação acumulada foi de 1,99% que, anualizada, projeta uma variação total de 3,42% para 2013. Por outro lado, a expectativa de mercado para a variação do IGP-DI em 2013 situa-se no intervalo de 4,36% a 5,71%, com média aritmética de 5,06% (boletins FOCUS, de jan. a jul., do BCB). Calculando-se a média entre essas variações (4,84%, 3,42% e 5,06%), obtém-se a previsão de variação do IGP-DI para 2013, de 4,44%. Considerando que a expectativa para a variação do IGP-DI 2014 é bastante próxima à de 2013 (BCB), com pequena variação positiva, adotou-se o índice de 4,5% como prognóstico para a inflação em 2014. 8