Relatório Semanal de Estratégia de Investimento

Transcrição

1 5 de janeiro de 2015 Relatório Semanal de Estratégia de Investimento Destaques da Semana Economia internacional: Draghi faz novo discurso a favor do QE, Grecia de novo na pauta. Economia brasileira: Petrobras tem rating ameaçado e segue em queda. Levy assume o Ministério da Fazenda.

2 Economia Internacional O cenário internacional teve como destaque na semana (e porque não dizer no ano) a queda do petróleo. Os contratos futuros encerraram 2014 acumulando perdas de mais de 40% devido ao desequilíbrio entre a oferta e a demanda da commodity no mercado internacional. No último pregão do ano em Nova York, o petróleo para fevereiro renovou as mínimas de mais de 5 anos, com queda de 1,6%, chegando a US$ 53,27. A sobre oferta da commodity tem vindo de duas forças, a primeira é a surpreendente produção de fontes alternativas (o xisto americano, por exemplo) e a teimosia por parte da Opep de não cortar sua produção (que pode ser interpretada como uma estratégia de expulsão de produção cujo custo marginal seja alto). Pelo lado da demanda, dados ruins da China também ajudaram o petróleo a alcançar as novas mínimas. A leitura final do índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) industrial, medido pelo setor privado, foi de 49,6 pontos em dezembro, indicando retração no setor. Por ser o segundo maior mercado consumidor da commodity, o país tem grande peso sobre a demanda pelo produto globalmente. Ainda, em relação a China, os indicadores abaixo dos esperados, promove uma expectativa em relação a possíveis estímulos no gigante asiático. semestre e que as expectativas de inflação no médio prazo caíram desde junho. A entrevista reacendeu o debate sobre a adoção do relaxamento quantitativo com títulos soberanos na zona do euro, o que contribuiu para a queda nos juros dos bônus locais e faz o euro perder fôlego ante outras divisas. Como se vê, existem ainda algumas questões que pairam, como por exemplo, a recuperação da Europa (o que se relaciona com a eficiência das ações do BCE), se há uma nova tendência para recuperação do mercado de trabalho norte-americano, sem mencionar as questões geopolíticas que vêm e que vão (incluindo o embargo à Rússia, que já está fragilizada com a queda do preço de petróleo). À luz dessas questões, preferimos manter-nos neutro em nossas posições, privilegiando os movimentos táticos. 3 2,5 2 1,5 1 Gráfico G1- Inflação Implicita EUA X Petróleo Em relação aos EUA, fatores pontuais levaram ao PMI industrial, medido pela Markit, divulgado na sexta, cair para os 53,9 pontos, mas ficou pouco acima da leitura preliminar. No entanto, a agenda de indicadores dos EUA traz mais relevância essa semana, que traz como destaque os dados de emprego do Departamento do Trabalho do país e da ADP, além dos índices de atividade do setor de serviços da Markit e do ISM. 0,5 0-0,5-1 Breakeven EUA CL1 0 Por fim, na Europa, na última semana, em entrevista ao jornal alemão Handelsblatt, o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, deu novos sinais de que a autoridade monetária da zona do euro deve comprar em breve títulos soberanos para estimular a economia e a inflação. Draghi disse que os riscos para a capacidade do BCE cumprir seu mandato de estabilidade de preços aumentaram no último

3 Economia Brasileira No cenário doméstico, o destaque da semana que passou foi a posse da presidente Dilma. Os mercados domésticos iniciaram 2015 com a repercussão do discurso de posse da presidente para o segundo mandato. Em sua fala, Dilma defendeu o ajuste fiscal "com o menor sacrifício possível para a população" e também a Petrobras, que, segundo ela, é ameaçada por "predadores internos" e tem "inimigos externos". Também o mercado aguarda os primeiros movimentos de Joaquim Levy (Fazenda), Alexandre Tombini (Banco Central) e Nelson Barbosa (Planejamento). Sobre este último, os agentes acompanharam a mais recente polêmica: O salário mínimo continuará, nos próximos anos, a ser reajustado pela mesma regra hoje vigente (correção pela variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do ano anterior e crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos atrás), ao contrario do que foi anunciado anteriormente. É o que esclareceu o novo ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, em nota divulgada pelo Ministério do Planejamento. Para tanto, será enviado um projeto de lei ao Congresso Nacional ao longo deste ano. Na prática, esse projeto apenas prorrogará a regra atualmente em vigor, que tem validade só até Na sua posse, na sexta, porém, o novo ministro disse que uma nova proposta sobre o tema seria enviada ao Congresso Nacional em momento oportuno. A regra atual ainda vale para 2015, acabou de ser editado decreto com base na regra atual. Vamos propor nova regra para 2016 a 2019 ao Congresso Nacional. Continuará a haver aumento real do salário mínimo, afirmou Barbosa durante solenidade de transmissão do cargo. 6,50%. O documento também revela que a expectativa mediana para o crescimento do País no ano passado está em 0,15% ante projeção do documento anterior de alta de 0,14% e a de um mês atrás, de 0,18%. A perspectiva dos analistas é de que haverá retomada da atividade no ano que vem, mas com menor força, já que a taxa passou de 0,55% da semana anterior para 0,50% agora. Quatro semanas antes, porém, a projeção para 2015 estava em 0,73%. Portanto, deveremos ter um ano desafiador para o País, seja por questões domésticas (questionamentos, principalmente, nas políticas monetária e fiscal), seja por questões internacionais (queda das commodities, duvidas em relação aos emergentes e provável elevação de juros por parte do Fed). Por isso, mantemos nossa cautela na recomendação das estratégias mais arriscadas de investimentos. Destaque também para a primeira pesquisa Focus do ano. Na primeira divulgação do Relatório de Mercado, a mediana das projeções do mercado financeiro para o IPCA deste ano subiu de 6,53% para 6,56%%. O movimento revela ainda com mais força que a expectativa é de que o Banco Central entregue a inflação oficial do País acima do teto da meta de 6,50%. Há um mês, a taxa esperada pelos analistas para o indicador estava justamente no limite de Página 3 de 6

4 Mercados BOLSA O mercado acionário ao redor do mundo seguiu resistente aos riscos vindos da Rússia e aos efeitos da forte queda do petróleo. Na Ásia, os estímulos anunciados nos últimos dois meses de 2014 seguiram animando as bolsas da região, com destaque para a bolsa da China (+20,7% em Dezembro). Os dados econômicos mais recentes reforçam a expectativa de novos estímulos via politicas monetária e fiscal expansionistas. Na Europa, as bolsas na media recuaram 2% no ultimo mês (STOXX 50), sentindo o peso dos setores ligados as commodities (mineração e petróleo). Nos EUA, o principal índice americano (S&P500) seguiu testando novas máximas, com dados mais fortes do mercado de trabalho e confiança do consumidor, além dos efeitos imediatos da queda do petróleo para a economia (consumo). Vindo para o Brasil, os últimos dias de 2014 acabaram sendo de realização para o Ibovespa (assim como o primeiro pregão de 2015), que teve um mês de forte saída de capital externo (próximo de 3 bilhões de reais) e forte queda nas ações da Petrobras (-21,72% em dezembro), fechando 2014 próximo dos 50 mil pontos. A valorização da moeda americana em 2014 (13%), a elevação da taxa Selic e o baixo crescimento econômico colocaram o Ibovespa novamente no vermelho, acumulando uma baixa de 2,9% no ultimo ano. Logo, seguimos com uma recomendação abaixo de mercado para os ativos de renda variável no Brasil mai-11 mai-12 mai-13 mai-14 Ibov Index - US$ S&P 500 Under Over CÂMBIO Na última semana o dólar teve alta de 1,42% frente ao real, enquanto no ano de 2014 esse aumento foi de 12,51%. A semana que passou foi de baixo giro de negócios devido ao feriado de ano novo, levando a algum aumento da volatilidade nos mercados, inclusive de câmbio. Nesse cenário os swaps cambiais por parte do Banco Central pesaram bastante para conter uma maior desvalorização do real. As ofertas de swap no final de ano foram de 200 milhões de dólares, e segundo Alexandre Tombini, presidente do BC, as intervenções no mercado cambial continuarão pelo menos até 31 de março, porém na metade desse valor, correspondente a 100 milhões de dólares. Como foi observado ao longo de 2014, acreditamos que a tendência de alta da moeda americana é estrutural e continuará em EMBI Brasil Dólar Real 2,60 2,50 2,40 2,30 2,20 2,10 2,00 1,90 1,80 1,70 Under Over Página 4 de 6

5 JUROS Os mercados na semana passada negociaram com baixa liquidez, em razão do feriado de final de ano. Com isso a volatilidade estava mais elevada, pois qualquer ordem com volume maior poderia fazer preço. Os juros fecharam em queda na semana seguindo a tendência da inflação implícita brasileira, que caiu de 6,61% para 6,50% (-1,66%), assim tanto as taxas curtas (2017, de 12,98% para 12,89%) quanto as taxas longas (2021, de 12,43% para 12,25%) cederam. Essas moviemtações técnicas não tiveram respaldo pelo o lado de risco, pois o País teve uma piora na semana que passou, onde o CDS saiu de 191,9 para 209,35, indicando uma piora no mercado de dívida brasileira. Essa alta do CDS está diretamente ligada a piora das perspectivas globais, principalmente na Europa. Para essa semana, além de questões domésticas, dados de PMI e Inflação na Europa e as informações do mercado de trabalho nos EUA, podem impactar diretamente a percepção de risco no âmbito Global, afetando os juros interno. 13,50 12,50 11,50 10,50 9,50 8, Pré 2020 Máximo Mínimo Juros Pré-Fixado Inflação Under Over Under Over Indicadores e Cotações Classe Ativo Último Nível Semana 30 Dias 12 Meses Ibovespa ,22-3,26% -5,67% -5,81% Dólar 2,6942 0,94% 3,99% 14,18% DI Jan 17 12,89% -0,04% 0,60% 0,61% NTNB ago ,77% -0,01% 0,56% 0,37% S&P ,20-1,46% -0,66% 11,79% Euro 1,20-1,49% -3,05% -13,04% CRB 228,41-2,66% -9,75% -19,16% Ouro 1.189,23-0,57% -1,33% -0,61% WTI Petroleo 52,69-3,73% -21,24% -42,37% Treasury 10-yr 2,11% -0,14% -0,12% -0,86% Página 5 de 6

6 INFORMAÇÕES IMPORTANTES AO INVESTIDOR Este material, meramente informativo, foi preparado pela área de Estratégia do Votorantim Private Bank e não se caracteriza como relatório de análise, para fins da Instrução CVM nº 483/2010, e, não foi produzido por analista de valores mobiliários. As informações contidas neste material foram obtidas por meio de comunicação de acesso público, tais como jornais, revistas, internet entre outros, de forma aleatória. Tais informações estão sujeitas a alterações, a qualquer momento, sem que haja necessidade de comunicação neste sentido. Apesar das informações aqui contidas terem sido obtidas de fontes consideradas confiáveis, a área de Estratégia não pode garantir a precisão e veracidade das mesmas. As recomendações de alocação deste documento refletem única e exclusivamente a opinião pessoal dos profissionais da área de Estratégia do Votorantim Private Bank, de modo que as recomendações foram elaboradas de forma independente e autônoma com relação às demais áreas da Votorantim Asset Management DTVM Ltda., ao Banco Votorantim S.A. e demais empresas do Consolidado Econômico Financeiro Votorantim. As recomendações de alocação contidas neste documento apresentam riscos de investimento e não são asseguradas pelos fatos nem contam com qualquer tipo de garantia ou segurança da área de Estratégia. O Votorantim Private Bank e suas áreas de negócio não serão responsáveis por perdas diretas, indiretas ou lucros cessantes decorrentes da utilização deste material para quaisquer finalidades, incluindo, mas não se limitando a realização de negócios, investimentos ou transações baseadas nestas informações.sac: , Deficientes Auditivos e de Fala: Todos os dias, 24 horas por dia, ou pelo sac@bancovotorantim.com.br. Ouvidoria: , Deficientes Auditivos e de Fala: , de 2ª a 6ª feira das 9:00 às 18:00 hs. Estratégia de Investimento Votorantim Private Bank (11)