ECONOMIA INTERNACIONAL: NOTAS DE AULA
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- Natan Covalski Laranjeira
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1 ECONOMIA INTERNACIONAL: NOTAS DE AULA 9 O MODELO MUNDELL-FLEMING COM MC IMPERFEITA Neste tópico, estudaremos o modelo IS-LM-BP quando a curva BP é positivamente inclinada; também consideraremos o caso limite em que ela é vertical. Com intuito de simpli car a análise, assumiremos que: P é constante; C não depende de R. 9.1 Recapitulação As equações das curvas IS, LM e BP são dadas, respectivamente, por: Y = C(Y T ) + I(R) + G + Z(q; Y; Y ) (1) M = L(R; Y ) (2) P Z(q; Y; Y ) + K(R R e ) = (3) Equilíbrio no modelo IS-LM-BP: ver grá co 1 (válido para câmbio xo e câmbio utuante). Deslocamentos da curva BP: Conforme mencionado no tópico 7, uma elevação em desloca a curva BP para a esquerda. 1
2 Fixe R e diferencie (3) com respeito = 1 Z 2 < 0 > 0: o banco central passa a acumular reservas internacionais mais rapidamente. Uma elevação em q desloca a curva BP para = Z 1 Z 2 > Magnitudes dos deslocamentos das curvas IS e BP Observe que Z(q; Y; Y ) aparece na equação da curva IS e na equação da curva BP. Adicionalmente, um acréscimo em q ou Y desloca ambas as curvas para a direita. Será que podemos dizer algo sobre magnitude relativa desses deslocamentos? Sim. Detalhes abaixo. Variação em q. Grá co 2. Suponha que, para q = q 0, as curvas IS e BP se cruzem no ponto (Y 0 ; R 0 ), Agora, assuma que o valor da taxa real de câmbio mude para q 1 > q 0. Fixe a taxa de juros no patamar R 0. Para que equilíbrio das contas externas fosse reestabelecido, o produto precisaria atingir o patamar Y 1 > Y 0. Observe que Z(q 0 ; Y 0 ; Y ) = Z(q 1 ; Y 1 ; Y ), pois K e permaneceram constantes. Por outro lado, e Y 1 C(Y 1 T ) > Y 0 C(Y 0 T ) (4) Y 0 C(Y 0 T ) = I(R 0 ) + G + Z(q 0 ; Y 0 ; Y ) ) Y 0 C(Y 0 T ) = I(R 0 ) + G + Z(q 1 ; Y 1 ; Y ). (5) Combine (4) e (5). Este procedimento leva a Y 1 C(Y 1 T ) > I(R 0 ) + G + Z(q 1 ; Y 1 ; Y ) ) Y 1 > C(Y 1 T ) + I(R 0 ) + G + Z(q 1 ; Y 1 ; Y ). Logo, a taxa de juros que equilibra o mercado do produto para Y = Y 1 e q = q 1 é menor do que R 0. 2
3 Conclusão: o deslocamento horizontal da IS é menor do que o deslocamento horizontal da BP. O mesmo vale para uma variação em Y. 9.3 Câmbio Fixo Política Fiscal Expansão scal (G > 0 e/ou T < 0) com constante. Hipótese: a inclinação da curva BP é menor do que a da curva LM. Ver grá co 3. A 0 : equilíbrio inicial. IS se desloca para a direita (política scal). Câmbio xo e constante: LM se desloca endogenamente para a direita. A 1 : equilíbrio nal. Resultado: R > 0, Y > 0, M > 0. O sinal de M depende das inclinações das curvas LM e BP. Potencial problema: sustentabilidade intertemporal do BP. Z < 0; K > 0 K > 0: aceleração do endividamento externo. Se em A 0 o balanço de pagamentos estava em um equilíbrio de longo prazo, então o ponto A 1 não pode ser um equilibrio de longo prazo. Expansão scal (G > 0 e/ou T < 0) com M constante. Hipótese: a inclinação da curva BP é maior do que a da curva LM. Ver grá co 4. A 0 : equilíbrio inicial. IS se desloca para a direita (política scal). BP se desloca para a direita ( < 0). A 1 : equilíbrio nal. Resultado: R > 0, Y > 0, < 0. O sinal de depende das inclinações das curvas LM e BP. 3
4 Isso será discutido mais à frente. Novamente, a sustentabilidade intertemporal do BP é um problema potencial. Z < 0; K > 0, < 0 K > 0: aceleração do endividamento externo do setor privado. < 0: aceleração da perda de reservas internacionais. Se em A 0 o balanço de pagamentos estava em um equilíbrio longo prazo, então o ponto A 1 não pode ser um equilibrio de longo prazo. Tal problema terá natureza distinta se a inclinação da BP for menor do que a da LM; ver grá co 5. Z < 0; K > 0, > 0 Aceleração do endividamento do setor privado e do acúmulo de reservas internacionais; porém, o endividamento total se acelerou (pois Z < 0). Os exercícios acima têm uma importante implicação. Considere uma pequena economia aberta com mobilidade de capital imperfeita (ou seja, curva BP positivamente inclinada). Se E está xo e o governo deseja ter autonomia na condução da política scal, então uma das duas variáveis M ou será endógena. Mais precisamente: dentre as variáveis E, M e, no máximo duas delas serão exógenas Política Monetária Uma expansão monetária deve ser acompanhada por (i) uma queda em ou (ii) uma mudança na política scal. Hipótese: a inclinação da curva BP é menor do que a da curva LM. Consideraremos o caso (i). Ver grá co 6. Ponto A 0 : equilíbrio inicial. LM se desloca para a direita (M > 0). BP se desloca para a direita ( < 0). A 1 : equilíbrio nal. Resultado: R < 0, Y > 0, < 0. 4
5 Esse resultado não depende das inclinações das curvas LM e BP. Caso (ii): o resultado e o tipo de ajuste scal (expansão ou contração) dependem das inclinações das curvas LM e BP. 9.4 Câmbio Flutuante Em tal contexto, = RLEE (pois K C = 0). Logo, não é uma variável de política econômica. Desta forma, sempre permanecerá constante. Exercício: M > 0; G e T permanecem constantes. Hipótese: a inclinação da curva BP é menor do que a da curva LM. Ver grá co 9. A 0 : equilíbrio inicial. LM se desloca para a direita (M > 0). IS e BP se deslocam para a direita (E > 0). A 1 : equilíbrio nal. Observe que aqui nós utilizamos o resultado apresentado na seção 9.2. Resultado: R < 0, Y > 0, E > 0. Esse resultado não depende das inclinações das curvas LM e BP. Como podemos garantir que um mesmo E fará com que IS e BP se desloquem até a nova curva LM? Truque: dado E, seja X(E) o ponto no qual IS e BP se cruzam. medida que E cresce, X(E) se desloca para a direita. Grá co 10; o novo ponto de equilibrio cará entre X 1 e X 2. Exercício: G > 0; M e T permanecem constantes. Hipótese: a inclinação da curva BP é maior do que a da curva LM. Ver grá co 11. A 0 : equilíbrio inicial. IS se desloca para a direita (G > 0). IS e BP se deslocam para a direita (E > 0). A 1 : equilíbrio nal. Resultado: R > 0, Y > 0, E > 0. O sinal de E depende das inclinações das curvas LM e BP. 5 A
6 9.5 O Caso da Curva BP Vertical Assuma que a curva BP é vertical Ou seja, K não depende de R. Total controle no movimento de capitais ou situações de crise (1982). Exercício: M > 0 com câmbio xo. Ver grá co 7. < 0 Mais uma vez, existe um possível problema de sustentabilidade do balanço de pagamentos. Exercício: expansão scal. O governo precisará implementar pelo menos uma das seguintes políticas: M < 0, < 0 ou E > 0 (esta somente se estiver no regime de câmbio xo). Considere agora a situação de uma economia com câmbio xo no patamar E e mobilidade de capital (perfeita ou imperfeita) que está em um equilíbrio de longo prazo. O país se defronta com um sudden stop. Sudden stop: redução súbita no ingresso de capitais. Crise da dívida externa em Ver grá co 8. Opções de política econômica: 1. A 1 : manter G, T e E constantes e permitir que ocorra uma queda em M. IS e BP 1 não se deslocam; LM se desloca. 2. A 0 1: manter M e E constantes e efetuar um ajuste scal. LM e BP 1 não se deslocam, IS se desloca. 3. A 0 : manter M constante, desvalorizar a moeda doméstica e efetuar um ajuste scal. LM e IS não se deslocam; BP se desloca (de BP 1 até o ponto A 0 ). 6
7 4. Alguma combinação das alternativas anteriores. Minicaso: a crise de Choque do petróleo de 1974: Brasil e outros países latino-americanos passaram a ter um dé cit em conta-corrente mais elevado. Ou seja, passaram a se endividar mais rapidamente. A política monetária dos EUA se tornou mais rígida a partir de Combinação: taxa de juros mais altas e dívida com taxa de juros utuantes. O México decretou moratória em agosto de México, Argentina, Chile e Brasil tiveram que renegociar as suas dívidas externas. Ocorreu um sudden stop que afetou toda a América Latina. PIB do Brasil: + 9,2% em 1980; 4,3% em 1981; + 0,8% em 1982; 2,9% em
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