P A R E C E R Controladoria-Geral da União Ouvidoria-Geral da União. Secretaria de Direitos Humanos SDH

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1 P A R E C E R Controladoria-Geral da União Ouvidoria-Geral da União Referência: / Assunto: Recorrente: Órgão ou entidade recorrido (a): Restrição de acesso: Recurso contra decisão denegatória ao pedido de acesso à informação. Secretaria de Direitos Humanos SDH Informações pessoais. Ementa: Banco de dados referente às crianças e adolescentes desaparecidos no Brasil argumento do recorrente no sentido de que o pedido se encontra dentro do escopo da LAI Secretaria de Direitos Humanos informação já disponibilizada em transparência ativa argumento da entidade pública Conhecido e desprovido cidadão tem direito a receber informações no formato disponibilizado pelo órgão, e não em formato estranho aos padrões estabelecidos pela Administração. Senhor Ouvidor-Geral da União, 1. O presente parecer trata de solicitação de acesso à informação pública, com base na Lei nº /2011, formulada pelo (a) recorrente em 02 de julho de 201, conforme resumo descritivo abaixo apresentado: RELATÓRIO Data Teor 02/07/201 Gostaria da base de crianças e adolescentes desaparecidos Pedido no Brasil. Os dados do Cadastro Nacional de Crianças e Adolescentes 01/08/201 não podem ser divulgados, pois contêm informações Resposta Inicial pessoais, endereços, telefones das famílias das crianças e adolescentes desaparecidos Recurso à 02/08/201 Cidadão alega que lhe foi informado apenas a porcentagem, mas o que deseja é a base completa. Autoridade Superior Resposta do Recurso 09/08/201 Página 1 de 6

2 à Autoridade Superior Recurso à Autoridade Máxima Resposta do Recurso à Autoridade Máxima 09/08/201 15/08/201 Órgão demandado afirma que os registros constantes do Cadastro Nacional levam em conta o sigilo das informações pessoais. Caso autorizada a divulgação do caso pelo cadastrante, somente serão disseminadas informações básicas, ficando, sendo que as informações específicas são disponibilizadas somente aos profissionais responsáveis pela busca, localização e identificação. De acordo com o artigo 8, parágrafo, inciso III da Lei de Acesso a Informação (Lei N ) o sistema deve: "possibilitar o acesso automatizado por sistemas externos em formatos abertos, estruturados e legíveis por máquina" O que não acontece com o sistema "Desparecidos" indicado pelos senhores no link Cidadão afirma desejar essas informações ou em estruturas legíveis por máquina ou em formato aberto em forma de planilha No mérito, é preciso consignar que a resposta da SNOD- CA, a despeito de sucinta, quase não merece reparos. Com efeito, é parcialmente correta a afirmação do recorrente ao afirmar que os dados que constam no Cadastro não estão acobertados pela vedação da Lei de Acesso à Informação em razão de se destinam à divulgação. De fato, dentre outros, elementos como o nome, a foto, o local e a data do desaparecimento são absolutamente essenciais à identificação e eventual localização da criança ou do adolescente desaparecido, razão pela qual não podem nem devem ser tidos como informação pessoal, ao contrário, são informações públicas e se destinam a ser conhecidas pelo maior número de pessoas possível. Todavia, alguns dos dados que constam no sistema informatizado do Cadastro Nacional de Crianças e Adolescentes, tais como telefone e endereço da família das crianças e dos adolescentes desaparecidos são de natureza pessoal e, por isso, não devem ser divulgados nos termos da Lei de Acesso à Informação (...) Recurso à CGU 20/08/201 No seu artigo 8, parágrafo inciso II a lei diz "possibilitar Página 2 de 6

3 a gravação de relatórios em diversos formatos eletrônicos, inclusive abertos e não proprietários, tais como planilhas e texto, de modo a facilitar a análise das informações". No síto referido não existe esta possibilidade e, segundo a resposta da Ministra, "Afigura-se, desta forma, uma duplicidade desarrazoada e desnecessária a interpretação de que a Lei de Acesso à Informação exige que a administração, após estruturar e sistematizar os dados em um portal eletrônico, envide esforços para reestruturá-la e a sistematizar novamente em um procedimento administrativo, notadamente quando o próprio requerente pode fazê-lo sem qualquer prejuízo de qualquer informação." Ou seja, a mesma diz que isso é uma responsabilidade do usuário quando, na verdade, a lei diz o contrário. No seu artigo 8, parágrafo inciso III a lei diz "possibilitar acesso automatizado por sistemas externos em formatos abertos, estruturados e legíveis por máquina". No sítio referido não existe qualquer possibilidade de acesso automatizado por sistemas externos, muito menos em formato aberto. Na sua resposta a Ministra diz "pois estas já estão devidamente publicizadas e sistematizadas.", eu concordo que estão publicizadas e sistematizadas, mas não de forma legível por máquina e em formato aberto. Sem falar que, da forma como esta hoje o sítio é impossível até mesmo para um leitor de tela, usado por uma pessoa com deficiências visual para navegar, acessar tais informações, o que fere o artigo 8, parágrafo, inciso VIII, que diz "adotar as medidas necessárias para garantir a acessibilidade de conteúdo para pessoas com deficiência, nos termos do art. 17 da Lei n , de 19 de dezembro de 2000, e do art. 9 da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, aprovada pelo Decreto Legislativo no 186, de 9 de julho de 2008." Página de 6

4 Informações Adicionais e Negociações É o relatório. Análise 16/12/201 Por , a Secretaria informa os dados disponíveis nos arquivos eletrônicos da SDH/PR não são inteiramente públicos na medida em que contêm dados pessoais, não devendo por isso serem divulgados. Afirma ademais que, no momento, não há uma planilha que contenha dados somente públicos e confiáveis na forma solicitada pelo recorrente, o que exigiria o deslocamento de servidor para, afastando-se de suas funções, compilar os mesmos dados já publicizados em outro formato, isto é, reconstruir toda a base de dados. Conclui não ser possível ampliar a lei de acesso à informação para abranger, além das informações, a construção de uma base de dados em formato diferente e estabelecido por outrem dentro do prazo determinado (...) 2. Registre-se que o Recurso foi apresentado perante a CGU de forma tempestiva e recebido na esteira do disposto no caput e 1º do art. 16 da Lei nº /2012, bem como em respeito ao prazo de 10 (dez) dias previsto no art. 2 do Decreto nº 7724/ Quanto à análise de mérito, sendo evidente que o pedido trata de informação existente e específica, diligenciamos junto à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, com a finalidade de obter informações complementares para o adequado julgamento do presente recurso. 4. Por um lado, a Secretaria de Direitos Humanos afirma que disponibilizou ao cidadão todos os dados que possuía no formato em que dispunha, não estando obrigado, contudo, a fornecer dados em formato específico, tal como solicitado pelo requerente. Por outro lado, o cidadão afirma que o atendimento de seu pedido não acarretará trabalhos adicionais de análise, na medida em que solicita-se, tão somente, acesso a Página 4 de 6

5 banco de dados, ou seja, a dados brutos e não trabalhados, os quais já se encontram sob posse do órgão recorrido, na medida em que foram utilizados para produção da lista de crianças desaparecidas no Brasil. 5. Com relação ao tema, é necessário frisar que o órgão ou entidade pública não está obrigado a enviar informações em qualquer formato que seja requerido pelo cidadão. Se fossem pleiteadas informações em formato aleatório, ou de difícil consolidação por parte da OGU, poder-se-ia desprover do recurso com fundamento no art. 1, II e III do Decreto n /11, que aduz que não serão atendidos pedidos de acesso que se mostrem desproporcionais ou que demandem trabalhos adicionais de análise e consolidação de informações. 7. É o que ocorre no caso sob análise. Com efeito, no presente NUP o cidadão requer a concessão das informações em uma formatação específica, incompatível, conforme alegado, com a forma própria de organização e sistematização de dados da Administração Pública. Ou seja, as informações que solicita já se encontram disponíveis, apenas não em formato desejado. Nessa hipótese, cabe ao cidadão, e não à Administração, proceder à organização dos dados de maneira diferente daquela disponibilizada. Seria desarrazoado, nos termos no art. 1 do Decreto n /12, exigir que o Poder Público se incumba não apenas de produzir as informações, mas também de organizá-las em qualquer formato que possa ser desejado pelos cidadãos. 8. Ademais, conforme afirmou o órgão recorrido, todas as informações de caráter público referentes às crianças desaparecidas no Brasil já estão disponibilizadas no site A revelação das informações que não constam no endereço eletrônico tais como nome e endereço dos pais, condições de desaparecimento, entre outros poderia comprometer informações de caráter pessoal, constituindo portanto violação da Lei n /11. Conclusão 9. De todo o exposto, opina-se, preliminarmente, pelo conhecimento do recurso e, no mérito, pelo seu desprovimento. Página 5 de 6

6 D E C I S Ã O No exercício das atribuições a mim conferidas pela Portaria n da Controladoria-Geral da União, de 22 de agosto de 201, sugiro adoção, como fundamento deste ato, o parecer acima, para decidir pelo desprovimento do recurso interposto, nos termos do art. 2 do Decreto n /12, no âmbito do pedido de informação nº , direcionado à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH-PR) Página 6 de 6

7 PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA Controladoria-Geral da União Folha de Assinaturas Documento: PARECER nº 54 de 14/01/2014 Referência: PROCESSO nº / Assunto: Recurso de Acesso à Informação Signatário(s): MARCIO CAMARGO CUNHA FILHO ANALISTA DE FINANCAS E CONTROLE Assinado Digitalmente em 14/01/2014 JOSE EDUARDO ELIAS ROMAO Ouvidor Assinado Digitalmente em 14/01/2014 Este despacho foi expedido eletronicamente pelo SGI. O código para verificação da autenticidade deste documento é: 6590e84f_8d0df78b925051