Controladoria-Geral da União Ouvidoria-Geral da União PARECER. Recurso contra decisão denegatória ao pedido de acesso à informação. Sem restrição.

Transcrição

1 Controladoria-Geral da União Ouvidoria-Geral da União PARECER Referência: / Assunto: Restrição de acesso: Ementa: Órgão ou entidade recorrido (a): Recorrente: R. B. Recurso contra decisão denegatória ao pedido de acesso à informação. Sem restrição. Solicitação para que o MEC disponibilize a fundamentação legal, ou o ato normativo, que embasou a prorrogação de credenciamento das Faculdades Integradas de Jacarepaguá (FIJ) na modalidade de Ensino à Distância. Cidadão alega que a regra é a publicidade, o sigilo exceção. Órgão recorrido alega que a decisão pela prorrogação faz parte de processo de regulação de instituição do ensino superior e que, diante do risco de conferir vantagem competitiva a outros agentes regulados, a divulgação desse documento não poderia ocorrer. Durante a instrução do recurso, a CGU solicitou esclarecimentos adicionais ao MEC. Esse órgão resolveu atender ao pleito do cidadão, com a disponibilização da informação solicitada. Perda do objeto. Ministério da Educação (MEC) Senhor Ouvidor-Geral da União, 1. O presente parecer trata de solicitação de acesso à informação pública, com base na Lei n o /2011, conforme resumo descritivo abaixo apresentado: RELATÓRIO Data Teor Trata-se de pedido de acesso à informação que pretende esclarecimento acerca de determinado documento especificado pelo cidadão (SIDOC / ). O cidadão cita diversos dados e normativos do MEC para expor dúvida acerca da fundamentação legal ou decisão Pedido responsável pela prorrogação de credenciamento das Faculdades 07/03/201 Integradas de Jacarepaguá (FIJ) para oferta de especialização lato sensu na modalidade EAD em qualquer curso. Mais que uma dúvida, o cidadão aponta suspeita de possíveis irregularidades na prorrogação de credenciamento, que em sua opinião não poderia perdurar após Diante disso, pretende ser informado acerca de base legal ou decisão que prorrogou o referido credenciamento. 21

2 Resposta Inicial Recurso à Autoridade Superior Resposta do Recurso à Autoridade Superior Recurso à Autoridade Máxima 31/03/201 02/0/201 07/0/201 07/0/201 Órgão informa que a Instituição em questão recebeu decisão específica, decorrente de processo em tramitação junto ao MEC que, dentre outros assuntos, aborda o EAD. A resposta do órgão declara que existiu entendimento de que o credenciamento do EAD ficaria válido até a finalização do processo. O MEC comunica posicionamento do órgão, baseado no Decreto 7.72/2012, acerca da impossibilidade de divulgação de documentos que fazem parte dos processos de regulação das instituições de ensino superior. O risco de conferir vantagem competitiva a outros agentes regulados é citado como embasamento a esse entendimento. Assim, defende que somente a instituição que é interessada, como parte, tem acesso aos documentos do processo. Reitera solicitação que pretende acesso à fundamentação legal relativa à prorrogação do credenciamento da Faculdade em questão. Cidadão contesta sigilo sob o entendimento de que a regra é a publicidade. Expõe que, sendo exceção, o sigilo deveria estar previsto em Lei. Destaca ausência de previsão de sigilo nas decisões do MEC sobre prorrogação ou validação de ato que não foram publicados. Destaca artigos que tratam da publicidade ou restrição de dados na Portaria n o 0, de 2007, que instituiu o sistema eletrônico de fluxo de trabalho e gerenciamento de informações relativas aos processos de regulação da educação superior no sistema federal de educação (e-mec). Adiciona que o caso em questão parece mesclar processos do e-mec e Sapiens, mas defende que tal circunstância não gera sigilo. Observa que não há sigilo acerca da resposta para a pergunta realizada, relativa à fundamentação legal para o ato de prorrogação em questão. Complementa que não foram informados dados relacionados ao processo (autoridade decisória, fundamento, data, elementos do ato, término do processo). Cidadão questiona o porquê da não publicação do referido ato, sob a contestação de que o mesmo tem validade para terceiros. Órgão informa que a decisão em questão relativa à prorrogação de credenciamento do EAD foi emitida, com amparo legal, no âmbito de processo regulatório. Defende que, até o término da tramitação do processo, a informação somente é disponibilizada para a Instituição de Ensino Superior (IES) em questão. Informa que posicionamento da SERES tem amparo no art. 5 o do Decreto n o 7.72/2012: Com fundamento no referido Decreto, o órgão se limita a divulgar documentos constantes processos de regulação exclusivamente para a IES interessada e seus representantes legais, sob risco de representar vantagem competitiva a outros agentes regulados. Reitera pedido de Informação. Em determinados trechos reforça suspeita de suposta irregularidades na prorrogação do credenciamento da IES, em outros questiona o porquê do órgão não disponibilizar a fundamentação legal da decisão em questão. Contesta não divulgação com base no 22

3 Resposta do Recurso à Autoridade Máxima Recurso à CGU Esclarecimentos Adicionais 1/0/201 15/0/201 18/06/201 Decreto n o 7.72/2012, pois esse normativo, segundo o cidadão, apenas informa que se houver fundamento para sigilo há restrições (sic). Reitera resposta emitida na primeira instância. Reitera pedido inicial. Acrescenta alguns dados como forma de questionar a não divulgação da informação, mas também no sentido de embasar a opinião de que há suposta irregularidade na prorrogação do credenciamento da IES. Foi realizado contato com o órgão no intuito de obter esclarecimentos adicionais em relação ao caso. A partir desse contato, o MEC resolveu atender ao pleito do cidadão, com a disponibilização do Parecer n o 12/2012/CGEPD/CONJUR-MEC/CGU/AGU, o qual expõe a fundamentação jurídica que embasou a prorrogação do credenciamento da Educação à Distância das Faculdades Integradas de Jacarepaguá. Análise 2. Registre-se que o Recurso foi apresentado perante a CGU de forma tempestiva e recebido na esteira do disposto no caput e 1 o do art. 16 da Lei n o /2011, bem como em respeito ao prazo de 10 (dez) dias previsto no art. 23 do Decreto n o 7.72/2012, in verbis: Lei n o /2011 Art. 16. Negado o acesso a informação pelos órgãos ou entidades do Poder Executivo Federal, o requerente poderá recorrer à Controladoria-Geral da União, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias se: (...) 1 o O recurso previsto neste artigo somente poderá ser dirigido à Controladoria Geral da União depois de submetido à apreciação de pelo menos uma autoridade hierarquicamente superior àquela que exarou a decisão impugnada, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias. Decreto n o 7.72/2012 Art. 23. Desprovido o recurso de que trata o parágrafo único do art. 21 ou infrutífera a reclamação de que trata o art. 22, poderá o requerente apresentar recurso no prazo de dez dias, contado da ciência da decisão, à Controladoria-Geral da União, que deverá se manifestar no prazo de cinco dias, contado do recebimento do recurso. 3. Quanto ao cumprimento dos art. 21 do Decreto n o 7.72/2012, observa-se que consta da resposta ao recurso de 1ª instância que a autoridade que tomou a decisão era superior à que 23

4 respondeu o pedido inicial, assim como consta que a autoridade máxima do órgão tomou a decisão em 2ª instância.. A análise do caso exige a delimitação do objeto do recurso interposto à CGU, de forma a apreciar se a solicitação é compatível com o âmbito de aplicação da Lei de Acesso à Informação (Lei nᵒ /11). Em certos trechos, o cidadão expõe a demanda como uma espécie de denúncia acerca de supostas irregularidades no processo de prorrogação de credenciamento de Educação à Distância das Faculdades Integradas de Jacarepaguá. No entanto, existe trecho que o cidadão veicula uma solicitação de acesso à informação propriamente dita. Esses diferentes itens precisam ser analisados separadamente. 5. Ao manifestar opinião acerca de suposta irregularidade em procedimento do MEC, o solicitante afasta-se dos objetivos e mecanismos que fazem parte da Lei de Acesso à Informação (LAI). Essa demanda não expõe um pedido de acesso à informação, e sim solicitação de natureza diversa, mais próxima de uma denúncia. Afirmativa que pode ser fortalecida pela compreensão da definição legal de informação. O art. 3º do Decreto 7.22/2012 que regulamenta a Lei de Acesso à Informação define informação como: dados, processados ou não, que podem ser utilizados para produção e transmissão de conhecimento, contidos em qualquer meio, suporte ou formato. A LAI objetiva a disponibilização de dados existentes na administração pública, e não o exame do mérito ou a apuração de supostos desvios referentes a temas que não estão abarcados na definição legal de informação. O pedido do cidadão, nos trechos em que apresenta denúncia, exige necessariamente a apuração de possíveis irregularidades cometidas pelo MEC em seu papel de regulação, objeto que está fora do âmbito do acesso à informação. A apuração e análise de mérito de supostas irregularidades demanda a produção de um conhecimento ainda não existente, e não a disponibilização de dados consolidados e já existente qualquer meio, suporte ou formato. 6. Ademais, visando exemplificar o direito de acesso à informação legalmente protegido, o art. 7 o da Lei de Acesso à Informação estabelece que: Art. 7 o O acesso à informação de que trata esta Lei compreende, entre outros, os direitos de obter: I - orientação sobre os procedimentos para a consecução de acesso, bem como sobre o local onde poderá ser encontrada ou obtida a informação almejada; II - informação contida em registros ou documentos, produzidos ou acumulados por seus órgãos ou entidades, recolhidos ou não a arquivos públicos; 2

5 III - informação produzida ou custodiada por pessoa física ou entidade privada decorrente de qualquer vínculo com seus órgãos ou entidades, mesmo que esse vínculo já tenha cessado; IV - informação primária, íntegra, autêntica e atualizada; V - informação sobre atividades exercidas pelos órgãos e entidades, inclusive as relativas à sua política, organização e serviços; VI - informação pertinente à administração do patrimônio público, utilização de recursos públicos, licitação, contratos administrativos; e VII - informação relativa: a) à implementação, acompanhamento e resultados dos programas, projetos e ações dos órgãos e entidades públicas, bem como metas e indicadores propostos; b) ao resultado de inspeções, auditorias, prestações e tomadas de contas realizadas pelos órgãos de controle interno e externo, incluindo prestações de contas relativas a exercícios anteriores. 7. Dessa forma, fica evidente que a Lei de Acesso à Informação não ampara, por exemplo, a formulação de consultas, reclamações e denúncias, bem como pedidos de providências para a Administração Pública Federal. Os pedidos de acesso devem veicular, única e exclusivamente, o acesso a dados, processados ou não, que podem ser utilizados para produção e transmissão de conhecimento, contidos em qualquer meio, suporte ou formato. Portanto, nos trechos em que o cidadão veicula uma denúncia, entende-se que não existe solicitação de acesso à informação, sendo o e-sic canal inadequado para tratamento do mesmo. Dessa forma, nos trechos que apontam supostas irregularidades do MEC, o recurso está fora do escopo da Lei de Acesso, sem possibilidade de análise do mérito dessa manifestação. 8. Apesar das observações realizadas, percebe-se que, em determinados trechos, o cidadão veicula uma solicitação de acesso à informação propriamente dita. O cidadão pretende obter a fundamentação legal que embasa a prorrogação de credenciamento das Faculdades Integradas de Jacarepaguá (FIJ) na oferta de Ensino à Distância. A solicitação não foi atendida na resposta inicial e nas decisões das instâncias recursais do órgão. A CGU solicitou esclarecimentos adicionais ao MEC, no intuito de dialogar e obter informações acerca do caso. A partir desse contato, o MEC resolveu atender ao pleito do cidadão, com a disponibilização do Parecer n o 12/2012/CGEPD/CONJUR-MEC/CGU/AGU, o qual expõe a fundamentação jurídica que embasou a prorrogação do credenciamento da Educação à Distância das Faculdades Integradas de Jacarepaguá. Conclusão 25

6 9. De todo o exposto, opino pela perda de objeto do recurso, pois o MEC atendeu o pleito do cidadão durante a instrução do recurso nesta Controladoria, excetuados os trechos em que o recurso sugere uma denúncia ou existência de irregularidades, sendo essa parte não conhecida. AUGUSTO CÉSAR FEITOSA PINTO FERREIRA Analista de Finanças e Controle D E C I S Ã O No exercício das atribuições a mim conferidas pela Portaria n da Controladoria-Geral da União, de 22 de agosto de 2013, adoto, como fundamento deste ato, o parecer acima, para decidir pela perda do objeto do recurso interposto, nos termos do art. 23 do Decreto n o 7.72/2012, no âmbito do pedido de informação nº /201-13, direcionado ao Ministério da Educação (MEC). GILBERTO WALLER JUNIOR Ouvidor-Geral da União - Substituto 26

7 PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA Controladoria-Geral da União Folha de Assinaturas Documento: PARECER nº 279 de 03/07/201 Referência: PROCESSO nº / Assunto: Recurso de acesso à informação Signatário(s): GILBERTO WALLER JUNIOR Ouvidor Assinado Digitalmente em 03/07/201 Relação de Despachos: aprovo. GILBERTO WALLER JUNIOR Ouvidor Assinado Digitalmente em 03/07/201 Este despacho foi expedido eletronicamente pelo SGI. O código para verificação da autenticidade deste documento é: 3c0222e_8d16e565d7331b