P A R E C E R Controladoria-Geral da União Ouvidoria-Geral da União

Transcrição

1 P A R E C E R Controladoria-Geral da União Ouvidoria-Geral da União Referência: / Assunto: Recurso contra decisão denegatória ao pedido de acesso à informação. Órgão ou Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES entidade MEC) recorrido (a): Restrição de Informações incompletas. acesso: Ementa: Banco de dados referente a lista de curso de pós-graduação à distância informação de interesse público e social Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES MEC) argumento de informação já entregue RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. Recorrente: J. F. G. Senhor Ouvidor-Geral da União, 1. Trata-se de pedido de acesso à informação, de NUP / , protocolado em 25 de setembro de 2013, em que se requer acesso a tabela, onde constem os nomes das instituições, cursos, e os motivos dos indeferimentos ou deferimentos, para o registro de Cursos de Mestrados e Doutorados na modalidade à distância no Brasil. 2. Em 10 de outubro, o órgão recorrido apresenta resposta nos seguintes termos: 1

2 No âmbito da UAB (Universidade Aberta do Brasil) o Sistema Nacional de Pós-Graduação (SNPG) oferece, na atualidade, 3 mestrados profissionais em rede nacional (isto é, com a participação de instituições de ensino superior públicas) que utilizam tecnologias de ensino a distância. São eles: Profmat (Matemática); Profletras (Letras) e Profis (Física). Estes cursos de pós-graduação stricto sensu passaram pela avaliação da Capes, enquanto propostas de cursos novos, e após recomendação e posterior reconhecimento pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) puderam dar início às suas atividades. Estes cursos são oferecidos para o aperfeiçoamento de professores que atuam na rede pública de escolas de ensino fundamental e médio. Para mais informações a respeito destes cursos, consulte a página da Capes em: O cidadão, alegando que a informação entregue não correspondia à solicitada, interpõe recurso em 10 de outubro de 2013, reiterando os termos do pedido inicial. Ato contínuo, o órgão responde nos seguintes termos: Não consta nos sistemas de avaliação utilizados pela CAPES a modalidade de ensino a distância enquanto opção de identificação de cursos de mestrado e doutorado. Sendo assim, não há o que informar e, por via de consequência, não é possível providenciar a tabela solicitada. Reiteramos as informações encaminhadas anteriormente relativas aos mestrados profissionais oferecidos em rede nacional no âmbito da Universidade Aberta do Brasil e que podem, eventualmente, fazer uso de tecnologias de ensino a distância. 2

3 4. Ainda inconformado, o cidadão interpõe recurso à autoridade máxima do órgão em 15 de outubro, reiterando os termos do pedido anterior. O órgão julga o recurso em 21 de outubro de 2013, nos seguintes termos: Esclarecemos que a Capes recomenda cursos de mestrado e doutorado acadêmicos e mestrado profissional e que nenhuma proposta de curso foi apresentada na modalidade semipresencial até o ano de Conforme já respondido anteriormente, foram recomendados, após este ano, três cursos nesta modalidade: o Profmat, o ProfLetras e o ProFis. Recentemente, na 148ª reunião do Conselho Técnico-Científico da Educação Superior (CTC-ES), realizada de 29 de julho a 2 de agosto de 2013, houve um curso não recomendado, que seria um mestrado profissional em educação física em rede nacional, no formato dos cursos citados acima. Informamos ainda que as informações sobre não recomendação, assim como as fichas de avaliação, e nota emitida pelo CTC-ES são encaminhadas exclusivamente à instituição que encaminhou a proposta. Também são encaminhadas, em atendimento às normas legais, ao Conselho Nacional de Educação (CNE) para homologação dos cursos aprovados. A relação dos aprovados são divulgadas na página da Capes. Desta forma, informamos que são essas as informações disponíveis sobre recomendação de cursos de pós-graduação. Os cursos recomendados estão disponíveis para consulta no site da Capes, pelo link Desde 2011 os resultados da avaliação de cursos novos passou a ser divulgada também em uma única página no site, por este link: o resultado das avaliações trienais dos cursos de pós-graduação podem ser acessadas por este link: 3

4 Entendemos, desta forma, que prestamos todas as informações disponíveis a respeito de sua demanda. 5. Ainda insatisfeito, o cidadão apresenta novo recurso, desta vez direcionado à Controladoria-Geral da União, na data de 21 de outubro de Recebido o recurso, a CGU envia ao órgão pedido de esclarecimentos adicionais em 21 de janeiro de Na resposta, a entidade afirma que existem muitos, vários e diferentes cursos, entre os mais de 5500 que hoje constituem o Sistema Nacional de Pós-Graduação (SNPG), com alguma atividade que pode ser factualmente descrita como feitas sem a presença física do aluno na IES 6. É o relatório. Passa-se à análise. Análise 7. Registre-se que o recurso foi apresentado perante a CGU de forma tempestiva e recebido na esteira do disposto no caput e 1º do art. 16 da Lei nº /2012, bem como em respeito ao prazo de 10 (dez) dias previsto no art. 23 do Decreto nº 7724/ Com relação ao mérito, pede-se, por meio do presente recurso, acesso a tabela onde constem todos os cursos de mestrado e doutorado na modalidade à distância. Pede-se ainda que os referidos cursos sejam discriminados conforme tenham sido deferidos ou não pela CAPES. 9. As informações prestadas pela entidade recorrida relevam, em especial, duas questões relevantes para o deslinde do presente recurso: em primeiro lugar, não há na Administração brasileira um conceito único e preciso sobre o termo ensino à distância : pelo contrário, este conceito é fluído e não serve para classificar ou identificar programas de pós-graduação. Destaque-se nesse sentido o seguinte trecho, extraído da resposta ao pedido de esclarecimentos exarada por parte da entidade demandada: 4

5 É bem reconhecido que em contextos gerais e cotidianos de forma a expressão ensino, educação, formação, atividade... à distância passou a significar um conceito muito amplo e de diferentes entendimentos para e conforme o interlocutor ao qual se possa fazer a pergunta de como a define. 10. Ainda que o temo curso à distância tenha um significado coloquial razoavelmente preciso e bem delimitado, o que se depreende da instrução do presente processo é que a expressão não denota uma categoria administrativa de classificação de cursos de pós-graduação. Sendo incerto do ponto de vista do direito administrativo o próprio conceito de curso à distância, torna-se impossível, factualmente, o atendimento do pedido do requerente, que se revela pedido genérico, ou seja, pedido desprovido de indexador lógico que permita a sua correta identificação e delimitação. Sendo impossível delimitar claramente o objeto do pedido, não há como dar-lhe provimento. 11. A não utilização da expressão curso à distância (ou qualquer expressão análoga) como critério administrativo de cursos de pós-graduação é confirmada ao se averiguar as fichas de avaliação dos referidos cursos, as quais estão disponíveis na página do órgão recorrido (disponível em Nas referidas fichas, constam diversas informações acerca dos cursos recomendados pela CAPES, como, por exemplo, número de docentes, produção acadêmica, número de teses e dissertações defendidas, dentre outras. No entanto, não consta a existência ou não de instrumentos de cursos à distância, o que demonstra que tal critério de classificação não é utilizada pela Administração. Sendo assim, não pode o autor exigir que a CAPES modifique seus procedimentos internos de avaliação e recomendação de cursos de pós-graduação com a finalidade de que reste aprovado seu pedido de acesso à informação. 12. Por outros termos, as informações trazidas pela parte recorrida apontam que, mesmo que fosse possível a correta delimitação do pedido, ele se mostraria desproporcional. É que, segundo a CAPES, existem muitos, vários e diferentes cursos, entre os mais 5500 que hoje constituem o Sistema Nacional de Pós-Graduação (SNPG), 5

6 com alguma atividade que pode ser factualmente descrita como feitas sem a presença física do aluno na IES. 13. Na verdade, a desproporcionalidade do pedido se revela na própria na medida em que seu atendimento requereria a análise pormenorizada de cada um dos aproximadamente (cinco mil e quinhentos) curso de pós-graduação atualmente existente no Brasil, para que se criasse a categoria cursos à distância a qual não existente na atual linguagem na Administração. 14. A Lei de Acesso à Informação não institui a obrigação, por parte dos órgãos públicos, em criar categorias classificatórias, por meio de critérios estabelecidos pelos requerentes. Tal obrigação se revelaria por demasiado onerosa e se levada a cabo poderia vir a prejudicar o bom andamento das demais atividades do órgão. Sendo assim, com fundamento no art. 13, II, do Decreto n /12, não deve ser dado provimento ao presente recurso de acesso à informação. Conclusão 15. De todo o exposto, opina-se pelo conhecimento e desprovimento do recurso, visto que se trata de pedido genérico e desproporcional, nos termos do parecer supra. MARCIO CAMARGO CUNHA FILHO Analista de Finanças e Controle D E C I S Ã O No exercício das atribuições a mim conferidas pela Portaria n da Controladoria-Geral da União, de 22 de agosto de 2013, adoto, como fundamento deste ato, o parecer acima, para decidir pelo desprovimento do recurso interposto, nos termos do art. 23 do referido Decreto, no âmbito do pedido de informação nº 6

7 / , direcionado à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). JOSÉ EDUARDO ROMÃO Ouvidor-Geral da União 7

8 PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA Controladoria-Geral da União Folha de Assinaturas Documento: PARECER nº 985 de 03/04/2014 Referência: PROCESSO nº / Assunto: Recurso de Acesso à Informação Signatário(s): JOSE EDUARDO ELIAS ROMAO Ouvidor Assinado Digitalmente em 03/04/2014 Este despacho foi expedido eletronicamente pelo SGI. O código para verificação da autenticidade deste documento é: de4d5001_8d11d68c018ba7d