FUNÇÕES ATRIBUÍDAS AOS LOBOS FRONTAIS. Profª. Jerusa Salles
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- Rachel Quintão Garrido
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1 FUNÇÕES ATRIBUÍDAS AOS LOBOS FRONTAIS Profª. Jerusa Salles
2 Lobos frontais: correlações anátomo-funcionais Três regiões: córtex motor primário (circunvolução frontal ascendente): motricidade voluntária. córtex pré-motor (córtex de associação motora): integração dos atos motores e seqüências de ações aprendidas. Lesão na área de Broca: afasia. córtex pré-frontal: principal função: planejamento e análise das conseqüências de ações futuras, estando relacionado com comportamento.
3 Lobos frontais: correlações anátomo-funcionais córtex pré-frontal Recebe informação de praticamente todo o córtex do hemisfério ipsilateral (áreas de associação dos lobos parietal, temporal e occipital e áreas multimodais) e também do córtex pré-frontal contralateral (através do corpo caloso); Conexões com o sistema límbico, córtex pré-motor, formação reticular, hipotálamo, amígdala, hipocampo, estruturas subcorticais,...
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5 Lesões nos lobos frontais Podem comprometer estruturas do sistema límbico, alterar a memória e outras funções. Podem ocasionar distúrbios do humor, conduta, caráter, atividade (lentidão) e distúrbios de atenção. Caso Phineas Gage (séc. XIX): relatado por Damásio (1996). 1ª vez que tornou-se evidente uma ligação entre uma lesão cerebral específica e uma limitação da racionalidade. Gage, 25 anos, eficiente e capaz no seu trabalho. Sofre acidente de trabalho: uma barra de ferro trespassa a base do crânio e atravessa a parte anterior do cérebro.
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7 Caso Phineas Gage (Damásio Damásio,1996). O restabelecimento físico de Gage foi completo. Gage deixou de ser Gage : modificação extraordinária da personalidade. Harlow (médico) relata: o equilíbrio entre suas faculdades intelectuais e suas propensões animais fora destruído (...) Mostrava-se se agora caprichoso, irreverente, usando por vezes a mais obscena das linguagens, o que não era anteriormente seu costume, manifestando pouca deferência para com os colegas, impaciente a restrições e conselhos quando eles entravam em conflito com seus desejos (...).
8 Caso Phineas Gage (Damásio Damásio,1996). Esse caso sugeriu que existiam sistemas no cérebro humano mais dedicados ao raciocínio do que quaisquer outros e, em particular, às dimensões pessoais e sociais do raciocínio. A observância de convenções sociais e regras éticas previamente adquiridas poderia ser perdida como resultado de uma lesão cerebral, mesmo quando nem o intelecto de base nem a linguagem mostraram estar comprometidos. Gage perdeu algo exclusivamente humano: a capacidade de planejar o futuro enquanto ser social.
9 Razão Humana (Damásio Damásio,, 1996) Depende de vários sistemas cerebrais que funcionam de forma coordenada. Tanto as regiões cerebrais de alto nível como as de baixo nível, desde os córtices pré-frontais até o hipotálamo e o tronco cerebral, cooperam umas com as outras. Os níveis mais baixos do edifício neurológico da razão são os mesmos que regulam o processamento das emoções e dos sentimentos e, ainda, as funções do corpo necessárias para a sobrevivência do organismo.
10 Razão Humana (Damásio Damásio,, 1996) Esses nível mais baixos cooperam para os desempenhos de mais alto nível da razão, da tomada de decisões e, por extensão, do comportamento social e da capacidade criadora. Emoção, sentimento e regulação biológica: desempenham um papel na razão humana.
11 Córtex Pré-Frontal Recebe informação do córtex sensorial de associação; Está muito ligado ao sistema límbico; Pode afetar o sistema motor. Lesões nesta região podem provocar déficits envolvendo as funções cognitivas, afeto, humor, comportamento social, movimento, alterações de personalidade e conduta. Diferença de dimensão do córtex pré-frontal do Homem em relação aos outros primatas.
12 Córtex Pré-Frontal Comprometimento de região órbito-frontal (basal): resulta em desinibição social, labilidade emocional, falha de julgamento, alegria inapropriada e estado de euforia exagerada. O decréscimo de inibição ao impulso pode estar associado a comportamento sexual inadequado (promiscuidade). Distúrbio de atenção, como distração, tanto quanto aumento da atividade motora e impulsividade também podem ser observados. A capacidade afetiva para direcionar o comportamento e motivação apresentam-se prejudicados.
13 Córtex Pré-Frontal Lesões órbito-frontais bilaterais: provocam alterações de personalidade. Prejuízo na região órbito-frontal esquerda: mudanças de personalidade caracterizadas por desinibição, julgamento pobre e irresponsabilidade.
14 Córtex Pré-Frontal Comprometimento de região dorsolateral: Déficits principalmente no controle, regulação e integração de atividades cognitivas. Dificuldade para focar e sustentar a atenção, Dificuldade de motivação, respostas tardias, memória de trabalho (operacional), flexibilidade mental, distúrbios na programação motora, redução de fluência verbal, déficits de raciocínio e funções executivas.
15 Lobo Frontal: Funções Memória: O lobo frontal ativa-se durante a execução de provas de memória (codificação, evocação). Pacientes com lesão frontal não apresentam problemas de reconhecimento. Face dorso-lateral envolvida. do córtex frontal parece mais Memória de trabalho: Memória de trabalho: série de informações que, temporariamente, está sendo processada e será usada para guiar uma ação futura.
16 Lobo Frontal: Funções Atenção: as provas de atenção sustentada provocam ativação da face interna dos lobos frontais (relacionada à circunvolução do cíngulo). Déficits atencionais envolvendo atenção seletiva e capacidade para controlar e realizar mudanças atencionais são observados em pacientes com lesão frontal.
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18 Lobo Frontal: Funções Resolução de problemas: planejamento. A atividade proposicional humana requer a existência de uma lista de objetivos e um conjunto de ações estruturadas para atingi-los. É preciso ponderar os meios e os fins para tomar decisões. Tomada de decisões: prejudicada no caso de lesão frontal. Incapacidade de planejar, especialmente se o objetivo carecer de atividade abstrata.
19 Lobo Frontal: Funções Papel Inibitório sobre o comportamento: o lobo frontal teria o papel modulador da atividade espontânea, inibindo a atividade concorrente desnecessária. Pacientes com lesão frontal: Tendência à imitação (ecolalia, imitação de gestos - posturas em espelho); Imitar é uma atividade espontânea do comportamento humano, mas carece de inibição. Perseveração: pode ser decorrente da falta de inibição. Ex. nomeação: o doente nomeia bem um lápis quando lhe é mostrado, mas quando lhe é mostrado outro objeto, ele volta a dizer lápis.
20 Funções executivas Envolvem formulação de um objetivo, antecipação, planejamento, monitoração e desempenho efetivo. Componentes: vontade planejamento: exige capacidade para avaliar alternativas, fazer escolhas e estudar idéias necessárias para o direcionamento da realização do plano. ação proposicional desempenho efetivo em um comportamento dirigido a objetivos.
21 Motivação, consciência de si próprio consciência) e consciência do meio (auto-consciência) Avaliados através da observação e entrevistas com o paciente e informações fornecidas por familiares. Falha na consciência de si próprio: a mais difícil de avaliar; provoca alterações no comportamento, emoções e pensamento.
22 Disfunção dos Lobos Frontais Podem haver alterações funcionais (organização das redes de neurônios) dos lobos frontais. Disfunção dos lobos frontais na sua conexão com o córtex do cíngulo. Déficits de atenção Devido a ausência da atividade tônica desta área sobre estruturas do córtex pré-frontal, não é possível a atenção mantida, ou seja, a inibição da tomada de atenção a estímulos irrelevantes para o desempenho da atividade que está em curso.
23 Disfunção dos Lobos Frontais Sintomatologia obsessivo-compulsiva. A hiperatividade desse sistema condiciona estes sintomas. A atenção se fixa num determinado elemento e não consegue ser desviada, condicionando a execução de mecanismos motores muitas vezes ritualistas. As síndromes obsessivo-compulsivas muito graves, quando francamente impedidos de vida de relação normal, só se consegue melhorar através de uma lesão cuidadosamente feita na face interna do lobo frontal, correspondente à parte anterior da circunvolução do cíngulo (Caldas, 1999).
24 Disfunção dos Lobos Frontais Esquizofrenia Evidências de pesquisas apontam para disfunção orgânica do cérebro. Métodos de neuroimagem: alterações estruturais no cérebro destes doentes em regiões do córtex pré-frontal e do córtex límbico. Não há ainda uma interpretação completa. Pacientes apresentam alterações de memória de trabalho e das funções executivas.
25 Os ventrículos laterais são maiores nos esquizofrênicos
26 Disfunção dos Lobos Frontais Depressão Alterações de memória, atenção, problemas de planejamento,... Estudos com PET: baixa atividade metabólica nos lobos frontais que reverte quando a sintomatologia depressiva reverte.
27 Considerações finais Os lobos frontais e, em particular a região préfrontal, são sede de diversos mecanismos complexos de integração de funções, ocorrendo em diversas regiões do cérebro. O vasto número de conexões do córtex préfrontal justifica a complexidade das funções que exerce.
28 Avaliação das funções executivas Vontade: entrevista sobre interesses, gostos, hábitos,... Função relacionada com personalidade. Planejamento e previsão: labirintos: o doente deve procurar o caminho certo entre dois pontos através de um trilho desenhado em papel em que se apresenta alternativas, umas conduzindo à solução certa, outras levando a becos sem saída.
29 Avaliação: disfunção frontal Wisconsin Card Sorting Test (WCST): instrumento de grande utilidade para medir a disfunção resultante de lesões do lobo frontal. Material: 60 cartões com figuras geométricas, que variam na forma, cor e número. Objetivo: medir a capacidade do examinado para compreender critérios abstratos de associação e de mudar de programa Pessoas com lesão frontal fazem mais erros de perseveração.
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