AS INQUIETAÇÕES OCASIONADAS NA ALFABETIZAÇÃO DE CRIANÇAS COM SÍNDROME DE DOWN NA REDE REGULAR DE ENSINO
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- Gabriela Viveiros Mangueira
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1 AS INQUIETAÇÕES OCASIONADAS NA ALFABETIZAÇÃO DE CRIANÇAS COM SÍNDROME DE DOWN NA REDE REGULAR DE ENSINO MORAES Violeta Porto Resumo KUBASKI Cristiane O presente artigo tem como objetivo colocar em pauta dois aspectos que atualmente têm proporcionado inúmeras inquietações no ambiente escolar. As questões sobre alfabetização e o que isso implica no dia-a-dia dos educadores no que diz respeito aos métodos e juntamente a isso a problemática da inclusão de crianças com Síndrome de Down na rede regular de ensino. E como essas questões estão influenciando diretamente numa modificação na prática dos professores que se encontram diante de um movimento que faz com que eles tenham uma atitude reflexiva, repensando e redescobrindo novas formas de ensinar. Visto que, é uma utopia pensar que as salas de aula são homogêneas e todos os alunos irão responder da mesma maneira, fazendo-se necessário uma resignificação do processo de ensino-aprendizagem. Quando a diversidade é encarada de uma maneira positiva dentro do contexto escolar torna-se um aspecto enriquecedor que favorece um ensino gerador de aprendizagens de qualidade. A presença de alunos com necessidades educativas especiais na sala de aula comum propicia um ambiente desafiador, levando o professor a pensar nas diferenças, oferecendo variadas intervenções que beneficiarão todos os alunos; no qual a aprendizagem torna-se um processo de construção e não apenas a mera reprodução de conhecimento. No ambiente inclusivo é percebido o potencial de cada um, sendo respeitado o tempo de evolução dos alunos, exigindo atividades contextualizadas que despertem o interesse e atendam as diferentes necessidades dos alunos. O professor irá descobrir maneiras de tornar o conteúdo mais compreensível, utilizando materiais atraentes e acessíveis, buscando sempre romper com barreiras que venham a impedir o processo de inclusão escolar. Palavras-chave: Alfabetização. Síndrome de Down. Diversidade. Inclusão Introdução O assunto alfabetização tem provocado inúmeras polêmicas no contexto escolar, pois é no início da escolarização que ocorrem os maiores índices de repetência e como conseqüência a evasão escolar.
2 5308 Juntamente a essa problemática tem-se a questão da inclusão escolar, de alunos com necessidades educativas especiais, em especial crianças com Síndrome de Down, na rede regular de ensino, que vem provocando inúmeras inquietações no que diz respeito a essa questão. Sendo assim, os professores, além de estarem numa incessante busca de receitas para uma melhor maneira de alfabetizar, dizem-se despreparados para receberem em suas salas de aula esses sujeitos que, na maioria das vezes, necessitam de metodologias adequadas às suas necessidades. É necessário que o professor tenha claro que: Dificilmente as crianças são iguais; que há diferença entre os indivíduos de certo grupo e que estas são fundamentais, pois sem essas desigualdades não seria possível troca e, conseqüentemente, o alongamento das capacidades cognitivas pelo esforço partilhado na busca de soluções comuns. (GIANCATERINO, 2007, p. 57) A questão da alfabetização: um método ou uma construção? Em todo o processo de ensino-aprendizagem o professor é visto como um elemento fundamental para que essa aprendizagem se concretize. Os professores ainda têm muito presente em seus discursos, que em seus respectivos cursos de graduação não foram devidamente ensinados a maneira de alfabetizar seus alunos. Estão sempre numa busca de receitas e métodos que venham a facilitar sua prática. Acostumaram-se às cartilhas e aos métodos de alfabetização, em que apenas seguiam um modelo e tornavam o processo de leitura e escrita uma técnica de transcrição e repetição de algo já elaborado e totalmente descontextualizado da realidade do aluno. Os professores precisam compreender que a escrita é um processo de construção. Baseado nos estudos de Emilia Ferreiro e Ana Teberoski a criança passa por uma evolução no processo de construção da lecto-escrita. Partindo dessa perspectiva, o professor precisa conhecer as concepções que a criança desenvolve a respeito da língua escrita enquanto está construindo suas hipóteses e que tenha consciência de considerar os erros dessa criança como algo positivo no momento em que ela está em processo de apropriação de um código.
3 5309 Tão importante quanto isso é considerar que não é a repetição que produz conhecimento, e que, para que o processo de aprendizagem da lecto-escrita seja interiorizado, os recursos utilizados pelo professor têm que ser significativos dentro do contexto da criança. Caracterizando a Síndrome de Down A Síndrome de Down é uma síndrome decorrente de um erro genético que acontece no momento da concepção ou no instante após, causando alterações no desenvolvimento e na maturação do organismo, inclusive nos aspectos relacionados à cognição. ASíndrome de Down se trata de uma alteração genética e os portadores dessa síndrome embora apresentem algumas dificuldades podem ter um vida normal e realizar atividades diárias da mesma forma que qualquer outra pessoa.(schwartzman, 1999). Com essa justificativa não se quer negar que esses sujeitos apresentam algumas limitações e que até mesmo serão necessárias condições especiais para o seu pleno desenvolvimento. Entretanto, independente das alterações cromossômicas e das características ocasionadas pelas mesmas, o meio passa a ter fundamental importância no que se refere ao desenvolvimento das potencialidades dos indivíduos com Síndrome de Down. Existem algumas características que estão intimamente relacionadas à síndrome, como por exemplo: comportamento calmo e afetivo, prejuízos intelectuais, distúrbios de comportamento, desordens de conduta e dificuldades generalizadas que afetam a linguagem, a autonomia, a motricidade e a integração social. É importante destacar que essas características variam de indivíduo para indivíduo, e também que apesar da Síndrome de Down, esses sujeitos terão características parecidas com seus pais como qualquer outra criança. De acordo com Pueschel nem toda a criança com Síndrome de Down exibe todas as características. Além disso, algumas são mais acentuadas que outras.
4 5310 Mesmo a Síndrome de Down sendo caracterizada como uma deficiência mental é impossível predeterminar até que ponto esses sujeitos irão se desenvolver. Por isso se faz tão importante estímulo de qualidade desde os primeiros meses de vida, para que sejam trabalhadas todas as suas potencialidades. A inclusão escolar e a criança com Síndrome de Down No paradigma atual de educação inclusiva é notável a criação de barreiras que impedem que esse processo realmente se efetive. Entre eles, o que tem maior destaque, está relacionado às atitudes dos professores diante dessa questão. Muitos são os motivos alegados pelos profissionais da educação de que não foram devidamente preparados para atender aos alunos com necessidades especiais. Porém, é necessário que o professor tenha consciência da importância que sua função tem diante desse momento, sendo ele o mediador das ações mais diretas no processo de inclusão educacional. Diante do exposto: A proposta de inclusão é muito mais abrangente e significativa do que o simples fazer parte (de qualquer aluno), sem assegurar e garantir sua ativa participação em todas as atividades do processo de ensino-aprendizagem, principalmente em sala de aula. (CARVALHO, 2006, p110). Forma-se, no corpo docente, professores que só trabalham com turmas homogêneas, colocando aos cuidados de outros profissionais tudo que possa vir a causar um desequilíbrio nas suas práticas, inexistindo uma colaboração entre os profissionais, mas sim um repasse de alunos. É preciso que haja uma reestruturação nos sistemas de ensino e que sejam elaboradas práticas pedagógicas adaptadas às necessidades individuais de cada aluno. Para que aconteça o desenvolvimento da autonomia do sujeito com Síndrome de Down, é necessário que sejam respeitados o ritmo do mesmo e que possibilitem a intervenção adequada em cada etapa do seu desenvolvimento. O professor da sala comum exerce papel de fundamental importância para que a inclusão realmente aconteça e não apenas a simples inserção do aluno com necessidades
5 5311 especiais numa classe regular. É necessário que haja uma adaptação pertinente, entendida como estratégias que venham facilitar o processo ensino-aprendizagem, a partir de modificações mais ou menos significativas no currículo escolar. Sendo de suma importância deixar claro que adequar o currículo às necessidades específicas dos alunos diz respeito a torná-lo acessível aos mesmos, o que é bem diferente de reduzi-lo. No momento em que o professor entende a importância da flexibilização de recursos no processo de ensino-aprendizagem, ele está proporcionando a todos os alunos que tenham autonomia dentro do contexto escolar e conseqüentemente em todas as esferas sociais. O professor da sala comum precisa ter amplo conhecimento de como se dá o processo de inclusão, para saber que em todos os momentos poderá lançar mão de recursos que auxiliem na sua prática, como por exemplo, o trabalho que pode construir em parceria com o profissional da educação especial. De acordo com a Política Nacional de Educação Especial, a educação especial atua de forma articulada com o ensino comum, orientando para o atendimento às necessidades educacionais especiais desses alunos. Se a escola utiliza uma abordagem educacional visando a humanização do processo de ensino, se ela vê cada aluno como uma pessoa com integridade individual, se expõe o aluno a forças que contribuirão para sua autorealização num sentido amplo, daí, então o indivíduo com Síndrome de Down terá oportunidade de se desenvolver plenamente neste contexto educacional. (PUESCHEL, 2006) Considerações Finais Diante de tantos medos e inseguranças nos processos de inclusão das pessoas com Síndrome de Down, juntamente com da alfabetização, vê-se a necessidade dos professores acreditarem que suas atitudes perante essa situação serão de grande influência na constituição desses sujeitos. É visto que o trabalho em equipe e a valorização das diferenças são fatores que impulsionam a escola para receber a inclusão educacional. Na realidade, o que se tem percebido é que:
6 5312 A necessidade dos professores localizarem, nos alunos, a origem das dificuldades de aprendizagem que manifestam na escola. De certo modo, torna-se mais cômodo admitir que são os culpados, eximindo-se de maiores responsabilidades todos aqueles que participam do seu desenvolvimento e aprendizagem. (CARVALHO, 2006, p121). Porém, torna-se, exigida uma mudança radical, em todos os níveis educativos e sociais, para tanto, GLAT (1995) afirma que: em suma, temos em nosso país um sistema de ensino público falido, com professores despreparados e mal remunerados, escolas funcionando em condições precárias e dirigentes ineficazes, quando não inescrupulosos. Portanto é imprescindível um maior investimento na formação continuada dos profissionais da educação como também de acordo com CARVALHO: A mudança de atitudes frente à diferença, com a conseqüente necessidade de repensar o trabalho desenvolvido nas escolas é, ao meu ver, uma barreira de complexa natureza, mais trabalhosa para ser removida pois se trata de um movimento de dentro para fora e isto leva tempo.(1996,p,121) É importante que tenham claro que o déficit cognitivo que esses indivíduos apresentam, devido a sua síndrome, não irá impedir que eles se alfabetizem, porém ela acarretará uma alteração no ritmo de suas aprendizagens. Visto que esse déficit não pode ser encarado como algo determinante para um futuro fracasso escolar, como também, um motivo para a descrença dos professores nas potencialidades desses sujeitos. Por isso, os processos de alfabetização precisam trazer significado para a criança, mostrando-lhe quão relevante é a alfabetização na construção da sua autonomia. É de suma importância, que o professor utilize uma metodologia adequada a realidade do contexto escolar no qual se encontram essas crianças. É preciso instigar o
7 5313 aluno, motivando-o para que ele conquiste sua autonomia no processo de apropriação da leitura e da escrita. REFÊRENCIAS CARVALHO, Rosita. Educação Inclusiva: com os pingos nos is. Porto Alegre. Ed. Mediação, FERREIRO, Emília; TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artes médicas, GIANCATERINO, Roberto. Escola, Professor, Aluno. São Paulo: Madras Editora, GLAT, Rosana. A integração social dos portadores de deficiência: uma reflexão. Rio de Janeiro: Livraria Sette Letras, PUESCHEL, Siegfrield. Síndrome de Down: guia para pais e educadores. São Paulo: Papirus, SCHWARTZMAN, José Salomão. Síndrome de Down. São Paulo: Mackenzie Memnon, 1999.
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