PROCESSO EDUCATIVO, DA SALA DE AULA À EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
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1 1 PROCESSO EDUCATIVO, DA SALA DE AULA À EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA Ariana Aparecida Soares Leonel 1 Ana Paula Ferreira 2 Natália Pereira Inêz 3 Frank José Silvera Miranda 4 RESUMO O presente estudo tem como objetivo descrever as experiências ocorridas na forma de ensino entre um grupo de calouros de enfermagem da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), e os alunos veteranos da mesma instituição, desenvolvido através de um projeto de tutoria. O processo de tutoria visa integração entre calouros e veteranos, bem como a formação pedagógica de ambas as parte. A disciplina apresentada como item da experiência foi, construída através da disciplina, Projeto Integrado de Práticas Educativas 1 (PIPE 1), que traz a discussão de temas relacionado ao contexto do processo de saúde-doença, sendo a disciplina ministrada por veteranos, incluindo a participação destes alunos na discussão do cronograma das atividades práticas e teóricas e também do processo de avaliação contribuindo assim para uma formação com abordagem holística e baseada nos pilares da educação do saber ser, saber conviver, saber fazer e saber aprender. Ao discutir os assuntos proposto pretendeu-se desenvolver a independência e autonomia dos alunos no seu processo de ensino, se tornando sujeitos de sua própria formação. A tutoria produz a interface dos alunos do primeiro período com outros alunos de períodos avançados, traduzindo-se na aproximação da vida acadêmica. Estas experiências têm como finalidade, capacitar todos os sujeitos envolvidos e também preparar os futuros profissionais para a docência sendo este item vivenciado intensamente pelos veteranos, por se tratar de um primeiro contato frente a uma sala, esta atividade instiga os alunos a enfrentar desafios de forma autônoma, assim como a busca de resolução de conflitos, sendo fundamental um exercício 1 Acadêmica do 4ª período do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Uberlândia 2 Acadêmica do 4ª período do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Uberlândia 3 Acadêmica do 4ª período do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Uberlândia 4 Professor Adjunto do curso de graduação em Enfermagem da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Uberlândia. Mestre em Enfermagem
2 2 técnico e bioético, estas ações sendo vivencias produzem experiências tanto para os tutores (veteranos), como para os alunos (calouros). Palavras-chave: Educação em enfermagem. Ética. Educação baseada em competência.
3 3 PROJETO E HISTÓRICO A disciplina nomeada de Projeto Integrado de Práticas Educativas 1 (PIPE1) busca desenvolver ao longo do curso atividades teórico-práticas que articulem as disciplinas de Formação Específica e de Formação Pedagógica assumindo, portanto, um caráter interdisciplinar, onde são trabalhadas as disciplinas Saúde Coletiva I e Enfermagem, Sociedade e Universidade. Prevê o desenvolvimento de ações didático-pedagógicas e reflexões sobre o processo ensinoaprendizagem nas áreas de atuação do Enfermeiro. As disciplinas abordadas são relacionadas à formação de um profissional ético, trabalhando também com aspectos históricos da enfermagem. As atividades do PIPE1 são desenvolvidas por meio de recursos visuais, visitas na comunidade, nas instituições de saúde e nas instituições sociais, onde o aluno realizará observação, análise e síntese de situações-problemas. Além disso, o aluno deverá elaborar questionários para levantamentos de dados, relatórios de visitas e de entrevistas, desenvolver apresentações de relatórios e utilizar os recursos disponíveis na biblioteca da Universidade Federal de Uberlândia e em banco de dados on-line. A disciplina é ministrada por tutores, que são alunos de períodos avançados. Por ser uma disciplina da grade horária do primeiro período do curso de graduação em enfermagem da Universidade Federal de Uberlândia, tem como pré - requisito para a escolha de tutores a conclusão da disciplina ou participação em Projetos de Extensão Tutoriais (PET). Esses alunos são coordenados por um enfermeiro responsável, geralmente, pela disciplina de Saúde Coletiva 1, porém os trabalhos de tutoria são realizados na ausência deste. Os trabalhos são desenvolvidos com os alunos através de encontros semanais, e de atividades que partem do conhecimento do processo saúde-doença e aspectos que envolvem esse conceito.
4 4 RELATO DE EXPERIÊNCIA Durante o primeiro semestre de 2010, trabalhamos semanalmente com os alunos do 1º período de enfermagem da UFU, sobre assuntos que circundavam o processo saúde-doença visando contribuir para sua formação técnico - cientifica e humana. Os temas abordados foram desde a definição do processo de saúde doença até fatos que interferiam neste, bem como possíveis intervenções para melhoria das condições de saúde. Utilizamos de recursos didáticos como cópias de artigos e manuais, vídeos, palestras e discussões orais. O início das atividades foi marcado pela indagação do que seriam saúde e doença no contexto de cada um, e principalmente o que eles buscavam fazer para obter a saúde. Essa atividade foi realizada através da divisão da turma em grupos e a exposição do conceito de cada um, que seria usado posteriormente para a conclusão de todo o processo de formação da educação no contexto de saúde-doença. Sempre que lidávamos com o que seria a definição de saúde e de doença, nos deparávamos com a busca pela explicação de um processo extrínseco um do outro, ou seja, que saúde se tratava da ausência de doença, e que a última era, portanto a ausência da saúde. Segundo Minayo (1988), as concepções populares de saúde e doença refletem a inserção do indivíduo em seu contexto material, e histórico que define então saúde-doença como um processo pluralista, ecológico e holístico. A partir dessa e outras referências é que propomos aos alunos atividades dentro das comunidades que investigavam o que representava saúde e doença para diferentes pessoas em diversos contextos sociais, econômicos e culturais, e distintas faixas etárias. Durante todo o desenvolver do nosso trabalho, em alguns momentos podemos perceber que os alunos da enfermagem chegavam dispersos e não conseguiam se localizar em meio a esse processo de formação, uma vez que esse é realizado tendo o aluno como sujeito da sua própria formação. Essa liberdade de o aluno ser o protagonista da sua formação é algo inesperado e que leva os calouros a ausência de um compromisso ético com a disciplina, não oferecendo a importância necessária para a compreensão do processo saúde-doença.
5 5 Acreditamos que a tutoria nos proporcionou uma experiência ampla no contexto das relações de ensino. Se tratando de atividades ligadas a docência, esse se caracterizou como o primeiro contato a frente de uma sala de aula, que nos fez enfrentar desafios de forma autônoma, buscando a resolução de conflitos assim como faríamos profissionalmente. Deparamos-nos no papel inverso ao que vestimos diariamente, ao invés de questionarmos o que trataríamos na aula seguinte, nós é quem respondíamos a esta pergunta e vivenciávamos situações como a necessidade de um planejamento de aula, e organização de todos material didático a ser usado. Outra atividade característica das ações de um docente é a avaliação, e esta nos exigia bastante dedicação, onde buscávamos avaliar um processo global, mas que se fazia de forma fragmentada a cada atividade desenvolvida. Toda essa responsabilidade de preparo e avaliação de aprendizagem alcança mais uma vez o conceito da ética nas relações de trabalho. Acreditamos que iniciamos a construção de um individuo ético desde a sala de aula, então não buscávamos apenas lidar de forma ética com todo esse processo, mas também transmitir parte desse conceito e sua importância para os calouros em cada momento sempre esclarecendo o porquê de cada decisão ou avaliação, e mesmo a liberdade para exposição de assuntos que devessem ser tratados com o conhecimento de todos.
6 6 AVALIAÇÃO DO PROJETO O projeto de tutoria é uma ótima porta para aqueles que pretendem vivenciar uma breve experiência das relações da docência. Apresenta a realidade diária da atividade de um professor desde a programação das atividades até sua avaliação. Outro aspecto importante dessa relação que também é vista durante a tutoria é o como lidar como os alunos no decorrer das aulas. Saber lidar com as dificuldades e a resistências de alguns alunos é de suma importância, uma vez que você deve durante as atividades envolver os conceitos de didática para que haja envolvimento desses alunos para a aprendizagem. Conseguimos apreender dessa experiência que a aula é um momento de relação entre dois sujeitos, que desenvolve a capacidade cognitiva, e reflexiva de ambas as partes, tendo esse momento então como a formação de educandos e educadores. Portanto, avaliamos como positiva a experiência com a tutoria desenvolvida com os alunos do primeiro período de enfermagem no primeiro semestre de 2010, que nos forneceu uma ampla visão sobre os conceitos de formação educacional.
7 7 REFERÊNCIAS Garcia, OG. A sala de aula como momento de formação de educadores e educandos. Revista de Educação AEC. 1997, 104: Hoffman, J. Avaliação formativa ou mediadora. O jogo do contrário em avaliação. 2005, Minayo, MCS. Saúde-doença: Uma concepção popular da Etiologia. Caderno de Saúde Pública; p. Pedagogia em Foco. O planejamento em educação: revisando conceitos para mudar concepções e práticas. Petrópolis; Universidade Federal de Uberlândia. Projeto Pedagógico das Disciplinas: PIPE I, Enfermagem, Sociedade e Universidade, e Saúde Coletiva I. Uberlândia: FAMED.
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