AVALIAÇÃO. Introdução à Neuropsicologia. Introdução à Neuropsicologia LINGUAGEM: AVALIAÇÃO 25/3/2015 AULA 2
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- Irene Faro Aquino
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1 AULA 2 LINGUAGEM: AVALIAÇÃO Professor Ms. Gleidis Roberta Guerra - Fonoaudióloga, Pedagoga e Psicopedagoga - Especialista em Distúrbios do Desenvolvimento - Mestre em Distúrbios da Comunicação Humana pela UNIFESP -- Docente dos cursos de especialização do CEPSIC AVALIAÇÃO 1
2 PERSPECTIVA CLÁSSICA ELABORAR UMA CLASSIFICAÇÃO DAS ALTERAÇÕES EM FORMA DE QUADROS SINDRÔMICOS ENQUADRAR OS PACIENTES EM FUNÇÃO DOS SINTOMAS QUE APRESENTAM DETERMINAR A LOCALIZAÇÃO E O TAMANHO DA LESÃO PERSPECTIVA COGNITIVA INTERPRETAR AS ALTERAÇÕES NA LINGUAGEM SOBRE A BASE DE MODELOS DE PROCESSAMENTO DA LINGUAGEM DETECTAR AS DIFICULDADES ESPECÍFICAS DE CADA PESSOA 2
3 AVALIAÇÃO Podemos dizer que estas duas formas de avaliar possuem objetivos complementares, e não excludentes Na prática clínica é comum empregar as duas orientações no intuito de ter uma visão mais ampla dos problemas do paciente AVALIAÇÃO CLÁSSICA OBJETIVO: buscar a existência de falhas em diferentes atividades e determinar qual é o nível de dificuldade do paciente PASSOS A SEGUIR: Seleção de uma bateria Aplicação e pontuação da execução Elaboração do perfil de resumo das pontuações das diferentes provas Escolha da tipologia ou designação do diagnóstico 3
4 AVALIAÇÃO COGNITIVA Analisar as tarefas que o paciente comete erros e quais o rendimento é adequado Buscar hipóteses correspondentes nos modelos de processamento linguístico Aplicar diferentes tarefas que serão interpretadas de acordo com estes modelos HABILIDADES QUE DEVEM SER VERIFICADAS Expressão Fala espontânea Iniciativa Quantidade, pertinência e clareza Fala automática (ex.: dias da semana, números, orações) Fala dirigida Coerência 4
5 Fluência da fala EXPRESSÃO Velocidade de fala, interrupções Presença de anomia, circunlóquios, parafasias... Organização e gramática Repetição Palavras Frases curtas Frases compridas voz/prosódia COMPREENSÃO Frases simples Frases complexas Provérbios, figuras de linguagem e ironias Frases longas Histórias Compreensão Prosódica 5
6 LEITURA Reconhece símbolos iguais e diferentes? Reconhece letras? Reconhece palavras? alta frequência, baixa frequência, não palavras, pseudopalavras Reconhece frases? frases simples, frases complexas Compreende textos? ESCRITA Organiza palavras em frases? Organiza sílabas em palavras? Organiza letras em palavras? É capaz de escrever o próprio nome, endereço? É capaz de escrever nome da figura? É capaz de escrever sob ditado falado? alta frequência, baixa frequência, pseudopalavras, não palavras Utiliza: letras em ordem; teclado;caneta 6
7 EM ADULTOS Escrita espontânea Escrita a partir de figura Escrita a partir de ditado Palavras alta frequência / baixa frequência Palavras regulares / irregulares / pseudopalavras Letras isoladas EM ADULTOS... Escrita automática Próprio nome / endereço Letras do alfabeto em ordem Números Frases simples / complexas Tipos de trocas 7
8 FUNÇÕES COGNITIVAS ATENÇÃO para o falante, para o ambiente, vigilância, durante a atividade MEMÓRIA OPERACIONAL Mantem a regra, mantem a pergunta enquanto elabora a resposta, usa a resposta anterior para elaborar nova resposta SEMÂNTICA Organiza o conhecimento, separa objetos por classe semântica, utiliza informações aprendidas para tomar decisões EPISÓDICA sabe buscar objeto já utilizado, aprende novas regras, utiliza experiências anteriores para tomar decisões FUNÇÕES COGNITIVAS FUNÇÕES EXECUTIVAS - Tem dificuldade em organizar a resposta, em inibir comportamentos PRAXIAS 8
9 INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO Protocolo Montreal-Toulouse de Exame de Afasia Módulo Standard Inicial versão Alpha Estudado na população brasileira por Ortiz (1993) 9
10 INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO Teste de Boston para o diagnóstico da Afasia (Goodglass e Kaplan, 1983) Estudado por Radanovic & Mansur (2002, 2004 e 2005) 10
11 INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO CONFIAS É um instrumento que tem como objetivo avaliar a consciência fonológica de forma abrangente e sequencial. Possibilita a investigação das capacidades fonológicas, considerando a relação com a hipótese da escrita (Ferreiro e Teberosky, 1991). Contribui para a prática na alfabetização e instrumentaliza profissionais de diferentes áreas tais como fonoaudiólogos, psicopedagogos, psicólogos e educadores, podendo também subsidiar pesquisas acadêmicas na área da linguagem, da psicologia cognitiva e da educação 11
12 INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO TESTE DE DESEMPENHO ESCOLAR (TDE) É um instrumento que busca oferecer de forma objetiva uma avaliação das capacidades fundamentais para o desempenho escolar, mais especificamente da escrita, aritmética e leitura. Indica de uma maneira abrangente, quais as áreas da aprendizagem escolar que estão preservadas ou prejudicadas no examinando. A faixa etária abrange a avaliação de escolares de 1ª a 6ª séries do Ensino Fundamental, ainda que possa ser utilizado com algumas reservas, para a 7ª e 8ª séries. 12
13 INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO BCPR - Este teste avalia o componente alça fonológica da memória operacional, relacionado a informações verbais. Os itens são apresentados numa sequência constante para todos os sujeitos, ditas pelo experimentador com a boca escondida por uma folha de papel para prevenir a leitura labial. São dados três segundos para a criança tentar repetir a palavra. O experimentador fala as próximas pseudopalavras na sequência depois de permitir uma tentativa de repetição do item anterior. BCPR - Brazilian Children's Test of Pseudoword Repetition PSEUDOPALAVRAS JAMA RENCO PIBO VOLINHO GALVADO AMPISCO MURALITO COCARELO ENVASTADO BELINIDADE PARIPADURA APAPILADO 13
14 BATERIA MAC - Bateria Montreal de Avaliação da Comunicação Prosódia Linguística: sentenças simples, conteúdo neutro, três tipos de entonação linguística diferentes, num total de 12 frases. Pergunta, afirmação, ordem Prosódia Emocional: sentenças simples, conteúdo neutro, três tipos de entonação emocional diferentes, num total de 12 frases. Tristeza, alegria, raiva INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO SONS VERBAIS PA TA KA PA TA KA FA SONS NÃO VERBAIS INSTRUMENTOS REPETIÇÃO DE DÍGITOS ATÉ 6 ANOS 3 ELEMENTOS MAIOR 6 ANOS 4 ELEMENTOS 14
15 INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO EXAME DE PROCESSAMENTO AUDITIVO TESTE DE FALA COM RUÍDO ATENÇÃO SELETIVA FECHAMENTO AUDITIVO DICÓTICO DE DÍGITOS (TDD) ATENÇÃO SELETIVA FIGURA FUNDO VERBAL DICÓTICO NÃO VERBAL (TDNV) ATENÇÃO SELETIVA FIGURA FUNDO NÃO VERBAL SSI/PSI ATENÇÃO SELETIVA FIGURA FUNDO VERBAL E NÃO VERBAL TESTE DE PADRÃO DE FREQUÊNCIA (TPF) PROCESSAMENTO TEMPORAL ORDENAÇÃO TEMPORAL TESTE DE PADRÃO DE DURAÇÃO (TPD) PROCESSAMENTO TEMPORAL ORDENAÇÃO TEMPORAL TESTE DICÓTICO DE DISSÍLABOS ALTERADOS (SSW) ATENÇÃO SELETIVA FIGURA FUNDO RGDT PROCESSAMENTO TEMPORAL RESOLUÇÃO TEMPORAL MLD LOCALIZAÇÃO E LATERALIZAÇÃO LOCALIZAÇÃO CASOS CLÍNICOS 15
16 CASO 1 - GD Adulto, 55 anos de idade EM completo Teve AVC em 04/2010 ficou 12 dias hospitalizado Procurou atendimento 05/2010 já com alguma melhora espontânea Refere boa compreensão, escrita e leitura com dificuldade, dificuldade motora lado direito sem indicação para fisioterapia CASO 1 - GD Na avaliação apresentou dificuldade importante de expressão e compreensão, principalmente em nomeação, leitura e escrita Trabalho envolveu aspectos relacionados à linguagem expressiva, compreensão de frases e textos simples e complexos, leitura e escrita de palavras e texto Mantinha em maio/2011 dificuldade na evocação de palavras e na elaboração de narrativa escrita e/ou oral 16
17 No teste: CASO 1 - GD Dificuldade de correspondência entre palavras (oral) e figura Sem dificuldade em frases simples ou complexas Leitura em voz alta comprometida, não pronuncia as palavras e não compreende. Leitura em voz baixa sem dificuldade Dificuldade motora para escrita, omissão e substituição de grafemas CASO 1 - GD Incapaz de nomear figuras (anomia), porém demonstrava conhecimento do objeto Não manteve linguagem automática. Dificuldade em repetir palavras e sons Hipertonia de lábio superior e incoordenação de movimentos CONCLUSÃO: QUADRO DE AFASIA DE EMISSÃO 17
18 CASO 2 - MVM Criança com 7 anos de idade Queixa de dificuldade de alfabetização Hipótese alfabética, porém com dificuldades em leitura e escrita Alteração de processamento auditivo Teste aplicado: CONFIAS CASO 2 - MVM NÍVEL DA SÍLABA Maior dificuldade em rimas (final da palavra igual) NÍVEL DO FONEMA Dificuldade maior do que em sílaba Grande dificuldade em sílaba final Na segmentação utilizou sílabas RESULTADOS 77% sílabas 50% em fonemas 65,7% total Mínimo para o nível fonético de alfabetização 18
19 CASO 3 - BM Criança com 9 anos de idade Frequenta 4º ano de escola particular Dificuldade em algumas matérias Exame de processamento auditivo com alteração TESTE APLICADO: TDE CASO 3 -BM Durante o teste observamos: Troca de surda/sonora na escrita Tocas ortográficas Dificuldade em divisão Erros por falta de atenção Boa leitura, com dificuldade em algumas palavras 19
20 CASO 3 - BM RESULTADO DO TESTE ESCORE BRUTO: ESCRITA 19 (INFERIOR) ARITMÉTICA 14 (INFERIOR) LEITURA 66 (MÉDIO) TOTAL 99 (INFERIOR) ESPERADO PARA IDADE 22 / 13/ 58/ 93 CASO 4 - MS Adulto, 22 anos de idade Cursa psicologia em universidade particular Queixa de dificuldade em aprender/reter conteúdo Queixa de dificuldade de compreensão da fala, organização, planejamento de rotina Teste aplicado BATERIA MAC 20
21 CASO 4 - MS Interpretação de metáforas: Dificuldade maior apresentada e metáforas novas quando sem alternativas Sem dificuldade em evocação lexical Sem dificuldade em prosódia linguística e emocional Dentro do esperado no discurso narrativo, mas com certa dificuldade na execução da tarefa Dentro do esperado para compreensão de texto mas com dificuldade na execução CASO 4 - MS RESULTADOS INTERPRETAÇÃO DE METÁFORAS 29/40 (mín.32 média 35) EVOCAÇÃO LEXICAL 76 (mín. 31 média 61) PROSÓDIA LINGUÍSTICA 11/12 E 12/12 (mín. 9 e 11 média 11,3 e 11,8) DISCURSO NARRATIVO 20/29 (mín. 17 média 21) 21
22 CASO 4 - MS COMPREENSÃO DE TEXTO 10/12 (mín. 8 média 11) PROSÓDIA EMOCIONAL 11/12 e 12/12 (mín. 10 e 6 média 11,7 e 10,1) TESTE AINDA SERÁ CONCLUÍDO REABILITAÇÃO 22
23 RECUPERAÇÃO E REORGANIZAÇÃO CEREBRAL A recuperação das funções é possível porque a informação complexa está codificada em diversas regiões cerebrais A complexa representação cerebral das funções cognitivas possibilitam sua reorganização O processo de reabilitação deve se basear em reorganizar as funções do tecido cerebral que ficou sadio, muitas vezes desconectado de outros circuitos também sadios FATORES QUE INFLUENCIAM NA RECUPERAÇÃO A recuperação espontânea ocorre no primeiros meses após a lesão cerebral (3-6 ou 12 meses) O tratamento iniciado nesta época terá maior sucesso Quanto maior o tempo transcorrido, pior o prognóstico A etiologia também influi na recuperação Lesões mais extensas em zonas linguísticas tem pior prognóstico 23
24 PROPOSTA DE REABILITAÇÃO NAS AFASIAS TÉCNICAS: RESTITUIÇÃO significa recuperar a função. Depende da existência de tecido preservado capaz de assumir a função perdida SUBSTITUIÇÃO não está limitada pelo tempo ou momento da terapia, nem pelo tecido cerebral. Se foi perdida a função de nomeação, a substituição consistiria no uso de paráfrases no lugar de nomes OBJETIVO DA REABILITAÇÃO Melhorar a comunicação do paciente (nem sempre será a fala) Aumenta a autonomia e independência em AVDs Dar qualidade de vida 24
25 PROPOSTA DE REABILITAÇÃO NOS DISTÚRBIOS DE PROCESSAMENTO AUDITIVO Treinar os mecanismos fisiológicos alterados e as habilidades auditivas através de: TREINAMENTO AUDITIVO TERAPIA INFORMAL PROPOSTA DE REABILITAÇÃO NOS DISTÚRBIOS ESPECÍFICOS DE APRENDIZAGEM Trabalhar com o paciente as dificuldades de aprendizagem apresentadas, melhorando sua performance escolar Trabalhar aspectos cognitivos, de memória e atenção que influenciarão na aprendizagem 25
26 PROGRAMA DE REABILITAÇÃO AMBIENTE TERAPÊUTICO DOMICÍLIO CONSULTÓRIO FREQUÊNCIA DIÁRIA DUAS A TRÊS VEZES SEMANAL PROGRAMA DE REABILITAÇÃO Hierarquia de menor a maior complexidade; Não trabalhar apenas com a função isolada, aplicá-la nas AVDs para facilitar a generalização. Ex.1: classificação de figuras quanto classe semântica, organização da dispensa. Ex.2: associar figuras a ações e objetos reais 26
27 AVALIAÇÃO DO PROGRAMA A medida mais confiável parece ser a de mudanças nas AVDs, já que muitas vezes o desempenho em testes formais não mostra o ganho que o paciente obteve no dia-a-dia. No caso dos distúrbios, observar o desenvolvimento escolar, importante contato com a escola desde o início do atendimento. OBRIGADA gleidisguerra@hotmail.com (11)
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