TEA Módulo 4 Aula 2. Comorbidades 1 TDAH
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- Lúcia Alcaide Rodrigues
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2 TEA Módulo 4 Aula 2 Comorbidades 1 TDAH É uma das comorbidades mais comuns e mais preocupantes quando se trata do Transtorno do Espectro Autista porque leva a duas coisas fundamentais que podem atrapalhar na condução da criança com TEA: mascarar os sintomas do TEA, tornando o diagnóstico mais tardio; e também prejudicar a condução terapêutica, tendo em vista que a presença de comportamento desatencional e/ou hiperativo reduz o rendimento e a funcionalidade da criança nos ambientes estruturados (sociais e /ou acadêmicos). O TDAH é um transtorno neurocomportamental de natureza predominantemente genética que leva a excessivo déficit de atenção, hiperatividade e impulsividade e desencadeando significativos prejuízos tanto na área acadêmica quanto na área social e afetiva. A associação do TDAH com o TEA é de 37-85% dos casos, daí ressalta-se a importância de se abordar esta comorbidade para que possamos compreender como ocorre esse processo. Tendo em vista que o TDAH é um transtorno que aumenta consideravelmente a dificuldade do indivíduo focar em atividades que exigem regras, rotinas ou sequências de tarefas e leva a uma intensa hiperatividade na maioria dos casos, assim como também gera uma significativa dificuldade em seguir o tempo esperado para determinada atividade, fazendo com que seja um indivíduo muito impulsivo e agressivo, os sintomas de TDAH podem camuflar o TEA nos primeiros anos de vida. Esta sobreposição é muito mais comum em meninos, o que exige uma investigação mais adequada em relação a esses sintomas. Ambas as condições (TDAH e o TEA), levam a severos problemas de adaptação na escola, em ambientes sociais, em casa e em todos os processos comunitários que exigem engajamento e atividades com regras e rotinas. É possível perceber, com clareza, que há uma piora da apresentação do TEA quando existe o TDAH do tipo combinado, que é aquele onde há tanto o déficit de atenção quanto a hiperatividade e impulsividade pois as crianças se tornam mais agressivas, transgressoras e opositivo-desafiadoras.
3 Recentemente, foi publicado um excelente artigo na Revista Neurología, o qual versa exatamente sobre essa evidente preocupação que temos que cultivar relacionada ao fato de que o TDAH pode mascarar o quadro do Transtorno do Espectro Autista. Ainda, demonstra que 80% das crianças que tem Autismo com os sintomas de TDAH, tiveram diagnóstico de TEA somente depois dos 6 anos de idade e, isto, impõe barreiras ao tratamento específico dos sintomas-alvo do TEA, já que sabemos que pouco se pode fazer após os 5 anos de idade. Esta associação também aumentou em 17 vezes o fracasso de diagnóstico do TEA e os autores ressaltam que toda criança extremamente agitada antes dos 4 anos, requer levantar suspeita de TEA e investigar os seus sintomas por meio de escalas de triagem pois, em situações assim, o diagnóstico precoce do TEA é a prioridade. TDAH e Autismo O que ambas as condições têm em comum e o que as distingue? 1) Possuem diferenças tanto nos sintomas quanto na apresentação do perfil neurofuncional de transtorno mas com locais comuns de acometimento cerebral: Córtex Pré-Frontal (hipoatividade e baixa conectividade entre os neurônios e as áreas funcionais); isso também aparece no lobo temporal e parietal esquerdo; 2) Desatenção e problemas de comunicação social a criança com TDAH não presta atenção no que os outros falam, tem dificuldade de permanecer atenta durante um diálogo longo e no TEA isso também ocorre, mas de forma mais desagregadora e
4 fragmentada; 3) Pode haver uma oscilação de predominância na pré-adolescência e na adolescência - às vezes, pode ter mais sintomas autísticos vindo à tona do que sintomas de TDAH na adolescência. Já em fases infantis, mais sintomas de TDAH do que de Autismo; 4) São condições que costumam estar muito associadas, mas em algumas situações bem delimitadas em que se pode realmente tratar mais um do que o outro ajudando no processo global de funcionamento da criança. TDAH x Autismo Nesses pequenos lances clínicos é possível separar muito bem uma condição da outra. Mas, em muitas situações, o TDAH e o TEA podem ser o continuum de intensidade clínica que vai de uma para outra. Então, enquanto o TDAH está mais para déficit de atenção, hiperatividade, impulsividade e que, pontualmente, leva a problemas de interação social, no Autismo já se observa mais o problema de interação social (como marca), problemas de linguagem e os comportamentos repetitivos e restritos. Assim, olhando a figura abaixo, quanto mais os sintomas vem para o lado esquerdo, mais é TDAH; quanto mais os sintomas vão para o lado direito, é Autismo.
5 O que há em comum entre eles? 1) Ambos tem dificuldade de persistência motora tanto em um caso quanto no outro enquanto o TDAH é um problema mais de inibição motora, o Autismo está mais para um problema de planejamento motor e persistência; 2) Neurobiologicamente, afetam áreas fronto-parietais e estriatais que são áreas mais profundas do cérebro e que necessitam de irrigação adequada de dopamina, noroadrenalina e serotonina. Porém, ao passo que o TDAH afeta mais a dopamina e noradrenalina, o Autismo afeta mais a serotonina e dopamina; 3) Compartilham entre si bases genéticas com regiões cromossômicas sensíveis a ambas as condições - tanto no TDAH como no Autismo, observa-se alterações no cromossomo 2, 16, 17, 5 e 15; 4) Fatores de risco: história familiar, prematuridade, pré-eclâmpsia durante a gestação, doenças autoimunes e infecções maternas são riscos em comum; Tratamento Quando se fala da união do TDAH com o Autismo, percebe-se que o tratamento medicamentoso tem papel importante no tratamento. Em uma revisão feita em 2015, foi
6 observado que para o tratamento dos sintomas do Autismo, a Risperidona e o Aripriprazol são as medicações mais adequadas. Já para o controle dos sintomas de TDAH, especialmente o Metilfenidato e a Clonidina, são as medicações mais utilizadas. Dessa forma, muitas vezes é necessário associar essas medicações para o controle de ambas as condições, aliado, é claro, às abordagens terapêuticas existentes (comportamentais, ocupacionais, entre outras).
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