A NEUROPSICOLOGIA E O MEDO DA DOR
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- Thais de Sintra Capistrano
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1 FACULDADE DA SERRA GAÚCHA PÓS-GRADUAÇÃO PSICOTERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL PSICOTERAPIAS COGNITIVAS E NEUROCIÊNCIAS PROF. MS. DANIELLE IRIGOYEN DA COSTA A NEUROPSICOLOGIA E O MEDO DA DOR CASSIANA MARTINS Caxias do Sul, 29 de agosto de 2008
2 A NEUROPSICOLOGIA E O MEDO DA DOR A relação entre o corpo e a mente se inicia nas descobertas da Fisiologia Humana, em várias áreas de pesquisa científica, facilitando a compreensão destas relações e como as funções corporais periféricas influenciaram as funções centrais do sistema nervoso e do corpo como um todo. O organismo humano reage com modificações de suas funções influenciadas por motivações psicológicas. Os processos fisiológicos expressam todas as nossas emoções, através de processos fisiológicos (que resultam de interações musculares complexas, promovidos por impulsos nervosos de diversas estruturas complexas). Estes impulsos nervosos surgem em determinadas situações emocionais, que se originam da interação com outras pessoas. O processo que envolve a comunicação neural, para o equilíbrio físico e psíquico do sujeito, se processa na integração da neurociência e a psicoterapia. A neuropsicologia é a ciência que estuda a expressão do comportamento, abordando funções cerebrais e sua relação com o comportamento. As experiências subjetivas são determinantes na reciprocidade neural, no comportamento cotidiano. A percepção e interpretação dos fatos vivenciados são legitimadas pelo sistema nervoso central, com a modificação da nossa percepção há o desenvolvimento de novos circuitos neurais. A doença, a dor, o medo e o sofrimento são sinalizadores de que o SNC deva restabelecer a homeostase com procedimentos corretivos, pois é ele que se encarrega desta regulação. O aparato doloroso pode até ser o mesmo a nível orgânico, mas a percepção e a sensação da dor são diferentes, variando pela cultura e a história do indivíduo. A dor é uma entidade sensorial múltipla que envolve aspectos emocionais, sociais, culturais, ambientais e cognitivos. Ela varia sendo influenciada pelo aprendizado cultural, e pelo significado atribuído à situação nas experiências passadas e recordações. Por sofrerem de influências individuais, a dor e lesão orgânica não têm uma relação constante ou previsível. A relação entre a intensidade da dor e a gravidade de uma lesão nem sempre existe, pois a lesão pode ocorrer sem dor ou a dor sem lesão orgânica. A atenção, a ansiedade e distração são fatores que influenciam na percepção da dor. O medo é a forma como o corpo reage em uma situação de ameaça, seja ela real ou não. A nível cerebral, as estruturas responsáveis por iniciar a reação a estímulos amedrontadores são as amígdalas cerebrais, localizadas na região das têmporas inicia-se a relação com a dor. Elas enviam um sinal ao hipotálamo, região de controle do metabolismo, para que seja intensificada a produção de adrenalina, noradrenalina e acetilcolina. Em uma fração de segundos, a descarga dessas substâncias causa alterações no funcionamento de diversas partes do corpo. Na dor, a relação dor e glândulas endócrinas são parte das substâncias envolvidas na dor ou em sua modulação, tais como a serotonina, adrenalina,
3 noradrenalina, prostaglandina, estão intimamente vinculadas ao sistema endócrino e à ativação dos sistemas simpáticos. A amígdala fornece, aparentemente, uma "orientação afetiva", confrontando a informação atual e a experiência anterior, de tal maneira, que animais e homens são capazes de reagir adequadamente aos estímulos, segundo lhes são familiares ou não. O medo provoca uma aflição (ansiedade) desmedida e é acompanhado de sintomas físicos (falta de ar, sudorese, etc.). Os quadros de fobias e de pânico estão relacionados aos quadros de ansiedade patológica, de angústia e, principalmente, de depressão. A relação entre a neuropsicologia e o medo da dor só ficou clara após a leitura de alguns textos, pois há uma complexa rede de estímulos neurológicos que podem ou não ser percebidos como ameaçadores, e esta percepção podem ou não amplificar a dor. Mesmo que não haja motivo aparente, o medo torna o organismo mais propício à sensação da dor. O medo de sentir dor torna o sujeito mais suscetível à mesma. O medo de sentir medo pode ser entendido como uma dor psíquica. O sistema todo seria regulado por duas substâncias chamadas de neurotransmissores, a serotonina e a noradrenalina. São essas mesmas duas substâncias que se relacionam ao humor e às sensações de prazer e bem-estar. Para lembrar um fato ocorrido, o cérebro utiliza-se de fragmentos da memória carregados de emoções, reconstruindo a percepção do presente. Esta é dependente da leitura do fato e possíveis modificações da mesma, havendo a possibilidade da modulação e modificação da formulação da memória, no medo e na dor. Estudos comprovam que a dor pode existir com ou sem lesão, portanto a dor não depende da lesão orgânica, como acontece com o medo, pois ele pode não ter uma razão específica, ou um objeto direto. A sensação da dor é percebida de forma diferente em diversas culturas, bem como o medo. Percebe-se até a ausência do estímulo doloroso e não havendo ao menos transmissão de estímulos até o nível cerebral. Por exemplo, em indivíduos envolvidos em vários ritos característicos de suas culturas são capazes de suportar agressões orgânicas sem ao menos esboçarem sensação de dor ou medo. Um atleta, por exemplo, durante a execução de um exercício não percebe a dor, apenas após o mesmo. Algumas situações que causam medo em algumas pessoas, em outra são seu lazer, um exemplo são os esportes radicais, tais como: raffting, rapel, mergulho, entre outros. Dor e medo podem ser aprendidos, com uma relação direta e dependente às experiências de vida. Os efeitos da dor e do medo podem causar estresse, com efeitos psicológicos e orgânicos parecidos. O hipocampo parece proporcionar uma carta cognitiva em que as relações espaciais entre os objetos constituindo o ambiente, determinam a modalidade de certas reações de fuga ou busca de um esconderijo diante predadores perigosos ou rivais. A atenção é um dos fatores cognitivos mais importantes na percepção da dor: se uma pessoa concentra a atenção numa situação potencialmente dolorosa, tende a sentir dores mais intensas do que o normal. Em contraste com o efeito amplificador da atenção sobre a dor, a distração pode diminuí-la ou aboli-la. Constata-se comumente, a possibilidade de diminuir a dor, quando
4 a atenção é voluntariamente focada noutras situações, como jogos, filmes ou livros interessantes, têm proporcionado um remédio caseiro simples para a dor. As técnicas de respiração, técnicas de relaxamento, treinos de relaxamento utilizado pela Psicoterapia Cognitiva-comportamental, envolvem um processo psicofisiológico, no qual o psicológico e o fisiológico interagem e contribuem para que o sujeito controle seu próprio organismo. Controlar esses dois sistemas através do sistema respiratório e endócrino resulta, provavelmente, em uma ação sobre a dor e ao medo.
5 BIBLIOGRAFIA Ballone GJ -Medos, Fobias & Outros Bichos in. PsiqWeb, Internet - disponível em revisto em 2005 CAMINHA R. M. (et al). Psicoterapias cognitivo-comportamental Teoria e prática. São Paulo, 2003 GUYTON, A. Fisiologia Humana e o Mecanismo das Doenças. In: Tratado de Fisiologia Médica. Rio de Janeiro, GuanAbara, GRAEFF, F. Neurofisiologia da Dor. In: Drogas Psicotrópicas e seu modo de ação. São Paulo, EDUSP, LICO, M. C. Modulação da Dor. Ciência Hoje, 4(21):66-75, PORTO, Celmo C., Superinteressante, 2(10), 1994.
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