O julgamento teve a participação dos Desembargadores BORIS KAUFFMANN (Presidente) e ELLIOT AKEL. São Paulo, 01 de junho de 2010.

Transcrição

1 th.-,; V. pjúk-^i ** "i' ''" >*.. > ' * ' PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO ACORDAO/DECISÃO MONOCRÁTICA REGISTRADO(A) SOB N ACÓRDÃO I llllll MU llfll lllli uni uni um.,,,..,,.., Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento n , da Comarca de São Paulo, em que é agravante REDFACTOR FACTORING E FOMENTO COMERCIAL S/A sendo agravado AUTO POSTO ANTE LTDA. ACORDAM, em Câmara Reservada à Falência e Recuperação do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Desembargadores BORIS KAUFFMANN (Presidente) e ELLIOT AKEL. São Paulo, 01 de junho de ROMEU RICÜPERO RELATOR

2 j- i t* PODER JUDICIÁRIO Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo Seção de Direito Privado 1 Agravo de Instrumento n Agravante: REDFACTOR FACTORING E FOMENTO COMERCIAL S/A Agravado(s): AUTO POSTO ANTE LTDA. (MASSA FALIDA) Comarca: SÃO PAULO - 2 a VARA DE FALÊNCIAS E RECUPERAÇÕES JUDICIAIS VOTO N EMENTA - Falência. Habilitação de crédito. Origem de nota promissória. Titulo que foi emitido em garantia de mais de um contrato de adiantamento de recursos para várias empresas de um suposto grupo econômico. Inadmissibilidade de sua habilitação na falência de uma dessas empresas. Agravo de instrumento não provido. RELATÓRIO. Trata-se de agravo de instrumento interposto por REDFACTOR Factoring e Fomento Comercial S/A contra a r. sentença de fls. 160/162, que indeferiu a sua habilitação de crédito na falência de Auto Posto Ante Ltda., isso porque não estaria devidamente comprovada a origem da nota promissória. A agravante alega que se dedica à atividade de fomento mercantil (factoring) e, no âmbito de seu escopo social, foi procurada pelo Sr. Gustavo Lúcio Lauria, representante legal da agravada, <^3

3 2 que alegava não possuir recursos financeiros para aquisição de matéria prima para o desenvolvimento e manutenção de suas atividades empresariais. Foi então que a agravante celebrou com a agravada, e também com outras empresas das quais o mesmo Gustavo Lúcio Lauria era representante legal, um Instrumento Particular de Adiantamento de Recursos, no valor individual de R$ ,00 (cento e vinte mil reais), sob o compromisso de que os recursos fornecidos seriam utilizados exclusivamente no desenvolvimento das atividades empresariais das mencionadas empresas, que, por sua vez, cederiam para a agravante, em regular operações de fomento mercantil, os títulos de créditos decorrentes dessas atividades. Em garantia do cumprimento de referidos contratos de adiantamento de recursos, foi emitida uma nota promissória para cada contrato. Conforme previsto expressamente na cláusula terceira dos instrumentos, os recursos fornecidos pela agravante seriam destinados ao pagamento de contas em favor da Companhia de Gás de São Paulo, com vencimento em 13/07/2005. A matéria prima de que necessitava a agravada e demais sociedades, portanto, era o restabelecimento do fornecimento de gás combustível, prejudicado pela existência de débitos perante a fornecedora. Ademais, as partes ajustaram que a agravante fizesse diretamente o pagamento, em nome das empresas, e, posteriormente, depositasse a diferença entre os valores pagos e o valor dos contratos, em

4 conta corrente a ser indicada pela agravada. 3 Nessa esteira, a agravante efetuou o pagamento de 4 (quatro) contas de consumo da COMGAS, no valor total de R$ ,51 e a diferença de R$ ,49 depositou na conta corrente em favor da empresa GNV Centro Automotivo Ltda. entre a agravante e a agravada. Essa é, pois, a origem dos negócios celebrados Preparado (fls. 13/14) e instruído o recurso (fls. 15/163), que se processa sem pedido de efeito suspensivo, não houve resposta da massa falida e a douta Procuradoria Geral de Justiça, em parecer do Dr. Alberto Camina Moreira, opinou pelo não provimento (fls. 168/170). FUNDAMENTOS. O parecer da douta Procuradoria Geral de Justiça, com o brilho de seu prolator, deve ser encampado como razão de decidir e merece transcrição no essencial: "1. O primeiro ponto a ser evidenciado é o de que para o requerimento de falência não há necessidade de demonstração da origem do crédito; basta o título executivo protestado. A lei satisfaz-se com a impontualidade, de que se valeu a recorrente para postular, com êxito, a quebra. Já para a habilitação, ainda que para o credor autor do pedido de falência, e que estava dispensado de <ôc>

5 4 demonstrar a origem, a sua, agora, demonstração é obrigatória. Esclarece Trajano de Miranda Valverde, Comentários à lei de falências, v. I, 2 a Ed., Rio de Janeiro, Forense, 1955, p. 229: "Deve a declaração conter a origem do crédito. Essa exigência é de suma importância e se acha consagrada nas legislações falimentares. É um meio fácil de controlar a legitimidade dos créditos. O credor que não explica satisfatoriamente a causa ou origem do seu crédito, ou lhe atribui causa diversa, deve ser excluído. Por origem se entende, em princípio, o negócio, o fato ou as circunstâncias de que provém a obrigação do falido". A exigência diz respeito à segurança do processo falimentar, dada a enorme facilidade de criação de títulos de crédito, especialmente cheques e promissórias. Nos termos do inciso II do artigo 9 o da Lei /05, a demonstração da origem do crédito continua sendo obrigatória na habilitação de crédito. 2. Por segundo, e demonstração concreta, tem-se que a recorrente pagou fatura de gás da falida no valor de R$ ,22 e essa prática, sobre contar com previsão contratual (fls. 85, cláusula primeira), está confortada com a cópia de fls. 124, que atesta o pagamento da conta. Trata-se, portanto, de execução do contrato entre as partes, que resultou em claro benefício para a falida. A posse de referido documento, quitado, juntado por cópia, é suficiente para atestar o pagamento pela recorrente. Não há, entretanto, previsão de subrogação (convencional) no crédito em questão, nem enquadramento rigoroso nas situações descritas nos artigos do CC.

6 5 Possivelmente não seja o caso mesmo de assim considerar, diante do contrato de fomento. Sob esse aspecto, e porque a habilitação funda-se na nota promissória, abstrata, não há como se admitir, sequer, essa parcela do crédito, já que não há prova satisfatória da origem do crédito reclamado; a prova, aliás, é em sentido contrário, sob o aspecto formal, pois há comprovante de pagamento de dívida de outras empresas, não se podendo, para fins de admissão de crédito ao concurso, desconsiderar a personalidade jurídica do falido, em habilitação de crédito". Não há nada para acrescentar, sendo inadmissível que a agravante, que pagou contas de várias empresas de um suposto grupo econômico, queira habilitar, na falência de apenas uma delas, a nota promissória subjudice. Destarte, pelo meu voto, nego provimento ao recurso >ER<