PROCURADORIA-GERAL DO TRABALHO CÂMARA DE COORDENAÇÃO E REVISÃO

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1 Origem: PRT da 4ª Região Órgão Oficiante: Dr. Roberto Portela Mildner Interessado 1: Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região. Interessado 2: Banco Bradesco S/A. Assuntos: Meio ambiente do trabalho EMENTA: RECURSO. MEIO AMBIENTE. SEGURANÇA DO TRABALHO. LEGITIMAÇÃO CONCORRENTE AD CAUSAM DO SINDICATO PROFISSIONAL. AGÊNCIAS E POSTOS DE SERVIÇOS BANCÁRIOS. PORTA ELETRÔNICA DE SEGURANÇA INDIVIDUALIZADA. LEI MUNICIPAL. A teor de jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho, a própria entidade sindical denunciante possui legitimidade concorrente para intentar o remédio jurídico adequado perante a Justiça do Trabalho, haja vista que pode atuar como substituta processual da categoria profissional, a teor da previsão contida no inciso III do artigo 8º da Constituição Federal. Precedentes da CCR sobre legitimidade concorrente do sindicato profissional. Recurso administrativo conhecido, mas não provido. Promoção de arquivamento que se homologa. I RELATÓRIO Trata-se de recurso administrativo interposto pelo Sindicato dos Bancários de Porto Alegre, contra o indeferimento liminar de instauração de inquérito civil, nos autos da REP nº (fls. 13/17), autuada em razão de representação da referida entidade sindical noticiando onda de violência em agências e postos de atendimento bancários e o descaso do Banco Bradesco em 1

2 atender legislação municipal relativa à segurança dos trabalhadores e, consequentemente, da população, especificadamente no tocante à instalação de porta eletrônica de segurança individualizada e colocação de vidros resistentes a projéteis de arma de fogo. Em suas razões (fls. 21/24), o recorrente alega que o denunciado negligencia as medidas de segurança dos seus estabelecimentos o que prejudica a segurança e saúde dos trabalhadores bancários. Entende necessária a intervenção do Ministério Público para verificar as condições ambientais do trabalho e fiscalização do cumprimento da Lei Municipal nº 7.494/94 que exige a instalação de vidros e portas blindadas. Mantido o indeferimento (fls. 36/38), o Procurador Oficiante determinou ciência ao banco interessado que apresentou contrarrazões (fls. 44/67). Informou que a providência pleiteada pelo sindicato é objeto do mandado de segurança nº 001/ , em trâmite na 7ª Vara da Fazenda Pública do Foro Central da Comarca de Porto Alegre, impetrado pela FEBRABAN Federação Brasileira dos Bancos, questionando a eficácia e exigibilidade da citada lei municipal. Aduz existir ação civil pública ajuizada pelo Sindicato dos Vigilantes do Sul cuja tramitação encontra-se suspensa até decisão do mandado de segurança, com parecer ministerial nesse sentido, conforme cópia que faz juntada (fls. 47/63). É o breve relatório. II ADMISSIBILIDADE O recurso administrativo foi interposto dentro do prazo previsto no 1º do artigo 5º da Resolução CSMPT nº 69/2007. Portanto, dele conheço. 2

3 III - MÉRITO O apelo não merece prosperar, porquanto não vislumbro como reformar a promoção de arquivamento do feito. Como bem observou o Procurador oficiante, a própria entidade sindical possui legitimidade concorrente para intentar eventual remédio jurídico adequado perante a Justiça do Trabalho, com vistas à aplicação da Lei Municipal nº 7.494/94, no tocante à instalação de dispositivos de segurança nas agências bancárias, haja vista que pode atuar como substituta processual da categoria profissional, a teor da previsão contida no inciso III do artigo 8º da Constituição Federal, que assegura essa legitimidade de forma ampla e irrestrita, segundo já sedimentado na jurisprudência do Excelso Supremo Tribunal Federal. O TST reconhece a legitimidade dos sindicatos para esse fim, conforme demonstram os julgados abaixo, proferidos pela Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, cujas ementas exibem o seguinte teor: EMBARGOS. 1. NULIDADE DO ACÓRDÃO DA TURMA. ARGÜIÇÃO DE NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. Não se cogita da ausência de prequestionamento da matéria posta nos Embargos, com relação à Lei nº7.102/83, pelo que não se entende configurada a negativa de prestação jurisdicional e, via de conseqüência, a violação do art. 832 da CLT. 2. COMPETÊNCIA MATERIAL DA JUSTIÇA DO TRABALHO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. SEGURANÇA BANCÁRIA. INSTALAÇÃO DE PORTAS DE SEGURANÇA. O Tribunal Pleno desta Corte, em Sessão realizada em 03/03/2005, julgando o incidente de uniformização de jurisprudência, suscitado no E-RR /1997.3, decidiu no sentido de que a Justiça do Trabalho é competente para julgar matéria relacionada à segurança bancária. Conclui-se que se refere a interesse coletivo de natureza trabalhista, relativo à segurança, prevenção e meio ambiente do trabalho. 3. LEGITIMIDADE "AD CAUSAM" DO SINDICATO PARA PROPOR AÇÃO CIVIL PÚBLICA. Verifica-se do que dispõem os artigos 129, 1º, e 8º, inciso III, da CF/88, que há legitimidade concorrente do sindicato com o Ministério Público do Trabalho para a propositura da ação civil 3

4 pública visando a defesa de interesses difusos e coletivos. Incólume o art. 896 da CLT. Recurso de Embargos não conhecido. (E-RR , Relator Ministro: Carlos Alberto Reis de Paula, Data de Julgamento: 11/09/2006, Data de Publicação: 06/10/2006, sem negrito no original) EMBARGOS. ILEGITIMIDADE AD CAUSAM DO SINDICATO PARA PROPOR AÇÃO CIVIL PÚBLICA. Verifica-se do que dispõem os artigos 129, 1º, e 8º, inciso III, da CF/88, que há legitimidade concorrente do sindicato com o Ministério Público do Trabalho para a propositura da ação civil pública visando a defesa de interesses difusos e coletivos. COMPETÊNCIA MATERIAL DA JUSTIÇA DO TRABALHO EM RAZÃO DA MATÉRIA. SEGURANÇA BANCÁRIA. O Tribunal Pleno desta Corte, em Sessão realizada em 03/03/2005, julgando o incidente de uniformização de jurisprudência, suscitado no E-RR /1997.3, decidiu no sentido de que a Justiça do Trabalho é competente para julgar matéria relacionada à segurança bancária. Conclui-se que se refere a interesse coletivo de natureza trabalhista, relativo à segurança, prevenção e meio ambiente do trabalho. Recurso de embargos não conhecido. (E-RR , Relator Ministro: Carlos Alberto Reis de Paula, Data de Julgamento: 30/05/2005, Data de Publicação: 10/06/2005, sem negrito no original). Tanto é assim que estes autos noticiam a propositura de ação civil pública pelo SINDIVIGILANTES DO SUL contra algumas instituições bancárias visando a compeli-las ao cumprimento da Lei Municipal nº /2008, no tocante à instalação de vidros blindados em agências bancárias. O Ministério Público do Trabalho vem acompanhando a referida ação (ACP nº 443/ ), nela tendo oferecido parecer, conforme se verifica às fls. 47/63, inclusive no sentido da legitimidade ad causam da entidade sindical obreira. Portanto, em se tratando, como se trata, de segurança bancária, em que se admite a legitimidade concorrente do Ministério Público e não 4

5 excludente da atuação do sindicato profissional, o entendimento da Câmara de Coordenação e Revisão é no sentido de que o Órgão oficiante pode deixar de receber a denúncia ou de propor medidas judiciais cabíveis, dando ciência de sua decisão à entidade denunciante/co-legitimada, se esta apresenta plenas condições de promover a defesa do interesse coletivo. Nesse sentido, por exemplo, o deliberado nos processos CCR nº 1243/2011 ( ), CCR nº 6873/2011 ( ) e CCR nº 6878/2011 ( ). Assim, conheço do recurso, mas lhe nego provimento, homologando consequentemente a promoção de arquivamento. IV CONCLUSÃO À vista do exposto, voto pelo conhecimento do recurso administrativo e seu não provimento. Consequentemente, homologo a promoção de arquivamento. Brasília, em 19 de outubro de Antonio Luiz Teixeira Mendes Membro da CCR Relator 5