EMB. DECL. EM AC CE ( /01). RELATÓRIO

Transcrição

1 RELATÓRIO 1. Trata-se de Embargos Declaratórios interpostos pela FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE ESTADUAL DO VALE DO ACARAÚ- UVA, contra Acórdão da Segunda Turma deste TRF de fls. 526/528, nos autos de AC CE, que deu parcial provimento à apelação e à remessa oficial, para manter a gratuidade do ensino superior apenas aos alunos cujos familiares fossem isentos de imposto de renda, em julgamento ocorrido em , da lavra do eminente Desembargador Federal FRANCISCO CAVALCANTI, ementado da seguinte forma: CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. ENSINO SUPERIOR. UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ-UVA. COBRANÇA DE TAXAS AO CORPO DISCENTE. LEGITIMIDADE ATIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. GRATUIDADE DO ENSINO PÚBLICO EM ESTABELECIMENTOS OFICIAIS. ART. 206, IV, DA CF/88. EXCEÇÃO. ART. 242, DA CF/88. ADMISSIBILIDADE DA EXIGÊNCIA. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. RESPEITO. HIPOSSUFICIÊNCIA DE PARTE DO ALUNADO. DIREITO À PRESTAÇÃO GRATUITA. AFERIÇÃO POR CRITÉRIO OBJETIVO. FAIXA DE ISENÇÃO DE IMPOSTO DE RENDA. COMPATIBILIZAÇÃO DOS DIREITOS E INTERESSES CONSTITUCIONALMENTE GARANTIDOS. (Fls. 526/528). 1

2 2. Inconformada com o decisum supra transcrito, a embargante interpôs os presentes Declaratórios, alegando uma suposta contradição fundada no argumento de que foi reconhecida a legalidade da cobrança de taxas pela universidade ao corpo discente, entretanto o ilustre Relator criou um critério objetivo para a cobrança de taxas, vedando a mesma àqueles alunos cujos familiares fossem isentos de imposto de renda. 3. Pleiteia, deste modo, que a contradição seja sanada, resultando na atribuição de efeitos infringentes, com a reforma da decisão ora embargada. 4. Este é o relatório. 2

3 VOTO 1. O recurso de Embargos Declaratórios previsto nos arts. 535 a 538 do Código de Ritos, com a nova redação que lhe foi conferida pela Lei 8.950/94, possui a sua abrangência limitada aos casos em que haja obscuridade ou contradição na Sentença ou no Acórdão, ou quando for omisso ponto sobre o qual se devia pronunciar o Juiz ou o Tribunal. 2. A situação das universidades em nosso país é muito séria, pois ao mesmo tempo que necessitam, cada vez mais, de recursos particulares para se manterem, não se pode deixar de garantir o acesso à educação àqueles que não podem arcar com tais despesas, em vista disso, entendo que a possibilidade de cobrança de taxas pela embargante e o direito à gratuidade do ensino aos hipossuficientes podem conviver em harmonia. 3. Perlustrando os autos, destarte, verifico não haver a contradição alegada pelos impetrantes, pois conforme nos garante a Carta Magna através do princípio da igualdade, deve-se tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida de sua desigualdade; esta é a razão pela qual, ao meu sentir, o reconhecimento da constitucionalidade da cobrança de taxas pela UVA não vai de encontro à vedação de tal cobrança àqueles discentes integrados em grupo familiar isento de imposto de renda. 4. Isto posto, observo que as presentes alegações consistem em razões totalmente inaceitáveis em sede de Embargos de Declaração, podendo servir, eventualmente, para outras modalidades 3

4 recursais; em verdade, o que pretendem os embargantes, através dos presentes Embargos de Declaração, é rejulgar o recurso, pretensão para a qual estes declaratórios não se prestam, posto que sua aplicação se restringe às hipóteses elencadas no art. 535 do CPC. 5. Esta, inclusive, é a posição da jurisprudência do País, conforme evidenciam os seguintes julgados: São incabíveis embargos de declaração utilizados com a indevida finalidade de instaurar uma nova discussão sobre a controvérsia jurídica já apreciada pelo Julgador. (RTJ 164/793). * * * É incabível, nos declaratórios, rever a decisão anterior, reexaminando ponto sobre o qual já houve pronunciamento, com inversão, em conseqüência, do resultado final. Nesse caso, há alteração substancial do julgado, o que foge ao disposto no art. 535 e incisos do CPC. Recurso Especial conhecido em parte e assim provido. (RSTJ 30/412). 5. Ante às razões declinadas, tendo sido analisadas as questões postas em acórdão devidamente embasado, não existindo, portanto, contradição no julgado, entendo não assistir razão aos embargantes, motivo pelo qual conheço dos presentes Embargos de Declaração, mas lhes denego provimento. 6. É como voto. 4

5 ACÓRDÃO ADMINISTRATIVO. UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ-UVA. COBRANÇA DE TAXAS AO CORPO DISCENTE. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ALEGAÇÃO DE CONTRADIÇÃO. INEXISTÊNCIA. REDISCUSSÃO DA MATÉRIA. IMPOSSIBILIDADE. 1. Os Embargos Declaratórios possuem abrangência limitada aos casos em que haja obscuridade ou contradição na sentença ou no acórdão, ou quando for omitido ponto sobre o qual se devia pronunciar o Juiz ou o Tribunal (art. 535 do CPC). 2. São incabíveis Embargos de Declaração utilizados com a indevida finalidade de instaurar uma nova discussão sobre a controvérsia jurídica já apreciada. 3. Inexistindo omissão no julgado, denega-se provimento aos Embargos Declaratórios. Vistos, relatados e discutidos estes autos de EMB. DECL CE, em que são partes as acima mencionadas, ACORDAM os Desembargadores Federais da Segunda Turma do TRF da 5a. Região, por unanimidade, negar provimento aos presentes Embargos Declaratórios, nos termos do relatório, voto e notas taquigráficas constantes dos autos, que ficam fazendo parte do presente julgado. Recife, PE., 14 de junho de Napoleão Nunes Maia Filho RELATOR 5