REABILITAÇÃO URBANA NO CENTRO HISTÓRICO DE SALVADOR: PATRIMÔNIO CULTURAL, TURISMO E PARTICIPAÇÃO SOCIAL

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1 PAULA MARQUES BRAGA REABILITAÇÃO URBANA NO CENTRO HISTÓRICO DE SALVADOR: PATRIMÔNIO CULTURAL, TURISMO E PARTICIPAÇÃO SOCIAL Dissertação apresentada como exigência para obtenção do Título de Mestre em Urbanismo, ao Programa de Pós - Graduação em Urbanismo, da Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Orientador: Prof Dr Wilson Ribeiro dos Santos Júnior PUC-CAMPINAS 2008

2 Ficha Catalográfica Elaborada pelo Sistema de Bibliotecas e Informação - SBI - PUC-Campinas t711.4 Braga, Paula Marques. B813r Reabilitação urbana no centro histórico de Salvador: patrimônio cultural, turismo e participação social / Paula Marques Braga. - Campinas: PUC- Campinas, p. Orientador: Wilson Ribeiro dos Santos Júnior. Dissertação (mestrado) - Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Centro de Ciências Exatas, Ambientais e de Tecnologias, Pós-Graduação em Urbanismo. Inclui anexos e bibliografia. 1. Cidades históricas - Planejamento. 2. Cidades históricas. 3. Planejamento urbano - Salvador (BA). 4. Patrimônio cultural - Proteção. 5. Turismo - Salvador (BA). I. Santos Júnior, Wilson Ribeiro dos. II. Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Centro de Ciências Exatas, Ambientais e de Tecnologias. Pós-Graduação em Urbanismo. III. Título. 22.ed.CDD - t711.4

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4 À minha querida Vó Neta, leitora-escritoracuriosa, que me disse uma vez que nós temos o mesmo gosto maluco. Livros de gramática, estantes de livros e mapas antigos. Recortes de jornal e coleções de cartão postal. Todo meu carinho e minha admiração.

5 AGRADECIMENTOS A realização desta pesquisa não teria sido possível sem a ajuda e a participação de algumas pessoas às quais eu agradeço imensamente o apoio e o incentivo em cada etapa deste trabalho. Algumas delas já me acompanham há muito tempo, outras foram amizades recentes que a pesquisa me proporcionou. Em primeiro lugar devo agradecer à minha família, por todo carinho e atenção e por, apesar de todos os percalços que encontramos em nosso caminho, sempre terem colocado a educação e o respeito às minhas decisões em primeiro lugar. À minha mãe, Raquel, que me deu de presente a melhor oportunidade da minha vida. Conhecer, ainda criança, outros países, outras culturas, outras histórias. Por ter me ensinado a admirá-las e, sobretudo, respeitá-las. Porque foi este momento que definiu o que eu seria na vida e me fez chegar até aqui. Ao meu pai, Antonio Claudio, por sempre estar presente, mesmo quando foi preciso cruzar um oceano, por me incentivar a querer ser sempre melhor e, neste trabalho, por ter ido comigo a Salvador, em minha primeira viagem à cidade e, como se não bastasse, ainda ter me ajudado a catalogar as tantas fotografias que tirei. À minha irmã, Claudia, que além de ter me ajudado no tratamento das imagens depois de chegar cansada do trabalho, ainda teve a paciência de me ouvir resmungando do lado, quando o computador não funcionava. Ao meu namorado, Bruno, por sempre me acompanhar em todos os momentos e incentivar as minhas escolhas. Participando de tantos projetos, pesquisas e fotografias, virou quase arquiteto. E, ainda, por ter me acompanhado em minha segunda viagem a Salvador, abrindo mão de passeios para me acompanhar nas visitas. Agradeço também à Pontifícia Universidade Católica de Campinas, já uma segunda casa, depois de tantos anos de convivência, por ter contribuído na minha formação profissional. Em especial devo agradecer a dois queridos professores: À Profa Dra Maria Cristina Schicchi, pelas melhores aulas de projeto e patrimônio. Por, mesmo fazendo tantas coisas ao mesmo tempo, ter me guiado em meus primeiros passos na pesquisa, ao me orientar no trabalho de Iniciação Científica. Pelos conselhos, incentivo e amizade. Ao Prof Dr Wilson Ribeiro dos Santos Júnior, Caracol, que incentiva meu trabalho desde a pasta de DO no primeiro semestre do curso de Arquitetura. Por ter me orientado na realização desta pesquisa, com atenção, dedicação e paciência. Pela confiança, conselhos e amizade. Aos responsáveis pelas secretarias, bibliotecas e acervos consultados em Salvador, pela atenção e por terem sempre disponibilizado todos os materiais solicitados, separando-os para consulta antes mesmo da minha chegada à cidade, agilizando o trabalho. À Jecilda Mello, presidente da AMACH, por ter me convidado a participar da reunião da Associação e ter me acompanhado em visitas ao Centro Histórico. A todos os moradores do Centro Histórico de Salvador que me receberam em suas casas, pela confiança e hospitalidade. A Deus, que ao colocar todos em minha vida, tornou este momento possível.

6 A destruição da memória, da história, do passado é algo terrível para uma sociedade. A globalização deve assumir as histórias particulares anteriores, não as eliminar. Jacques Le Goff

7 RESUMO BRAGA, Paula Marques. Reabilitação Urbana no Centro Histórico de Salvador. Patrimônio Cultural, Turismo e Participação Social. Campinas, f. Dissertação (Mestrado) Curso de Pós-Graduação em Urbanismo, Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Campinas, A dissertação aborda aspectos relacionados a projetos de reabilitação urbana em áreas centrais históricas tendo como estudo de caso as intervenções iniciadas em 1991 no Centro Histórico de Salvador. O estudo deste tema, desenvolvido em duas vertentes, apoiou-se inicialmente no levantamento teórico-conceitual a respeito dos temas relacionados aos projetos de intervenção em áreas centrais históricas, buscando-se entender não apenas a natureza dos projetos de intervenção, mas também os caminhos que os justificam. Dessa forma, são apresentados, em um primeiro momento, aspectos relacionados ao processo de decadência e posterior valorização dos centros históricos das cidades, similares em muitas localidades, sobretudo como potencial econômico através da atividade turística. São analisados ainda os aspectos não previstos associados, como os impactos do processo de gentrification nessas áreas e suas repercussões sobre a população, a cultura local e o patrimônio imaterial. Discute-se também a questão da função social e as formas de gestão das áreas históricas. A segunda vertente da dissertação trata especificamente do Centro Histórico de Salvador, considerando os dados históricos de fundação e desenvolvimento da área, o processo de decadência e posterior valorização, ao ser reconhecido como Patrimônio da Humanidade pela Unesco. A aproximação com o objeto de estudo foca os objetivos e as ações promovidas nas diferentes fases de intervenção do Projeto de Recuperação do Centro Histórico de Salvador. Circunscreve o debate acerca dos resultados obtidos na fase inicial de implantação do Projeto de Recuperação como subsídio para a investigação das principais questões e aspectos relevantes que emergiram posteriormente no conjunto das transformações ocorridas na área. Agrega, por fim, considerações a respeito do futuro das intervenções dessa natureza, a partir do estudo do Centro Histórico de Salvador como a busca de alternativas para planos abrangentes e efetivos de intervenção em Centros Históricos que pressuponham e superem positivamente as contradições e dificuldades inerentes a esses processos. Termos de indexação: Centro Histórico, Gentrification, Participação Social, Patrimônio Cultural, Reabilitação Urbana, Salvador, Turismo.

8 ABSTRACT BRAGA, Paula Marques. Urban Renewal in the Historic Center of Salvador. Cultural Heritage, Tourism and Social Participation. Campinas, f. Dissertação (Mestrado) Curso de Pós-Graduação em Urbanismo, Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Campinas, This thesis analyzed urban-renewal projects in historic central areas, taking as a case study the interventions initiated in 1991 in the Historical Center of Salvador. The study of this theme, was developed along two lines. First, a theoretical-conceptual survey was carried out on subjects related to intervention projects in historic central areas, seeking to understand not only the intervention projects nature, but also the circumstances that warranted them. The first part treats aspects of the processes of decay and increase in value of city historic centers, which are similar in many localities, primarily through their economic potential from tourist activity. Not foreseen aspects associated with the increase in value, such as the process of gentrification impact in these areas and the effects concerning the population, the local culture and the immaterial patrimony, are also analyzed. Aspects of the social function and the ways to manage of the historic areas are discussed. The second line of investigation treats the Historic Center of Salvador specifically, considering the historical data of the founding and development of the area, the process of decay and the later increase in value when this part of Salvador was recognized by UNESCO as a World Heritage site. The accomplishment of this study focalize its objectives, and the actions carried out during the different phases of the Salvador Historical Center Recovery Project intervention. The debate about the results of this intervention in the initial phase of the Recovery Projetc implementation as a subsidy for research of key issues and relevant aspects that emerged later in the series of changes in the areas is also included. Considerations include regarding the future of interventions of this nature, based on the study of the Historic Center of Salvador the research of seeks viable alternatives for comprehensive and effective intervention plan in historic centers that require a positive and overcome the contradictions and difficulties inherent in these processes. Index terms: Historic Center, Gentrification, Social Participation, Cultural Heritage, Urban Renewal, Salvador, Tourism.

9 LISTA DE FIGURAS Página Figura 01. Mapa Quinhentista da Bahia de Todos os Santos e da Cidade de São Salvador. (CALMON, 1925, p. 45) Figura 02. No mapa acima, que representa os arredores de Salvador entre os anos de 1550 e 1570, podemos ver a representação da cidade como uma cidade-fortaleza. (SAMPAIO, 1949, s.n.) Figura 03. Este mapa, organizado segundo dados contemporâneos, representa a cidade do Salvador no final do século XVI, com indicação das linhas de fortificações no tempo de D. Francisco de Sousa. (SAMPAIO, 1949, s.n.) Figura 04. No Século XVI há a expansão da cidade, ultrapassando as portas de Santa Catarina e de Santa Luzia. (Sedur) Figura 05. O mapa acima representa a expansão da cidade no Século XVII, estendendose para além das portas de São Bento e do Carmo. (Sedur) Figura 06. Mapa da cidade do Salvador em 1894, que abrange áreas de Itapegipe (norte) à Barra e Rio Vermelho (sul). Segundo o mapa, a área densa da cidade se estendia do Carmo (norte) até São Pedro (sul), e ao Desterro e Barris (leste). (VASCONCELOS, 2002, p. 282) Figura 07. No século XVIII a cidade cresce no sentido norte - sul, para moradia das classes de alta renda, ultrapassando as ocupações, com uma nova configuração urbana nos bairros de Santo Antonio Além do Carmo e São Pedro. (Sedur) Figura 08. Salvador em 1956, a área densa concentra-se voltada para a Baía de Todos os Santos. (VASCONCELOS, 2002, p. 322) Figura 09. Mapa de localização do Centro Histórico de Salvador na malha urbana da cidade. (Sedur) Figura 10. As imagens mostram o grau de degradação das edificações do Centro Histórico de Salvador. A primeira delas corresponde a edificações localizadas no Largo do Pelourinho e as demais em seu entorno. (Sedur)... 63

10 Figura 11. O mapa acima apresenta a delimitação do Centro Tradicional de Salvador, composto pelo Centro Histórico e pelo Antigo Centro. (GOTTSCHALL; SANTANA, 2006, p. 18) Figura 12. Sub-áreas do Centro Histórico de Salvador. 1 (A 01), 2(A 01, A 02), 3 (A 02, B 03), 4 (C 04, C 05). (GOTTSCHALL; SANTANA, 2006, p. 22) Figura 13. Casa de Câmara e Cadeia. Edificação do entorno da Praça Municipal. Palácio do Visconde do Rio Branco. Elevador Lacerda. Vista da Praça Municipal, tendo ao fundo o Palácio e à direita o Elevador. Vista do Mercado Modelo e da Baía de Todos os Santos, na Cidade Baixa. (Fotos da autora, jul. 2007) Figura 14. Prefeitura Municipal. Imóveis degradados no entorno. Santa Casa de Misericórdia e Museu. Praça da Sé, à esquerda, casa do Bispo Dom Pedro Fernandes Sardinha. Imóveis recuperados no entorno da Praça da Sé. Estátua de Zumbi, na Praça da Sé. (Fotos da autora, jul. 2007, jun. 2008) Figura 15. Terreiro de Jesus, ao centro, estátua da deusa Séris da Agricultura. Catedral Basílica. Faculdade de Medicina. Igreja São Pedro dos Clérigos. Igreja de São Domingos. Edificações que compõem o entorno do Terreiro. (Fotos da autora, jul. 2007) Figura 16. Cruzeiro de São Francisco. Edificações que compõem o entorno do Cruzeiro (fotos 2 e 3). Igreja de São Francisco. Pátio interno do Mosteiro de São Francisco. Detalhe do Pátio. Igreja da Ordem Terceira de São Francisco. (Fotos da autora, jul. 2007) Figura 17. Largo do Pelourinho. Edificações que compõe o entorno do Largo (fotos 2 e 3). Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos. Museu da Cidade. Fundação Casa de Jorge Amado. (Fotos da autora, jul. 2007) Figura 18. Foto aérea parcial do Centro Histórico de Salvador. Os Espaços Públicos assinalados são: 1. Praça Municipal, 2. Praça da Sé, 3. Terreiro de Jesus, 4. Cruzeiro de São Francisco, 5. Largo do Pelourinho. (Conder) Figura 19. Ladeira do Carmo. Rua das Flores. Escadaria do Passo. Igreja do Carmo. Largo do Carmo. Rua do Carmo (fotos 6 e 7). (Fotos da autora, ago. 2007) Figura 20. Rua Direita de Santo Antonio. Rua dos Marchantes. Largo da Cruz do Paschoal. (Fotos da autora, ago. 2007)... 79

11 Figura 21. Mapa com a subdivisão do Centro Histórico a partir das dinâmicas de uso e ocupação dos espaços identificadas na pesquisa. 1. Área mais integrada às dinâmicas da cidade. 2. Centro Turístico. 3. Setor Carmo Santo Antonio. 4. Área degradada. (Desenho da autora) Figura 22. Rua do Bispo. Rua da Oração. Vista da área a partir de um imóvel na rua da Oração. Rua Guedes de Brito (fotos 4 a 7). Rua do Tijolo (ou Rua 28 de Setembro, fotos 8 e 9). (Fotos da autora, jun. 2008) Figura 23. Centro Histórico de Salvador. (Desenhos da autora. Fotos aéreas Seplam. GOTTSCHALL; SANTANA, Visitas a campo, jul. 2007, jun. 2008) Figura 24. Casa do Olodum. À esquerda, o imóvel em ruínas, em À direita, em 1988, após concluídas as reformas. (Ferraz, 1996, p. 290) Figura 25. À esquerda, Ladeira da Misericórdia em À direita, a Ladeira recuperada, em (Ferraz, 1996, p. 292, 293) Figura 26. À esquerda, casa localizada no Largo do Pelourinho onde seria implantada a sede a Fundação Pierre Verger. À direita, projeto para a recuperação da fachada. (Ferraz, 1996, p. 300, 301) Figura 27. Projeto de restauração e recuperação físico-ambiental para as fachadas na rua Alfredo Brito, Quarteirão 09 M, parte da sexta etapa de intervenção: 1. Recuperação e adaptação para realocação comercial. Imóvel em intervenção Obras complementares 4 a etapa. 2. Obras emergenciais Imóvel recuperado estruturalmente em Programa de estabilização e consolidação de estruturas Convênio: MINC (IPHAN) / Governo Estado da Bahia (IPAC). 3. Recuperação do Centro Histórico de Salvador 5 a etapa. Imóvel em intervenção. (Desenho / levantamento cadastral Luciano César, mar. 1997, Acervo IPAC) Figura 28. A Tabela de cores das prospecções das fachadas determina as cores a serem usadas na pintura das fachadas dos imóveis recuperados. (Governo do Estado da Bahia, IPAC, Conder, 1995, p. 88, 89)... 91

12 Figura 29. Estudo Tipológico para Restauração, imóvel localizado à rua João de Deus. Planta do pavimento térreo da edificação antes e após a intervenção. Reorganização dos espaços internos, demolição de divisões internas, recuperação da sua composição original e adequação ao sistema de águas e esgoto. (Intervenções do Setor Público, IPAC, 1996) Figura 30. Modelo de intervenção por quarteirão. (Governo do Estado da Bahia, IPAC, Conder, 1995) Figura 31. Fachadas de imóveis localizados no Centro Histórico de Salvador logo após a conclusão das primeiras etapas de intervenção. Um novo cenário no Centro Histórico. (Foto: Gildo Lima, In Centro Histórico de Salvador-Bahia. Pelourinho-A grandeza restaurada, p. 56) Figura 32. Ilustração feita com base no encarte de divulgação das etapas de intervenção do Programa de Recuperação do Centro Histórico de Salvador. (Conder) Figura 33. Placa abandonada da programação Pelourinho Dia e Noite. (Foto da autora, jul. 2007) Figura 34. Convite para participação na entrega do primeiro imóvel recuperado para habitação de interesse social no Centro Histórico de Salvador Figura 35. Desenhos de projeto, fachada e corte da habitação recuperada para habitação de interesse social. (Exposição de painéis no Encontro Nacional de Arquitetos, ArquiMemória3, Sobre Preservação do Patrimônio Edificado, Salvador, 08 a 11 jun. 2008) Figura 36. Edificação recuperada para habitação de interesse social, rua do Tijolo (Rua 28 de Setembro). (Fotos da autora, jun. 2008) Figura 37. Terreno localizado na esquina da Ladeira da Praça com a rua São Francisco. (Fotos da autora, jun. 2008) Figura 38. Novo slogan do Programa de Intervenção no Centro Histórico de Salvador. (Exposição de painéis no Encontro Nacional de Arquitetos, ArquiMemória3, Sobre Preservação do Patrimônio Edificado, Salvador, 08 a 11 jun. 2008)

13 Figura 39. Delimitação das áreas de abrangência do Antigo Centro. Poligonal de Tombamento IPHAN UNESCO (1984), Centro Histórico. Área de Proteção Rigorosa Municipal. Área Contígua à de Proteção Rigorosa Municipal. (Escritório de Referência do Centro Antigo) Figura 40. Cartão Postal com divulgação da nova linha de intervenção que, pretende-se, será implantada em Salvador

14 LISTA DE QUADROS Página Quadro 01. Obras executadas em monumentos tombados Quadro 02. Atividades a serem implantadas em cada etapa desta primeira fase Quadro 03. Distribuição espacial das atividades Quadro 04. Forma de divisão dos compromissos assumidos Quadro 05. Divisão da estrutura de funcionamento em 4 níveis de atuação

15 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS AMACH BID BNDES CAS CHS CONDER CULT = Associação dos Moradores e Amigos do Centro Histórico = Banco Interamericano de Desenvolvimento = Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social = Centro Antigo de Salvador = Centro Histórico de Salvador = Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia = Centro de Estudos Multidisciplinares em Cultura DESENBANCO = Banco de Desenvolvimento do Estado da Bahia EMBRATUR EPUCS IBGE ICOMOS IPAC IPHAN IPTU ISS MINC OEA PDDU SEBRAE = Instituto Brasileiro de Turismo (antiga Empresa Brasileira de Turismo) = Escritório do Plano de Urbanismo da Cidade do Salvador = Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística = Conselho Internacional de Monumentos e Lugares de Interesse Artístico e Histórico = Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia = Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional = Imposto Predial e Territorial Urbano = Imposto Sobre Serviço = Ministério da Cultura = Organização dos Estados Americanos = Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano = Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

16 SEDUR SEI SEPLAM SHU TAC UFBA UNESCO = Secretaria Estadual de Desenvolvimento Urbano da Bahia = Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia = Secretaria Municipal do Planejamento, Urbanismo e Meio Ambiente = Sítio Histórico Urbano = Termo de Ajuste de Conduta = Universidade Federal da Bahia = Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura

17 SUMÁRIO INTRODUÇÃO FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 1.1. Os Centros Históricos Da decadência à consciência da preservação Intervenções em Centros Históricos Projetos de Intervenção Urbana em Centros Históricos O processo de gentrification e suas conseqüências As Cartas Patrimoniais Função social e formas de gestão das áreas históricas ESTUDO DE CASO CENTRO HISTÓRICO DE SALVADOR 2.1. Fundação, Evolução Urbana e Desenvolvimento De área decadente à Patrimônio da Humanidade Delimitação do Objeto de estudo PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO DO CENTRO HISTÓRICO DE SALVADOR 3.1. Antecedentes Caracterização do Programa Fases de intervenção e primeiros resultados TENDÊNCIA À GENTRIFICATION E A BUSCA DE ALTERNATIVAS 4.1. Transformações na configuração da área Nova proposta de intervenção

18 5. CONCLUSÃO Novos caminhos para o Centro Histórico de Salvador? BIBLIOGRAFIA 6.1. Referências Bibliografias consultadas

19 INTRODUÇÃO

20 19 Esta dissertação teve por objetivo estudar aspectos envolvidos nos projetos de Reabilitação Urbana em Centros Históricos. Para tanto, foi escolhido como estudo de caso um dos mais abrangentes processos de intervenção em áreas históricas do Brasil, o Programa de Recuperação do Centro Histórico de Salvador, iniciado em 1991 e concentrado na região do Pelourinho, área de forte significação histórica e foco irradiador da cultura baiana. A escolha do Centro Histórico de Salvador como objeto de estudo justifica-se pela relevância histórica, pelo valor arquitetônico e urbanístico e pela forte identidade cultural que este conjunto apresenta. Acrescem-se a estes motivos o papel que o Centro Histórico ocupa na estrutura urbana da cidade e a atual dinâmica que se processa no mesmo. A área do Pelourinho, núcleo principal do projeto de intervenção iniciado no ano de 1991 pelo governo do Estado, encontra-se em processo de decadência. O tratamento do Pelourinho de forma destacada do restante do conjunto do Centro Histórico dificultou o processo de integração desta área à cidade e gerou problemas para sua auto-sustentação, até hoje em grande parte dependente de subsídios do Estado. Este quadro levou ainda à atual reformulação do projeto de intervenção, que propõe a busca de novas alternativas, especialmente a incorporação da participação popular no processo e a valorização do uso habitacional na área. Por outro lado, as áreas contíguas do Carmo e Santo Antonio, não incluídas no projeto original, passam por um intenso processo de reabilitação, com traços de gentrification, através da iniciativa privada, em particular a estrangeira. Dividido em etapas, o Programa de Recuperação do Centro Histórico de Salvador gerou conflitos de valores e de ordem social, alterando a composição social original da área devido à expulsão da população local, descaracterizando-a e transformando-a em um ambiente artificial.

21 20 Da mesma forma, diversos outros projetos de intervenção em áreas centrais históricas passaram a incorporar dentre seus objetivos, além da recuperação do patrimônio edificado, a melhoria de vida da população residente. Porém, o que se pode observar como um dos aspectos resultantes em muitos desses projetos de intervenção é o surgimento de um processo de enobrecimento ( gentrification ) dessas áreas que acarreta problemas como a expulsão da população local e a valorização do turismo acima das questões sociais (RUBINO, 2003). Os impactos da gentrification devem ser avaliados ainda em relação a outros aspectos que devem ser considerados tais como a sobreposição da cultura local pela cultura de massa e os efeitos provocados pelas transformações sobre o patrimônio imaterial. No caso de Salvador, este tema foi tratado de forma contraditória, colocando-se em campos antagônicos os autores que estudam o processo e os profissionais envolvidos na elaboração do projeto. Tem-se, por um lado, as manifestações de autores como Cantarino (2005) e Campello (1994) que, ao analisar os resultados das primeiras etapas de intervenção do projeto, denunciaram como efeito negativo o processo de gentrification. E, em contraposição, as publicações oficiais do Estado ressaltaram, como resultado, a melhoria das condições de vida da população. Estas questões permanecem hoje em discussão, com o confronto atualizado entre autores que acreditam que a gentrification é conseqüência necessária da intervenção urbana, nunca deixando de ocorrer e aqueles que defendem a tese de que existem possibilidades de reversão desse processo. Assim, a pesquisa pretende contribuir com estudos acerca da reabilitação urbana ao levantar a hipótese, que começa a se esboçar, de que os processos de gentrification não sejam processos inevitáveis e que possam existir novos caminhos para intervenções desta natureza.

22 21 Para que a análise destas questões se tornasse possível, o tema foi estudado, além das visitas a campo, tanto através do levantamento bibliográfico referente aos temas relacionados à teoria que envolve os projetos de reabilitação urbana, quanto através da análise da bibliografia específica referente ao projeto de intervenção no Centro Histórico de Salvador. Para complementar os estudos, foram ainda cotejadas algumas análises comparativas com outros projetos de intervenção, localizados nas cidades de Belém (Ver-o-Peso e Estação das Docas) e Recife (Bairro do Recife Antigo), possibilitando uma análise mais aprofundada de questões tais como a verificação das estratégias de intervenção utilizadas nas diferentes situações, os partidos de intervenção adotados nos diferentes casos, bem como os efeitos provocados sobre a dinâmica do lugar, a partir das transformações implementadas. A escolha destes projetos para análise comparativa deve-se às semelhanças que apresentam em relação ao Centro Histórico de Salvador. As três cidades escolhidas são cidades históricas, capitais importantes em nosso país e possuem um Centro Histórico bastante característico. A escala do projeto implantado nestas localidades e a importância funcional destas áreas na cidade também são semelhantes. O capítulo 1. que trata da Fundamentação Teórica busca compreender os conceitos e as teorias que permitiram embasar a análise do contexto das dinâmicas que ocorrem nos Centros Históricos que passam por processos de decadência urbana. Divide-se em três sub-itens. Em 1.1. Os Centros Históricos Da decadência à consciência da preservação, são analisados os fatores que levam ao processo de decadência dos Centros Históricos, as condições em que ocorre a revalorização dos mesmos e o reconhecimento da necessidade de preservá-los. No segundo sub-item, 1.2. Intervenções em Centros Históricos, são identificados alguns modelos de intervenção adotados em áreas centrais similares analisando os impactos que provocam sobre as áreas preservadas.

23 22 O sub-item 1.3. As Cartas Patrimoniais Função social e formas de gestão das áreas históricas aborda a contribuição das Cartas Patrimoniais para a formulação dos caminhos e estratégias de intervenção nos Centros Históricos. O segundo capítulo da dissertação, denominado 2. Estudo de caso Centro Histórico de Salvador, tem por objetivo caracterizar o objeto de estudo e descrever a trajetória de formação, decadência e valorização da área. Em 2.1. Fundação, Evolução e Desenvolvimento, busca-se compreender o processo de formação, o crescimento da cidade e as causas do processo de decadência do Centro Histórico, com destaque para o papel da população negra que ocupou e deu identidade à área. No sub-item seguinte, 2.2. De área decadente à Patrimônio da Humanidade, discute-se a decadência do Centro Histórico dentro do contexto de crescimento da cidade e a revalorização a partir do tombamento pelo IPHAN, principal órgão de preservação em nível federal no país, em 19 de julho de 1984, e o reconhecimento pela Unesco 1 como Patrimônio da Humanidade em dois de dezembro de Em 2.3. Delimitação do Objeto de estudo, estabelece-se a delimitação da área do Centro Histórico que se constituiu no objeto da pesquisa, a caracterização das sub-áreas que o compõem e a identificação das dinâmicas que ali se processam. No capítulo 3. Programa de Recuperação do Centro Histórico de Salvador são apresentados os objetivos, os princípios adotados para o programa de recuperação da área, bem como as ações promovidas nas fases de implantação do projeto. São analisados criticamente os resultados iniciais das intervenções e as posteriores mudanças na forma de condução do processo. 1 Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura

24 23 No capítulo 4. Tendência à gentrification e a busca de alternativas, são consolidadas as reflexões críticas sobre os vários aspectos que compõem o estudo, com ênfase nos efeitos da gentrification em Centros Históricos, a partir da comparação com os projetos similares selecionados, e na nova política proposta para equacionar a atual situação da área. O capítulo 5. Conclusão, intitulada Novos caminhos para o Centro Histórico de Salvador?, reúne as questões abordadas ao longo da pesquisa e levanta novas hipóteses a serem investigadas.

25 1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

26 Os Centros Históricos Da decadência à consciência da preservação A determinação de uma área como centro de uma cidade, segundo aponta Villaça (1998), é resultado do processo de movimento na cidade, determinado pelo fator acessibilidade e pela busca de minimização do tempo de locomoção. Nesse sentido, de acordo com a lógica dos deslocamentos, as melhores localizações seriam aquelas próximas ao centro, por permitirem percursos com menores distâncias. Foi esta a lógica que fez com que as famílias de classes mais altas, portanto com maior poder político e econômico que as camadas mais populares, pudessem determinar sua localização na cidade, estabelecendo-se mais próximas ao centro, que seria composto de duas partes, uma nobre e outra popular (VILLAÇA, 1998). Este processo ocorreria enquanto a maioria das pessoas de alta renda ainda trabalharia no centro. Porém, por volta da década de 1960, devido às novas condições de locomoção e à vulgarização do automóvel no Brasil, a vinculação entre centro e camadas de alta renda ficaria fragilizada, já que com o desenvolvimento dos meios de transporte, o centro deixa de ser o fator determinante para a diminuição das distâncias a serem percorridas (VILLAÇA, 1998, p. 279). O autor ressalta ainda que essas novas dinâmicas foram impulsionadas também pelas transformações ocorridas no Brasil na segunda metade do século XIX quando, devido à expansão dos empreendimentos, ocorre uma mudança nos hábitos de consumo.

27 26 Esse processo levaria à constituição de uma nova cidade metropolitana, caracterizada por um sistema de redes articuladas por pontos fortes de centralidades, definidos pela acessibilidade, que levariam ao enfraquecimento dos centros principais e ao surgimento de novos centros (BORJA; CASTELLS, 1997, p. 247). Em muitas das cidades que passaram por esse processo, os Centros Históricos são ainda hoje parte da área central, como será possível observar no caso da cidade do Salvador, porém, as dinâmicas que se processam nessas áreas são diferentes e muitas delas estão voltadas às atividades de preservação do patrimônio. Como exemplo de fatores que contribuíram para o processo de criação destes novos centros, Villaça (1998) aponta de um lado atividades que passaram a crescer mais fora dos centros, como bancos e cinemas, e de outro, atividades que abandonaram o centro, como a administração pública, através da criação dos centros administrativos na década de Os centros das metrópoles passaram, então, a ser compostos de várias sub-áreas, de acordo com a concentração de atividades do setor terciário, não havendo mais o centro composto de duas metades, mas sim um centro nobre, novo centro, e outro popular, centro velho, por volta da década de 1970 (VILLAÇA, 1998). Pode-se observar neste momento a formação de uma pluralidade de centros (culturais, religiosos, simbólicos, do mercado etc) (CARLOS, 2002, p. 194), caracterizando um tecido urbano fragmentado. O centro tradicional, convertido em centro velho, começou a se deteriorar devido ao abandono das edificações por parte das camadas de alta renda como local de emprego, diversão, lazer, atividades culturais, compras e moradia e tomada pelas classes populares (VILLAÇA, 1998).

28 27 O autor destaca que esse processo traria sérias conseqüências sobre as condições de vida das camadas populares. Isso porque, com a saída da população de alta renda dessa área da cidade, ela perde também os investimentos públicos, e sobretudo privados (VILLAÇA, 2003). Apesar dos centros das cidades ainda possuírem grande movimento e oferta de serviços, passaram a ter uma imagem negativa e parte da população, sobretudo de classes mais altas, já não freqüenta mais esta área. Ocorre a diminuição do crescimento dos centros e em alguns casos, um crescimento negativo (MARICATO, 2001, p. 25, 26). No Brasil, temos alguns exemplos da ocorrência desse processo, como no Rio de Janeiro (onde o processo se deu de forma menos aguda, na década de 1940, em Copacabana), São Paulo (criação da Paulista e Augusta, transformou o Triângulo em área popular), e a popularização em Belo Horizonte (Praça da Estação Ferroviária e início da rua da Bahia) e Salvador (Terreiro de Jesus e início da rua Chile) (VILLAÇA, 1998). Como resultado desta dinâmica, Carlos (2002, p. 193) aponta: (...) apropriação diferenciada do espaço por extratos diferenciados da sociedade. Com isto transforma-se, constantemente, o lugar e produz-se o estranhamento do lugar com a perda das referências. Nesta cidade difusa, apontam Borja e Castells (1997, p. 237) é necessária a realização de intervenções de grande escala, capazes de articular o território. Porém, quando realizadas de forma pontual, acabam por reforçar a segregação dos espaços e grupos sociais, levando ao que os autores chamam de guetização. Os centros tradicionais, ainda que transformados em centros velhos, continuaram a ter importância na estrutura urbana das cidades e, mais do que isso, mantiveram grande importância simbólica, apesar da má conservação dos edifícios patrimoniais, subutilizados ou mesmo sem uso algum.

29 28 Na década de 1980, os centros principais já estavam quase totalmente tomados pelas camadas populares. Aquilo a que se chama ideologicamente de decadência do centro é tão somente sua tomada pelas camadas populares, justamente sua tomada pela maioria da população. Nessas condições, sendo o centro realmente da maioria, ele é centro da cidade. (VILLAÇA, 1998, p. 283). O processo de abandono dos Centros Históricos levou à decadência e ao precário estado de conservação do patrimônio edificado. Contraditoriamente, possibilitou a manutenção de suas feições históricas e arquitetônicas originais, que passaram a representar um diferencial para as cidades e fonte de renda através do turismo. Contemporaneamente, paralelamente ao processo de decadência dos centros antigos, desenvolve-se a questão da preservação do patrimônio arquitetônico. Neste contexto, um dos aspectos mais importantes é a criação da Lista do Patrimônio Mundial, regulada pela Unesco. O procedimento para a inscrição de um bem 2 na Lista do Patrimônio Mundial, segundo esclarece Silva (2003, p. 99) ocorre em duas etapas. A primeira delas corresponde à elaboração, pelo Estado interessado, de um inventário do bem cultural e sua proteção em âmbito nacional. Finalizado este procedimento, a segunda etapa consiste no encaminhamento do pedido para análise, primeiramente pelo ICOMOS 3 e, em um segundo momento, ao Comitê do Patrimônio Mundial, que aceitará ou não a proposta. Em determinados casos, o Comitê condiciona a inscrição do bem na Lista do Patrimônio Mundial à regularização, pelo Estado interessado, das medidas necessárias à sua proteção. Os critérios para a inscrição de um bem na Lista do Patrimônio Mundial foram estabelecidos pelo Comitê do Patrimônio Mundial e seu objetivo é determinar se o bem inscrito possui valor excepcional. De acordo com Silva (2003, p. 93, 94), a maioria dos bens selecionados teve por base dois ou mais critérios, que são: 2 O termo bem designará um local, uma zona, um edifício ou outra obra construída, ou um conjunto de edificações ou outras obras que possuam uma significação cultural, compreendidos, em cada caso, o conteúdo e o entorno a que pertence. Carta de Burra (In CURY, 2004, p ). 3 Conselho Internacional de Monumentos e Lugares de Interesse Artístico e Histórico. Organização não Governamental fundada em Varsóvia, Polônia, no ano de Segundo Silva (2003, p. 79), (...) compete ao ICOMOS promover a teoria, a metodologia e a tecnologia aplicadas na conservação e proteção do patrimônio arquitetônico.

30 29 (i) - Representa uma realização artística única, uma obra-prima do gênio criativo humano ou; (ii) - Exerce grande influência, por um período de tempo ou dentro de uma área cultural específica do mundo, a respeito do desenvolvimento da arquitetura, das artes monumentais, do planejamento de cidades ou do modelo de paisagens, ou; (iii) - Representa um testemunho especial ou no mínimo excepcional de uma civilização ou tradição cultural desaparecida; (iv) - É um excepcional exemplo de um tipo de construção ou conjunto arquitetônico ou paisagem que ilustre significativo (s) estágio (s) da história humana, ou; (v) - É um exemplo excepcional de ocupação humana tradicional ou de uso de terra representativo de uma cultura 4 (ou culturas), especialmente quando se torna vulnerável sob o impacto de mutações irreversíveis; (vi) - É direta ou claramente associado com eventos ou tradições vivas, com idéias ou com crenças, com obras artísticas e literárias de importância universal excepcional (o Comitê considera que esse critério deve justificar a inclusão na lista somente em excepcionais circunstâncias ou aliadas a outros critérios). Segundo Fonseca (2005), no Brasil, foi na primeira metade do século XX que começaram a surgir as primeiras discussões a respeito da preservação, com Lúcio Costa e Mário de Andrade. A partir da década de 1920, a questão da proteção do patrimônio ganhou relevância no país, tornando-se lei na Constituição de No ano de 1937 é criado o IPHAN, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, e o tombamento passa a ser a proteção legal dos monumentos, criando-se legislações específicas para esse fim. 4 (...) a cultura deve ser considerada como um conjunto dos traços distintivos espirituais e materiais, intelectuais e afetivos que caracterizam uma sociedade ou um grupo social e que abrange, além das artes e das letras, os modos de vida, as maneiras de viver juntos, os sistemas de valores, as tradições e as crenças. Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural

31 30 Silva (2003, p. 120, 121) acrescenta ainda que a Constituição de 1946 estabelece que a proteção dos monumentos e demais bens de valor histórico e artístico fica a cargo do poder público. O autor ressalta ainda a grande mudança que representou a Constituição de 1988 para o tema da preservação, quando passa-se a utilizar o termo Patrimônio Cultural e há o abandono da noção de monumentalidade, presente nas constituições anteriores. A partir da década de 1960, os monumentos históricos já não representam senão parte de uma herança que não pára de crescer com a inclusão de novos tipos de bens e com o alargamento do quadro cronológico e das áreas geográficas no interior das quais esses bens se inscrevem. (CHOAY, 2001, p. 12) Segundo Choay (2001, p. 12, 13), a primeira Comissão dos Monumentos Históricos, criada na França no ano de 1837, estabelecia três categorias de monumentos históricos remanescentes da Antiguidade, os edifícios religiosos da Idade Média e alguns castelos. Tempos depois, as demais formas de construir, eruditas e populares, urbanas e rurais, todas as categorias de edifícios, públicos e povoados, santuários e utilitários foram anexadas. A autora acrescenta ainda que, com eles, novas denominações também surgiram: (...) arquitetura menor, termo proveniente da Itália para designar as construções privadas não monumentais, em geral edificadas sem a cooperação de arquitetos; arquitetura vernacular, termo inglês para distinguir os edifícios marcadamente locais; arquitetura industrial das usinas, das estações, dos altos-fornos, de início reconhecida pelos ingleses. (CHOAY, 2001, p. 12, 13) Dessa forma, o termo Patrimônio passaria a se referir não apenas às edificações isoladas, monumentais, mas também a conjuntos de edificações, cidades inteiras ou mesmo conjuntos de cidades. Em relação à inscrição de bens brasileiros como Patrimônios da Humanidade, Silva (2003, p. 99) aponta ter sido o governo federal, através do Ministério das Relações Exteriores, a propor a inscrição do Patrimônio Cultural das cidades brasileiras como Patrimônios Mundiais. Os dossiês encaminhados continham informações tais como: (...) nome do patrimônio e dos bens que o constituem, sua localização geográfica, as medidas de proteção e a justificativa de seu valor universal excepcional. (SILVA, 2003, p. 99).

32 31 As Cartas Patrimoniais também constituem importante instrumento para a compreensão e comprovação da importância da preservação dos bens patrimoniais. Pela leitura das Cartas pode-se perceber a evolução dos conceitos que envolvem esta questão. A primeira Carta é de 1931 (Carta de Atenas, Sociedade das Nações) e a mais recente de 2003 (Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial). As primeiras Cartas estão voltadas à questão do monumento e seu entorno imediato, estendendo-se mais tarde aos conjuntos históricos. Posteriormente, foram acrescentadas as questões referentes à qualidade de vida e os contextos culturais nos quais os bens preservados se inserem. Estas questões são mais bem abordadas nas últimas Cartas produzidas, nas quais se coloca a necessidade de preservação das culturas locais e do Patrimônio Imaterial. Em nosso país, esta questão é também ampliada aos centros e cidades históricas, com a criação de um termo específico 5 para o desenvolvimento de planos de intervenção em cidades, que estabelece conceitos básicos, princípios de atuação e procedimentos necessários a sua formulação, implementação, acompanhamento e avaliação. A visão de que a aplicação da legislação de proteção do patrimônio edificado desvaloriza a propriedade imobiliária e inibe o processo de modernização e verticalização vem mudando. Há aproximadamente duas décadas o patrimônio começou a ser visto como algo que pode ser reincorporado à economia de forma positiva, como fator de geração de renda e emprego e da valorização imobiliária. Esse processo levou à proposição de diversos projetos de intervenções em áreas históricas. 5 IPHAN, Ministério da Cultura. Plano de Preservação. Sítio Histórico Urbano. Termo Geral de Referência. Brasília, set

33 Intervenções em Centros Históricos Projetos de Intervenção Urbana em Centros Históricos A evolução dos conceitos que envolvem projetos de intervenção urbana em áreas que concentram patrimônio arquitetônico pode ser comprovada pela análise das terminologias utilizadas para classificar esses projetos e revelam a natureza e as diretrizes dos mesmos. Elas não são excludentes e geralmente não ocorrem de forma isolada. A valorização do patrimônio arquitetônico das cidades como fonte de renda através do turismo favoreceu o surgimento de uma série de projetos de intervenção em áreas históricas baseados, de modo geral, na recuperação dessas áreas e do patrimônio, na reinserção à dinâmica da cidade, na melhoria das condições sociais e de habitação da população e a valorização econômica. Muitas das intervenções que começaram a ser realizadas em áreas centrais tinham por objetivo o seu embelezamento, ou faziam parte de grandes projetos de renovação urbana, que na maioria das vezes alteravam de forma radical a configuração destas áreas. Essas ações buscavam atrair turistas e eram muitas vezes apoiadas pela própria população, motivada pela manutenção da identidade cultural da área. Porém, estudos realizados em diversas cidades sobre processos de intervenção em áreas centrais mostram que o resultado, na realidade, tem sido a perda do aspecto vivo da cidade.

34 33 Segundo Motta (2000, p. 262), a explicação para o objetivo dos processos de intervenção está relacionada à necessidade das cidades de participarem do processo de globalização e serem competitivas, com capacidade de se tornarem reconhecidas internacionalmente, e não ligada à questão da representatividade simbólica desse patrimônio para a nação. Segundo a autora: As áreas históricas, especialmente das grandes cidades, passaram a ser consideradas elementos importantes para a composição da imagem urbana diante do mercado globalizado. Representam a capacidade de ter história, de se situar na disputa entre cidades, equiparando-se na produção de imagens. As referências são locais, mas têm como alvo a disputa global. Elas devem atender à expectativa da comunicação e ao consumo que se alimentam de referências globais. No Brasil, em 1970, as políticas de recuperação de áreas centrais nortearam-se pela criação simultânea de duas entidades na estrutura do Ministério de Educação e Cultura, a Secretaria de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e a Fundação Pró-memória. Como resultado houve a ampliação do debate sobre os tipos e os propósitos das intervenções urbanas. O primeiro termo a ser utilizado para caracterizar projetos dessa natureza foi Renovação Urbana, na década de 1950, em referência às operações realizadas no pós-segunda Guerra, em áreas centrais européias remanescentes de bombardeios ou abandonadas (SCHICCHI, 2004). O termo seguinte, Revitalização, esclarece Schicchi (2004), estava ligado aos processos de decadência dos centros antigos e se consolidou na década de 1960 devido às primeiras leis de preservação de contextos urbanos. Este termo passou a ser criticado a partir dos anos 1980, quando sua utilização se revelou um equívoco. A terminologia utilizada para descrever essas intervenções, mais ou menos atentas à dimensão da população estreitamente vinculada ao local atingido, deve ser avaliada, na medida em que revela vieses conceituais capazes de explicitar os partidos de intervenção. Assim, o termo Revitalização deve ser tomado com grande cautela, pois quase sempre ignora a vida existente na área a ser afetada; Revitalizar, portanto, esconde um perigoso sentido de restituir algo a um local que, contraditoriamente, já o possui. (MARINS, 2004).

35 34 Carlos (2002) ressalta ainda que a revitalização promove a revalorização do solo urbano e dessa forma expulsa quem não pode pagar por ele, processo que viria a ocorrer em diversas cidades do mundo, como São Paulo, Salvador e Paris. Às ações de intervenção que tinham por objetivo a recuperação econômica e patrimonial das áreas históricas são dadas as seguintes classificações, Reconversão, Recomposição, Reciclagem e Reinvestimento. Àquelas preocupadas em intervir nos processos sociais existentes e não apenas restritas aos aspectos físicos e de valorização econômica, são dadas as denominações Regeneração, Reocupação e Repovoamento (SCHICCHI, 2004). Posteriormente, ações em conjunto, que buscam pensar o centro como um todo e não como setores, passam a ser classificadas como Requalificação, termo utilizado quando a intervenção não necessariamente retoma o uso que havia na área anteriormente ao processo, como por exemplo, a mudança de uso residencial para comercial. A intenção é dar outra qualidade ao lugar e, de modo geral, não faz referência à permanência ou não da população. O desafio proposto na requalificação urbana é o de dar especial atenção para a ampliação da oferta de moradias novas e reforma das existentes, para atrair a classe média e para manter nesses territórios os moradores dos cortiços que aí residem. (MARICATO, 2001, p. 12). O termo Reabilitação, mais recente, por sua vez, significa requalificar mantendo o que é de origem da área. O uso é pensado como um suporte às atividades e é valorizada também a arquitetura comum. A recuperação dos centros urbanos como vem sendo realizada hoje pode ser dividida em intervenção pontual, que tem o objeto arquitetônico como principal e outra, mais abrangente, com a estruturação do espaço determinada por objetivos maiores de inclusão social, revitalização econômica e preservação do patrimônio cultural, que deve ser entendida como inclusão do edifício na dinâmica da cidade, a melhor forma de preservação e compreensão de seu significado, não o restringindo a um objeto de contemplação, e tratando o conjunto histórico como parte da paisagem, e não uma paisagem à parte a ser recuperada.

36 35 Com freqüência, o edifício patrimonial apresenta relação passiva com a cidade e a população, transformado em centro cultural, o que na maioria das vezes não possui, de forma isolada, força suficiente para gerar a revitalização esperada para área central na qual se insere. No Brasil, foi principalmente a partir do final da década de 1980 que os projetos de recuperação e preservação dos Centros Históricos, associados a processos de reestruturação urbana, passaram a ser uma constante. Muitas vezes o modelo brasileiro se mostra uma cópia de modelos europeus, que são reproduzidos sem atender às condições ambientais e culturais específicas de cada localidade. Implantados em diferentes lugares, que possuem cada um suas peculiaridades, como edifícios de interesse histórico identificados com períodos anteriores que tiveram apogeu ligado a alguma atividade econômica específica, os projetos apresentam aspectos semelhantes por conterem grandes investimentos para o turismo. Em nosso país, o fenômeno da remodelação urbana é marcado por duas posições 6. A primeira defende a necessidade de reestruturação dos centros urbanos que se caracterizam pelo alto índice de violência, marginalidade e decadência das construções, exigindo a preservação do patrimônio histórico e investimentos culturais para evitar o empobrecimento da área após a recuperação. A segunda acusa as iniciativas de revitalização dos centros urbanos de produzir um processo de gentrification, o enobrecimento de locais anteriormente populares. A cultura é vista como captadora de investimentos que gera uma sociedade desigual, com a expulsão da população de baixa renda e revitalização em prol dos interesses econômicos das elites. Em geral, os projetos de intervenção em áreas degradadas têm tido um caráter bastante restrito de abrangência, efetuando-se em territórios delimitados e que, por isto, ao serem valorizados, acabam reforçando a segregação dos espaços, com exclusão das classes de renda mais baixa, sem adentrar-se muito nos problemas sociais que em geral estão presentes nas áreas históricas que permaneceram por muito tempo desvalorizadas. 6 Cidades. Prós e contras da revitalização de centros urbanos. Disponível em: < Acesso em: 16 fev

37 O processo de gentrification e suas conseqüências As atividades de intervenção que se processam nos Centros Históricos das cidades devem fundamentar-se na preservação do patrimônio edificado a eles associados, no fortalecimento da identidade cultural local e na salvaguarda do Patrimônio Imaterial. A ação de preservação do patrimônio histórico e arquitetônico é realizada através de atividades de restauro e reabilitação das edificações para torná-las compatíveis com os usos contemporâneos. A preservação da Identidade Cultural Local e do Patrimônio Imaterial está relacionada à manutenção das atividades cotidianas, de quem mora e trabalha nessas áreas, mas também das formas resultantes da interação dos visitantes com as mesmas. Neste sentido, deve ser dada especial atenção às formas de uso e ocupação que os projetos de intervenção propõem, sobretudo quando voltados principalmente para o turismo e o consumo. Para uma real reabilitação urbana é necessário que, além dos critérios funcionais, sejam atendidas as demandas políticas, sociais e ambientais, através de parcerias entre governo e população. A reabilitação de áreas centrais pode ser executada de diversas maneiras, considerando-se muitos fatores envolvidos e diversas variáveis e, entre estas, a reabilitação de áreas abandonadas e a restauração do patrimônio histórico e arquitetônico. A importância de se proteger os bens culturais de uma sociedade está vinculada à manutenção da identidade cultural. Arantes (1994) destaca o papel da memória como um importante vetor para atribuir valores e reconhecer espaços. Ao serem alteradas manifestações arquitetônicas e paisagísticas, para a valorização do patrimônio como um fator econômico, o indivíduo perde seus referenciais, essenciais para sua identificação com a cidade em que vive.

38 37 Destaca Simão (2006, p. 17): O papel da preservação do patrimônio cultural nacional extrapola, hoje, os limites da história e da memória, uma vez que começa a cumprir um papel econômico social. Processos de intervenção equivocados geram a morte dos Centros Históricos, promovendo seu esvaziamento, na medida em que expulsam sua população original para dar lugar à especulação imobiliária, a museificação destes centros, com destinos turísticos (JEUDY, 2005). Análises e estudos realizados hoje discutem, a partir dos resultados obtidos, a viabilidade dos projetos de intervenção urbana implantados. Muitos projetos de intervenção, devido à forma como foram conduzidos, acabaram por gerar diversos problemas relacionados à expulsão dos moradores e da população de baixa renda usuária do local e à transformação da cultura para atender a um turismo de massa, levando ao processo de gentrification, que acontece em muitas áreas, que sofrem intervenção com objetivos claros de promover o turismo. O termo gentrification, segundo Rubino (2003, p. 288), foi utilizado pela primeira vez pela socióloga inglesa Ruth Glass, ao relatar transformações ocorridas no centro de Londres. Gentrification designa um processo de enobrecimento de áreas que passam por processo de intervenção e acarreta problemas como a expulsão da população local (alteração de sua composição social original), geralmente de menor renda e mudanças de usos, a valorização do turismo acima das questões sociais e que leva ainda à transformação da cultura local em uma cultura de massa, pelo processo chamado de indústria cultural, descaracterizando-a. Sobre a expulsão da população de áreas que sofrem intervenção e geram processos de gentrification, Carlos (2004, p. 112) define: (...) Demolição dos lugares familiares, para a produção de novas formas urbanas, se realizam aprofundando a segregação pois expulsam a população inadequada, e destroem as referências como elementos definidores da identidade cidadão / cidade que sustenta a memória, pois impõe um novo tempo para a morfologia urbana, agora definida pela necessidade de produção do novo espaço dos serviços.

39 38 Utilizado em português como gentrificação, recebeu ainda a denominação de enobrecimento que, segundo Zukin (2000, p. 89) se desenvolve da seguinte maneira: Mesmo nos estágios preliminares do enobrecimento, a apropriação cultural é um processo que se dá em duas etapas. Primeiramente, um grupo social não relacionado de modo nativo à paisagem ou ao vernacular assume uma perspectiva de ambos. Em segundo lugar, imposição de sua visão convertendo o vernacular em paisagem conduz a um processo material de apropriação espacial. A respeito desse processo de apropriação dos espaços requalificados por outro grupo social, que lhe dá novos significados, Leite (2002) analisa: Os processos de gentrification (enobrecimento) reanimam os usos públicos dos espaços urbanos. Mas a questão fundamental é saber que tipo de uso público ocorre. Motta (2000) acrescenta que o enobrecimento cria uma nova forma de uso dos Centros Históricos, valendo-se do argumento da preservação e tirando partido de seu valor simbólico para transformar essas áreas em produto de mercado, resultando na sua apropriação cenográfica, denominada por ela de apropriação cultural dirigida. Deixa-se de lado o papel da cidade como objeto socialmente construído e o valor do seu patrimônio como fonte de crescimento. Nesse sentido, a manutenção da população para a preservação da cultura local é de extrema importância, já que os bens culturais não são portadores de uma identidade própria, mas dos grupos sociais que os compõe (MENESES, 1999, p. 93). É necessário dar as condições de apropriação desse universo simbólico por parte da população, quando se fala de uma política pública de preservação (FONSECA, 2005, p. 29). A transformação desses espaços em bens de consumo, que criam uma embalagem em torno do patrimônio cultural, como aponta Choay (2001, p. 226), exclui não só as populações locais mas também as atividades tradicionais e cotidianas gerando, de acordo com Carlos (1999, p. 25, 26), o estranhamento por parte dos moradores e um espetáculo ao turista, que com ele interage de forma passiva.

40 39 Sendo assim, podemos perceber que, do problema da expulsão da população local decorrem outros, também de extrema importância. As questões de identidade, cultura de massa, turismo e indústria cultural. Sobre o conceito de indústria cultural, destaca Choay (2001, p. 211): Por sua vez, os monumentos e o patrimônio histórico adquirem dupla função obras que propiciam saber e prazer, postas à disposição de todos; mas também produtos culturais, fabricados, empacotados e distribuídos para serem consumidos. A metamorfose de seu valor de uso em valor econômico ocorre graças à engenharia cultural, vasto empreendimento público e privado, a serviço do qual trabalham grande número de animadores culturais, profissionais da comunicação, agentes de desenvolvimento, engenheiros, mediadores culturais. Sua tarefa consiste em explorar os monumentos por todos os meios, a fim de multiplicar indefinidamente o número de visitantes (...). Carlos (1999, p. 28) esclarece que, ao expulsar a população local em prol da valorização turística e transformação do Centro Histórico em produto da indústria cultural, perde-se a singularidade da área. Segundo a autora: O espaço produzido pela indústria do turismo perde o sentido, é o presente sem espessura, quer dizer, sem história, sem identidade; nesse sentido é o espaço do vazio. Ausência. Não-lugares. Isto porque o lugar é, em sua essência, produção humana, visto que se reproduz na relação entre espaço e sociedade, o que significa criação, estabelecimento de uma identidade entre comunidade e lugar, identidade essa que se dá por meio de formas de apropriação para a vida. O lugar é produto das relações humanas, entre homem e natureza, tecido por relações sociais que se realizam no plano do vivido, o que garante a construção de uma rede de significados e sentidos que são tecidos pela história e cultura civilizadora produzindo a identidade. Aí o homem se reconhece porque aí vive. O sujeito pertence ao lugar como este a ele, pois a produção do lugar se liga indissociavelmente à produção da vida. O turismo utiliza-se da cultura local para poder se desenvolver porém, ao se sobrepor a ela e descaracterizá-la, esclarece Simão (2006, p. 97), ele perde sua razão de ser. O debate atual acerca dos projetos de intervenção em áreas históricas aponta que estas devem ser preservadas e reinseridas na dinâmica urbana das cidades das quais fazem parte. Há ainda uma idéia bastante difundida de que o destino turístico poderá ser o caminho natural para muitas dessas áreas.

41 40 Porém, existem aspectos que devem ser considerados quando se trata de valorizar a função turística como uso preferencial aos Centros Históricos, como a significação simbólica que desempenha para o conjunto da cidade ou mesmo em escalas maiores, a população residente, a cultura local e a mudança e usos. A função turística é um aspecto natural das áreas históricas, desde que estas estejam em funcionamento dentro da dinâmica urbana das cidades das quais fazem parte. As intervenções que visam a implantação de atividades específicas é que são colocadas de forma equivocada, pois retiram destas áreas sua condição cotidiana. A falta de atenção à manutenção da autenticidade local na tentativa de esconder os problemas e diferenças sociais para agradar ao turista é contraditória, já que os objetivos turísticos são justificados pelo aspecto particular da cultura local. Arquitetura, população, cultura e identidade são elementos que estão intimamente relacionados dentro do que se denomina conjunto histórico. É no espaço criado pelo conjunto arquitetônico que a população que habita a área manifesta a cultura daquele local, transformada e recriada com o passar do tempo. É também ali que o visitante, pela sua relação particular com a área e que tem origens distintas, participa de sua dinâmica e nela interfere. Estas formas de interação diversas é que por fim irão expressar, juntas, sua identidade e seu valor excepcional, constituindo seu Patrimônio Imaterial. A necessidade de preservação do Patrimônio Imaterial, e seu reconhecimento como valor fundamental das áreas históricas, da mesma forma como acontece com o patrimônio arquitetônico, pode ser observado em diversos documentos oficiais sobre o tema. Entre eles, os critérios para a inscrição de um bem como Patrimônio mundial. O item (vi) dos critérios relativos à inscrição de um Bem como Patrimônio Mundial, ao assegurar a salvaguarda de eventos ou tradições vivas, com idéias ou com crenças refere-se à cultura local e ao Patrimônio Imaterial, que ganha cada vez mais reconhecimento como aspecto fundamental para a preservação de um bem cultural.

42 41 A necessidade de preservação deste patrimônio se faz presente em diversos momentos nas Cartas Patrimoniais. Em 1989, a Recomendação sobre a Salvaguarda da Cultura Tradicional e Popular 7 já tratava da questão ao descrever o significado da cultura e da tradição popular: A cultura tradicional e popular é o conjunto de criações que emanam de uma comunidade cultural fundadas na tradição, expressas por um grupo ou por indivíduos e que reconhecidamente respondem às expectativas da comunidade enquanto expressão de sua identidade cultural e social; as normas e os valores se transmitem oralmente, por imitação ou de outras maneiras. Suas formas compreendem, entre outras, a língua, a literatura, a música, a dança, os jogos, a mitologia, os rituais, os costumes, o artesanato, a arquitetura e outras artes. (Recomendação sobre a Salvaguarda da Cultura Tradicional e Popular, A. Definição da Cultura Tradicional e Popular. In CURY, 2004, p. 295). Mais recentemente, a Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial 8, de 2003, resgata este conceito e o especifica ainda mais, classificando este conjunto de manifestações acima descrito como Patrimônio Imaterial : Entende-se por patrimônio cultural imaterial as práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas - junto com os instrumentos, objetos, artefatos e lugares que lhes são associados - que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural. Este patrimônio cultural imaterial, que se transmite de geração em geração, é constantemente recriado pelas comunidades e grupos em função de seu ambiente, de sua interação com a natureza e de sua história, gerando um sentimento de identidade e continuidade e contribuindo assim para promover o respeito à diversidade cultural e à criatividade humana. (Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial, I. Disposições Gerais, Artigo 2, Definições. In CURY, 2004, p. 373). Segundo esta Convenção, o patrimônio cultural imaterial se manifesta, entre outras formas, através das expressões artísticas e das práticas sociais, rituais e atos festivos (p. 374). 7 Conferência Geral da Unesco, 25 a Reunião, Paris, 15 nov (In CURY, 2004, p ) 8 Paris, 17 out (In CURY, 2004, p )

43 42 A Convenção ressalta ainda a importância da participação das comunidades, grupos e indivíduos para a preservação deste patrimônio: No quadro de suas atividades de salvaguarda do patrimônio cultural imaterial, cada Estado Parte deverá assegurar a participação mais ampla possível das comunidades, dos grupos e, quando cabível, dos indivíduos que criam, mantém e transmitem esse patrimônio e associá-los ativamente à gestão do mesmo. (Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial, III. Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial no Plano Nacional, Artigo 15: Participação das comunidades, grupos e indivíduos. In CURY, 2004, p. 380). A Declaração do México 9, por exemplo, trata da importância da cultura local para a consolidação da identidade cultural de cada povo, grupo, comunidade. Outro aspecto importante que o estudo das Cartas Patrimoniais nos revela é que estas entendem o turismo como uso preferencial às áreas históricas. As Normas de Quito 10, de 1967, por exemplo, colocam o turismo cultural como o meio através do qual seria possível reverter a degradação e preservar o patrimônio edificado das áreas históricas da América Latina. A Carta apresenta ainda as vantagens econômicas e sociais da implantação desta atividade, que em muitos casos se constitui na principal fonte de renda para muitos lugares. Uma análise das experiências de intervenção já implantadas e em desenvolvimento em diversas partes do mundo nos revela que o turismo é realmente a função privilegiada na implantação de novos usos na grande maioria desses projetos em áreas históricas. O turismo é motivado por uma visão que se constrói externamente à realidade do lugar. Ele surge do reconhecimento de valores e singularidades, atributos materiais e imateriais. 9 Conferência Mundial sobre as Políticas Culturais. Icomos. México, 1985 (In CURY, 2004, p ) 10 Reunião sobre Conservação e Utilização de Monumentos e Sítios de interesse histórico e artístico. OEA, Organização dos Estados Americanos. Quito, nov - dez, 1967 (In CURY, 2004, p )

44 43 Contraditoriamente, observa-se também que projetos focados no turismo, da forma como são executados, acabam por surtir efeito contrário ao da preservação e valorização da cultura local, sendo o mais evidente a expulsão da população local residente, o que acarreta, em última instância, na perda das características culturais particulares que se alega querer preservar, processo denominado gentrification, conforme já indicado no início deste capítulo. O patrimônio arquitetônico e cultural, que em sua origem tem a função de proporcionar a ambiência histórica representativa de um determinado período, se transforma em produto cultural, a ser consumido, processo resultado da indústria cultural, que restringe o valor do bem patrimonial ao seu valor econômico. Na atividade prática da intervenção urbana, estas questões estão hoje em discussão. Smith (2006), ao resgatar o processo de gentrification de Nova Iorque, coloca em debate as questões atuais sobre este tema. Segundo o autor, os atuais discursos que pregam a volta da população ao centro na verdade mascaram o processo, que não deixa de existir. Por outro lado, Hiernaux-Nicolas (2006), ao analisar o caso de bairros na Cidade do México, levanta questões sobre as formas pelas quais se processa a gentrification e aponta para a possível reversibilidade desses processos através de uma maior participação da população, em parceria com o Estado e a iniciativa privada, o que indicaria que os processos de gentrification poderiam não ser um caminho sem volta. Segundo o autor: A gentrificação é, portanto, um processo cuja medida real e importância é preciso levar em conta. Não se trata, sem nenhuma dúvida, de uma tendência sem volta, porque é possível que os revezes econômicos ou a força dos setores populares ponham freio a esta retomada. (HIERNAUX- NICOLAS, 2006, p. 259). O tema está em constante estudo, por diversos profissionais, em busca de respostas à questão colocada por Vargas e Castilho (2006, p. 64): Como, por meio desses planos, será realmente possível a manutenção da cultura local e da fixação de seus habitantes?

45 As Cartas Patrimoniais Função social e formas de gestão das áreas históricas Adotar uma política geral que vise dar ao patrimônio cultural e natural uma função na vida da coletividade e integrar a proteção desse patrimônio nos programas de planificação geral 11. O alerta para a necessidade de controle da atividade turística, para que não se perca a função social do patrimônio, primordial para sua manutenção, vem das próprias Cartas Patrimoniais. Uma das formas propostas pelas Cartas para garantir a função social do patrimônio é o desenvolvimento de políticas de habitação social para estas áreas e o estabelecimento da gestão integrada das mesmas, compartilhada entre poder público, setor privado e população. De modo geral, as Cartas colocam que os usos devem ser compatíveis com o contexto econômico e social de cada área, respeitando as necessidades sociais das comunidades locais. As mesmas Normas de Quito, que incentivam o desenvolvimento da atividade turística, alertam para o perigo que o processo pode trazer se não for bem controlado, causando a perda dos aspectos particulares da área. Esta Carta ressalta ainda a importância da função social de todo monumento, que deve ser respeitada e assegurada pelo estado e que tem por objetivo tornar o monumento acessível a todos. O patrimônio cultural associado aos Centros Históricos os diferencia das demais localidades. Com isso, a visitação turística aumenta nessas áreas, processo que influencia ainda nas atividades comerciais. Não apenas as formas comerciais voltadas aos hotéis, bares e restaurantes se intensificam, como há uma grande influência sobre o comércio tradicional local, como o artesanato e as festas típicas, que acabam muitas vezes sendo adequadas ao turista, perdendo alguns dos aspectos que as singularizam. 11 Convenção para a Proteção do Patrimônio Mundial, Cultural e Natural. (In SILVA, 2003, p. 186)

46 45 Sendo assim, é necessário que se dê especial atenção às dinâmicas que se processam nos espaços de valor turístico para que não haja a descaracterização dos aspectos particulares destas localidades. É evidente que, na medida em que um monumento atrai a atenção do visitante, aumentará a demanda de comerciantes interessados em instalar estabelecimentos apropriados a sua sombra protetora. Essa é outra conseqüência previsível da valorização e implica a prévia adoção de medidas reguladoras que, ao mesmo tempo em que facilitem e estimulem a iniciativa privada, impeçam a desnaturalização do lugar e a perda das finalidades primordiais que se perseguem. (Normas de Quito, VI. Valorização do Patrimônio Cultural, Item 7. In CURY, 2004, p. 112). Esta ressalva colocada pelas Normas de Quito é reiterada pela Carta de Petrópolis 12 que coloca a necessidade de que se predomine o valor social do bem acima de sua condição de mercadoria. Este valor social, segundo a Declaração de Sofia 13, está diretamente ligado à estreita relação com a população local. Sendo assim, as atividades turísticas não devem ser supervalorizadas, o que poderia comprometer o patrimônio cultural e a relação com a comunidade. Para que a atividade turística não ameace a integridade local, a Carta de Burra 14 esclarece que o uso não deve mudar a significação cultural local e, para que isto seja possível, a Declaração de Amsterdã 15 coloca a necessidade da elaboração de uma política de habitação social para estas áreas, a fim de que a reabilitação não modifique sua composição social original e abranja todas as camadas da sociedade, através do financiamento público: Para evitar que as leis do mercado sejam aplicadas com todo o rigor nos bairros restaurados, o que teria por conseqüência a evasão dos habitantes, incapazes de pagar aluguéis majorados, é necessária uma intervenção dos poderes públicos no sentido do estabelecimento de políticas econômicas destinadas às habitações sociais. As intervenções financeiras podem equilibrar-se entre os incentivos à restauração concedidos aos proprietários, através da fixação de tetos para os aluguéis e da alocação de indenizações de moradia aos locatários, para diminuir ou mesmo completar a diferença existente entre os antigos e os novos aluguéis. (Declaração de Amsterdã, Consideração dos fatores sociais condiciona o resultado de toda política de conservação integrada. In CURY, 2004, p. 206). 12 Primeiro Seminário Brasileiro para Preservação e Revitalização de Centros Históricos. Petrópolis, 1987 (In CURY, 2004, p ) 13 XI Assembléia Geral do Icomos. Sofia, 9 out (In CURY, 2004, p ) 14 Icomos, Conselho Internacional de Monumentos e Sítios. Austrália, 1980 (In CURY, 2004, p ) 15 Congresso do Patrimônio Arquitetônico Europeu. Conselho da Europa. Ano Europeu do Patrimônio Arquitetônico. Amsterdã, out (In CURY, 2004, p )

47 46 Não apenas deve haver uma política de habitação para as áreas preservadas como, durante as obras de intervenção que nelas se realizam, deve ser prevista a acomodação da população residente. Sobre esta questão, esclarece a Recomendação de Nairóbi 16 : (...) necessária acomodação temporária durante as obras e os locais para realojamento permanente dos habitantes que não puderem regressar a sua morada anterior. Essa programação deveria ser elaborada com a maior participação possível das coletividades e populações interessadas. Uma vez que o contexto social, econômico e físico dos conjuntos históricos e de sua ambiência está em constante evolução, os estudos e investigações deveriam ser regularmente atualizados. (Recomendação de Nairóbi, IV. Medidas de Salvaguarda. Medidas técnicas, econômicas e sociais, item 21. In CURY, 2004, p. 226). A preocupação com o aspecto social está ainda presente em outros pontos desta Carta, que propõem possíveis soluções tais como indenizações que compensem a alta dos aluguéis. Isso poderia garantir que a população continuasse a morar e trabalhar na área, o que garantiria ainda (...) seus modos de vida e suas ocupações tradicionais (...) : A Recomendação de Nairóbi (p. 228, 229), aponta ainda que as funções essenciais existentes deveriam ser mantidas e os novos usos deveriam ser compatíveis com o contexto econômico e social da área adaptando-se às necessidades sociais, culturais e econômicas da população para que contribuísse na promoção do desenvolvimento da mesma. A Carta de Brasília 17 complementa este conceito colocando que, para a autenticidade do conjunto, é essencial a manutenção do conteúdo sócio-cultural: Conservação da autenticidade dos conjuntos urbanos com um valor patrimonial pressupõe a manutenção de seu conteúdo sociocultural, melhorando a qualidade de vida de seus habitantes. É imprescindível o equilíbrio entre o edifício e seu entorno, tanto na paisagem urbana quanto na rural. Sua ruptura seria um atentado contra a autenticidade. Para isso, é necessário criar normas especiais que assegurem a manutenção do entorno primitivo, quando for possível, ou que gerem relações harmônicas de massa, textura e cor. (Carta de Brasília, Autenticidade e Contexto. In CURY, 2004, p. 326). 16 Recomendação relativa à Salvaguarda dos Conjuntos Históricos e sua função na vida contemporânea. Conferência Geral da Unesco, 19 a sessão. Nairóbi, 26 nov (In CURY, 2004, p ) 17 Documento regional do Cone Sul sobre autenticidade. Brasília, 1995 (In CURY, 2004, p )

48 47 A Carta de Petrópolis também vai tratar da questão da preservação e consolidação da cidadania ao reforçar a necessidade de dar ao patrimônio função na vida da coletividade e a reapropriação dos espaços pelos cidadãos, através da variedade de usos: Sendo a polifuncionalidade uma característica do SHU 18, a sua preservação não deve dar-se à custa de exclusividade de usos, nem mesmo daqueles ditos culturais, devendo, necessariamente, abrigar os universos de trabalho e do cotidiano, onde se manifestam as verdadeiras expressões de uma sociedade heterogênea e plural. Guardando essa heterogeneidade, deve a moradia construir-se na função primordial do espaço edificado, haja vista a flagrante carência habitacional brasileira. Desta forma, especial atenção deve ser dada à permanência no SHU das populações residentes e das atividades tradicionais, desde que compatíveis com a sua ambiência. (Carta de Petrópolis. In CURY, 2004, p. 286). Podemos perceber, através desta análise, que a questão do turismo e da função social das áreas preservadas estão diretamente ligadas. A valorização da primeira em detrimento da segunda prejudica o seu equilíbrio e sustentabilidade. Para que estas questões sejam contornadas é necessário que o Estado, a iniciativa privada e a população participem da elaboração dos projetos de intervenção e da posterior gestão desses espaços, através de ações integradas. As diretrizes apresentadas pelas Cartas Patrimoniais indicam maneiras possíveis de, ao mesmo tempo em que se implanta a atividade turística em áreas históricas, controlar e evitar os possíveis efeitos negativos. Além de garantir a manutenção da população nas áreas preservadas é necessário que esta possa participar dos processos de intervenção e reabilitação desses espaços e da posterior gestão, o que garantiria sua manutenção nas áreas preservadas. Conduzidos desta forma, a Declaração de Amsterdã aponta que esses projetos resultariam em benefício social, e a Declaração de Sofia, que estes trariam melhoria da qualidade de vida dos seus habitantes. 18 Sítio Histórico Urbano

49 48 Tal procedimento é o único que poderá contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos habitantes (preservação da ecologia social), dentro do respeito absoluto às suas referências culturais, vistos como valores que propiciam condições para um desenvolvimento sustentável. Este processo deverá sobretudo assegurar a participação da sociedade civil - comunidade, associações de minorias e organizações de profissionais - em conjunto com a ação das autoridades políticas e administrativas (Estado, entidades públicas e órgão de governo) na preservação e no desenvolvimento equilibrado dos recursos culturais e naturais. (Declaração de Sofia. In CURY, 2004, p. 356). Dessa forma, os projetos de intervenção deveriam constituir-se de ações integradas entre poder público, iniciativa privada e a população, visão compartilhada pela Recomendação de Nairóbi: A ação de salvaguarda deveria associar a contribuição da autoridade pública à dos proprietários particulares ou coletivos e à dos habitantes e usuários, isoladamente ou em grupo, cujas iniciativas e participação ativa deveriam ser estimuladas. Uma cooperação constante em todos os níveis deveria, portanto, ser estabelecida entre as coletividades e os particulares (...). (Recomendação de Nairóbi, IV. Medidas de Salvaguarda. Medidas técnicas, econômicas e sociais, item 35. In CURY, 2004, p. 229). Este mesmo conceito está presente na Carta de Petrópolis, que ressalta a necessidade de uma ação integrada entre órgãos federais, estaduais e municipais, com a participação da comunidade, para a promoção da cidadania. Sobre a forma de participação do poder público nos processos de intervenção em áreas históricas, Motta (2000, p. 260) coloca: No modelo globalizado, o poder público situa-se como produtor de um valor que tira partido das transformações que vêm ocorrendo em virtude da globalização da economia e da cultura. Aproveita-se das novas identidades que vêm sendo forjadas em sua relação com o mercado de consumo, tratando o patrimônio como uma mercadoria ou como um atrativo para o consumidor, aderindo aos valores que estão sendo ditados pelo capital especulativo. Produzem-se cenários padronizados, com a utilização das áreas urbanas antigas de acordo com as tendências globais (...). Oliveira (1982, p. 36) aponta que as análises das relações entre o Estado e o Urbano se dão, entre outros aspectos, pela relação que o Estado estabelece com o espaço urbano.

50 49 Harvey (1980, p. 20) já havia levantado esta questão ao declarar que (...) somente podemos entender o espaço social relacionando-o a alguma atividade social (...). Para reforçar a importância desse aspecto, Harvey (1989, p. 69) resgata a questão em outro trabalho e diz: (...) o ambiente construído constitui um elemento de um complexo de experiência urbana que há muito é um cadinho vital para se forjarem novas sensibilidades culturais. A aparência de uma cidade e o modo como os seus espaços se organizam formam uma base material a partir da qual é possível pensar, avaliar e realizar uma gama de possíveis sensações e práticas sociais. O espaço, produto de ações e intervenções, pode ser lido também pela sociedade e, a partir disto, podem ser propostos modelos de intervenção, sejam eles voltados para uma determinada classe ou para toda a sociedade. Esta análise resgata a necessidade de se processar uma transformação na forma em que os governos conduzem as suas atividades sobre o meio urbano, criando mecanismos para estender a participação nesses processos às comunidades, entendendo que a produção social é parte fundamental da produção do espaço urbano e tem papel decisivo nas formas de apropriação do mesmo.

51 2. ESTUDO DE CASO CENTRO HISTÓRICO DE SALVADOR

52 Fundação, Evolução Urbana e Desenvolvimento A cidade do Salvador está situada no Recôncavo baiano, entorno da Bahia de Todos os Santos, o acidente mais notável da região, o maior do litoral brasileiro (DOMINGUES; KELLER, 1958, p. 160). Segundo Calmon (1925, p. 37), a cidade, que seria a primeira capital do Brasil, foi fundada em 1549, por Tomé de Sousa, que chegou à Bahia a 28 de março deste mesmo ano. Com a sua criação, a Coroa Portuguesa buscava situar a sede do governo colonial na Baía de Todos os Santos, aproveitando as boas condições do sítio para a instalação do porto e para a defesa do território. Bahia de Todos os Santos Figura 01. Mapa Quinhentista da Bahia de Todos os Santos e da Cidade de São Salvador. (CALMON, 1925, p. 45)

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