O QUE UM TÉCNICO DEVE CONHECER SOBRE A PREVENÇÃO DE MASTITE.
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- Manoel Lobo Fartaria
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1 1 O QUE UM TÉCNICO DEVE CONHECER SOBRE A PREVENÇÃO DE MASTITE. Fernanda Gomes H. Hoe, Unid. Neg. Bovinos Leite Pfizer. Sérgio Soriano, Méd. Vet. e Gerente da Pecuária - Fazenda Colorado. Introdução: Para que possamos entender os diversos fatores envolvidos na contaminação de um animal pela mastite, vamos ter que antes entender como uma fazenda de leite funciona, e quais são as funções dos diversos setores envolvidos na produção de leite. O setor de ordenha sem dúvida apresenta uma imensa responsabilidade sobre as ocorrências dos casos de mastite, porém devemos procurar os pontos fora deste setor que contribuem tanto para o sucesso de nossa atividade, como prejudicam todo um trabalho realizado dentro do fosso de ordenha. Para entendermos melhor estes fatores e como os mesmos se relacionam, iniciamos relatando os mais relevantes, ou melhor, aqueles onde temos condição de obter resultados muito importantes, com menor investimento e tempo gasto para solucioná-lo ou adequá-lo a nossa rotina de trabalho. Os produtores de leite estão na atividade, principalmente, para obter lucros, o que pode ser alcançado através: (1) do aumento do preço do leite produzido ou (2) da diminuição do custo de produção. Ambos os fatores podem ser favoravelmente influenciados pela melhoria da qualidade do leite e pela eliminação da mastite (Philpot e Nickerson, 2002). A interação dos diversos fatores que causam a mastite se torna de grande importância para nós, abrindo um imenso campo de trabalho e necessidades para se obter metas e atingir objetivos que fazem do seu negócio uma empresa que gera e produz alimento de alta qualidade. Os fatores principais que precisamos conhecer para prevenir os casos de mastite são vários e neste congresso falaremos um pouco sobre: (1) Higiene do ambiente (2) Procedimentos de Ordenha (3) Microorganismos (4) Pessoas (5) Manejo (6) Outros fatores. Higiene do ambiente: Hoje trabalhamos cada vez mais com rebanhos confinados ou semi-confinados, deixando um ambiente cada vez mais favorável às bactérias. Devido às condições de higiene que são atingidas, as vacas são muitas vezes expostas a cargas de patógenos muito desafiadores, e quando este fator vem associado com alimentação desbalanceada e fatores estressantes como, por exemplo, calor e alta umidade, fica fácil entender porque neste ambiente geralmente ocorre um acentuado aumento dos casos de mastite que pode ser clínica ou não, sendo possível acompanhar os casos sub-clínicos pela Contagem de Células Somáticas (CCS) e pelo quadro de novas infecções. Quando os produtores, técnicos ou funcionários entram num estábulo, devem usar todos os seus sentidos para avaliar a situação e a existência de potenciais efeitos diversos ao conforto, à produtividade e à saúde da vaca (Philpot e Nickerson, 2002). Devemos observar coisas que para um técnico mal informado passaria despercebido como: acúmulo de amônia que pode indicar má ventilação, teias de aranha, pois indica
2 uma má circulação de ar, qualidade da cama tanto a parte da limpeza como também o conforto, podemos aí ter um bom indicador que seria a porcentagem de vacas deitadas 1 ou 1.5 horas após ordenha. Podemos ter uma visão mais detalhada sobre o assunto se abordarmos duas formas diferentes de produção, e sobre a existência de algumas alternativas de controle: 1º - produção a pasto: utilização de pastejo rotacionado com transferência periódica dos animais para diferentes piquetes, com isso impediríamos a degradação física do ambiente e a conseqüente formação de lama. Os pontos mais críticos serão qualidade e quantidade de sombreamento para os animais e corredores de acesso à sala de ordenha. 2º - confinamentos: teremos alto número de animais em uma área restrita, que acaba gerando risco de estresse ambiental. No entanto, o correto dimensionamento das instalações permite superar essas dificuldades e, até mesmo, criar um ambiente controlado com alto padrão de higiene e conforto térmico (Fonseca e Santos, 2000). No ambiente, a cama tem um papel muito especial tanto para o conforto, como para a saúde da glândula mamária. A cama pode ser feita de vários materiais, o importante é você conseguir implementar rotinas de trabalho que se ajustem às necessidades de cada material utilizado como cama nos galpões. Esse é um tópico muito polêmico na construção e manejo do sistema de free-stall. A principal funçaõ é proporcionar conforto ao animal, mantê-lo limpo, minimizar estresse e diminuir injúrias. A base para a cama deve ser a própria terra ou camada de pedregulho, o que permite boa drenagem. Em relação à cama onde a vaca vai deitar-se de fato (manter contato direto), esta pode ser de diversos materiais: maravalha, pó de serra, esterco seco, palha, areia, borracha triturada, jornal picado, carpete (Fonseca e Santos, 2000). Vários estudos mostram uma relação grande entre mastite ambiental e tipo de material utilizado nas camas das vacas. Sendo assim podemos concluir que as camas orgânicas são uma opção que merece atenção especial, sendo descartadas como melhor opção no que se refere às mastites ambientais, uma vez que as bactérias têm grande capacidade de multiplicação na presença de matéria orgânica. Estudos mostram que há uma relação muito evidente entre a utilização da palha na cama e a alta incidência de mastite causada por Streptococus uberis. Também há uma forte relação entre a utilização de cama à base de pó de serra e a alta ocorrência de mastite causada por Klebsiella sp. Logo, concluímos que a areia é a melhor opção que nos restaria por proporcionar melhor conforto, se molda ao corpo da vaca, e por conter pouquíssima matéria orgânica (Fonseca e Santos, 2000). Embora a cama tenha uma importância indiscutível, não podemos esquecer que a limpeza do galpão, dos corredores, do curral de espera, dos piquetes de descanso e de todas as áreas que as vacas tenham acesso deve e merece ser cuidadosamente analisada. Um cuidado bastante grande deve ser dado às rotinas de limpeza e manutenção dos locais, pois é necessário que seja feita sempre a melhor rotina para o seu sistema de produção, não existem fórmulas prontas, você precisa interagir com o meio ambiente e proporcionar o melhor ambiente para seus animais, estejam eles a pasto ou em free-stall. Procedimento de Ordenha: 2
3 3 Estudos feitos em Minnesota revelaram que 80% dos rebanhos com contagem de células somáticas (CCS) elevadas não seguiam os procedimentos de ordenha recomendados. O erro mais comum era a falha em limpar e secar os tetos corretamente antes de colocar o conjunto de ordenha. Talvez a causa mais provável seja a grande importância dada à velocidade de ordenha nas salas modernas (Philpot e Nickerson, 2002). A nossa visão busca algo diferente, nós acreditamos que a missão ou nosso objetivo é ordenhar completamente os animais no tempo adequado, sem prejudicá-los, conservando a qualidade natural do leite. É importante reconhecer que vacas modernas altamente produtoras têm: (1) menor necessidade de estímulo pré-ordenha, (2) taxas mais altas de pico de ordenha e de médias de fluxo de leite, com um tempo mais longo de ordenha, devido ao aumento de produção, (3) maior incidência de problemas nos orifícios dos tetos, como hiperqueratose e (4) maior susceptibilidade à infecção intramamária (Philpot e Nickerson, 2002). Logo, podemos concluir que os procedimentos de ordenha, tomam grande importância nesta situação, e devem ser regularmente avaliados pelos técnicos ou responsáveis por esse setor dentro da fazenda. Esses procedimentos após terem sido passados aos ordenhadores e checados quanto a sua rotina devem: estimular a descida do leite; dar velocidade à ordenha, sem deixar leite residual no úbere da vaca além de aproximadamente 250ml; diminuir o número de microorganismos presentes no teto; reduzir a contaminação entre vacas na sala de ordenha pelos microorganismos causadores de mastite, mantendo a boa qualidade do leite que é obrigação de todos os envolvidos na produção. Os procedimentos na rotina de ordenha necessários para prevenção de mastite podem ser enumerados seqüencialmente: - Estimulação pré-ordenha. - Ambiente limpo, seco e livre de estresse. - Checagem da presença de mastite (retirando primeiros jatos de leite). - Limpeza dos tetos e retirada de areia ou maravalha do úbere. - Uso de pré-dipping (desinfecção dos tetos pré-ordenha). - Cuidado especial com a ponta do teto. - Retirada do desinfetante e completa secagem dos tetos. - Acoplamento das teteiras corretamente. - Posicionamento do conjunto (alinhar). - Retirada do conjunto manual ou extrator. - Realização de um bom pós-dipping (boa imersão dos tetos pós-ordenha). - Desinfecção da teteira após ordenha de vacas com mastite, caso estejam na mesma sala de ordenha. Microorganismos Mais de 140 tipos de microorganismos podem causar a mastite. Eles vivem na vaca ou em seu meio ambiente. Assim, a mastite é o resultado da interação entre a vaca, o seu meio ambiente e os microorganismos. Esses microorganismos podem ser bactérias, micoplasmas, leveduras, algas, fungos e, em raras ocasiões, vírus (Philpot e Nickerson, 2002).
4 4 A maioria das mastites clínicas é causada por estreptococos, estafilococos e coliformes. Os patógenos contagiosos se disseminam de quarto infectados para quartos nãoinfectados, sendo o leite de quarto infectados a principal fonte de microorganismos. Esses microorganismos são disseminados de vaca para vaca durante a ordenha, através dos conjuntos de ordenha, das mãos dos ordenhadores e de outros materiais usados na limpeza dos tetos (Philpot e Nickerson, 2002). Os patógenos ambientais encontram-se no ambiente onde vivem as vacas e contaminam o úbere no intervalo entre as ordenhas, quando os tetos ficam expostos à lama, fezes e sujidades das camas. Portanto, fatores fora do setor de ordenha possuem uma contribuição enorme sobre estas mastites, comprometendo o resultado do trabalho da sala de ordenha e mostrando claramente a necessidade de interligação nas diversas áreas que compõem o manejo do rebanho. A nutrição pode também ser citada como outro setor que contribui com nossos resultados, trabalhando com dietas balanceadas e com muita rotina durante o ano, teremos sem dúvida uma melhor condição para as vacas combaterem essas infecções. A maior parte das infecções na glândula mamária é causada por microorganismos (bactérias, fungos, leveduras). As espécies principais são: - Streptococcus agalactiae - Staphylococcus aureus - Streptococcus dysgalactiae - Corynebacterium bovis - Mycoplasma sp. - Coliformes - Escherichia Coli - Streptococcus uberis - Outros coliformes - Citrobacter - Enterobacter sp. - Klebsiella sp. - Pseudomonas aeruginosa - Leveduras / Fungos (cândida) - Algas (Prototheca) - Estafilococus coagulase negativa / Staphylococcus sp. Para que possamos elaborar um programa adequado de controle da mastite há necessidade de conhecermos a epidemiologia dos principais organismos, suas características microscópicas e susceptibilidade a antibióticos (Machado e Cassoli, 2003). Os efeitos do pré e pós-dipping são distintos. O pós-dipping é uma estratégia direcionada sobre tudo para controlar a mastite contagiosa, especialmente a causada por Staphylococcus aureus e Streptococcus agalactiae. O Staphylococcus aureus não se desenvolve muito bem na pele do teto saudável, mas coloniza rapidamente o canal do teto se houver alguma lesão (fissura) próxima ao esfíncter do teto. Em geral, a invasão dos microorganismos se dá por multiplicação, movimentação e/ou propulsão durante a ordenha mecânica.
5 Essa prática de desinfecção de tetos após a ordenha apresenta pouco benefício no controle da mastite ambiental causada por estreptococcus ambientais e coliformes, devido às diferentes características e modo de atuação desses patógenos. O objetivo do pré-dipping, desinfecção dos tetos antes da ordenha, é reduzir a contaminação nos tetos, impedindo a ocorrência de novas infecções, especialmente aquelas causadas por patógenos ambientais. Resultados de pesquisa mostram que a utilização do pré-dipping reduz em até 50% a taxa de novas infecções causadas por patógenos ambientais. È muito importante destacar que a desinfecção dos tetos (pré e pósdipping) é uma medida preventiva e portanto, não tem efeito sobre os casos de mastite já existentes (Fonseca e Santos, 2000). Os organismos predominantes responsáveis pela ocorrência de mastite subclínica incluem S. aureus, S. agalactiae, S. dysgalactiae, S. uberis, Coagulase Negativa Staphylococcus (CNS) e micoplasma. O nível destes organismos diminuiu significativamente em rebanhos que adotaram o programa dos cinco pontos desenvolvidos pelo NIRD ( National Institute for Reserach in Dairying) no Reino Unido, para reduzir o nível de mastite contagiosa nos rebanhos (Edmondson, 2002). O plano dos 5 pontos do NIRD inclui: 1. Boa higiene de ordenha 2. Rápido tratamento de casos de mastite clínica com antibióticos 3. Tratamento de vaca seca em todas as vacas que secam 4. Desinfecção dos tetos após a ordenha 5. Manutenção regular do equipamento de ordenha Para a implementação de medidas de controle de mastite na fazenda é fundamental verificar todos os aspectos relacionados ao manejo da mastite. Incluindo análises dos dados de mastite clínica, contagem de células somáticas, acompanhamento de toda a rotina de ordenha, checagem dos tratamentos, terapia de vaca seca, observação do ambiente onde as vacas ficam nos intervalos de ordenha, checagem do equipamento de ordenha (observando as datas de manutenção), conversas constantes com os ordenhadores, para que depois se consiga propor algumas melhorias ou apenas colocar em prática possíveis melhorias que os funcionários lhe reportarem. Pessoas Em nossas fazendas, devemos procurar ao máximo contratar pessoas que se envolvam e se comprometam com o resultado da sala de ordenha, e acima de tudo que sejam desafiadas a atingirem metas. Todos devem ter claro em mente qual o objetivo a ser atingido e ter a consciência de que isto só será possível se todos estiverem unidos, pois a sala de ordenha é o coração de todas as operações que envolvem a produção de leite nas fazendas. O sucesso do empreendimento depende, em geral, da qualidade do trabalho que é desempenhado na sala de ordenha. Todas as pessoas devem ser treinadas e motivadas. Também é bastante interessante incorporar as sugestões das pessoas no desenvolvimento das rotinas de ordenha. Muitos produtores ficarão surpresos com a qualidade das sugestões apresentadas por aqueles que têm experiência em uma sala de ordenha. Ao 5
6 elaborar suas sugestões, eles sentem que fazem parte da equipe da qualidade de leite (Philpot e Nickerson, 2002). Para que possamos ter resultados, precisamos dar condição de trabalho para as pessoas da ordenha, um breve relato das necessidades para se realizar um ótimo trabalho. - Protocolos operacionais bem definidos. - Valorização das pessoas. - Úberes e rabos tosquiados. - Ambiente de trabalho tranqüilo. - Materiais de uso diário sob seus cuidados. (Cloro, iodo, luvas, papel toalha, medicamentos, recipiente do dipping, desinfetante, sanitizantes, botas, avental, roupas, água limpa, etc). - Iluminação adequada para trabalhar. - Animais chegando limpos na ordenha. - Tetos em boas condições, no máximo 20% de lesão. - Equipamento em ordem. - Controle de freqüência ( folha de folga). - Respeito, treinamento e valorização. Eu acredito muito na capacidade dos homens. A tarefa mais importante de uma empresa é formar pessoas. O administrador que espera encontrar homens feitos, fracassará. Eles não existem. Maurílio Biagi Manejo A maioria dos fatores envolvidos na disseminação dos microorganismos causadores da mastite depende do manejo, então podemos dizer que estes fatores estão sob a responsabilidade dos proprietários e dos seus colaboradores e supervisores. Temos então que identificar os fatores importantes e aplicar práticas de manejo que diminuem os seus efeitos negativos e que aumentem por outro lado: (1) a produção de leite, (2) a qualidade do leite e (3) a lucratividade. Pesquisas têm mostrado que a genética é responsável por 15 a 25% do aumento da produção de leite, enquanto que o manejo responsabiliza-se pelos 75 a 85% desse aumento. Os fatores de manejo de maior importância são: (1) nutrição do rebanho, (2) controle de doenças, inclusive da mastite, (3) manutenção de um ambiente higiênico e livre de estresse, (4) desempenho reprodutivo, (5) manejo de vacas secas, (6) manutenção de bons registros, (7) criação de animais para reposição, (8) descarte e (9) treinamento de funcionários (Philpot e Nickerson, 2002). É importante que se reconheça que a mastite raramente é resultado de um único fator de manejo. Pelo contrário, é o resultado de vários fatores que interagem para aumentar a exposição do úbere e dos tetos aos microorganismos da mastite e predispor as vacas a infecções intramamárias pela redução da resistência natural dos animais à doença. Alguns fatores são: 6
7 1. Ambiente ao qual o rebanho está exposto. 2. Tipos de microorganismos da mastite que estão presentes no rebanho e no ambiente. 3. Práticas de manejo. 4. As pessoas responsáveis pelo manejo e ordenha do rebanho. Um estudo feito na Dinamarca revelou que os fatores responsáveis pela mastite podem ser divididos da seguinte maneira (Philpot e Nickerson, 2002): 1. Equipamento de Ordenha = 6% 2. Instalações e meio ambiente = 25% 3. Genética = 20% 4. Manejo = 47% Outros Fatores Equipamento de Ordenha: Comparando-se com qualquer outro equipamento da fazenda leiteira, os sistemas de ordenha são os mais utilizados em número de horas por ano e, como são usados para a obtenção do principal produto comercializado pela propriedade, é fundamental que sejam mantidos em excelente condição operacional. Alguns testes mais importantes para termos uma boa noção do funcionamento e checar se este está nos causando alguma mastite seriam: - Determinação dos níveis de vácuo em vários pontos da ordenha, simulando uma ordenha. - Determinação da diminuição do vácuo durante queda do conjunto. - Determinação da capacidade da bomba de vácuo. - Verificação do funcionamento do regulador de vácuo. - Avaliação geral do sistema de pulsação. - Limpeza do equipamento de ordenha. - Tamanho e inclinação das linhas de leite e vácuo. - Condição das teteiras. - Funcionamento dos extratores automáticos. - Avaliação do procedimento de limpeza e sanitização dos equipamentos. - Aferição do nível de vácuo no copo coletor durante a ordenha. 7 Para que a ordenha de vacas leiteiras seja realizada com a máxima eficácia é necessário analisar três fatores-chaves distintos que precisam funcionar de forma harmônica: a vaca, o operador e a máquina (Fonseca e Santos, 2000). Suplementação alimentar A dieta tem um papel importante na resistência do úbere às infecções, pois certos nutrientes auxiliam diversos mecanismos de defesa, tais como: a função das células somáticas, transporte de anticorpos para o leite e a saúde dos tecidos mamários.
8 A suplementação da dieta com Selênio e Vitamina E, 60 dias antes do parto e durante a lactação, reduz novas infecções no parto e a duração da infecção. A Vitamina A e o betacaroteno também são importantes porque influenciam na resistência da vaca às doenças. Vacas suplementadas com esses dois componentes têm um menor número de novas infecções no início do período seco e apresentam CCS mais baixa no início da lactação. Mecanismo de defesa contra a mastite Os tecidos que circundam o canal do teto formam a primeira barreira contra as bactérias (uso de cânulas mais curtas nas seringas de tratamento evita lesões ao canal do teto). As células somáticas (Neutrófilos, Macrófagos e Linfócitos) são responsáveis pela fagocitose e morte das bactérias. Os anticorpos não só identificam as bactérias para que os neutrófilos as reconheçam, fagocitando-as em seguida, mas também inativam as toxinas produzidas pelas bactérias do úbere. Substâncias anti-microbianas no leite,contribuem para os mecanismos de defesa da glândula mamária. Uma delas é a lactoferina que se liga ao ferro e o indisponibiliza para o metabolismo bacteriano, além de ter a ação bacteriostática prevenindo o crescimento de estafilococos e coliforme (Fonseca e Santos, 2002). Resumo A mastite difere de outras doenças do gado leiteiro pelo fato de que pode ser provocada por mais de 140 diferentes microorganismos. Como as vacas normalmente compartilham o mesmo ambiente com os microorganismos, é inevitável que alguns invadam o úbere, provocando a mastite. Deve-se dar ênfase ao controle e não à erradicação da mastite. Por este motivo, o controle da mastite será sempre um trabalho contínuo (Philpot e Nickerson, 2000). Como sabemos dos vários fatores envolvidos no processo de mastite, é fácil perceber que é necessário um plano de trabalho para cada situação e o conhecimento dos nossos desafios para se propor melhorias junto aos funcionários e demais envolvidos com o objetivo de se obter êxito em nosso programa de controle. 8 Referências Bibliográficas CASSOLI, L.D.; MACHADO, P.F. Gestão da Ordenha. Máster Dairy Administration, p.1-11, EDMONDSON, P.W. Estratégias para a produção de leite de alta qualidade. 2º congresso Panamericano de qualidade do leite e controle de mastite, Ribeirão Preto, p , FONSECA, L.F.L.; SANTOS, M.V. Qualidade do Leite e controle de mastite, p.65-71, p PHILPOT, W.N.; NICKERSON, S.C. Vencendo a luta contra a mastite, p , p , p54-81, 2002.
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