FESTIVAL DE MÚSICA DA EJA: UMA EXPERIÊNCIA INTERDISCIPLINAR NO SESC DE CASA AMARELA 1. INTRODUÇÃO
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- Branca Flor Paiva Clementino
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1 FESTIVAL DE MÚSICA DA EJA: UMA EXPERIÊNCIA INTERDISCIPLINAR NO SESC DE CASA AMARELA 1. INTRODUÇÃO A Educação de Jovens e Adultos do SESC Casa Amarela vem desenvolvendo ao longo de seis anos um trabalho pedagógico que busca um ensino de qualidade, contextualizado e significativo, partindo dessa premissa, aconteceu o I Festival de Música , o mesmo surgiu de uma iniciativa da disciplina Língua Inglesa, com o objetivo de aprimorar vocabulário, pronúncia, leitura e compreensão textual, através das músicas selecionadas pelos alunos; culminando numa linda apresentação para escolas da comunidade e familiares. A alegria deste evento estimulou o II Festival de Música , neste desenvolveu-se um trabalho interdisciplinar fundamentado nos movimentos musicais das décadas de 60 e 70, ressaltando o contexto sócio-político-cultural das referidas décadas. Em meio à comemoração dos 60 anos do SESC e a excelência do trabalho social que vem sendo desenvolvido por esta Instituição. A temática do III Festival de Música 2006 trouxe a discussão os problemas sociais que assolam o país, relatado através da Música Popular Brasileira e refletindo de forma crítica o nosso papel na busca de uma sociedade mais justa e igualitária. E veio o IV Festival de Música 2007, no qual este projeto irá abordar, trazendo a alegria dos 100 anos de Frevo, valorizando a cultura pernambucana, os renomados compositores com suas letras vibrantes e contagiantes, e através da fundamentação histórica compreenderam a diversidade cultural do povo recifense na constituição do frevo como parte da cultura brasileira. Neste contexto, trabalhar com a música, envolve uma motivação nos educandos ao expressarem a aprendizagem de todo o processo educativo vivenciado. Portanto, a música pode ser um instrumento importante no processo de aprendizagem na EJA, devido ao contexto cultural no qual este grupo está inserido. Trata-se de uma comunidade bastante rica em suas organizações populares, culturais e religiosas. O bairro de Casa Amarela dispõe de consciência política e musical expressiva. (
2 Segundo Caires Trabalhar com a música na educação é antes de tudo um fazer artístico, é mexer com a sensibilidade humana. Vários estudos comprovam a importância da música ao ser humano, especialmente às crianças, em fase de desenvolvimento e aprendizado do mundo, e aos adolescentes, como forma de expressar ou substituir a tão famosa "rebeldia" característica da idade. Os ganhos que a prática musical nesta fase proporcionam, seja pela expressão das emoções, pela sensibilidade pelo estudo, pelo desenvolvimento do raciocínio, são valiosíssimos, e são para a vida toda. 2. REFERENCIAL TEÓRICO A música assumiu, ao longo do desenvolvimento das sociedades, um importante papel, enquanto expressão artística e cultural que traz em seu interior diferentes manifestações de acordo com o contexto político, social e econômico de cada período histórico. Existem diferentes definições para a música: a música como construção social que orienta-se pelas teorias pós-modernas, que concebem a música levando em consideração, primeiramente o contexto social de cada época e a música como fonte histórica, quando os compositores transmitem através das letras seus anseios, críticas, elogios ou indignações sobre determinados assuntos. Para conhecer o contexto histórico por meio da música é necessário criar procedimentos adequados. É preciso que os alunos sejam orientados a ouvir atentamente os instrumentos, a melodia, a letra, percebendo as emoções que a música desperta. Depois devemos aprofundar o conhecimento acerca de algumas perguntas, por exemplo: que relação a canção tem com o contexto cultural, político e econômico da época? E a que grupo social pertence o autor da canção? Segundo Caires,(2004) Estes procedimento faz da canção uma fonte histórica porque permite conhecer ou estudar de algum aspecto da história do ser humano. Da mesma forma deve haver um envolvimento coerente com as demais disciplinas participantes neste estudo. A partir deste trabalho, os professores com os alunos pesquisaram sobre a história do frevo, na qual, o estado de Pernambuco orgulha-se de ter músicas e danças únicas de nosso estado, nascida e criada no nosso meio, povo pernambucano. Segundo José Tales (2007) O historiador Valdemar de Oliveira, em seu Frevo, capoeira e passo, vai além, e diz que, o frevo surgiu na verdade no Recife, nascido no meio do carnaval, no fim do século 19. Até agora não se pode afirmar quem veio primeiro, a música ou o
3 passo. Na verdade, acreditamos que eles evoluíram juntos, um inspirando no outro. José Tales (2007) diz que "o frevo foi invenção dos compositores de música ligeira, feita para o Carnaval, enquanto o passo brotou mesmo do povo, sem regra nem mestre, como por geração espontânea." A palavra frevo foi publicada pela primeira vez no dia 9 de fevereiro de 1907, no extinto Jornal Pequeno pelo pesquisador Evandro Rabello, que citava um ensaio do clube Empalhadores do Feitosa, do bairro do Hipódromo em Recife. E uma das músicas chamava-se o Frevo. Esta palavra é uma expressão popular mais ela vem de ferver e, por corruptela, frever, sinônimo de festa quente e animada. Dizem quem inventou esta palavra foi o escritor Osvaldo de Almeida (pseudônimos Paulo Tadeu e Pierrot). Para acompanhar a música tocada pelas orquestras militares, o povo criava letras. Havia um dobrado clássico, que era o dobrado da banha cheirosa. As sociedades carnavalescas como Vassourinhas começaram a compor suas marchas de rua com letras. Surgia então o frevo-canção, que contém a mesma estrutura do frevo-de-rua. Compositores como Capiba e Nelson Ferreira criaram belíssimas composições do gênero. Seja nas belas composições do frevo-canção, na ferveção do frevo de rua ou na nostalgia do frevo-de-bloco, a instituição frevo, definido por Antônio Carlos Nóbrega, ainda tem fôlego para celebrar outros centenários. Foi e continuará sendo uma música exclusivamente do povo pernambucano que chamará atenção dos foliões de toda parte do mundo. 3. OBJETIVO GERAL Realizar resgate histórico do frevo pernambucano, destacando seu contexto sócio-histórico, valorizando a cultura local através da música como forma de expressão humana. 4. OBJETIVOS ESPECÍFICOS 1. Construir o conceito de patrimônio histórico imaterial a partir do contato com o frevo; 2. Refletir sobre a relação homem e multiculturalismo; 3. Envolver o público da EJA na valorização da cultura local; 4. Compreender a dinâmica dos gêneros musicais que influenciaram a música do frevo.
4 5. METODOLOGIA Participante: Os participantes foram os alunos, ex-alunos, professores, coordenação e estagiários da Educação de Jovens e Adultos (EJA), a Orquestra Feminina de Pernambuco e um dos compositores homenageado, Ademar de Barros, presente neste festival. Local: Instituição Serviço Social do Comércio-SESC, Unidade Executiva Casa Amarela, Recife. Etapas do procedimento do Festival de Música: Na disciplina portuguesa os alunos selecionaram alguns gêneros musicais que influenciaram o frevo de compositores e cantores pernambucanos, sendo que cada turma tiveram que escolher uma das músicas para estudo e futura apresentação; Em seguida os alunos pesquisaram e estudaram a letra da música com a finalidade de trabalhar a compreensão e a interpretação de cada música; Após este estudo, os alunos produziram através da letra musical uma releitura fundamentada na música, com objetivo de expor para o público convidado suas produções escritas; Na disciplina de história os alunos estudaram e pesquisaram sobre o surgimento do contexto histórico do frevo: conhecimento sobre patrimônio (conceito), linha do tempo do Frevo (evolução) e espaço geográfico; memória; patrimônio material e imaterial,conservação e preservação do patrimônio histórico; Realizaram aulas de campos onde visitaram as ruas dos pólos carnavalescos do Recife / Casa do Frevo; Trabalharam em equipe na construção de estandarte e encartes de carnaval e do frevo para apresentar de forma criativa no festival. No período de setembro a novembro nas datas combinadas com os professores, os alunos tiveram o apoio dos técnicos musicais do CDRM dos SESC Casa Amarela para, os ensaios das músicas estudadas pelos alunos. Materiais utilizados nos procedimentos dos estudos em sala de aula: Escolha da música pelos os alunos do ensino Fundamental e Médio da EJA; Som, DVD e Sala de Vídeo para expor imagens; Pesquisa da letra musical;
5 Papel quarenta quilo para exposição das produções escritas dos alunos; Palestra sobre o contexto histórico do Frevo; Confecção de ESTANDARTE; Fotos e montagem do Frevo. 6. RESULTADOS O V Festival de Música promoveu uma considerável integração entre o corpo docente e discente. Conhecimentos da área de História, Artes e Linguagem foram integrados de modo a promoverem a construção do conhecimento e o resgate da cultura pernambucana, fato que configura uma faceta da cidadania que, neste caso, diz respeito a identidade cultural. A apoteose do projeto, onde os alunos se apresentaram diante da comunidade do bairro da Mangabeira e dos seus parentes e amigos, demonstrou o quão integrada fora a proposta pedagógica e os objetivos da mesma. 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao final deste projeto podemos constatar que a auto-estima dos alunos foi elevada devido a sua participação direta, através da apresentação no palco, e também conjunta com os professores, esta através do processo de construção e consecução da proposta de trabalho durante o período em que o mesmo se delineou. Outro fator positivo foi o fato de os alunos terem abraçado a proposta e realmente construído os conhecimentos propostos, explorando e desenvolvendo os conteúdos durante o trabalho pedagógico. Não podemos esquecer que o resgate da cultura, história e arte pernambucana foi um ponto alto e que ajudou a consolidar o orgulho dos alunos e dos educadores, uma vez que todo passado de formação étnico-social do povo pernambucano fora esmiuçado para fins de conhecimento sobre o que e porque somos, bem como de onde e de viemos. Atribuímos o êxito desta proposta ao trabalho baseado na interdisciplinaridade e na forma (responsável, comprometida e respeitosa) como as relações afetivas foram trabalhadas entre a equipe pedagógica e discente. O resgate histórico proporcionou a valorização da história local e como foi possível perceber a história do frevo intimamente ligada a historia da nossa cidade, como também a contribuição étnica do negro na coreografia e no seu ritmo Os alunos em suas falas deixaram claro a construção da noção de tempo e como esse elemento contribui para a formação do ser histórico. Positivamente foi possível observar nos debate em sala
6 que no processo de surgimento dos blocos carnavalescos havia a luta de classes (motor que move a história) presente nas disputas dos desfiles e de como os cidadãos também usaram a dança como forma de protesto. Em relação ao patrimônio foi notória a mudança de comportamento, pois os nossos alunos não só construíram a concepção, mas também demonstraram e trouxeram contribuições sobre os mesmos, apontando a relevância em valorizar outros aspectos da nossa cultura e de como nós povo recifense somos multiculturais e que para isso de fato ser assumido devemos multiplicar a historia e os valores do frevo. 8. REFERÊNCIAS CAIRES (2004), Fernanda Antunes. A importância da música na educação. Disponível em 04/010/ Encartes edição especial do Jornal de Pernambuco JOSÉ TALES (2007) Uma instituição cultural chamada frevo. História. Inês Calado do JC OnLine- Disponível em SESC. Disponível em 05/10/ casa_amarela.asp.
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