DESEMPENHO DE PONTAS E VOLUMES DE PULVERIZAÇÃO NO CONTROLE DA FERRUGEM ASIÁTICA DA SOJA
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- Eric Castilhos Caires
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1 DESEMPENHO DE PONTAS E VOLUMES DE PULVERIZAÇÃO NO CONTROLE DA FERRUGEM ASIÁTICA DA SOJA João Paulo Arantes Rodrigues da Cunha 1,5 ; Elton Fialho dos Reis 2,5 ; Gustavo Luis Bononi Pelissari 3,5 ; Cristiano de Morais Brito 4,5 ; Roberto de Oliveira Santos 4,5. 1 Pesquisador Orientador 2 Pesquisador 3 Bolsista PIBIC/CNPq 4 Bolsista PBIC/UEG 5 Curso de Engenharia Agrícola, Unidade Universitária de Ciências Exatas e Tecnológicas, UEG RESUMO: Um dos grandes problemas da cultura da soja atualmente é a ocorrência de ferrugem. Este trabalho teve como objetivo avaliar o efeito da utilização de diferentes pontas de pulverização e volumes de calda no controle químico da ferrugem da soja. O ensaio foi conduzido no delineamento em blocos ao acaso, com quatro repetições, em esquema fatorial (4 x 2) + 1: quatro tipos de ponta de pulverização (jato plano padrão, jato plano de préorifício, jato plano de indução de ar e jato plano duplo de indução de ar), dois volumes de aplicação (115 e 160 L ha 1 ) e um tratamento adicional que não recebeu fungicida (testemunha). Realizou-se a semeadura direta da cultivar de soja Emgopa 313 (ciclo tardio), avaliando-se, após a aplicação do fungicida tebuconazole com as diferentes pontas e volumes de calda, a severidade de ferrugem e a produtividade da cultura. De acordo com os resultados, pode-se concluir que não houve influência do tipo de ponta de pulverização e do volume de calda, empregados na aplicação do fungicida tebuconazole, no controle da ferrugem e na produtividade da cultura da soja. O fungicida propiciou bom controle da ferrugem, refletindo na produtividade, que foi, em média, 41% superior à obtida na testemunha. Palavras-chave: tecnologia de aplicação, Glycine max L., Phakopsora pachyrhizi. Introdução Na atualidade, um grande problema enfrentado pelos produtores da cultura da soja (Glycine max L.) é a ocorrência da ferrugem asiática, causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi. De acordo com Goiás (2004), na safra 2003/04, as perdas na produção devido a esse fungo ficaram em torno de 4,6 milhões de toneladas. 1
2 Uma alternativa para contornar o problema é a aplicação de agrotóxicos. Os fungicidas diminuem a severidade das doenças e podem aumentar o rendimento da cultura (Dudienas et al., 1990). O objetivo de uma aplicação de agrotóxico é colocar o produto no alvo desejado, seja ele uma folha, um fungo ou um inseto. Nas décadas passadas, pouca atenção se dava à uniformidade de distribuição durante as aplicações de produtos fitossanitários, pois o que interessava era molhar bem a cultura, o que se conseguia mediante um volume de calda bastante alto (Carrero, 1996). Atualmente, entretanto, existe uma tendência em reduzir o volume de calda, visando reduzir os custos e aumentar a eficiência da pulverização (Silva, 1999). Essa redução de volume de aplicação requer, no entanto, um aprimoramento da tecnologia de aplicação empregada no campo. Os trabalhos pioneiros com volume reduzido foram desenvolvidos para a aplicação de herbicidas. Depois de constatada sua eficiência, estuda-se a possibilidade de utilizá-lo também para a aplicação de outros produtos. A dificuldade está associada, principalmente, ao uso de pontas de pulverização de jato plano, já que, até então, a pesquisa recomendava pontas de jato cônico vazio para a aplicação de fungicidas, que permitiam uma melhor penetração do jato pulverizado na cultura e, com isso, melhor controle de doenças no dossel das plantas (Márquez, 1997). Segundo Salyani (1999), a redução do orifício de saída das pontas, para se obter menor volume de pulverização, aumenta o risco de deriva, em virtude da diminuição do tamanho das gotas geradas. O problema se agrava quando se leva em conta que pontas de jato cônico, por trabalharem submetidas a pressões mais elevadas do que as pontas de jato plano, tendem a produzir menor diâmetro de gotas e, com isso, maior possibilidade de contaminação ambiental. Nesse caso, uma maneira simples de reduzir a deriva se dá por meio do aumento do diâmetro das gotas e da redução da proporção de gotas menores que 100 mm, pelo uso de pontas de jato plano (Jensen et al., 2001). De forma geral, gotas menores são biologicamente mais eficazes, porém pouco seguras ambientalmente. As pontas de jato plano duplo ainda são pouco conhecidas no Brasil, no entanto, apresentam grande potencial para aplicação de fungicidas. Proporcionam espectro de gotas que propicia menor potencial de deriva do que as pontas de jato cônico e, ao mesmo tempo, apresentam uma melhor cobertura do alvo do que as pontas de jato plano standard. Desta forma, o presente trabalho teve como objetivo avaliar o controle de doenças fúngicas da soja, considerando diferentes volumes de calda e tipos de ponta de pulverização na aplicação de fungicida. 2
3 Material e Métodos O experimento foi conduzido na Estação Experimental de Anápolis da Agência Rural do Estado de Goiás. Realizou-se a semeadura direta da cultivar de soja Emgopa 313 (ciclo tardio) no dia 6/12/2004, utilizando-se 15 sementes por metro e espaçamento entre fileiras de 50 cm. Antes do plantio foi realizada dessecação de Brachiaria decumbens presente na área utilizando os herbicidas glyphosate e 2, 4-D. O ensaio foi conduzido no delineamento em blocos ao acaso, com quatro repetições, em esquema fatorial (4 x 2) + 1: quatro tipos de ponta de pulverização (jato plano padrão, jato plano de pré-orifício, jato plano de indução de ar e jato plano duplo de indução de ar), dois volumes de aplicação (115 e 160 L ha 1 ) e um tratamento adicional que não recebeu fungicida (testemunha). Utilizou-se o fungicida sistêmico do grupo triazol tebuconazole (formulação concentrado emulsionável), na dose recomenda pelo fabricante (100 g ha -1 de ingrediente ativo). A aplicação foi realizada utilizando-se um pulverizador costal manual dotado de uma barra com disposição simultânea de dois bicos espaçados de 50 cm. Visando a manutenção da pressão constante ao longo da aplicação, instalou-se no pulverizador uma válvula reguladora de pressão. Em todas as aplicações, empregou-se a pressão de 200 kpa e velocidade de avanço de 5 km h -1. A altura de aplicação em relação à cultura foi de 50 cm. Utilizaram-se pontas de pulverização hidráulicas, fabricadas em cerâmica, com ângulo de pulverização de 110. As pontas de jato plano padrão são de uso geral, produzindo gotas menores em relação às pontas de pré-orifício e de indução de ar. As pontas de jato plano de pré-orifício apresentam um orifício antes da abertura para a formação do jato, que permite a formação de gotas de maior diâmetro. As pontas de indução de ar possuem um sistema venturi que faz com que as gotas se tornem mais grossas. A vazão das pontas foi selecionada de forma a se obter os volumes de aplicação testados: 115 e 160 L ha 1. Para isso, empregaram-se pontas e O fungicida foi aplicado com as diferentes pontas e volumes de calda uma vez, estando a soja no estágio R2. Também foram realizadas duas aplicações de inseticida e uma aplicação de herbicida pós-emergente de forma semelhante em toda a área. A avaliação da eficácia do fungicida no controle da ferrugem da soja, considerando os quatro tipos de ponta e os dois volumes de aplicação, foi feita mediante a comparação da severidade da doença e da produtividade entre parcelas tratadas com fungicida e parcelas não-tratadas (testemunha). 3
4 A avaliação da severidade da ferrugem foi realizada a partir do aparecimento dos primeiros sintomas e, depois, a intervalos de aproximadamente dez dias, totalizando cinco avaliações. A primeira avaliação da severidade foi feita aos 75 dias após a emergência (DAE). Para tal, utilizou-se a escala diagramática proposta por Canteri & Godoy (2003). Com os dados da severidade da doença procedeu-se à construção da curva de progresso e à determinação da área abaixo da curva de progresso da doença (AACPD). Esta foi calculada pelo somatório das áreas trapezoidais, sendo mensurada de forma adimensional (Campbell & Madden, 1990). A colheita foi realizada aos 130 DAE, sendo avaliada a produtividade nas parcelas experimentais, de 15 m 2 (5 x 3 m), constituídas de seis fileiras de cinco metros de comprimento. A massa dos grãos foi corrigida para o conteúdo de água de 13% (b.u.). Durante as aplicações do fungicida, monitoraram-se as condições ambientais de temperatura, umidade relativa do ar e velocidade do vento. Os dados obtidos foram submetidos à analise de variância, e as médias das parcelas tratadas com fungicidas foram comparadas com a testemunha utilizando-se o teste de Dunnett, a 5% de probabilidade. Resultados e Discussão A temperatura, a umidade relativa do ar e a velocidade do vento foram, durante as aplicações do fungicida, adequadas: temperatura inferior a 28 C, umidade relativa superior a 60% e velocidade do vento entre 1 e 3 m s -1. A ferrugem foi a doença que atacou a cultura da soja com maior intensidade. A doença apresentou os primeiros sintomas cerca de 70 DAE. Nas parcelas tratadas, mostrou comportamento similar e não apresentou avanço acentuado ao longo do ciclo, contrastando com o que ocorreu na testemunha. Isso mostra a eficácia do fungicida tebuconazole no controle da doença. Ele tem sido usado com êxito no controle de doenças da soja, em condições de campo. O efeito das pontas e dos volumes de aplicação na área abaixo da curva de progresso (AACP) da ferrugem e na produtividade da cultura da soja é mostrado na Tabela 1. Nota-se, pela análise de variância, que não houve diferença entre pontas e entre volumes. Somente houve diferença entre as parcelas tratadas e a testemunha. Desta forma, procedeu-se ao desdobramento desta interação, utilizando-se o teste de Dunnett (Tabela 2). Todos os tratamentos que receberam fungicida superaram a testemunha, indicando que o controle da doença foi realizado de forma eficiente em todos as aplicações. As diferenças induzidas pelas 4
5 pontas e volumes de calda nos níveis de controle foram insuficientes para afetar o rendimento da cultura. A aplicação do fungicida promoveu um aumento médio de produtividade de 41% em relação à testemunha, evidenciando que o controle das doenças fúngicas foi viável economicamente, independente do tipo de ponta ou do volume de calda. Vale ressaltar que as condições ambientais no momento da aplicação do fungicida foram favoráveis e a severidade das doenças não foi muito elevada, inclusive com a ausência das doenças de final de ciclo. Os resultados encontrados concordam com o trabalho de Boller et al. (2002). Os autores obtiveram resultados semelhantes de produtividade de soja aplicando fungicida sistêmico para o controle de oídio (Microsphaere diffusa) com diferentes pontas, indicando haver possibilidade de se dar preferência àquelas com menor risco de deriva. Tabela 1. Resumo da análise de variância da produtividade da soja e dos dados de área abaixo da curva de progresso (AACP) da ferrugem, em função da aplicação de fungicida com diferentes pontas e volumes de calda. Fontes de Variação GL Significância do Quadrado Médio da AACP da Ferrugem* Significância do Quadrado Médio da Produtividade* Pontas 3 Não significativo Não significativo Volume 1 Não significativo Não significativo Volume x Ponta 1 Não significativo Não significativo Fatorial x Testemunha 1 Significativo Significativo CV (%) 16,5 13,8 * Significativo a 1% de probabilidade, pelo teste F. Tabela 2. Efeito do tipo de ponta de pulverização e do volume de calda, utilizados na aplicação de fungicida, na área abaixo da curva de progresso (AACP) da ferrugem e na produtividade da soja. TRATAMENTO Ponta Volume de Aplicação (L ha -1 ) AACP da Ferrugem Produtividade (kg ha -1 ) Jato plano de indução de ar ,3* 2576* Jato plano duplo de indução de ar ,1* 2571* Jato plano de pré-orifício ,7* 2391* Jato plano padrão ,8* 2135* Jato plano de indução de ar ,3* 2120* Jato plano duplo de indução de ar ,2* 2484* Jato plano de pré-orifício ,9* 2413* Jato plano padrão ,2* 2247* Testemunha 124, As médias seguidas por um asterisco diferem significativamente da testemunha, a 5% de probabilidade, pelo teste de Dunnett. 5
6 Conclusões De acordo com a metodologia utilizada e com os resultados obtidos, pode-se concluir que não houve influência do tipo de ponta de pulverização (jato plano padrão, jato plano de pré-orifício, jato plano de indução de ar e jato plano duplo de indução de ar) e do volume de calda (115 e 160 L h 1 ), empregados na aplicação do fungicida tebuconazole, no controle da ferrugem e na produtividade da cultura da soja. O fungicida propiciou bom controle da ferrugem, refletindo na produtividade, que foi, em média, 41% superior à obtida na testemunha. Referências Bibliográficas Boller, W.; Forcelini, C.A.; Braun, E Efeitos da utilização de diferentes pontas de pulverização no controle químico de oídio em soja. In XXX Anais da Reunião de Pesquisa de Soja da Região Sul, Cruz Alta Cruz Alta: Fundacep-Fecotrigo. pp.104. Campbell, C.L.; Madden, L.V Introduction to plant disease epidemiology. New York: John Wiley & Sons. Canteri, M.G.; Godoy, C.V Escala diagramática para avaliação da severidade da ferrugem da soja. Summa Phytopathologica 29:89. Carrero, J.M Maquinaria para tratamientos fitosanitarios. Madrid: Mundi-Prensa. Dudienas, C.; Castro, J.L.; Ito, M.F.; Maeda, J.A Efeitos de fungicidas na produção, sanidade e qualidade fisiológica de sementes de feijão. Fitopatologia Brasileira 15(1): Goiás - Programa Estadual de Manejo e Controle de Pragas da Soja Evolução, Diagnose e Controle da Ferrugem da Soja. Circular Técnica n 01. Goiânia. Jensen, P.K.; Jorgensen, L.N.; Kirknel, E Biological efficacy of herbicides and fungicides applied with low-drift and twin-fluid nozzles. Crop Protection 20: Márquez, L Tecnologia para la aplicación de defensivos agrícolas. In XXVI Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola, Campina Grande Campina Grande: UFPB. Cd-Room. Salyani, M Optimization of sprayer output at different volume rates. St. Joseph: ASAE. Cd-Room. (ASAE Paper No ). Silva, O.C Tecnologia de aplicação de fungicidas. Ponta Grossa: UEPG. 6
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