EFEITO DE TEMPERATURAS E HORAS DE MOLHAMENTO FOLIAR NA SEVERIDADE DA CERCOSPORIOSE (Cercospora beticola) DA BETERRABA
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1 EFEITO DE TEMPERATURAS E HORAS DE MOLHAMENTO FOLIAR NA SEVERIDADE DA CERCOSPORIOSE (Cercospora beticola) DA BETERRABA Introdução Roberto HAVEROTH 1 ; Aline NASCIMENTO 2 ; Leandro Luiz MARCUZZO 3 Bolsista PIBIC/CNPq; Orientador IFC-Campus Rio do Sul A beterraba (Beta vulgaris L.),é uma cultura olerícola bienal originaria de regiões européias e norte - africanas que se adapta bem em regiões de clima frio. Apesar de não haver um levantamento sistemático pelo IBGE, existem no Brasil cerca de hectares desta hortaliça, produzidos em mais de propriedades, tendo grande importância econômica nacional com destaque de produção na região sudeste. Santa Catarina produz cerca de 65% do próprio consumo da cultura, e isso representa quase 1000 hectares concentrado na região do Alto Vale do Itajaí. Na região do Alto Vale do Itajaí, o cultivo da beterraba é praticado normalmente por pequenos produtores após a cultura da cebola, o que faz com que a atividade tenha uma grande importância socioeconômica, tanto pela sua intensiva utilização de mão de obra, como pela boa rentabilidade, responsável pela sustentabilidade de pequenas propriedades agrícolas. No entanto o principal problema fitossanitário desta cultura é a cercosporiose, cujo agente etiológico é o fungo Cercospora beticola. A cercosporiose é responsável pela destruição total do limbo foliar e, consequentemente, redução na produtividade de 15% a 45% (MARCUZZO, 2014). Atualmente o controle desta doença na região do Alto Vale do Itajaí consiste basicamente com o uso intensivo de agrotóxicos, o que resulta em alto custo de produção, além de causar problemas ambientais e sociais. E uma das maneiras de reduzir o uso de agrotóxicos é de conhecer quais as condições que favorecem a ocorrência da doença, sendo que o ambiente é o principal fator para o aumento ou decréscimo da doença (BERGAMIN FILHO, 1995). Como desconhece a severidade da doença em função da temperatura e
2 molhamento foliar, o objetivo deste trabalho é avaliar o efeito das diferentes temperaturas e das diferentes durações de molhamento foliar para o desenvolvimento da cercosporiose da beterraba causada por Cercospora beticola. Material e Métodos O experimento foi realizado no laboratório de fitopatologia do Instituto Federal Catarinense Campus de Rio do Sul, no município de Rio do Sul SC, (Latitude: 27º11 07 S e Longitude: 49º39 39 W, altitude 650 metros). Em delineamento inteiramente casualizado com três repetições, plantas de beterraba cv. All green com três folhas expandidas foram pulverizadas até o ponto de escorrimento com uma suspensão contendo 10 4 de esporos de Cercospora beticola. Após a inoculação as plantas foram cobertas com um saco transparente e internamente umedecido com água estéril, contendo um processo de nebulização, para manter-se a umidade relativa. As plantas foram acondicionadas em câmara de crescimento (BOD) ajustada para, 15, 20, 25, 30 e 35 C com fotoperíodo de 12 horas e molhamento foliar contínuo em 6, 12, 24 e 48 horas. Posteriormente, as plantas foram retiradas e secas através de ventilação forçada, e a cada dois dias realizada a análise da severidade da doença no período de quatorze dias. A severidade da doença foi avaliada a cada dois dias através da análise visual da porcentagem de área foliar afetada pela doença (May de Mio, 2008). O progresso sintomatológico da doença ao longo do ciclo da cultura foi integralizada e calculada pela área abaixo da curva de progresso da doença (AACPD), através da fórmula: AACPD = [(y1+y2)/2]*(t2-t1), onde y1 e y2 que refere-se a duas avaliações sucessivas da intensidade da doença realizadas nos tempos t1 e t2, respectivamente e também a severidade final aos 14 dias após a inoculação. As médias entre os tratamentos foram comparados entre si pelo teste de Tukey com 5% de significância. Resultados e discussão
3 A Tabela 1 demonstra o desenvolvimento da cercosporiose da beterraba submetido aos molhamentos foliares de 6, 12, 24 e 48 horas, acondicionados em diferentes temperaturas. É possível constatar que a temperatura de 30ºC apresentou maior severidade desde o início das avaliações, porém no molhamento foliar de 48 horas a temperatura de 25ºC obteve severidade superior ficando dentro do intervalo proposto por Tivelli et al. (2011), onde foi constatado que a temperatura ideal para o desenvolvimento da cercosporiose varia entre 22 e 26ºC. Não obteve diferença estatisticamente significativa nos molhamentos foliares de 6, 12, e 24 horas, indiferente das temperaturas. Entretanto no molhamento foliar de 48 horas houve influência estatisticamente significava nas temperaturas de 25 e 30 C, onde severidade da doença foi alta com 26,02 e 18,42% respectivamente. Tabela 1 área abaixo da curva de progresso da doença (AACPD) em diferentes temperaturas e horas de molhamento foliar na Cercosporiose (Cercospora beticola) da beterraba. IFC Campus Rio do Sul, SC, Temperatura Horas de Molhamento foliar ( C) ,89 ns 4,18 ns 2,09 ns 4,90 b 20 3,55 2,89 2,13 1,57 b 25 2,95 4,99 4,77 26,02 a 30 4,33 6,39 7,96 18,42 a 35 1,46 4,58 5,32 6,46 b C.V. (%) 42,92 74,8 37,93 34,5 ns - não significativo pelo esse F 5%. Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey com 5% de significância.
4 Pode-se observar, que conforme aumento do período de molhamento foliar, consequentemente ocorre acréscimo na severidade da doença da Cercosporiose (Cercospora beticola) da beterraba. A tabela 2 demonstra o desenvolvimento da severidade da doença da Cercospora beticola submetido aos molhamentos foliares de 6, 12, 24 e 48 horas, acondicionados em diferentes temperaturas. Observa-se que no molhamento foliar de 6, 12, e 24 horas, indiferente das temperaturas, não obteve diferença estatisticamente significativa. Mas, porém com a temperatura de 30 C em ambos os molhamentos, apresentou maior índice de desenvolvimento doença. No molhamento foliar de 48 horas houve influência estatisticamente significava, nas temperaturas de 25 e 30 C, com severidade alta de 22,27 e 16,90% respectivamente, ficando dentro do intervalo proposto por Tivelli et al. (2011). E pode-se observar, que quanto maior o período de molhamento foliar, maior é a probabilidade da ocorrência da doença da Cercosporiose da beterraba casada pela Cercospora beticola. Tabela 2 Severidade final da Cercosporiose (Cercospora beticola) da beterraba, em diferentes temperaturas e horas de molhamento foliar IFC Campus Rio do Sul, SC, Temperatura Horas de Molhamento foliar ( C) ,27 ns 0,50 ns 0,34 ns 2,26 b 20 0,57 0,53 1,96 0,75 b 25 0,47 3,56 2,79 22,27 a 30 1,64 4,62 4,95 16,90 a 35 0,52 1,70 3,65 3,78 b C.V. (%) 142,65% 162,02% 40,52% 36,42%
5 ns - não significativo pelo esse F 5%. Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey com 5% de significância. Conclusão Conclui-se que com molhamento foliar de 48 horas, e com a temperatura de 25 C, é o momento, mas propício para o desenvolvimento da Cercospora beticola. Referências BERGAMIM FILHO, A. Conceitos e objetivos. IN: BERGAMIM FILHO, A.; KIMATI, H.; AMORIM, L. (Ed.). Manual de Fitopatologia, v.1, 3. ed. São Paulo: CERES, cap. 27, p MAY DE MIO LL; OLIVEIRA RA; FLORIANI AMV; SCHUBER JM; et al. Proposta de escala diagramática para quantificação da cercosporiose da beterraba. Scientia Agraria, Curitiba, v.9, n.3, p , MARCUZZO, Leandro Luiz, Ataque foliar. Cultivar HF. 2014, pg TIVELLI, S.W; FACTOR, T.L.; TERAMOTO, J.R.S.; FAHI, E.G.; MORAES, A.R.A.; TRANI, P.E.; MAY, A. Beterraba, do plantio à comercialização. Série Tecnologia APTA. Boletim Técnico IAC, 210. Campinas: Instituto Agronômico. 2011,45p.
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