ESTUDO DA REDUÇÃO DE DERIVA EM PONTAS DE PULVERIZAÇÃO TIPO CONE VAZIO.
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1 ESTUDO DA REDUÇÃO DE DERIVA EM PONTAS DE PULVERIZAÇÃO TIPO CONE VAZIO. Poliana T. da Silva Gratão 1 ; Michael S. Thebaldi 2 ; Marcelo S. Santana 3 ; Elton F. dos Reis 4 1 Bolsista ITI/CNPq, graduanda do Curso de Engenharia Agrícola, UnUCET - UEG. 2 Bolsista PIBIC/CNPq, graduando do Curso de Engenharia Agrícola, UnUCET - UEG. 3 Graduando do Curso de Engenharia Agrícola, UnUCET - UEG. 4 Orientador, docente do Curso de Engenharia Agrícola, UnUCET - UEG. RESUMO Os defensivos agrícolas fazem parte diretamente da produção agrícola mundial, controlando pragas e ajudando positivamente no aumento da produtividade. Um dos grandes problemas da aplicação é a deriva, definida como o movimento físico do produto fitossanitário através do ar no momento da aplicação, ou logo após ela, para fora do alvo escolhido. Para a redução desta, pode ser utilizado o óleo adjuvante, mas sua eficácia ainda não se encontra totalmente desvendada. Este trabalho teve como objetivo avaliar a eficiência da adição de adjuvante na calda para redução da deriva em pontas tipo cone vazio. As pontas foram submetidas aos ensaios Espectro de Gotas (dois tipos de calda, duas pontas e quatro volumes de aplicação) em laboratório. O adjuvante mostrou-se eficaz no aumento do diâmetro das gotas pulverizadas, tendo aumentado o valor do Diâmetro da Mediana Volumétrica e diminuído a porcentagem de gotas pulverizadas com diâmetro inferior a 100µm. Palavras chave: tecnologia de aplicação, adjuvante, diâmetro da mediana volumétrica INTRODUÇÃO A tecnologia de aplicação de defensivos agrícolas tem como objetivo colocar a quantidade certa do produto no alvo desejado, com máxima eficiência e da maneira mais econômica possível, reduzindo assim a contaminação. Nas últimas décadas pouca importância se dava ao tamanho e à uniformidade das gotas produzidas durante a aplicação de produtos fitossanitários, pois o que interessava era molhar bem a cultura com a aplicação de um volume elevado de calda. Porém, o uso de volume menor de calda aumenta a autonomia e a capacidade operacional dos pulverizadores, além de diminuir os riscos de contaminação ambiental com a redução do escorrimento e, em alguns casos, da evaporação e da deriva (CHRISTOFOLETTI, 1999). 1
2 O conhecimento das características de trabalho das pontas de pulverização é importante, pois determinam sua condição ótima de trabalho, aumentando assim a eficácia da pulverização. Além de se conhecer o produto fitossanitário a ser utilizado, é importante também dominar a técnica de aplicação, pois é preciso garantir que o produto alcance o alvo de forma eficiente, reduzindo as perdas. Para isso, é necessário uniformidade de aplicação e espectro de gotas adequado (CUNHA, et al., 2003). Segundo WOMAC et al. (1999), o tipo de bico, vazão nominal, ângulo de descarga, pressão de operação e características do líquido de aplicação são fatores que determinam o espectro da população de gotas. As pontas tipo cone vazio produzem ângulo de abertura entre 60 e 80 e gotas pequenas, favorecendo assim a deriva (CHRISTOFOLETTI, 1991). Gotas com diâmetro inferior a 100 µm são susceptíveis à deriva (MURPHY et al., 2000; WOLF et al, 2002). A deriva é o movimento físico do produto fitossanitário através do ar no momento da aplicação, ou logo após ela, para fora do alvo escolhido. Como estratégia para redução da deriva são geralmente utilizados produtos adjuvantes que melhoram a distribuição dos defensivos agrícolas e fertilizantes foliares através do aumento da viscosidade do líquido, influenciando positivamente na eficiência da pulverização, já que fluidos com maior viscosidade e tensão superficial requerem mais energia para serem pulverizados, produzindo gotas maiores (CHRISTOFOLETTI, 1999). Este trabalho tem como objetivo avaliar o espectro de gotas para dois tipos de pontas cone vazio da série MAG bem como a eficiência da adição de adjuvante na calda de aplicação na redução da deriva em condições controladas. MATERIAL E MÉTODOS Os ensaios foram realizados no Laboratório de Engenharia Agrícola da Universidade Estadual de Goiás, em Anápolis GO. Os ensaios de laboratório foram realizados em ambiente controlado, sem influência de vento e outras interferências ambientais significativas. Visou-se avaliar duas pontas de pulverização tipo cone vazio, fabricadas com cerâmica, da série MAG (MAG 1 Azul; MAG 2 Preto;), com vazões de 1 e 2 galões por minuto, respectivamente. As pontas foram adquiridas no mercado de maneira aleatória, sendo três de cada tipo. Para verificação da eficácia do adjuvante na redução de deriva foram realizados ensaios do espectro de gotas, com dados obtidos em ambiente controlado. 2
3 DETERMINAÇÃO DO ESPECTRO DE GOTAS Na determinação do espectro de gotas foi utilizado: um equipamento de pulverização costal com pressão regulada através da indução de CO 2 do fabricante Herbicat; uma garrafa tipo PET de dois litros como reservatório de calda; e uma guia de 10m, constituída de quatro suportes ligados por arame liso, onde foi apoiada a barra de pulverização com o intuito de não haver variação na altura de aplicação (50cm). A barra de pulverização possuía 4 bicos, dois de cada lado, sendo utilizados apenas os bicos centrais. As análises do espectro de gotas foram realizadas a partir das impressões em papel hidrossensível com dimensões de 2,6cm por 7,6cm. Foi realizado delineamento experimental inteiramente ao acaso no esquema de parcelas sub-divididas com três repetições. As variáveis adotadas foram: calda sem adjuvante e com adjuvante; pontas MAG1 e MAG 2; e volumes de aplicação de 140, 160, 180 e 200l/ha. Os volumes foram encontrados variando a velocidade de aplicação e mantendo a pressão de 400kPa. O produto adjuvante utilizado foi o LANZAR, da fabricante Arysta LifeScience, na concentração 0,5% do volume da calda. As etiquetas digitalizadas foram analisadas no software UTHSCSA Image Tool 3.0 e para obter-se o tamanho real das gotas utilizou-se a equação (1) proposta por CHAIM et. al. (1999). fe = 0, , D+ 0, ln( D) (1) Onde: fe: Fator de Espalhamento; D: Diâmetro da gota. Com a determinação do diâmetro real da gota, foram obtidos os valores de diâmetro da mediana volumétrica e porcentagem de gotas menores que 100µm. As análises estatísticas foram feitas utilizando-se o programa Sisvar 4.0 (FERREIRA, 2006) do Departamento de Ciências Exatas da Universidade Federal de Lavras. RESULTADOS E DISCUSSÕES Para avaliação da eficiência da aplicação de defensivos agrícolas foram avaliados os seguintes parâmetros: Diâmetro da Mediana Volumétrica (DMV) e a Porcentagem do volume pulverizado composto por gotas com diâmetro inferior a 100µm (%VGD < 100µm). 3
4 A Tabela 1 mostra a Análise de Variância dos parâmetros estudados, onde se verifica que não houve interação significativa na amplitude relativa nos diferentes tratamentos estudados. Logo a calda com e sem adjuvante não alterou a uniformidade das gotas. Tabela 1 Análise de variância das variáveis Fontes de Variação Quadrado Médio DMV %VGD <100µm Calda * * Erro Ponta * Ponta x Calda Volume Volume x Ponta * Volume x Calda Volume x Ponta x Calda Erro *Valores seguidos por asterisco são significativos no teste de F, a 5% de probabilidade. O Diâmetro da Mediana Volumétrica é o diâmetro da gota que acumula 50% do volume aplicado sobre a etiqueta hidrossensível. A Tabela 2 mostra os valores médios do Diâmetro da Mediana Volumétrica (DMV), para calda sem adjuvante e com adjuvante. O adjuvante mostrou-se eficiente na redução da deriva, pois quando foi adicionado houve alteração significativa no DMV. Porém, há de se observar que o valor médio obtido para a aplicação com adjuvante superou os 800µm de diâmetro, faixa de aplicação que de acordo com LEFEBVRE (1989) sujeita ao escorrimento. Tabela 2 Valores médios do Diâmetro da Mediana Volumétrica (DMV) para caldas sem adjuvante e com adjuvante. Calda DMV* Sem adjuvante b Com adjuvante a *Valores seguidos de mesma letra, não diferem pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Na avaliação a calda com adjuvante obteve maior valor médio de DMV em relação à calda sem a presença de adjuvante. Estes resultados comprovam um aumento efetivo das gotas quando o adjuvante é adicionado à calda de pulverização. Os valores médios do Diâmetro da Mediana Volumétrica para as diferentes pontas de pulverização são apresentados na Tabela 3. A ponta MAG 2 apresentou maior valor de DMV. Deve-se observar que a ponta MAG 2 possui o dobro de vazão que a ponta MAG 1 e trabalharam a uma mesma pressão. Este fato contribui para a ocorrência de maiores valores de DMV para esta ponta. 4
5 Tabela 3 - Valores médios do Diâmetro da Mediana Volumétrica (DMV) para as pontas de pulverização MAG 1 e MAG 2. Ponta DMV* MAG b MAG a *Valores seguidos de mesma letra, não diferem pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. A Tabela 4 mostra os valores médios da porcentagem do volume pulverizado com diâmetro inferior a 100µm (%VGD < 100µm) em ambiente controlado, para os diferentes tipos de caldas sem adjuvante e com adjuvante. A porcentagem de gotas susceptíveis à deriva diminuiu significativamente com a adição de adjuvante à calda de aplicação. Tabela 4 - Valores médios da porcentagem do volume pulverizado com diâmetro inferior a 100µm (%VGD <100µm) para as caldas sem e com adjuvante. Calda %VGD <100µm Sem adjuvante b Com adjuvante a *Valores seguidos de mesma letra, não diferem pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. A Tabela 5 mostra os valores médios da porcentagem do volume pulverizado com diâmetro inferior a 100µm (%VGD <100µm), para os diferentes volumes de aplicação e pontas de pulverização, sendo que a melhor aplicação foi obtida para a ponta MAG 1 e volume 160l/ha, esta combinação apresentou menor porcentagem de gotas inferiores à 100µm, em relação aos demais volumes de aplicação, nesta faixa encontra-se gotas susceptíveis a deriva de acordo com LEFEBVRE, Analisando ainda este volume a ponta MAG 2, obteve uma maior porcentagem de gotas susceptíveis à deriva em relação ao valor da ponta MAG 1. Este fato pode ser explicado pela maior vazão da ponta MAG 2. Analisando-se somente a ponta MAG 1, o volume 200l/ha apresentou o maior valor de porcentagem de gotas inferiores à 100µm, sendo esta uma combinação que propicia grande risco de deriva na aplicação. Tabela 5 - Valores médios da porcentagem do volume pulverizado com diâmetro inferior a 100µm (%VGD <100µm), para os diferentes volumes de aplicação e pontas de pulverização. Volume (l/ha) Ponta* MAG 1 MAG aba aa bb aa aba aa aa ab *Valores seguidos de mesma letra minúscula na vertical e mesma letra maiúscula na horizontal, não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. 5
6 CONCLUSÃO Os resultados mostraram que: a calda com adjuvante e a ponta MAG 2 apresentaram maiores valores de DMV; a ponta MAG 1 combinada com a calda com adjuvante e com o volume de 160l/ha apresentaram menor porcentagem de gotas menores que 100µm. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CHAIM, A.; MAIA, A. H. N.; PESSOA, M. C. P. Y. Estimativa da deposição de agrotóxicos por análise de gotas. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.34, n.6, p , jun CHRISTOFOLETTI, J.C. Bicos de pulverização: seleção e uso. Diadema: Spraying Systems, p. CHRISTOFOLETTI, J.C. Considerações sobre tecnologia de aplicação de defensivos agrícolas. São paulo: Teejet, p. CUNHA, J. P. A. R. Avaliação de estratégias para redução da deriva de agrotóxicos em Pulverizações Hidráulicas. Planta Daninha, Viçosa-MG, v.21, n.2, p , FERREIRA, D.F. Análises estatísticas por meio do Sisvar para Windows versão 4.0. In...45a Reunião Anual da Região Brasileira da Sociedade internacional de Biometria. UFSCar, São Carlos, SP, Julho de p LEFEBVRE, A. H. Atomization and sprays. International Series: Combustion. New York: Hemisphere Publishg Corporation, p MURPHY, S.D.; MILLER, P.C.H.; PARKIN, C.S. The effect of boom section and nozzle configuration on the risk of spray drift. J. Agric. Eng. Res., v. 75, p , WOLF, R.E.; FROHBERG, D.D. Comparison of drift for four drift-reducing flat-fan nozzle types measured in a wind tunnel and evaluated using dropletscan software. St. Joseph: ASAE, WOMAC, A.R., MAYNARD II, R.A., KIRK, I.W. Measurement variations in reference sprays for nozzle classification. Transactions of the ASAE, St. Joseph, v. 42, n.3, p ,
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