EFEITOS DA ADMINISTRAÇÃO DE ÓLEO DE LINHAÇA NO DESEMPENHO DE RATOS WISTAR NA CAIXA DE CONDICIONAMENTO OPERANTE RESUMO

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Maria do Loreto Santos Castelo
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1 EFEITOS DA ADMINISTRAÇÃO DE ÓLEO DE LINHAÇA NO DESEMPENHO DE RATOS WISTAR NA CAIXA DE CONDICIONAMENTO OPERANTE RESUMO O presente estudo teve por objetivo investigar os efeitos da admnistração de óleo de linhaça no desempenho de ratos na caixa de condicionamento operante (CCO). Ratos Wistar foram distribuídos nos grupos controle (C) e linhaça (L). O grupo L recebeu óleo de linhaça via orogástrica (0,8 ml/1kg) durante 8 dias. A ingestão hídrica foi registrada e ao final do período foi realizada a avaliação na CCO. Não houve alteração nos valores de ingestões hídrica e no desempenho na CCO. É possível que o número de dias tenha sido insuficiente para produzir alterações. Futuros estudos podem utilizar um tempo maior de administração. PALAVRAS-CHAVE: óleo de semente de linhaça, ratos Wistar, função cognitiva 1. INTRODUÇÃO A semente da linhaça (linum usitatissimum) é uma oleaginosa rica em gordura (41%), proteína (21%) e fibra dietética (28%) (Singh et al., 2011). Apesar de não ser conhecida precisamente a época ou local que o homem começou a utilizá-la, há registros de utilização na Babilônia, Mesopotâmia e Egito. Existem registros de perda de uma colheita de linho definida como uma praga no livro de Moisés. A utilização da semente como alimento espalhou-se da Ásia pela Europa, África, Ásia e América (Lopes, 2009). O óleo extraído da semente da linhaça normalmente é obtido pela presangem a frio. Os ácidos graxos (AG) são ácidos carboxílicos com longa cadeia carbônica sem ramificações. Se todos os átomos de carbono da cadeia são unidos por ligações simples é denominado saturado, se contém uma ligação dupla é denominado monoinsaturado e duas ou mais poliinsaturado. Dentre os AGs poliinsaturados estão os Omega 3 como o ácido alfalinoléico (Curi et al., 2002) Na composição lipídica da linhaça existe um alto teor de ácido alfalinoléico (Dziezak, 1989; Singh et al., 2011). O ácido alfalinoléico é um ácido graxo considerado essencial, pois não é sintetizado pelo organismo, sendo obtido através da dieta (Marzzoco e Torres, 1999). Dentre os diversos órgãos, os efeitos do Omega 3 no organismo têm sido estudados no encéfalo. Além das alterações relacionadas a determinados parâmetros como anatômicos, histológicos ou fisiológicos, esses efeitos podem ser observadas nas funções cognitivas de humanos e animais. Experimentos que investigam as funções cognitivas em modelos animais utilizam diversos procedimentos metodológicos como o labirinto aquático (Morris water maze), labirinto em cruz, a caixa de Skinner, entre outros. 1/5

2 Diversos estudos têm demonstrado a importância da ingestão dos ácidos graxos essenciais para manutenção ou melhoria da função cognitiva desde o desenvolvimento úterino até a prevenção da perda cognitiva em idosos (Dangour, 2010). Dauncey (2009), em revisão, apontou estudos que demonstraram que ácidos graxos Omega-3 podem melhorar a memória, humor e reduzir sintomas de depressão. Em contraste, o mesmo autor conclui que a ausência deste nutriente na alimentação aumenta o risco de dislexia, déficit de atenção, depressão, demência e Alzheimer. Os benefícios da ingestão de Omega 3 na função cognitiva corroboram com as ações destes ácidos graxos na composição neuronal, sinalização neuroquímica e transmissão nervosa. A importância destas substancia para contribuir na neurotransmissão no sistema nervoso é evidente na modulação das propriedades biofísicas da membrana, secreção vesicular présinaptica de neurotransmissores (Heinrichs, 2010). Outra forma de observa esse fenômeno são os resultados epidemiológicos que demonstram deficiência de Omega 3 na dieta resulta em diminuída plasticidade sináptica (Dangour e Uauy, 2008). importante ressaltar, porém que a associação entre consumo de Omega 3 e melhora da função cognitiva foi encontrada em muitos estudos, mas não em todos (Morley e Banks, 2010.) Este trabalho investigou os efeitos da administração de óleo de linhaça na ingestão hídrica e no desempenho de ratos wistar na caixa de condicionamento operante. 2. MATERIAL E MÉTODOS Para desenvolver este estudo, foram necessários ratos adultos da linhagem Wistar (Rattus Norvegicus Albinus Wistar) que foram mantidos em gaiolas coletivas, com livre acesso a água e ao alimento. A ingestão hídrica e alimentar foram registradas no início e final do período experimental. Os animais foram distribuídos nos seguintes grupos: 1- Grupo Controle: (N=6): animais sem nenhuma intervenção experimental que receberam ração e água ad libitum 2- Grupo Linhaça (N=6): animais que receberam diariamente, via orogástrica, oleo de linhaça dourada (0,8ml/kg), bem como ração e água ad libitum ADMINISTRAÇÃO DO ÓLEO DE LINHAÇA A administração do óleo da semente de linhaça (0,8 ml/kg) foi feita por via orogástrica, com a utilização de uma cânula (gavagem), na dosagem de. Foi utilizado o óleo extraído da semente de linhaça dourada (Lino Oil- São Paulo- Brasil) AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO COGNITIVA Para avaliar as funções cognitivas, foi utilizada a caixa para condicionamento operante (caixa de Skinner- modelo 3 EP 101- Insight Brasil). A caixa de Skinner é um equipamento utilizado em laboratório de psicologia experimental cujo funcionamento é baseado em estímulos visuais, auditivos e olfativos, que elucidam um comportamento operante, fundamentado em três procedimentos: reforço, punição e extinção. Os ratos foram submetidos ao procedimento de modelagem da resposta de pressão a barra. Os resultados foram analisados em termos das freqüências das respostas nas sessões experimentais e do tempo despendido por 2/5

3 cada sujeito na realização das tarefas propostas e estão expressos na tabela 1 em resposta acumulada após 10, 20, 30 e 40 minutos de avaliação. ANÁLISE ESTATÍSTICA Os resultados foram analisados estatisticamente por meio do teste t de Student. 3. RESULTADOS Os efeitos da administração de alimentos ricos em ômega 3 no organismo têm sido foco de interesse da comunidade científica. Dentre os aspectos mais estudados estão os relacionados à atividade cognitiva. Para controlar a ingestão de água durante o experimento na CCO, foi registrado o consumo de água pelos animais no início e final do período experimental. Conforme pode ser observado na tabela 1, não houve diferença significativa entre os grupos estudados. Desta forma, a ingestão de água nas 24 horas que precederam o experimento não variou entre os grupos, posto que a possível variação poderia interferir nos resultados relacionados ao desempenho dos animais na CCO, prejudicando esta avaliação. Com relação ao desempenho dos animais na CCO, os resultados estão expressos nas tabela 2. Em nenhum dos tempos apresentados (10, 20, 30 e 40) foi encontrada diferença significativa entre os grupos estudados. Tabela 2- Frequência de respostas acumuladas dos grupos controle e linhaça nos tempos 10, e 40 minutos na caixa de condicionamento operante após 8 dias de período experimental. Valores expressos como média ± desvio padrão Controle 216,2±35,4 342,4±75,9 493,2±160,9 517,8±176,4 Linhaça 177±46,2 297,4±71,5 365±75,9 394±98,6 Tabela 1- Ingestão hídrica (ml) dos grupos controle e linhaça no inicio e final do período experimental. Valores expressos como média ± desvio padrão. Ingestão hídrica (ml) Inicial Final Controle 30±11 32,5±6,1 Linhaça 35±8,9 37,5±4,2 Estudos prévios demonstraram que a ingestão dos ácidos graxos essenciais como o Omega 3 é de fundamental importância para função cognitiva. Alguns estudos indicaram os prejuízos causados pela deficiência deste ácido graxo na alimentação (Dangour e Uauy, 2008; Dangour, 2010). Outros demonstraram que a ingestão de Ômega 3 pode contribuir para manutenção e melhoria da função cognitiva (Dauncey, 2009; Dangour, 2010). Em nosso estudo, a não alteração no desempenho nos animais que ingeriram óleo de linhaça pode estar relacionado ao pequeno tempo que foi administrado o óleo (8 dias), mas também pela ausência de quadros patológicos, idade dos animais que não se encontram nem em fase de crescimento nem na senilidade e ausência de restrições alimentares. Futuros estudos utilizando tempo maior de administração do óleo, bem como outros modelos experimentais poderão contribuir para esclarecer melhor os efeitos da linhaça em parâmetros cognitivos. 3/5

4 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CURI, R.; POMPÉIA, C.; MIYASAKA, C.K.; PROCOPIO, J. Entendendo a gordura os ácidos graxos. São Paulo: Manole; 2002 DANGOUR, A.D.; UAUY, R. N-3 long-chainspolyunsaturated fatty acids for optimal function during brain development and ageing. Asia Pac J Clin Nutr. V. 17, p , DAUNCEY, M.J. New insights into nutrition and cognitive neuroscience.proc Nutr Soc Nov;68(4): HEINRICHS, S. C. Dietary omega-3 fatty acid supplementation for optimizing neuronal structure and function. Mol Nutr Food Res. Apr;54(4):447-56, SINGH, K.K. Mridula D, Rehal J, Barnwal P. Flaxseed: a potential source of food, feed and fiber. Crit Rev Food Sci Nutr Mar;51(3): LOPES, R.V.V. Poliuretanas obtidas a partir dos óleos de linhaça (Linum usitatissimun L.) e maracujá (Passiflora edulis Sims f. flavicarpa Degener) : preparação e caracterização, Tese de doutorado- Instituto de Química da Universidade de Brasília, SINGH, K.K.; MRIDULA, D.; REHAL, J.; BARNWAL, P. Flaxseed: a potential source of food, feed and fiber. Crit Rev Food Sci Nutr Mar;51(3): /5

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