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1 (p PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO 35 ACÓRDÃO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO ACÓRDÃO/DECISÃO MONOCRATICA REGISTRADO(A) SOB N I iiiiii uni um um um um um um mi mi * * Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação n , da Comarca de Campinas, em que são apelantes SILVIO FERREIRA e PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMPINAS sendo apelados PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMPINAS e SILVIO FERREIRA. ACORDAM, em 15" Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "DERAM PROVIMENTO EM PARTE AO RECURSO DO AUTOR E, NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO DA MUNICIPALIDADE, V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Desembargadores SILVA RUSSO (Presidente sem voto), ARTHUR DEL GUÉRCIO E RODRIGO ENOUT. de abril de 2010.

2 ,-vite- TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO VOTON 0 : APELAÇÃO CÍVEL N COMARCA: CAMPINAS APELANTES: SILVIO FERREIRA E PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMPINAS APELADOS: OS MESMOS EMENTA APELAÇÃO CÍVEL - Ação declaratória c/c repetição de indébito - IPTU dos exercícios de 1997 a Alegação de prescrição - Pretendida anulação do acordo extrajudicial firmado em Inteligência do art. 174 do CTN - Extinção do crédito tributário - A prescrição, no campo do Direito Tributário, é modalidade de extinção do crédito e, por isso, o acordo firmado em relação a débito já prescrito é nulo, porque o contribuinte não pode pagar por aquilo que a lei já extinguiu - Precedente do STJ - Ademais, a mera interposição de execução fiscal não tem o condão de interromper o prazo prescricional - Litigância de má-fé não caracterizada - Sentença parcialmente reformada - Recurso do autor parcialmente provido. Recurso da Municipalidade improvido. RELATÓRIO Trata-se de ação declaratória de inexigibilidade de débito cumulada com repetição de indébito proposta por SILVIO FERREIRA contra a PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMPINAS, objetivando o reconhecimento da prescrição dos débitos de IPTU dos exercícios de 1997 e 1999 e a anulação do acordo extrajudicial firmado em 2005, quando os débitos já estavam prescritqfs

3 2 A sentença, cujo relatório se adota, julgou parcialmente procedente o pedido para declarar extinto o crédito tributário referente ao exercício de 1997, deixando de reconhecer a prescrição dos débitos de 1998 e 1999 em virtude do ajuizamento da execução fiscal em novembro de Condenou a Municipalidade à repetição da diferença entre o valor pago pelo autor e o crédito dos demais exercícios. Em virtude da sucumbência recíproca, cada parte ficou responsável pelos honorários advocatícios de seu patrono (fls. 84). Inconformado, apelou o autor argüindo que o termo inicial da constituição definitiva dos créditos tributários deve ser considerado o primeiro dia de janeiro de cada exercício fiscal, que a Municipalidade não comprovou a data da citação havida na execução fiscal para fins de demonstrar a interrupção do prazo prescricional, razão pela qual deve ser reconhecida a prescrição dos débitos tributários referentes aos anos de 1997 a 1999 e a inexigibilidade do acordo, com a repetição dos valores recolhidos e a condenação da ré em litigância de má-fé (fls. 86/111). Contrarrazões às fls. 113/118. A Municipalidade de Campinas também apelou às fls. 125/129, requerendo a reforma da sentença para afastar o reconhecimento da prescrição do exercício de 1997, sob o argumento de renúncia da prescrição em razão do acordo firmado entre as partes. Foram apresentadas contrarrazões às fls. 135/156. Este é, em síntese, o relatório. VOTO \X. A sentença deve ser arcialmerite reformada. Apelação Cível n" votolwy \.

4 3 Com efeito, verifica-se que a matéria ventilada na ação declaratória de inexigibilidade de débito c/c repetição de indébito refere-se à prescrição de dos débitos de IPTU e taxa de lixo dos exercícios de 1997 a 1999, que foram objeto de acordo de parcelamento n /2005 (fls. 55/57). Considerando que o acordo de parcelamento da dívida tributária foi celebrado em 12/08/2005, conclui-se que, de fato, nessa época já havia se consumado a prescrição, isto porque, o lançamento do IPTU e taxa de lixo dos exercícios de 1997 a 1999 teria ocorrido em janeiro dos exercícios respectivos, portanto, em datas anteriores ao qüinqüênio prescricional. Nesse sentido, há que se enfrentar a questão referente ao acordo firmado entre as partes, na medida em que o contribuinte espontaneamente dirigiu-se à Secretaria Municipal de Finanças e lavrou um acordo, no qual reconheceu a dívida e se comprometeu a pagá-la, parceladamente, situação que a Municipalidade avoca em seu favor como condição da exigibilidade do crédito tributário. Com isso, há de se indagar se poderia ser objeto de acordo um crédito tributário já prescrito? O art. 191 do CC permite a renúncia da prescrição, que pode ser expressa ou tácita, mas cotejando este dispositivo com o art. 156 do CTN, observa-se que na esfera tributária a prescrição extingue o crédito tributário e, a rigor, em razão do princípio da estrita legalidade na qual encontram-se subsumidos os atos administrativos, seria inoportuno exigir do contribuinte, metfmo p^nvja/de acordo, um Apelação Cível n" vo\n/94

5 4 crédito extinto, na medida em que ninguém está obrigado a pagar por um tributo que não mais existe. Diferentemente das relações privadas, cuja possibilidade de transação encontra-se alicerçada no princípio da autonomia da vontade, no Direito Tributário esta autonomia é limitada pela lei, e se o art. 156, inc. V, do CTN diz que a prescrição é modalidade de extinção do crédito tributário, conseqüentemente, não se pode acordar sobre o que não mais existe, o que a própria lei tratou de extinguir pelo decurso do tempo. Assim, para o Direito Civil não há extinção do crédito em si, mas sim a perda do direito de ação por parte do credor, pois o crédito continua existindo como obrigação moral do devedor, por isso o art. 191 do CC admite a renúncia da prescrição. Mas no caso do Direito Tributário, a prescrição, tal como o pagamento, é modalidade de extinção, estando ambas as hipóteses no mesmo dispositivo legal, ou seja, o art. 156 do CTN. Por isso, reconhecer eventual acordo firmado pelas partes envolvendo o pagamento do crédito tributário extinto é o mesmo que admitir a exigência de tributo sem lei, pois ambas as exigências encontram-se dentro dos limites da legalidade, e a Fazenda Pública não pode acordar sobre crédito inexistente. A propósito, esse posicionamento guarda uma relação simétrica com o RE RS, \blp STJ, que ao enfrentar semelhante questão entendeu que as CDAs prescritas não podem servir de base para acordo de parcelamento. Cojns^u^expressamente no item 4 da ementa que: "Parcelamento acordado) apossa consumação Apelação Cível n" volow94

6 5 do prazo prescricional não atua como causa retroativa de interrupção do curso do prazo prescricional". Mas isso não é suficiente para o deslinde da questão, pois a Municipalidade de Campinas sustenta que interpôs execução fiscal para a cobrança de referidos débitos tributários em 27 de novembro de 2003 (Processo n /03), havendo, por isso, interrupção do prazo prescricional. Ocorre que, na forma da redação anterior do art. 174, do CTN, a prescrição somente se interrompia com a citação do executado, não bastando a mera interposição da execução fiscal. E nesse aspecto, verifica-se que a Municipalidade de Campinas não trouxe aos autos qualquer documento que demonstrasse a data da efetiva citação do executado, razão pela qual deve ser parcialmente reformada a sentença para reconhecer a prescrição, também, do débito referente ao exercício de Por fim, não restou configurado o dolo processual da Municipalidade apto a ensejar a imposição de penalidade por litigância de má-fé. Face ao exposto, dá-se provimento parcial ao recurso do autor e nega-se provimento ao recurso da Municipalidade de Campinas. \ \. São Paulo, 29\de abril de \ EUTÁÜJ0 POko \v^relator \. Apelação Çfiel n" voto 12194