TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL TERCEIRA TURMA CÍVEL APELAÇÃO CÍVEL - EXECUÇÃO - N /

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1 TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL TERCEIRA TURMA CÍVEL APELAÇÃO CÍVEL - EXECUÇÃO - N / RELATOR - EXMO. SR. DES. MARCO ANDRÉ NOGUEIRA HANSON. APELANTE - FAZENDA PÚBLICA DO MUNICÍPIO DE CAMPO GRANDE. PROCURADORA - CLAUDIA DE ARAUJO MELO. APELADO - BANCO BAMERINDUS DO BRASIL S.A. ADVOGADO - NÃO CONSTA. EMENTA APELAÇÃO CÍVEL EXECUÇÃO FISCAL IPTU PRESCRIÇÃO PRONUNCIAMENTO DE OFÍCIO PRAZO QUINQUENAL TERMO INICIAL CONSTITUIÇÃO DEFINITIVA DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO SENTENÇA ESCORREITA RECURSO DO MUNICÍPIO NÃO-PROVIDO. O IPTU é tributo lançado de ofício pelo sujeito ativo, que deve notificar o contribuinte para que efetue o pagamento ou impugne a cobrança. O dies a quo do prazo prescricional (quinquenal) começa com a constituição definitiva do crédito, que ocorre com a regular notificação do sujeito passivo e quando não for mais cabível qualquer impugnação sobre seu lançamento na via administrativa. Se o edital, publicado na imprensa oficial, tratar-se de um aviso aos contribuintes do lançamento do IPTU, considerar-se-á feita a notificação 15 dias após a publicação, em conformidade com o disposto no 2º, do artigo 15, da Lei Complementar n. 02/1992. Precedentes desta egrégia Corte Estadual de Justiça. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da Terceira Turma Cível do Tribunal de Justiça, na conformidade da ata de julgamentos e das notas taquigráficas, por unanimidade, negar provimento ao recurso. Campo Grande, 5 de abril de Des. Marco André Nogueira Hanson Relator RELATÓRIO

2 O Sr. Des. Marco André Nogueira Hanson O Município de Campo Grande, nos autos da Execução Fiscal (feito de n , da Vara de Execução Fiscal da Fazenda Pública Municipal de Campo Grande, Estado de Mato Grosso do Sul) que move em face do Banco Bamerindus S. A., inconformado com a sentença de acolhimento da prescrição, interpôs esta Apelação. Afirmou que a prescrição da sua pretensão não ocorreu, uma vez que a constituição definitiva do crédito tributário coincide com a data de encerramento de cada exercício. Anotou que a constituição definitiva do crédito em questão, quanto ao exercício de 1996 (como descrito na inicial), deu-se em 31 de dezembro de Aduziu que a pretensão de exigência de crédito tributário prescreve em cinco anos, contados da data de sua constituição definitiva, nos termos da norma contida no artigo 174 do Código Tributário Nacional. Em razão disso, asseverou que a pretensão esposada na inicial não prescreveu, já que a ação foi ajuizada em Advertiu que a demanda foi proposta dentro do quinquídio legal, e que a Fazenda Pública não pode ser penalizada pela demora do Poder Judiciário em promover a citação da parte executada, razão pela qual entende que o enunciado da Súmula de n. 106 do egrégio Superior Tribunal de Justiça é aplicável ao caso.não houve contrarrazões. VOTO O Sr. Des. Marco André Nogueira Hanson (Relator) O Município de Campo Grande, nos autos da Execução Fiscal (feito de n , da Vara de Execução Fiscal da Fazenda Pública Municipal de Campo Grande, Estado de Mato Grosso do Sul) que move em face do Banco Bamerindus S. A., inconformado com a sentença de acolhimento da prescrição, interpôs esta Apelação. Nos termos da petição inicial, o Município de Campo Grande ajuizou Execução Fiscal (feito de n ) em face do Banco Bamerindus S. A., com a pretensão de satisfação de um crédito de R$ 5.533,22 a título de IPTU, exercício de 1996, com referência ao imóvel localizado na rua José Antônio, 951, Vila Cidade (CDA de f. 6). A magistrada da causa proferiu sentença (f. 25): No caso em tela, a presente execução fiscal é oriunda da falta de pagamento de IPTU, tributo de lançamento direto, referente ao exercício de 1996, conforme CDA constante nos autos. O Edital Nº 001/96 que avisou os contribuintes acerca de seu lançamento previsto no artigo de lei supracitado, foi publicado no Diário Oficial Nº 4.198, p.24, de 12 de janeiro de Assim, conforme 2º, do artigo 15, da Lei Complementar Nº 02/92, a notificação dos contribuintes ocorreu em 27 de janeiro de Dessa forma, o dies a quo do prazo prescricional iniciou-se em 28 de janeiro de 1996, findando-se em 28 de janeiro de Como, o exeqüente só

3 propôs a ação de execução fiscal em (f.02vº), o crédito tributário referente ao exercício de 1996 já se encontrava extinto ante a ocorrência da prescrição, nos termos do artigo 156 c/c artigo 174, do Código Tributário Nacional... Ao caso não se aplica a Súmula 106 do STJ, uma vez que quando proposta a ação já havia ocorrido o fenômeno da prescrição. O fato do executado não ter requerido o reconhecimento da prescrição é insubsistente, pois a mesma, na nova realidade processual, pode ser decretada ex officio pelo juízo, conforme artigo 219, 5º do CPC. Do exposto e considerando tudo que nos autos consta, ex officio, julgo extinto o processo, com resolução do mérito, forte no disposto no art. 269, inciso V, do Código de Processo Civil, ante a ocorrência da prescrição, estando, por conseqüência extinto o crédito de origem tributária executado constante na CDA de f.06, exercício de 1996, conforme artigo 156, inciso V, do Código Tributário Nacional. Sem custas e honorários, conforme artigo 39 da LEF. Sem reexame necessário, em virtude da nova redação do art. 475, 2º, do Código de Processo Civil, dada pela Lei / P.R.I. Campo Grande-MS, 01 de outubro de Nas suas razões, a parte autora afirmou que a prescrição da sua pretensão não ocorreu, uma vez que a constituição definitiva do crédito tributário coincide com a data de encerramento de cada exercício. Anotou que a constituição definitiva do crédito em questão, quanto ao exercício de 1996, deu-se em Aduziu que a pretensão de exigência de crédito tributário prescreve em cinco anos, contados da data de sua constituição definitiva, nos termos da norma contida no artigo 174 do Código Tributário Nacional. Em razão disso, asseverou que a pretensão esposada na inicial não prescreveu, já que a ação foi ajuizada em Advertiu que a demanda foi proposta dentro do quinquídio legal, e que a Fazenda Pública não pode ser penalizada pela demora do Poder Judiciário em promover a citação da parte executada, razão pela qual entende que o enunciado da Súmula de n. 106 do egrégio Superior Tribunal de Justiça é aplicável ao caso. O Imposto sobre Propriedade Territorial Urbana é uma espécie de tributo lançado de ofício pelo sujeito ativo, que deve notificar o sujeito passivo para que efetue o pagamento ou impugne a exigência. O prazo prescricional quanto à pretensão de exigência do tributo é de cinco anos, contados da constituição definitiva do crédito. A despeito da insuficiência da norma do artigo 174 do Código Tributário Nacional, é certo que a constituição definitiva do crédito tributário relativo ao IPTU ocorre com a regular notificação do sujeito passivo, ressaltada a necessidade de inexistência de qualquer impugnação sobre seu lançamento na via administrativa. A leitura da norma esculpida no artigo 15 da Lei Complementar Municipal de n. 2/1992 indica que a publicação do edital na imprensa oficial materializa um aviso ao sujeito passivo acerca do lançamento do IPTU. Nesse raciocínio, a notificação será considerada feita após o décimo quinto dia depois dessa publicação. No caso em análise, a publicação do Edital de n. 1/1996 na imprensa oficial (Diário Oficial de n / ) materializou um aviso ao sujeito passivo acerca do lançamento do IPTU, de maneira que a notificação desse sujeito passivo é considerada realizada após 15 dias depois da referida publicação: em

4 Assim, a constituição definitiva do crédito tributário relativo ao IPTU aconteceu com a regular notificação do sujeito passivo (em ), de sorte que o termo inicial para a contagem do prazo prescricional quinquenal é o dia Logo, a pretensão inicial prescreveu em , pois a ação foi ajuizada em Esse é o entendimento deste Tribunal de Justiça, in verbis : EMENTA APELAÇÃO CÍVEL EXECUÇÃO FISCAL IPTU PRESCRIÇÃO ACOLHIMENTO SUCUMBÊNCIA. I - Pelo fato de a Administração Tributária competente possuir cadastro dos imóveis, o lançamento do imposto predial e territorial urbano (IPTU) é direto. Considerando que a notificação dos contribuintes acerca do vencimento realizou-se mediante edital publicado no dia 12 de janeiro de 1996, o prazo prescricional passou a contar após o decurso dos quinze dias concedidos, ocorrendo o termo final em 28 de janeiro de Apresentada a ação em 26 de setembro daquele ano, ao acolher a exceção de pré-executividade deduzida pelo executado, a sentença bem aplicou o direito ao caso concreto, pois efetivamente ocorreu o fenômeno da prescrição. II - Vencida a Fazenda Pública é de rigor a imposição do pagamento da verba honorária, por força da sucumbência, não sendo o caso de aplicar a regra contida no artigo 1º - D da Lei n /97, que trata da isenção deste encargo para hipótese diversa da tratada nestes autos. (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul. Primeira Turma Cível. Apelação Cível de n Desembargador Relator Josué de Oliveira. Julgado em ). EMENTA APELAÇÃO CÍVEL EXECUÇÃO FISCAL IPTU ARGUIÇÃO DE PRESCRIÇÃO PRAZO PRESCRICIONAL DE 5 ANOS TERMO INICIAL DA CONTAGEM DO PRAZO PRESCRICIONAL MOMENTO DA CONSTITUIÇÃO EM DEFINITIVO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO NOTIFICAÇÃO RECURSOS IMPROVIDOS. O IPTU é tributo lançado de ofício pelo sujeito ativo, que deve notificar o contribuinte para que efetue o pagamento ou impugne a cobrança. O dies a quo do prazo prescricional (quinquenal) começa com a constituição definitiva do crédito, que ocorre com a regular notificação do sujeito passivo e quando não for mais cabível qualquer impugnação sobre seu lançamento na via administrativa. Se o edital, publicado na imprensa oficial, tratar-se de um aviso aos contribuintes do lançamento do IPTU, considerar-se-á feita a notificação 15 dias após a publicação, em conformidade com o disposto no 2º, do artigo 15, da Lei Complementar n. 02/1992. (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul. Quinta Turma Cível. Apelação Cível de n Desembargador Relator Vladimir Abreu da Silva. Julgado em ). Portanto, a sentença fundada na ocorrência da prescrição restou escorreita, porque o órgão julgador está autorizado a pronunciar a prescrição até mesmo de ofício. Por fim, observe-se que o dia 31 de dezembro de cada ano corresponde apenas à data de inscrição do crédito em dívida ativa, que não interrompe o prazo prescricional. Posto isso, conheço do recurso, mas nego-lhe provimento. DECISÃO

5 Como consta na ata, a decisão foi a seguinte: POR UNANIMIDADE, NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO. Presidência do Exmo. Sr. Des. Rubens Bergonzi Bossay. Relator, o Exmo. Sr. Des. Marco André Nogueira Hanson. Tomaram parte no julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores Marco André Nogueira Hanson, Rubens Bergonzi Bossay e Oswaldo Rodrigues de Melo. Campo Grande, 5 de abril de 2010.