ACÓRDÃO. Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº

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1 Registro: ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº , da Comarca de Itapira, em que é apelante ESTADO DE SÃO PAULO, é apelado LUIZ FERNANDO ANTONELLI. ACORDAM, em sessão permanente e virtual da 12ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: Negaram provimento ao recurso. V. U., de conformidade com o voto do relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Desembargadores J. M. RIBEIRO DE PAULA (Presidente) e EDSON FERREIRA. São Paulo, 19 de fevereiro de Osvaldo de Oliveira Relator Assinatura Eletrônica

2 VOTO Nº COMARCA: ITAPIRA APELAÇÃO CÍVEL Nº APELANTE: FAZENDA DO ESTADO DE SÃO PAULO APELADO: LUIZ FERNANDO ANTONELLI Juíza de 1ª instância: Vanessa Aparecida Bueno APELAÇÃO CÍVEL. MEDIDA CAUTELAR. IPVA. Cobrança do tributo pelo fisco paulista relativo ao exercício de 2013, decorrente de diligência fiscalizatória denominada Operação Olho na Placa. Imposto já pago em outro Estado. Impossibilidade de bitributação. Proprietário do veículo que possui domicílio no Município de Itapira/SP e também no Estado de Minas Gerais. Comprovada a duplicidade de domicílio, o registro do veículo poderá ser efetuado em qualquer um deles. Inteligência dos artigos 120 do Código de Trânsito Brasileiro e 70 e 71 do Código Civil. Precedentes desta Corte. Sentença de procedência mantida. Recurso não provido. Trata-se de ação cautelar inominada por Luiz Fernando Antonelli em face da Fazenda do Estado de São Paulo, objetivando a anulação do débito de IPVA constituído no Estado de São Paulo referente ao veículo marca Toyota Hilux, placa HKV-2766, relativo ao ano de 2013, bem como a sustação do protesto do referido débito. A r. sentença julgou procedente a ação, para determinar que a requerida abstenha-se de exigir o pagamento de IPVA do veículo indicado na inicial, relativo ao exercício de 2013, bem como determinar que se cancele definitivamente o protesto da CDA relativa ao débito tributário especificado, confirmando a liminar deferida às fls. 46/47. Em razão da sucumbência, Apelação nº Voto nº 2

3 condenou a vencida ao pagamento de honorários advocatícios, fixados em 10% (dez por cento) do valor da causa, nos termos do artigo 85, 2º, do Código de Processo Civil (fls. 163/168). A FESP apelou, sustentando que o lançamento do imposto decorreu de diligência fiscalizatória denominada Operação Olho na Placa, desencadeada pelo fisco paulista com o fim de inibir a ocorrência de fraudes no recolhimento do IPVA, a qual constatou que o autor possuía domicílio no Estado de São Paulo, porém registrou o veículo placa HKV-2766, de sua propriedade, no Estado de Minas Gerais, com o objetivo de pagar o imposto com alíquota menor. Dessa forma, como se trata de tributo de competência estadual, o lançamento do imposto deve ser promovido pelo fisco paulista, domicílio tributário do apelado, pugnando pela reforma do julgado (fls. 170/174). O autor não apresentou contrarrazões (fls. 177). Não houve oposição ao julgamento virtual. É o relatório. O recurso não comporta provimento. Depreende-se dos autos que o autor ajuizou ação cautelar inominada preventiva e de sustação de protesto visando a anulação do lançamento tributário relativo ao IPVA do exercício de 2013 do veículo de sua propriedade (Toyota Hilux, ano 2009, placa HKV-2766), que está registrado em outro estado da federação e com o referido imposto já pago (fls. 17/20). Apelação nº Voto nº 3

4 Informa que a ré justifica a cobrança pelo fato de ser domiciliado no Estado de São Paulo e o registro e licenciamento terem ocorrido em outro Estado. Alega, entretanto, possuir residência também no Estado de Minas Gerais, lugar em que exerce sua atividade de comerciante, e que o contribuinte tem a liberdade para escolher o domicílio em que irá responder por suas obrigações tributárias. Com tais fundamentos, requer a anulação do débito fiscal constituído no Estado de São Paulo, bem como a sustação do protesto do débito promovido pela ré. E razão lhe assiste. O artigo 120 do Código de Trânsito Brasileiro estabelece: Art Todo veículo automotor, elétrico, articulado, reboque ou semireboque, deve ser registrado perante o órgão executivo de trânsito do Estado ou do Distrito Federal, no Município de domicílio ou residência de seu proprietário, na forma da lei. domicílio tributário: O Código Tributário Nacional, por sua vez, assim disciplina o Art Na falta de eleição, pelo contribuinte ou responsável, de domicílio tributário, na forma da legislação aplicável, considera-se como tal: (...) I - quanto às pessoas naturais, a sua residência habitual, ou, sendo esta incerta ou desconhecida, o centro habitual de sua atividade; (...) 1º - Quando não couber a aplicação das regras fixadas em qualquer dos Apelação nº Voto nº 4

5 incisos deste artigo, considerar-se-á como domicílio tributário do contribuinte ou responsável o lugar da situação dos bens ou da ocorrência dos atos ou fatos que deram origem à obrigação. 2º - A autoridade administrativa pode recusar o domicílio eleito, quando impossibilite ou dificulte a arrecadação ou a fiscalização do tributo, aplicando-se então a regra do parágrafo anterior. E o Código Civil permite que, existindo multiplicidade de residências, possa se reconhecer como domicílio qualquer delas: Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo. Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer delas." Os documentos juntados com a inicial demonstram de modo inequívoco a duplicidade de domicílio do autor que, embora tenha domicílio na cidade de Itapira, Estado de São Paulo, tal qual declarado à Receita Federal (fls. 118), também o tem no Estado de Minas Gerais, onde exerce atividade comercial (fls. 21/29, 66/73 e 76/84). Por esta razão, comprovada a existência de duplo domicílio, não há óbice que o veículo seja registrado no Estado de Minas Gerais e circule em São Paulo, ou seja, pode o contribuinte escolher onde efetuará o registro do veículo. Ademais, permitir que o Estado de São Paulo promova o lançamento do IPVA sobre o veículo em questão, já registrado e licenciado em Minas Gerais, é admitir cobrança em duplicidade, o que é vedado pela Apelação nº Voto nº 5

6 Constituição Federal. Nesse sentido o entendimento desta 12ª Câmara: APELAÇÃO. EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. IPVA. INEXIGIBILIDADE DE DÉBITO ANTE A PLURALIDADE DE DOMICÍLIOS. Contribuinte que comprovou ter domicílio em outro Estado, local em que registrou e licenciou o veículo e recolheu o tributo, nos termos do artigo 120, do Código de Trânsito Brasileiro. Indevida nova tributação. Prejudicada análise do pleito relativo à indenização por danos morais, pela inadequação da via eleita. Ação julgada parcialmente procedente em 1º grau. Sentença mantida. RECURSO NÃO PROVIDO. (AC nº Relator: Souza Nery - j ); Tributário - nulificação de lançamento fiscal de débito de IPVA incidente sobre veículo registrado em outra unidade federativa e indenização por dano moral em razão do protesto do título - Procedência - Insurgência fazendária - Residência em outro Estado comprovada - Livre opção do domicílio de registro de veículo, nos termos do art. 120, do CTB em caso de pluralidade domiciliar - Não se vislumbra fraude no caso - Precedentes deste E. Tribunal de Justiça - Existência, in casu, de lesão à esfera moral do demandante em decorrência da realização de protesto indevido - Dano moral in re ipsa - Precedentes - Sentença mantida - juros e correção monetária aplicação do Tema 905 do A. STJ e do Tema 810 do E. STF - de rigor a observância da modulação dos efeitos e dos critérios a ser fixada nos declaratórios opostos ao acórdão do RE nº /SE (Tema nº 810), recebidos com excepcional efeito suspensivo - Recurso desprovido, com observação. (AC nº Relator: Souza Meirelles - j ). Nesse diapasão também decidiu a 8ª câmara de Direito público Apelação nº Voto nº 6

7 ao julgar caso análogo envolvendo o mesmo autor: Apelação - Anulatória de Débito Fiscal - Cobrança de IPVA pelo Estado de São Paulo - Veículo licenciado e registrado em Minas Gerais - Comprovação de pluralidade de domicílios em Estados da Federação diversos - Direito de opção de licenciamento em qualquer deles - Inteligência do Art. 120, do CTB c.c. arts. 70 e 71 do Código Civil - Sentença de procedência ratificada e mantida - Recurso não provido. (AC nº Relator: Ponte Neto - j ). E ainda, precedentes desta Corte: AGRAVO DE INSTRUMENTO - EXCEÇÃO DE PRÉ- EXECUTIVIDADE - IPVA - Recolhimento do tributo no Estado do Rio Grande do Sul - Autuação do Fisco paulista - Nulidade do lançamento que se impunha - Cabimento da Exceção de Pré-executividade - Nulidade do título executivo que dispensa dilação probatória - Comprovação de que o proprietário do veículo tem dois domicílios - Autor que poderia recolher o tributo no Estado vizinho, vez que lá exerce atividades profissionais, mantém domicílio e utiliza o veículo - Faculdade do contribuinte - Decisão reformada - Exceção de préexecutividade acolhida - Dado provimento ao recurso. (AI nº Relator: Rubens Rihl - 1ª Câmara de Direito Público - j ); MANDADO DE SEGURANÇA - Extinção do débito tributário contido na CDA nº IPVA do exercício de Alegação de possuir domicílio no estado de Paraná - Elementos dos autos que indicam ter a impetrante pluralidade de domicílios, a permitir o registro do veículo e recolhimento do tributo no Estado do Paraná, em observância ao art. 120 do CTB. Segurança concedida. Recurso provido. (AC nº Relator: Carlos Eduardo Pachi - 9ª Câmara de Direito Público - j ); Apelação nº Voto nº 7

8 TRIBUTO - IPVA - Domicílio do contribuinte - Veículo registrado no Paraná - Lançamento do tributo pelo Estado de São Paulo - Impossibilidade: Admitida a pluralidade de domicilio o proprietário do veículo pode optar pelo registro e recolhimento do tributo em qualquer deles. (AC nº Relatora: Teresa Ramos Marques - 10ª Câmara de Direito Público - j ); Nesse contexto, era mesmo de rigor a procedência da demanda, para reconhecer a inexigibilidade do IPVA do exercício de 2013 do veículo indicado na inicial, de modo que a r. sentença deve ser mantida em sua íntegra. Diante da manutenção do julgado, majoram-se os honorários de sucumbência arbitrados pelo Juízo singular e carreados aos réus para 12% (doze por cento) sobre o valor atualizado da causa, nos termos do artigo 85, 11, do Código de Processo Civil. À vista do exposto, nega-se provimento ao recurso.. OSVALDO DE OLIVEIRA Relator Apelação nº Voto nº 8