Sexta Câmara Cível DECISÃO

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1 Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro Sexta Câmara Cível Apelação cível nº Apelante: Município de Nova Iguaçu Procurador do Município: Doutor Rodrigo Tostes de Alencar Mascarenhas Apelado: Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro Relator: Desembargador Nagib Slaibi DECISÃO Direito Tributário. Execução fiscal. Município de Nova Iguaçu. Prescrição do crédito tributário. Termo a quo. IPTU. Lançamento definitivo do crédito tributário. Notificação do valor do imposto presumida pelo envio do carnê. Créditos definitivamente constituídos em janeiro de 2000 e Ação proposta em junho de Créditos fiscais prescritos antes do ajuizamento da ação. Reconhecimento de ofício pelo juízo de origem. Possibilidade. Apesar de se aplicar ao caso a norma contida no art. 174, I, do CTN, com a nova redação dada pela Lei complementar nº 118/2005, com a possibilidade de se interromper o prazo de prescrição com o despacho liminar positivo, antes mesmo do ajuizamento da ação, estavam os créditos fiscais prescritos, faltando ao título executivo (certidão da dívida ativa) o requisito da exigibilidade, razão por que mantém-se a r. decisão impugnada. [...] no caso, a hipótese é diversa por não se tratar de prescrição intercorrente, mas também cabe ao juiz de execução decidir por analogia, na hipótese dos autos, em que a certidão da dívida ativa (CDA) carece do requisito da exigibilidade por já estarem prescritos os créditos fiscais antes do ajuizamento da ação, esse fato autoriza o magistrado a extinguir o processo in limine, nos termos do art. 269, IV, do CPC. Dessa forma, falta ao título executivo a condição específica ao exercício do direito da ação executiva fiscal; afigura-se, portanto, inócua a oitiva do exeqüente, por consubstanciar matéria exclusivamente de direito, insuscetível de saneamento por parte da Fazenda municipal (REsp RJ, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 15/4/2008). Recurso a que se nega seguimento. Aplicação do art. 557, caput, do CPC. Manifesta procedência. Debate-se em apelação o reconhecimento da prescrição declarando extinta a execução proposta pelo Município de Nova Iguaçu referente ao IPTU dos exercícios de 2000 e O Município em suas razões recursais sustenta, em síntese, que, considerando que as execuções foram ajuizadas em 14 de junho de 2006, e que o despacho ordenando a citação foi exarado em 28 de junho do mesmo ano, data em que a Lei Complementar nº 118/2005 já estava em plena vigência, há que se considerar que o prazo prescricional foi 1 Decisão jgf

2 interrompido (impedindo-se a consumação da prescrição), por força da aplicação direta da nova redação dada ao inciso I do parágrafo único do art. 174 do CTN, em harmonia com o disposto no 2º do art. 8º da Lei de Execuções Fiscais (em razão do simples despacho citatório), motivo pelo qual entende que merece reparo a sentença proferida pelo MM. Juízo a quo (fls. 12/14). Requer, assim, a anulação do provimento, para o prosseguimento do feito. É o relatório. Recurso conhecido posto que adequado. O Magistrado extinguiu de ofício o feito sob a tese de que a jurisprudência vem se manifestando no sentido de que somente os fatos geradores ocorridos após a edição da Lei complementar 118/2005 seriam por ela alcançados, por se tratar de direito e garantia implícito do contribuinte. Nesse sentido, citou a ADIn 939/DF. Como no caso em julgamento, o fato gerador do tributo em execução ocorreu antes da edição da citada Lei complementar, a prescrição teria ocorrido pela falta de citação no quinquênio ou seja, não tendo havido qualquer causa de interrupção prevista no art. 174 do Código Tributário Nacional. Por outro lado, entendendo pela aplicabilidade da nova redação do art. 174 do CTN ao caso, observa que, tendo sido proferido despacho deferindo prazo de 100 dias para a efetivação da citação (art. 219, 2º e 5º, CPC), tal despacho restou irrecorrido, e o prazo fixado para se efetivar a citação, que se iniciou em 28 de junho de 2006, findou em 6 de outubro do mesmo ano, sem qualquer manifestação da parte, razão por que entendeu o Julgador pela inocorrência da interrupção da prescrição, nos termos do art. 219, 4º, do CPC. A constituição do crédito tributário, no caso do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) ocorre no momento do lançamento de ofício do tributo, que ocorre com a notificação do contribuinte, devendo ser esta feita pela municipalidade e que se presume realizada com o envio do carnê ao endereço do imóvel objeto do tributo no início de cada ano. No caso em julgamento, verifica-se que o Município recorrente ajuizou a presente execução fiscal em 14 de junho de 2006, quando já se encontravam prescritos os créditos fiscais relativos ao IPTU dos exercícios de 2000 e 2001, nos termos do art. 174, caput, do Código Tributário Nacional, que deixa claro que o prazo prescricional aplicável aos executivos fiscais é de cinco anos. 2 Decisão jgf

3 Agravo de instrumento. Execução fiscal. Município de Rio das Ostras. Imposto predial e territorial urbano-iptu. Taxa de serviços urbanos-tsu. Créditos tributários relativo ao exercício de Prescrição reconhecida de ofício, conforme arts. 174 do CTN e 219, 5º do CPC (redação dada pela Lei nº /06). Possibilidade. Constituição do crédito tributário que se dá a partir da notificação, esta que deve ser feita pela municipalidade e que se presume realizada com o envio do carnê ou boleto ao endereço do imóvel objeto do tributo no início de cada ano. Executivo fiscal proposto em junho/1999. Ação proposta fora do prazo qüinqüenal do art. 174 do CTN. Recurso a que se nega provimento, na forma do caput do art. 557 do CPC. ( ISC 3 AGRAVO DE INSTRUMENTO - DES. CRISTINA TEREZA GAULIA - Julgamento: 08/09/ QUINTA CAMARA CIVEL). Apesar de se aplicar ao caso a norma contida no art. 174, I, do CTN, com a nova redação dada pela Lei complementar nº 118/2005, com a possibilidade de se interromper o prazo de prescrição com o despacho liminar positivo, antes mesmo do ajuizamento da ação, estavam os créditos fiscais prescritos, faltando ao título executivo (certidão da dívida ativa) o requisito da exigibilidade, razão por que poderia o douto Julgador a quo ter extinguido o feito nos termos do art. 269, IV, do Código de Processo Civil. A nova redação dada ao referido dispositivo pela Lei complementar nº 118/2005 se aplica a partir de sua vigência, em 9 de junho de 2005, não podendo retroagir para alcançar situações já consolidadas, o que não é o caso, vez que a presente ação foi proposta em 14 de junho de No caso presente, com o despacho liminar positivo na execução ocorrido em 28 de junho de 2006, estaria interrompida a prescrição, recomeçando a contagem do prazo prescricional. No entanto, a prescrição dos créditos apontados (exercícios de 2000 e 2001) já havia se operado quando do ajuizamento da ação em junho de 2006, tendo em vista que o prazo prescricional aplicável ao caso é de cinco anos. Assim, a Certidão da Dívida Ativa (CDA) carece do requisito da exigibilidade por já estarem prescritos os créditos fiscais antes do ajuizamento da ação, autorizando assim o douto Julgador a quo a reconhecer de ofício a prescrição do crédito tributário. Nesse sentido, precedentes do Superior Tribunal de Justiça e desta eg. Corte de Justiça: PRESCRIÇÃO. DECRETAÇÃO. CRÉDITOS FISCAIS. Discute-se a possibilidade de o juiz extinguir o executivo fiscal liminarmente, sem ouvir o exeqüente e sem citar o executado, sob o fundamento de que os créditos tributários (IPTU) já se encontravam prescritos, sendo, portanto, inexigíveis. Note-se que o Tribunal a quo confirmou a decisão do juiz. Observa o Min. Relator que, para a 3 Decisão jgf

4 jurisprudência deste Superior Tribunal, era defeso ao juízo decretar de ofício a consumação da prescrição em se tratando de direitos patrimoniais (art. 219, 5º, do CPC). Porém a Lei n /2004 acrescentou ao art. 40 da Lei de Execuções Fiscais o 4º, possibilitando ao juízo da execução decretar de ofício a prescrição intercorrente, desde que ouvida a Fazenda Pública e, como norma de natureza processual, sua aplicação é imediata, até em processos em curso. Isso posto, explica o Min. Relator que, no caso, a hipótese é diversa por não se tratar de prescrição intercorrente, mas também cabe ao juiz de execução decidir por analogia, na hipótese dos autos, em que a certidão da dívida ativa (CDA) carece do requisito da exigibilidade por já estarem prescritos os créditos fiscais antes do ajuizamento da ação, esse fato autoriza o magistrado a extinguir o processo in limine, nos termos do art. 269, IV, do CPC. Dessa forma, falta ao título executivo a condição específica ao exercício do direito da ação executiva fiscal; afigura-se, portanto, inócua a oitiva do exeqüente, por consubstanciar matéria exclusivamente de direito, insuscetível de saneamento por parte da Fazenda municipal. Com esse entendimento, a Turma negou provimento ao recurso. REsp RJ, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 15/4/2008. Agravo de instrumento. Execução fiscal. Município de Rio das Ostras. Imposto predial e territorial urbano-iptu. Taxa de serviços urbanos- TSU. Créditos tributários relativo ao exercício de Prescrição reconhecida de ofício, conforme arts. 174 do CTN e 219, 5º do CPC (redação dada pela Lei nº /06). Possibilidade. Constituição do crédito tributário que se dá a partir da notificação, esta que deve ser feita pela municipalidade e que se presume realizada com o envio do carnê ou boleto ao endereço do imóvel objeto do tributo no início de cada ano. Executivo fiscal proposto em junho/1999. Ação proposta fora do prazo qüinqüenal do art. 174 do CTN. Recurso a que se nega provimento, na forma do caput do art. 557 do CPC. ( ISC 3 AGRAVO DE INSTRUMENTO - DES. CRISTINA TEREZA GAULIA - Julgamento: 08/09/ QUINTA CAMARA CIVEL). O crédito tributário constitui o direito material da Fazenda, não havendo óbices ao reconhecimento de ofício da extinção do direito, visto que as Fazendas Públicas gozam de privilégios que versam sobre direito processual e não material. Deste modo, com a alteração do parágrafo 5º do artigo 219 do CPC, poderá o magistrado de ofício, quando do recebimento da ação de execução fiscal proposta pelas Fazendas declarar a prescrição tributária do crédito, o que gerará verdadeiro reconhecimento da ausência de causa legal para propositura da ação, visto que inexistente o próprio direito material. Também não há afronta ao artigo 40, 4º, da Lei de Execução fiscal, visto que não é caso de prescrição intercorrente, visto que esta se 4 Decisão jgf

5 traduz na paralisação do processo pelo prazo prescricional, após a citação vez que inicia novo curso do prazo. Ante tais considerações, na forma do artigo 557, caput, do CPC, nego seguimento ao recurso ante a manifesta improcedência, com base em jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça. Rio de Janeiro, 1º de outubro de Desembargador Nagib Slaibi Relator 5 Decisão jgf Certificado por DES. NAGIB SLAIBI A cópia impressa deste documento poderá ser conferida com o original eletrônico no endereço Data: 06/10/ :29:43Local: Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro - Processo: Tot. Pag.: 5