ORIGEM : 33ª VARA - PE (PROCESSO FÍSICO: )

Transcrição

1 Tribunal Regional Federal da 5ª Região Gabinete do Desembargador Federal Vladimir Souza Carvalho AGRAVO DE INSTRUMENTO PE AGRAVANTE : FAZENDA NACIONAL AGRAVADO : CONEXÃO INTEGRAÇÃO DE SISTEMAS LTDA AGRAVADO : TEREZA WANDERLEY TAVEIROS DE MENDONÇA ADVOGADO : IVO DE OLIVEIRA LIMA ADVOGADO : ALEXANDRE DE ARAÚJO ALBUQUERQUE AGRAVADO : DANILO TAVEIROS DE MENDONÇA ORIGEM : 33ª VARA - PE (PROCESSO FÍSICO: ) RELATOR : DES. FEDERAL VLADIMIR SOUZA CARVALHO - 2ª TURMA (Relatório) O desembargador federal Vladimir Souza Carvalho: Agravo de instrumento interposto pela Fazenda Nacional, contra decisão que acolheu a exceção de pré-executividade, reconhecendo a ocorrência da prescrição intercorrente em face do excipiente, com a sua consequente exclusão da lide. A agravante defende a reforma da decisão que indeferiu a citação do sócio administrador, requerida em 11 de abril de 2012, sob argumento de que a citação do devedor solidário elidiu a incidência da prescrição em relação a todos os co-devedores, nos termos do art. 125, inc. III, do Código Tributário Nacional, bem como de acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça. Indeferido a liminar recursal, Id Contrarrazões apresentadas, alega que, a citação da pessoa jurídica ocorreu em abril de 1999 e o pedido de redirecionamento foi feito apenas em maio de 2008, após 9 anos, estando, ao meu sentir, induvidosamente prescrita a pretensão fazendária, Id É o relatório.

2 Tribunal Regional Federal da 5ª Região Gabinete do Desembargador Federal Vladimir Souza Carvalho AGRAVO DE INSTRUMENTO PE AGRAVANTE : FAZENDA NACIONAL AGRAVADO : CONEXÃO INTEGRAÇÃO DE SISTEMAS LTDA AGRAVADO : TEREZA WANDERLEY TAVEIROS DE MENDONÇA ADVOGADO : IVO DE OLIVEIRA LIMA ADVOGADO : ALEXANDRE DE ARAÚJO ALBUQUERQUE AGRAVADO : DANILO TAVEIROS DE MENDONÇA ORIGEM : 33ª VARA - PE (PROCESSO FÍSICO: ) RELATOR : DES. FEDERAL VLADIMIR SOUZA CARVALHO - 2ª TURMA (Voto) O desembargador federal Vladimir Souza Carvalho: Ao tratar da solidariedade, o art. 125, inc. III, do Código Tributário Nacional, determina que a interrupção da prescrição, em favor ou contra um dos obrigados, favorece ou prejudica os demais, de forma que a citação de um dos sóciosgerentes interrompe a prescrição em relação a todos, conforme já decidido pelo Superior Tribunal de Justiça: Processual Civil. Recurso Especial. Execução fiscal. Citação de um dos sócios-gerentes. Efeitos. Interrupção da prescrição em relação a todos os devedores solidários. 1. Deferiu-se o pedido de redirecionamento do processo executivo fiscal em relação aos sócios da empresa executada, não efetuada, entretanto, a citação de um deles. 2. É certo que, segundo o art. 125, III, do CTN, os efeitos da interrupção da prescrição em relação a um dos devedores solidários atinge todos os outros co-devedores. 3. Na hipótese, é incontroverso que houve a efetiva citação de um dos sócios que figuram no pólo passivo da execução, razão pela qual a não-efetivação da citação do outro executado não impediu a interrupção do prazo prescricional em relação a ele. 4. Recurso especial desprovido [REsp RS, min. Denise Arruda, DJE 11 de fevereiro de 2009].

3 Entendimento também aplicado diante de solidariedade passiva tributária entre a pessoa jurídica e seus sócios, considerando que a prescrição indeferida contra aquela se projeta perante o sócio, mesmo que não tenha sido citado: Decisão Agravo de Instrumento - Recurso Especial - Citação da Empresa - Interrupção da prescrição- Extensão aos sócios - Prescrição - Não-ocorrência. Trata-se de agravo de instrumento interposto contra decisão que inadmitiu recurso especial. No recurso especial, interposto com fulcro na alínea "a" do permissivo constitucional, aponta a parte recorrente violação do art. 174, 125, III, do CTN, sustentando, em síntese, que não existe dispositivo legal a autorizar reconhecimento de prescrição entre a data de citação do devedor principal e do responsável tributário, como o referido art.125, III, do CTN, prevê expressamente que a citação do devedor solidário favorece ou prejudica aos demais. Acrescenta que deve ser afastada a prescrição do art. 174 do CTN, que é válido apenas para a apuração inicial da prescrição, que no presente caso foi antes de transcorridos cinco anos da constituição definitiva do crédito. No agravo, alega estarem presentes os pressupostos de admissibilidade do recurso, merecendo reforma a decisão impugnada. Decido: (...). Observo que está pacificado nesta Corte Superior que a prescrição, quando interrompida em desfavor da pessoa jurídica, também projeta seus efeitos em relação aos responsáveis solidários. Neste sentido são os seguintes julgados: Processo Civil e Tributário - Agravo Regimental - Execução Fiscal -Redirecionamento - Prescrição. 1. Em sendo solidária a responsabilidade do sócio de pessoa jurídica que se extingue irregularmente, não se pode entender a prescrição da ação de cobrança de débitos tributários em contagem diferenciada. 2. A prescrição, quando interrompida em desfavor da pessoa jurídica, também atinge os responsáveis solidários, não se podendo falar que só quando citado o sócio é que se conta a prescrição. 3. A hipótese retratada nos autos não se identifica com a do precedente em que, paralisada a execução na qual foi citada a pessoa jurídica, somente cinco anos depois é que houve o redirecionamento,quando já consolidada a prescrição intercorrente. 4. Recurso improvido. (AgRg no RESP /SP, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em , DJ p. 292) Tributário. Execução Fiscal. Exceção De Pré-Executividade. Possibilidade. Pessoa Jurídica. Redirecionamento da ação. Sócio. Prescrição intercorrente. Despacho citatório. Art. 8º, IV e 2º, da Lei nº 6.830/80. Art. 219, 4º, do CPC. Arts. 125, III, e 174, parágrafo único, do CTN. Interpretações sistemáticas. Peculiaridade, in casu. Integração da relação jurídica. Concentração,

4 em uma só pessoa, da representação da Sociedade e do sócio-gerente. Responsabilidade pelo pagamento da dívida com seus bens. 1. O acórdão a quo, rejeitando exceção de pré-executividade, asseverou que, face ao princípio de solidariedade passiva tributária entre a pessoa jurídica e seus sócios, a prescrição indeferida contra aquela projeta-se perante o sócio, mesmo que não tenha sido citado. (...). 5. Os casos de interrupção do prazo prescricional estão previstos no art. 174, do CTN, nele não incluídos os do artigo 40, da Lei nº 6.830/80. Há de ser sempre lembrado que o art. 174, do CTN, tem natureza de Lei Complementar. O art. 40, da Lei nº 6.830/80, nos termos em que admitido em nosso ordenamento jurídico, não tem prevalência. Sua aplicação há de sofrer os limites impostos pelo art. 174, do CTN. Repugnam aos princípios informadores do nosso sistema tributário a prescrição indefinida. Após o decurso de determinado tempo sem promoção da parte interessada, deve-se estabilizar o conflito, pela via da prescrição, impondo segurança jurídica aos litigantes. 6. A mera prolação do despacho que ordena a citação do executado não produz, por si só, o efeito de interromper a prescrição, impondo-se a interpretação sistemática do art. 8º, 2º, da Lei nº 6.830/80, em combinação com o art. 219, 4º, do CPC, e com o art. 174 e seu parágrafo único, do CTN. De acordo com o art. 125, III, do CTN, em combinação com o art. 8º, 2º, da Lei nº 6830/80, a ordem de citação da pessoa jurídica interrompe a prescrição em relação ao sócio, responsável tributário pelo débito fiscal. 7. Fenômeno integrativo de responsabilidade tributária que não pode deixar de ser reconhecido pelo instituto da prescrição, sob pena de se considerar não prescrito o débito para a pessoa jurídica e prescrito para o sócio responsável. Ilogicidade não homenageada pela ciência jurídica. 8. Ocorrência, no caso em exame, de peculiaridade. O recorrido era sócio-gerente da sociedade. A citação, para fins de formar a relação jurídica no executivo fiscal, foi feita em sua própria pessoa. Em tal situação, o sócio-gerente, em face da responsabilidade assumida pelos débitos fiscais da empresa, integra a relação jurídica e responde, no caso de insuficiência de bens da sociedade, pelo pagamento da dívida com os seus bens. 9. Situação diferente ocorre quando o sócio é chamado para responder pela dívida somente sete anos após a sua constituição definitiva. Na espécie, concentra-se, em uma só pessoa, a representação da sociedade e do sócio-gerente, pelo que não há que se reconhecer consolidada a prescrição em favor deste e inexistência prescricional contra aquela. 10. Recurso não provido. (RESP /MG, Rel. Ministro José Delgado, Primeira Turma, julgado em , DJ p. 184) Partindo dessas premissas, se a citação da empresa também interrompe a prescrição em relação aos sócios, não há que se falar em prescrição, sendo indiferente o fato de ter decorrido mais de cinco anos da citação da empresa até a citação pessoal dos sócios, em atendimento a pedido de redirecionamento, exceto se ocorrida a prescrição intercorrente, que se dá quando o processo permanece paralisado (sem movimentação) por inércia do exeqüente por mais de cinco anos ininterruptos, tese não prequestionada na hipótese dos autos. Com essas considerações, nos termos do art. 544 c/c 557 do CPC, dou provimento ao agravo de instrumento para conhecer do recurso especial e dar-lhe seguimento. Brasília (DF), 20 de junho de 2008 [Decisão monocrática no Agravo de Instrumento

5 PR, min. Eliana Calmon, 05 de agosto de 2008]. Conforme considerado na decisão agravada, a exequente tomou ciência do indício de dissolução irregular da empresa executada em 22 de novembro de 2006 (Id pág. 3). Entretanto, no caso, tal evento não pode ser considerado como termo inicial da prescrição para o redirecionamento, diante da incontroversa citação válida dos sócios corresponsáveis Magno Wanderley Taveiros, em 21 de outubro de 2006 (ciência em 22 de novembro de 2006) e Danilo Taveiros de Mendonça em 27 de junho de 2008, (ciência em 24 de outubro de 2008), respectivamente ( Id págs. 2 e 17), que tem o condão de interromper a fluência do prazo prescricional em relação aos demais corresponsáveis deslocando para tal data o termo inicial da prescrição para citação dos demais sócios, que foi requerida em 11 de abril de 2012 (Id pág. 34), dentro, portanto, do lapso quinquenal. Ademais, não há que se falar em ocorrência de prescrição intercorrente, haja vista para sua configuração não basta apenas a simples fluência do prazo prescricional entre a citação da empresa e a citação dos sócios, mas a inércia do exequente pelo prazo superior a cinco anos em promover o impulsionamento do processo, o que não ocorreu no presente caso. Por este entender, dou provimento ao agravo de instrumento. É como voto. Tribunal Regional Federal da 5ª Região Gabinete do Desembargador Federal Vladimir Souza Carvalho AGRAVO DE INSTRUMENTO PE AGRAVANTE : FAZENDA NACIONAL AGRAVADO : CONEXÃO INTEGRAÇÃO DE SISTEMAS LTDA AGRAVADO : TEREZA WANDERLEY TAVEIROS DE MENDONÇA ADVOGADO : IVO DE OLIVEIRA LIMA ADVOGADO : ALEXANDRE DE ARAÚJO ALBUQUERQUE AGRAVADO : DANILO TAVEIROS DE MENDONÇA ORIGEM : 33ª VARA - PE (PROCESSO FÍSICO: )

6 RELATOR : DES. FEDERAL VLADIMIR SOUZA CARVALHO - 2ª TURMA (Ementa) Processual Civil e Tributário. Agravo contra decisão que indeferiu o pedido de citação do corresponsável, fundamentada na consumação da prescrição para redirecionamento do feito, por terem passado mais de cinco anos entre a constatação da dissolução irregular da empresa e o requerimento de redirecionamento. - O art. 125, inc. III, do Código Tributário Nacional, ao tratar da solidariedade, determina que a interrupção da prescrição, em favor ou contra um dos obrigados, favorece ou prejudica os demais, de forma que a citação de um dos sócios-gerentes interrompe a prescrição em relação a todos, conforme já decidido pelo Superior Tribunal de Justiça [REsp RS, min. Denise Arruda, DJE 11 de fevereiro de 2009]. - Entendimento aplicado pelo Superior Tribunal de Justiça diante de solidariedade passiva tributária entre a pessoa jurídica e seus sócios, considerando que a prescrição indeferida contra aquela se projeta perante o sócio, mesmo que não tenha sido citado [Agravo de Instrumento PR, min. Eliana Calmon, 05 de agosto de 2008]. - Conforme considerado na decisão agravada, a exequente tomou ciência do indício de dissolução irregular da empresa executada em 22 de novembro de 2006 (Id pág. 3). - Entretanto, no caso, tal evento não pode ser considerado como termo inicial da prescrição para o redirecionamento, diante da incontroversa citação válida dos sócios corresponsáveis Magno Wanderley Taveiros, em 21 de outubro de 2006 (ciência em 22 de novembro de 2006) e Danilo Taveiros de Mendonça em 27 de junho de 2008, (ciência em 24 de outubro de 2008), respectivamente ( Id págs. 2 e 17), que tem o condão de interromper a fluência do prazo prescricional em relação aos demais corresponsáveis deslocando para tal data o termo inicial da prescrição para citação dos demais sócios, que foi requerida em 11 de abril de 2012 (Id pág. 34), dentro, portanto, do lapso quinquenal. - Agravo de instrumento provido. (Acórdão) Vistos, etc. Decide a Egrégia Segunda Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, por unanimidade, dar provimento ao agravo de instrumento, nos termos do relatório, voto e notas taquigráficas constantes dos autos.

7 Recife, 20 de outubro de (Data do julgamento) Desembargador Federal Vladimir Souza Carvalho mc/ Relator