Superior Tribunal de Justiça

Transcrição

1 AgRg no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº MG (2013/ ) RELATOR : MINISTRO BENEDITO GONÇALVES EMENTA PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO FISCAL. PRESCRIÇÃO. ART. 174 DO CTN C/C ART. 219, 1º, DO CPC. NECESSIDADE DE VERIFICAÇÃO DA RESPONSABILIDADE PELA DEMORA NO ATO CITATÓRIO. IMPOSSIBILIDADE. MATÉRIA JULGADA SOB O RITO DO ART. 543-C DO CPC. 1. O acórdão recorrido reconheceu a prescrição em razão do transcurso do prazo quinquenal entre a inscrição do débito fiscal e a citação do devedor, consignando ainda que a demora na realização do ato citatório não pode ser atribuída ao Poder Judiciário. Inaplicável, portanto, a Súmula 106/STJ. 2. A verificação da responsabilidade pela demora na prática dos atos processuais pressupõe reexame do conjunto fático-probatório, inviável no âmbito do recurso especial (REsp /RJ, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Seção, DJe de 1º/2/2010, julgado sob o rito do art. 543-C do CPC). 3. Agravo regimental não provido. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da PRIMEIRA Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, negar provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Sérgio Kukina, Ari Pargendler, Arnaldo Esteves Lima e Napoleão Nunes Maia Filho (Presidente) votaram com o Sr. Ministro Relator. Brasília (DF), 17 de setembro de 2013(Data do Julgamento) MINISTRO BENEDITO GONÇALVES Relator Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 27/09/2013 Página 1 de 6

2 AgRg no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº MG (2013/ ) RELATOR : MINISTRO BENEDITO GONÇALVES RELATÓRIO O SENHOR MINISTRO BENEDITO GONÇALVES (Relator): Trata-se de agravo regimental interposto pelo Município de Belo Horizonte contra decisão, assim ementada (fl. 129): PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO FISCAL. PRESCRIÇÃO. ART. 174 DO CTN C/C ART. 219, 1º, DO CPC. NECESSIDADE DE VERIFICAÇÃO DA RESPONSABILIDADE PELA DEMORA NO ATO CITATÓRIO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ. MATÉRIA JULGADA SOB O RITO DO ART. 543-C DO CPC. AGRAVO CONHECIDO PARA NEGAR SEGUIMENTO AO RECURSO ESPECIAL. Em suas razões recursais, a parte agravante alega, em síntese, que não cabe a aplicação a Súmula 7/STJ ao caso, porquanto já demonstrado no acórdão recorrido que efetivamente promoveu esforços e diligências no sentido de reaver seu crédito, motivo pelo qual também não se lhe pode atribuir a pecha de desidiosa, impondo-se-lhe a prescrição. Ao final, pleiteia a reconsideração da decisão impugnada ou sua submissão à apreciação da Turma, dando-se provimento ao agravo e ao recurso especial. É o relatório. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 27/09/2013 Página 2 de 6

3 AgRg no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº MG (2013/ ) EMENTA PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO FISCAL. PRESCRIÇÃO. ART. 174 DO CTN C/C ART. 219, 1º, DO CPC. NECESSIDADE DE VERIFICAÇÃO DA RESPONSABILIDADE PELA DEMORA NO ATO CITATÓRIO. IMPOSSIBILIDADE. MATÉRIA JULGADA SOB O RITO DO ART. 543-C DO CPC. 1. O acórdão recorrido reconheceu a prescrição em razão do transcurso do prazo quinquenal entre a inscrição do débito fiscal e a citação do devedor, consignando ainda que a demora na realização do ato citatório não pode ser atribuída ao Poder Judiciário. Inaplicável, portanto, a Súmula 106/STJ. 2. A verificação da responsabilidade pela demora na prática dos atos processuais pressupõe reexame do conjunto fático-probatório, inviável no âmbito do recurso especial (REsp /RJ, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Seção, DJe de 1º/2/2010, julgado sob o rito do art. 543-C do CPC). 3. Agravo regimental não provido. VOTO O SENHOR MINISTRO BENEDITO GONÇALVES (Relator): A decisão agravada não merece reforma e mantém-se por seus próprios fundamentos, in verbis (fls ): Trata-se de agravo interposto pelo Município de Belo Horizonte contra decisão que inadmitiu seu recurso especial por considerar que: a) o art. 219, 1º, do CPC não foi devidamente prequestionado, atraindo o óbice das Súmulas 282/STF e 356/STF; b) as razões defendidas no acórdão recorrido acerca do art. 174 do CTN não foram infirmadas satisfatoriamente, atraindo o óbice da Súmula 283/STF; e c) o dissídio jurisprudencial não restou comprovado (fls ). O apelo nobre obstado enfrenta acórdão assim ementado (fls.71-76): EMBARGOS Á EXECUÇÃO FISCAL. LC Nº 118/05. INAPLICABILIDADE. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. PARALISAÇÃO DO FEITO POR PERÍODO SUPERIOR A 05 (CINCO) ANOS. INÉRCIA DA EXEQUENTE. - A Lei Complementar nº 118/05 aplica-se, tão somente, aos processos interpostos após o prazo de vacatio legis. - Opera-se a prescrição, ou seja, a perda do direito do sujeito ativo de cobrar o crédito tributário, em 05 (cinco) anos contados da data do lançamento. - Não obstante as diligências requeridas pela parte exequente durante o curso do processo, as mesmas não obtiveram êxito, não sendo possível Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 27/09/2013 Página 3 de 6

4 atribuir tal desídia ao Poder Judiciário. Em recurso especial fundado no art. 105, inc. III, a e c, da CF/88, aduziu a parte agravante violação aos arts. 219, 1º, do CPC e 174 do CTN. Afirmou que a ação foi proposta dentro do quinquênio legal (em 8/8/2003), contado da constituição definitiva do crédito discutido (em 19/3/1999), devendo a demora na citação ser atribuída exclusivamente ao executado, que não atualizou seu domicílio tributário. Todavia, em esta tendo se realizado, a consequente interrupção da prescrição deve retroagir à data da propositura da demanda, pelo que permanece intocado seu direito. Contrarrazões apresentadas (fls ). Neste agravo, afirma, em suma, que seu recurso satisfaz os requisitos de admissibilidade, não esbarrando nos óbices aventados. Alega que é suficiente ao conhecimento do recurso que o prequestionamento seja implícito, que a matéria foi debatida e rebatida a contento e que o dissídio restou sim devidamente comprovado. É o relatório. Decido. Razão não assiste ao agravante. Aduz a parte que o prazo para cobrança do crédito tributário é de 5 anos da sua constituição definitiva, interrompendo-se nas hipóteses previstas no art.174, parágrafo único, do CTN. E mais, que tal interrupção retroage à data da propositura da ação, nos termos do art. 219, 1º, do CPC, matéria esta que já foi objeto de julgamento nesta Corte Superior sob a sistemática do art. 543-C do CPC (REsp /SP, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Seção, DJe de 21/5/2010). Como sua ação foi proposta dentro do prazo (de 19/3/99 a 8/8/03), não estaria prescrito o crédito executado. Observo, no entanto, por oportuno, que também restou firmado por ocasião do julgamento do referido REsp /SP que tal entendimento não é de ser aplicado nos casos em que a demora na citação for imputável exclusivamente ao Fisco. É dizer, a contrario sensu, que apenas nos casos em que a demora na realização do ato citatório for atribuída também aos mecanismos do Judiciário se deve fazer retroagir os efeitos desse ato à data da propositura da ação, não se impondo ao exequente a pena prescritiva. Todavia, restou consignada no acórdão recorrido a impossibilidade de se atribuir ao Judiciário tal responsabilidade, incumbindo ao exequente promover o andamento do feito, cumprindo as diligências que lhe competem e requerendo as providências que forem do seu interesse, não podendo esse ônus ser repassado ao órgão julgador. (fl. 75). Em situações que tais, a jurisprudência desta Corte é consolidada no sentido de que a verificação da responsabilidade pela demora na prática dos atos processuais demanda o exame do conjunto fático-probatório dos autos, providência esta vedada neste momento processual pela Súmula 7/STJ. Destarte, não sendo mais possível verificar o real responsável pela demora citatória, não mais é possível também verificar a possibilidade da retroação requerida. Este o posicionamento adotado, da mesma forma, em sede de recurso representativo de controvérsia (REsp /RJ, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Seção, DJe de 1/2/2010). Assim, ante o exposto, conheço do agravo para, desde logo, negar seguimento ao recurso especial (art. 544, 4º, inc. II, b, do CPC). Tendo em vista que as razões do presente agravo já foram suficientemente rebatidas pela decisão ora agravada, acrescento apenas que, conquanto de fato conste do acórdão recorrido Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 27/09/2013 Página 4 de 6

5 que a parte exequente empreendeu diligências durante o curso do processo, também se registrou então a impossibilidade de se atribuir ao Judiciário a responsabilidade pela demora no ato citatório. De fato, restou consignado no acórdão recorrido: No caso dos autos, a citação válida do devedor, através de edital, só se deu em 2007, ou seja, após o decurso do prazo de 05 (cinco) anos, o que leva a ocorrência da prescrição do crédito tributário, pois o débito fiscal foi inscrito no dia 19/03/99. Ora, não obstante as diligências requeridas pela exequente, ora apelante, durante o curso do processo, as mesmas não obtiveram êxito, não sendo possível atribuir tal desídia ao Poder Judiciário. Incumbe ao exequente promover o andamento do feito, cumprindo as diligências que lhe competem e requerendo as providências que forem do seu interesse, não podendo esse ônus ser repassado ao órgão julgador. (fls ). Dessarte, não mais é possível, nesta instância especial, a aferição do verdadeiro responsável, consoante posicionamento adotado em sede de recurso representativo de controvérsia (REsp /RJ, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Seção, DJe de 1/2/2010). Ante o exposto, nego provimento ao agravo regimental. É como voto. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 27/09/2013 Página 5 de 6

6 CERTIDÃO DE JULGAMENTO PRIMEIRA TURMA Número Registro: 2013/ AgRg no AREsp / MG Números Origem: EM MESA JULGADO: 17/09/2013 Relator Exmo. Sr. Ministro BENEDITO GONÇALVES Presidente da Sessão Exmo. Sr. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO Subprocurador-Geral da República Exmo. Sr. Dr. FRANCISCO RODRIGUES DOS SANTOS SOBRINHO Secretária Bela. BÁRBARA AMORIM SOUSA CAMUÑA AUTUAÇÃO ASSUNTO: DIREITO TRIBUTÁRIO - Taxas - Municipais AGRAVO REGIMENTAL CERTIDÃO Certifico que a egrégia PRIMEIRA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Sérgio Kukina, Ari Pargendler, Arnaldo Esteves Lima e Napoleão Nunes Maia Filho (Presidente) votaram com o Sr. Ministro Relator. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 27/09/2013 Página 6 de 6