Nesta aula, trabalharemos com alguns procedimentos e instrumentos mais utilizados pelos psicopedagogos na realização do Diagnóstico Psicopedagógico.
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- Beatriz Azeredo Fonseca
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1 1 AULA 3: O Processo do Diagnóstico - Procedimentos e Instrumentos. OBJETIVO GERAL: Conhecer e discutir os diferentes Instumentos de Avaliação Diagnóstica. Prezado aluno. Na aula anterior, ao tratar de Diagnóstico Psicopedagógico, tínhamos como objetivo, apresentar e discutir: o Conceitos de Diagnóstico Psicopedagógico. o Objetivos do Diagnóstico Psicopedagógico. o Diferentes abordagens. o O Diagnóstico Institucional em diferentes espaços : empresas, hospitais, creches, escolas, associações. Nesta aula, trabalharemos com alguns procedimentos e instrumentos mais utilizados pelos psicopedagogos na realização do Diagnóstico Psicopedagógico. Como vimos anteriormente, de modo geral, somos chamados à escola pelo professor ou pela direção da escola, que traz uma queixa referente à: - Escola como um todo. Nível de ensino. Pequeno grupo. O objetivo do Diagnóstico Psicopedagógico é identificar as causas do não aprender, do aprender com dificuldade, de não ser capaz de mostrar o que aprendeu ou, ainda, de fugir de situações de aprendizagem.
2 2 O diagnóstico e a intervenção objetivam modificar a situação da criança ou grupo dentro do contexto da escola, envolvendo, também, a família. DIAGNÓSTICO DA ESCOLA Proposta de Diagnóstico, quando o objetivo é avaliar a escola, apresentada por BARBOSA (2001): Entrevistas para a exposição de motivos que indiquem a realização de um diagnóstico psicopedagógico na instituição. Identificação do elemento ou elementos portadores do sintoma da instituição e o enquadramento do processo diagnóstico. Observação e análise do sintoma através da análise da dinâmica grupal. Organização do Primeiro Sistema de Hipóteses. Escolha dos instrumentos de investigação (entrevistas, observações, levantamentos estatísticos, dinâmicas grupais, técnicas projetivas, etc.). Análise dos resultados (...). Organização do Segundo Sistema de Hipóteses. Pesquisa da história da Instituição no que se refere às hipóteses levantadas. Organização do Terceiro Sistema de Hipóteses e transformação em Hipótese Diagnóstica. Devolutiva para a instituição, incluindo o Diagnóstico, o Prognóstico e as indicações necessárias. Como já dito, existem outros roteiros, tanto para o Diagnóstico da Instituição, seja ela escola, empresa, hospital, quanto para o Diagnóstico de uma pessoa ou pequeno grupo. Compete ao psicopedagogo, escolher o roteiro com o qual se identifica, após considerar o objeto de Diagnóstico.
3 3 Apresento procedimentos e instrumentos utilizados por alguns psicopedagogos, como Jorge Visca, Nádia Ap Bossa, Alícia Fernandez, Maria Lúcia Weiss e por mim, em cursos de Psicopedagogia e no atendimento psicopedagógico. Proposta de roteiro de Diagnóstico, proposto por Jorge Visca 1. Entrevista Operatória Centrada na Aprendizagem - EOCA 2.Testes Levantamento do primeiro sistema de Hipóteses definição dos instrumentos. Levantamento do segundo sistema de hipóteses. 3. Anamnese Levantamento do terceiro sistema de hipóteses. 4. Elaboração do Informe Psicopedagógico Reunião para Devolutiva e Encaminhamentos. Proposta de Maria Lúcia Weiss Entrevista Familiar Exploratória Situacional- ( E.F.E.S.). Anamnese. Sessões Lúdicas Centrada na Aprendizagem para crianças. Complementação com provas e testes. Síntese Diagnóstica e Prognóstico. Devolutiva e Encaminhamento.
4 4 Minha proposta A experiência, como supervisora de estágio dos alunos da pós-graduação em Psicopedagogia e como psicopedagoga no atendimento, me faz adotar a seguinte sequência, com algumas possibilidades de alteração, conforme o caso: 1. Entrevista Inicial Enquadramento. 2. Entrevista Operatória Centrada na Aprendizagem ou Sessão Lúdica Centrada na Aprendizagem. 3. Anamnese. 4. Entrevista com o professor. 5. Observações. 6. Técnicas Projetivas Desenhos. 7. Avaliações Pedagógicas. 8. Análise do Material Escolar. 9. Entrevista de Devolutiva/Informe. INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS PARA O DIAGNÓSTICO PSICOPEDAGÓGICO ENTREVISTA INICIAL A partir do primeiro contato com o responsável pelo grupo ou pela pessoa, que serão avaliados, o psicopedagogo agenda uma primeira entrevista para conhecer a queixa, o problema sob o ponto de vista de quem procura o Psicopedagogo. Esta entrevista inicial é semidirigida e se estrutura em três partes: técnica diretiva (apresentação mútua); entrevista livre ( a pessoa vai relatando, falando do problema, da queixa);
5 5 técnica diretiva (para preencher lacunas - o psicopedagogo faz perguntas para entender melhor a história da queixa). Iniciar pela apresentação mútua. Sugestão de perguntas para a Entrevista Inicial: Deixar que a pessoa (pais ou responsáveis) fale livremente e, em seguida, dirigir perguntas, tais como: 1. O que o trouxe aqui ou porque procurou o psicopedagogo? 2. Desde quando percebe o problema? 3. Que atitudes os pais (ou vocês) tiveram diante dessa dificuldade? 4. Como se sentem em relação a esta dificuldade? 5. E em casa, como ele se comporta? O que gosta de fazer? Como é seu dia? 6. Fale sobre seus fins de semana. 7. Como é seu comportamento ao fazer as tarefas da escola? 8. E como vocês participam das tarefas? 9. O que vocês mais admiram em seu filho? 10. O que vocês esperam do psicopedagogo? ENQUADRAMENTO- CONTRATO ENTRE AS PARTES. Terminada a Entrevista Inicial, dizer aos responsáveis pela instituição ou aos pais, no caso do diagnóstico individual, que a instituição ou o filho serão submetidos ao diagnosticado e para isto manterá contatos com a escola e com eles, os pais. Eles serão chamados a participarem do processo e a prestar esclarecimentos. Informar que se utilizará de vários instrumentos para detectar as causas e conhecer bem as dificuldades apresentadas na queixa inicial. E, que no final do Diagnóstico, os responsáveis pela instituição ou os pais serão chamados para conhecer os resultados do Diagnóstico. O psicopedagogo apresenta o contrato, que será discutido e assinado por ele e pelo responsável pelo aluno ou pelo grupo, definindo locais para o trabalho,
6 6 número de sessões, instrumentos que serão utilizados, pessoas envolvidas no processo de Diagnóstico (é importante, antes de iniciar o Diagnóstico, que fiquem definidos: tempo, espaço, atribuições e, no caso de uma prática profissional, é aqui que se definem os preços). Feito o Enquadramento, o psicopedagogo passa à análise da Entrevista Inicial, levantando as primeiras hipóteses sobre a problemática apresentada na queixa da família ou escola. INSTRUMENTOS - A partir do que foi tratado na Entrevista Inicial, o Psicopedagogo terá condições de escolher que outros instrumentos irá utilizar para fazer o Diagnóstico, considerando as primeiras hipóteses que levantou. O ser humano é dinâmico. O Diagnóstico não é definitivo. Nunca dizer: fulano é incapaz. E sim, hoje, fulano apresenta tais dificuldades. A seguir, assista ao vídeo que vai nos mostrar a importância da escuta e do olhar atento do psicopedagogo ao diagnosticar. Vídeo: Diagnóstico Psicopedagógico Institucional ANAMNESE - A Entrevista de Anamnese pode ser aplicada antes ou depois da EOCA ou ainda da Hora do Jogo Diagnóstica ou outra. Clique no link, a seguir, e veja um exemplo de ENTREVISTA DE ANAMNESE. Nossos objetivos são: compreender a visão da família sobre a criança, conhecer o seu passado e presente e como projeta o seu futuro; começar a entender as expectativas, os receios. Por meio dessa entrevista, perceberemos
7 7 como se deram as primeiras aprendizagens da criança, sua história clínica, seu passado escolar. Na análise, devemos verificar indicadores de: problemas orgânicos; problemas afetivos; problemas cognitivos; tipo de vínculos entre a criança e a mão e o pai; dificuldade motora; dificuldades emocionais. ENTREVISTA OPERATIVA CENTRADA NA APRENDIZAGEM EOCA (Visca, 1987, p.92). Clique nos links para ter acesso a: - exemplo de Entrevista Operativa - materiais para a EOCA. Durante a sessão, devemos avisar que vamos anotar tudo, para ajudar no Diagnóstico. 1º A temática anotar tudo o que a pessoa diz. 2º A dinâmica registrar as manifestações não verbais (gestos, modo de sentar, mudança de postura etc.). 3º O produto tudo aquilo que a pessoa registra no papel. Iniciar a sessão solicitando: Gostaria que você utilizasse esse material para mostrar o que lhe ensinaram e o que você aprendeu. Na análise ou interpretação, podemos perceber: - O vínculo com os diferentes conteúdos escolares.
8 8 - Em que área mostrou interesse ou não. - Se as atividades desenvolvidas são compatíveis com seu nível de escolaridade. - Se mostrou-se tranquilo, agitado ou ansioso. - Se ao falar da escola, parecia ansioso. ENTREVISTA COM A PROFESSORA A entrevista com a professora tem como objetivo obter o máximo de informações sobre a vida escolar da criança. Aspectos a serem investigados: o Relacionamento o Comportamento o Organização do material o Compreensão geral e raciocínio o Dificuldades específicas o Capacidade ou não de aceitar regras o Assiduidade e pontualidade o Expressão verbal e não verbal o Outras observações Clique no link, para acessar um exemplo de ENTREVISTA COM A PROFESSORA DESENHO DO PAR EDUCATIVO Objetivos: Analisar o vínculo da criança com a aprendizagem e com o professor. Verificar a produção gráfica e o relato nos aspectos cognitivos afetivos e motores. Observar a coerência entre o relato verbal e a escrita. Clique no link, para acessar um exemplo de roteiro para análise do DESENHO DO PAR EDUCATIVO
9 9 DESENHO DA FIGURA HUMANA Oferecer à criança uma folha de papel ofício, um lápis e uma borracha. Dizer: desenhe para mim, uma pessoa. Deixar que a criança desenhe à vontade. Terminado o desenho, perguntar a idade daquela pessoa, a escolaridade e deixar que a criança fale sobre o que desenhou. Clique no link, para acessar um exemplo de roteiro para análise do DESENHO DA FIGURA HUMANA. Interpretação - ver o nível de maturidade cognitiva, - ver a maturidade emocional, - analisar esquema corporal. DESENHO DA FAMÍLIA Clique no link, para acessar um exemplo de roteiro para análise do DESENHO DA FAMÍLIA. Pedir à criança: desenhe uma família. Verificar : - Afetividade/ Cognição. - Vínculos. - Problemática central. -Problemas motores. ANÁLISE DO MATERIAL ESCOLAR Busque outros textos para o diagnóstico, na biblioteca do conteúdo. Confira!
10 10 Itens a serem avaliados: Apresentação do caderno capa, folhas em branco, orelhas, tarefas mal feitas ou rabiscadas, estado de conservação. Dificuldades apresentadas - coordenação motora, erros ortográficos, erros de matemática, níveis de escrita. Atuação da professora estratégias de ensino, conteúdos dados, adequação dos conteúdos e das atividades, como é feita a correção, tipos de bilhetes escritos, se há elogios. AVALIAÇÕES PEDAGÓGICAS o Análise da leitura, escrita, interpretação, conforme a idade e a escolaridade. o Análise dos conhecimentos matemáticos (provas operatórias, cálculos, problemas coerentes com a idade e a escolaridade). o Exemplo de material: Teste de Desempenho Escolar TDE. OUTROS INSTRUMENTOS
11 11 Para a complementação das informações, lanço mão de outros instrumentos, tais como: GRAVURAS (Selecionadas pelo Psicopedagogo para este fim de Diagnóstico) As gravuras são espalhadas e pede-se ao aluno que escolha uma. Passa-se em seguida, às perguntas: por que você escolheu esta, explique o que você tem aí, o que mais lhe chamou a atenção? HISTÓRIAS Para que escolha o final, diga que personagem gostaria de representar, por exemplo. Utilizar os contos de fadas, as fábulas ou outras que possam trazer dados sobre a auto estima do aluno, seus medos, suas dificuldades. FOTOGAFIAS O Psicopedagogo poderá lançar mão desta atividade com as fotografias do aluno: dele sozinho, mostrando, por exemplo, suas festas de aniversário, momentos com a família, com os irmãos. Entrevistas, Desenhos, análise de laudos, relatórios das fases anteriores da vida escolar,história das primeiras aprendizagens, histórias da família. ENTREVISTAS - com o objetivo de conhecer o aluno ou grupo e verificar se a queixa é pertinente. Entrevista com o aluno ou o grupo com os professores ou as coordenadores com a família, a avó...
12 12 OBSERVAÇÕES em sala de aula, no recreio, em dinâmicas. JOGOS, DINÂMICAS, BRINCADEIRAS com o objetivo de verificar questões como relacionamento, liderança, capacidade de seguir regras dentre outros. DESENHOS: Desenho da Figura Humana Desenho da família Desenho do par educativo FOTOGRAFIAS do desenvolvimento da criança, das crianças em atividades. GRAVURAS selecionadas pelo psicopedagogo para fim de Diagnóstico.. SÍNTESE DIAGNÓSTICA análise de todos os instrumentos aplicados e elaboração da síntese, considerando em que dimensões podem estar as dificuldades. DEVOLUTIVA/INFORME PSICOPEDAGÓGICO - a reunião de fechamento do Diagnóstico. Faz-se a reunião com os responsáveis pela criança ou pelo grupo/instituição. No caso de adolescentes/jovens ou adultos, fazer a Devolutiva a eles próprios.
13 13 Sintese Diagnóstica Plano de Intervençào Devolutiva Encaminhamentos Prógnóstico REVENDO... O psicopedagogo é procurado para um Diagnóstico. Marca-se a Entrevista Inicial com a história da queixa. O psicopedagogo chama para o Enquadramento. Definem como será feito o Diagnóstico. Levantam- se as primeiras hipóteses. Escolhe os instrumentos e os procedimentos para o Diagnóstico. Iniciam-se os Processos. PROCESSO DIAGNÓSTICO 07 a 08 sessões. 02 para coleta de dados e informações. 03 a 04 para aplicação dos instrumentos. 01 para a reunião de Devolutiva e Informe Psicopedagógico.
14 14 Para conhecer mais sobre o tema tratado nessa aula, recomendo que adquira e leia a obra: CHAMAT, Leila S José.Técnicas de Diagnóstico Psicopedagógico. São Paulo: Vetor, ATIVIDADE DA SEMANA: FÓRUM 2 Participe do FÓRUM 2: PLANO DE INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA. Vamos discutir sobre os textos e as estratégias de Intervenção. Bom trabalho. Terezinha REFERENCIAL BARBOSA, Laura,Monte Serrat. A Psicopedagogia no âmbito da instituição escolar. Curitiba: Expoente, BASSEDAS, Eulália, et al. Intervenção Educativa e Diagnóstico Psicopedagógico. Porto Alegre: Artes Médicas, CHAMAT, Leila S José.Técnicas de Diagnóstico Psicopedagógico. São Paulo: Vetor, ESCOTT, Clarice Monteiro. Intefaces entre a Psicopedagogia Clinica e Instituicional: um olhar e escuta na ação preventida das dificuldades de aprendizagem. Novo Hamburgo: Feevale, SANCHEZ,Jesus Nicásio Garcia. Dificuldades de Aprendizagem e Intervenção Psicopedagógica. Trad. Ernani Rosa. Porto Alegre: Artmed,2004. VISCA, Jorge. Clínica Psicopedagógica: epistemologia convergente. Porto Alegre: Artes Médicas, WEISS, Maria Lúcia. Pscopedagogia Clínica: uma visão diagnóstica. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992.
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