Governo do Estado do Rio de Janeiro Secretaria de Estado de Fazenda Conselho de Contribuintes

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1 PUBLICAÇÃO DA DECISÃO DO ACÓRDÃO No D.O. 18 / 12 / 2014 Fls.: 13 SERVIÇO PÚBLICO ESTADUAL Processo nº E-04 / /2012 Rubrica: ID: Sessão de 15 de outubro de 2014 SEGUNDA CÂMARA RECURSO Nº ACÓRDÃO Nº C. P. F. Nº AUTO DE INFRAÇÃO Nº RECORRENTE VICTOR FRANK DE PAULA ROSA PARANHOS RECORRIDA IFE 08 ITD E TAXAS RELATOR - CONSELHEIRO GRACILIANO JOSÉ ABREU DOS SANTOS REDATOR - CONSELHEIRO LUIZ CARLOS SAMPAIO AFONSO Participaram do julgamento os Conselheiros Graciliano José Abreu Dos Santos, Nilo Meirelles de Souza Araújo, Gustavo Mendes Moura Pimentel e Luiz Carlos Sampaio Afonso. PRELIMINAR DE NULIDADE DECISÃO 1A. INSTÂNCIA Não há falta de plausibilidade e coerência na fundamentação da decisão de 1a. Instância. A fundamentação está correta. Isto porque, a doação, segundo a melhor doutrina, via de regra, se aperfeiçoa com o acordo de vontade entre o doador e donatário, independentemente da entrega da coisa. PRELIMINAR REJEITADA ITD DECADÊNCIA Aplicações com sua origem em 2004, reclamação fulminada pela decadência. RECURSO PROVIDO RELATÓRIO Trata-se de Auto de Infração lavrado para exigir ITD e multa de Victor Frank de Paula Rosa Paranhos, por deixar de recolher, na condição de responsável solidário, o referido tributo, quando da Doação, informada na Declaração de Imposto de Renda 2008/2007, de NTN-B do Tesouro Direto no valor de R$ ,56, a seu filho Bruno Paranhos.

2 SEGUNDA CÂMARA Acórdão nº fls. 2/7 Inconformado, o contribuinte apresentou impugnação de fls. 09/30, alegando em resumo, o seguinte: (i) não haver que se cogitar de pagamento de ITD, vez que não houve transmissão/doação dos valores investidos em NTN-B do Tesouro Direito, que se referem a recursos conjuntamente investidos em nome de pai e filho, tendo o impugnante mantido a condição de co-tilular das aplicações mencionadas; (ii) serem os recursos utilizados na aquisição do Título do Tesouro Direto NTN-B oriundos de aplicações financeiras que lhe antecedem e datam de 2004, fato comprovado pelas diversas DIRPF colacionadas a impugnação; (iii) como os títulos em questão não foram doados no ano exercício apontada no autuação (2007), mas sim em momento muito anterior (2004), impõe-se que seja reconhecido que o lançamento ora em comento já fora atingido pela decadência; e (iv) ter a Douta Fiscalização ignorado na apuração da base de cálculo a existência de dispositivo legal ( art. 3º, inciso IX, da Lei 1427/89) que prevê a isenção de ITD pra doações até UFIRs. O titular da IFE 08 ITD julgou o Auto de Infração Procedente, tendo assim ementado sua decisão: 6.Débito de ITD. Doação de bem móvel (Fundo de Investimento) destacada na declaração de Imposto de Renda Pessoa Física. Incidência de ITD configurada pela aquisição direta em nome do beneficiário. Decadência não operada tendo em vista que o Lançamento foi efetuado dentro do prazo previsto inciso, I, do artigo 173, do CTN. Mantendo-se Irresignado, o contribuinte apresentou Recurso Voluntário a este Conselho, no qual além de reiterar os argumentos apresentados em sede de impugnação, requer a reforma da decisão de 1a. Instância, por

3 SEGUNDA CÂMARA Acórdão nº fls. 3/7 entender faltar plausibilidade e coerência na argumentação do julgador de 1a instância, fundada no entendimento de que a doação ocorre com a simples manifestação de vontade das partes, não se tratando de contrato real, o qual se aperfeiçoa com a tradição com a entrega da coisa, além do fato de ter autoridade julgadora vinculado a ocorrência do fato gerador ao mero cumprimento de uma obrigação acessória de outro tributo Declaração Anual de Imposto de Renda (DIRF). Subsidiariamente, requer que na eventualidade da manutenção do lançamento lhe seja concedido o desconto da base de cálculo prevista no art. 3º, IX, da Lei nº 1427/89. A douta Representação da Fazenda, em parecer de fls. 181/183, opinou pelo desprovimento do Recurso, recomendando a manutenção da a decisão de 1a. Instância. É o relatório. VOTO DO RELATOR VOTO VENCEDOR QUANTO À PRELIMINAR) Trata-se de Recurso Voluntário contra decisão de 1a. Instância que julgou Procedente Auto de Infração lavrado para exigir ITD e multa de Victor Frank de Paula Rosa Paranhos, por deixar de recolher, na condição de responsável solidário, o referido tributo, quando da Doação, informada na Declaração de Imposto de Renda 2008/2007, de NTN-B do Tesouro Direto no valor de R$ ,56, a seu filho Bruno Paranhos. DA PRELIMINAR DE NULIDADE DA DECISÃO DE 1 A. INSTÂNCIA. Diferentemente do entendimento manifesto pela recorrente, não há falta de plausibilidade e coerência na fundamentação da decisão de 1a.

4 SEGUNDA CÂMARA Acórdão nº fls. 4/7 Instância. Isso porque, a doação, segundo a melhor doutrina, via de regra, se aperfeiçoa com o acordo de vontade entre o doador e donatário, independentemente da entrega da coisa. Apenas a doação manual (de bens móveis de pequeno valor) depende da incontinenti tradição destes para seu aperfeiçoamento (Código Civil artigo 541 Parágrafo Único), o que permite que seja caracterizada como um contrato com efeito de natureza real. No caso, o acordo de vontades se materializou quando o Recorrente Victor Frank de Paula Rosa Paranhos adquiriu no ano de 2007, conforme consta de sua declaração de IRPF de 2008, títulos NTN-B do Tesouro Direto diretamente em nome de seu filho, Bruno Paranhos, que aparece na citada declaração como único titular dos títulos, não havendo qualquer indicação de cotitularidade com o Recorrente. Não há dúvida, portanto, quanto à ocorrência da Doação. Outrossim, também não procede a alegação da Recorrente de que a autoridade julgadora teria vinculado a ocorrência do fato gerador ao mero cumprimento de uma obrigação acessória de outro tributo Declaração Anual de Imposto de Renda (DIRF). A Decisão de 1ª Instância em momento algum faz tal vinculação. O que fez a autoridade a quo além de afirmar em seu voto é que o prazo decadencial deve ser contado a partir de 01/01/2008, uma vez que a doação se deu em 2007 e não em 2004 como quer fazer crer a Recorrente, foi transcrever em sua decisão Pareceres da Procuradoria de Sucessões do Estado do Rio de Janeiro, que defendem o entendimento de que o prazo previsto no Art. 173, I, do CTN não começa a contar enquanto não houver ciência pela Fazenda, de todos os elementos fáticos que caracterizam a hipótese de incidência normativa do ITDMD e imprescindíveis a constituição do crédito tributário. O que no entender deste relator nada macula ou debilita a decisão de 1ª. Instância.

5 SEGUNDA CÂMARA Acórdão nº fls. 5/7 MÉRITO (VOTO VENCIDO) Melhor sorte não assiste a Recorrente quanto ao mérito da autuação, que se fundamenta na a alegação de que o direito da Fazenda já estaria alcançado pela decadência, nos termos do disposto no art. 173, I, do CTN, vez que os recursos utilizados aquisição das NTN-B do Tesouro se originaram no resgate de valores aplicados desde do ano de 2004 no Fundo Boston Gold DI em co-titularidade com o seu filho, sendo, portanto, esta a data da doação. Ora, não há que se falar em doação em 2004, visto que a abertura de investimentos conjuntos não caracteriza doação. Ademais, não há nos autos qualquer indicação de que os valores resgatados do Fundo Boston DI foram utilizados na compra dos títulos NTN-B em nome de Bruno Paranhos. Conforme já acima observado, no caso, o acordo de vontades materializando a doação ocorreu no ano de 2007, quando o Recorrente Victor Frank de Paula Rosa Paranhos adquiriu títulos NTN-B do Tesouro Direto diretamente em nome de seu filho, Bruno Paranhos. Assim sendo, como nos termos do artigo 173, I, do CTN o prazo para o Estado do Rio de Janeiro constituir o crédito tributário somente iria expirar em 01/01/2013 e a ciência do lançamento se deu em 03/02/2012, não há que se falar em decadência. Outrossim, demonstra-se totalmente despropositado o pedido a Recorrente de redução da base de cálculo do imposto com base no disposto no art. 3º, IX, da Lei nº 1.427/89, que tem por finalidade isentar doações em dinheiro de valor que não ultrapasse a quantia de UFIRs por ano. A tributação não se dá sobre a parcela da doação que ultrapassar tal limite. Uma vez que ultrapassado o limite anual de isenção todo o valor doado fica sujeito a tributação.

6 SEGUNDA CÂMARA Acórdão nº fls. 6/7 Isto posto, NEGO PROVIMENTO ao Recurso Voluntário, para que seja mantida a decisão de 1a. Instância que julgou PROCEDENTE o Auto de Infração. É como voto. VOTO DO CONSELHEIRO LUIZ CARLOS SAMPAIO AFONSO (VOTO VENCEDOR QUANTO AO MÉRITO) Antes de adentrar no cerne da celeuma, rogo mil vênias ao ilustre conselheiro relator por ousar divergir do voto prolatado a respeito da decadência, isso porque entendo que as doações sobre aplicações vieram a ter sua origem em 2004, conforme se extrai da DIPRF em fls. 47. As demais declarações apresentadas que de lá para cá (ano 2008), acusa somente resgates e troca nos títulos aplicados, fato que recai no ano de 2004 a doação. Dessa forma, torna se decaído a reclamação que materializou em 03 de fevereiro de 2012 com a ciência do autuado, isso nos termos que dispõe o artigo 174, I, do CTN, razão pela qual voto no sentido de DAR PROVIMENTO ao recurso. É o voto. A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos estes autos em que é Recorrente a VICTOR FRANK DE PAULA ROSA PARANHOS e Recorrida a IFE 08 ITD E TAXAS.

7 SEGUNDA CÂMARA Acórdão nº fls. 7/7 Acorda a SEGUNDA CÂMARA do do Estado do Rio de Janeiro, à unanimidade de votos, rejeitar a preliminar de nulidade da decisão de 1ª Instância, nos termos do voto do Conselheiro Relator. No mérito, pelo voto de qualidade, dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do Conselheiro Luiz Carlos Sampaio Afonso, designado Redator. Vencidos o Relator e Gustavo Mendes Moura Pimentel. SEGUNDA CÂMARA do do Estado do Rio de Janeiro, em 15 de outubro de GRACILIANO JOSÉ ABREU DOS SANTOS RELATOR LUIZ CARLOS SAMPAIO AFONSO REDATOR LUIZ CARLOS SAMPAIO AFONSO NO EXERCÍCIO REGIMENTAL DA PRESIDÊNCIA LMBC