MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS FLORESTAIS
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- Dalila Caires Gil
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1 1 MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS FLORESTAIS 1. INTRODUÇÃO O Manejo Integrado de Pragas Florestais (MIP) é uma filosofia do controle de pragas que procura preservar ou aumentar os fatores de mortalidade natural, através do uso integrado de todas as técnicas de combate possíveis, selecionadas com base em parâmetros econômicos, ecológicos e sociológicos, buscando manter a população dessas pragas abaixo do nível de dano econômico. Essa filosofia é fundamental para o setor florestal, pois as companhias florestais possuem programas de qualidade total, que buscam melhorar sua eficiência e competitividade, por imposição do mercado internacional, que exige certificação florestal dos tipos Cerflor, ISO, SFC entre outras, para atestar a qualidade técnica, ecológica e social das empresas, como pré-requisito para a aquisição de seus produtos. Com isso, houve a necessidade de se reestruturar, também, os programas de controle de pragas florestais, para minimizar os impactos sociais e ambientais negativos de suas atividades. O MIP procura avaliar o problema causado pelas pragas de forma holística, buscando verificar a real necessidade de intervenções de controle dessas pragas através de critérios específicos e bem definidos, para evitar ou minimizar os impactos do uso irracional de inseticidas. 2. HISTÓRIA DA ENTOMOLOGIA FLORESTAL NO MUNDO A Entomologia Florestal foi criada com parte da Silvicultura no início do século XVIII, provavelmente na Alemanha, devido aos constantes surtos de insetos que destruíam grandes áreas de florestas, as quais eram importante matéria-prima usada para a produção de energia, construção etc. Os estudos iniciais eram conduzidos por alguns pesquisadores, quase sempre sem apoio institucional, até a criação da Escola de Florestas de Neustadt-Eberswalde, na Alemanha, que passou a financiar pesquisas na área coordenadas pelo professor de entomologia florestal Julius Theodor Christian Ratzeburg (pai da entomologia florestal). A partir daí, surgiram diversos pesquisadores na Europa e em diversos países de outros continentes, que contribuíram para enriquecer os conhecimentos sobre Entomologia Florestal.
2 2 No final da década de 1930 teve início o uso de inseticidas clorados que impulcionaram o controle de pragas em todo o mundo. Entretanto, o uso indiscriminado desses produtos levou ao surgimento de populações resistentes por volta de Em 1959 é criado os conceitos de nível de controle, de dano econômico e controle integrado. Em 1967 é criado o primeiro conceito de Manejo Integrado de Pragas (MIP), na tentativa de reduzir os impactos negativos do uso irracional de inseticidas. Na década de 1970 inicia o processo de proibição do uso de clorados no controle de pragas e a partir da década de 1980, expandem-se os programas de MIP em diversas culturas e países. 3. HISTÓRIA DA ENTOMOLOGIA FLORESTAL NO BRASIL A entomologia florestal brasileira surgiu com a criação da silvicultura brasileira no início no século XIX. A história da silvicultura no Brasil pode ser dividida, tomando-se como base o programa de incentivos fiscais ao reflorestamento, em três fases: a fase de pré-incentivos fiscais (antes de 1965); a fase dos incentivos fiscais (1965 a 1988); e a fase pós-incentivos fiscais (após 1988). A primeira fase iniciou-se, efetivamente, com a introdução do eucalipto no Brasil, por volta de 1824, no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, pelo Frei Leandro do Sacramento, então diretor do referido instituto. Em 1861, a espécie é citada em São Paulo e, em 1868, no Rio Grande do Sul. Em 1903, Navarro de Andrade, representando a Companhia Paulista de Estradas de Ferro, iniciou os primeiros plantios sistematizados e estudos experimentais da cultura em São Paulo, para obtenção de madeira para dormentes, postes telegráficos e lenha para as locomotivas da empresa. Em virtude de sua importante contribuição à eucaliptocultura nacional, Navarro de Andrade é considerado o Pai da Silvicultura Brasileira, sendo atribuído a ele a verdadeira introdução da espécie no Brasil. Nessa fase, as pesquisas concentravam-se na escolha das espécies mais adequadas às condições edafoclimáticas do local de plantio e nas técnicas silviculturais básicas, como espaçamento, idade de corte, condução da brotação e proteção contra pragas, doenças e incêndios. Nessa época surgiram grandes pesquisadores em entomologia florestal e as principais linhas de pesquisa se concentravam na descrição de espécies daninhas encontradas nos plantios, desenvolvimento de táticas de controle, entre outros. Em 1909 foi publicado um livro relatando os insetos que atacavam o eucalipto. No final da década de 1930 foi descoberto os inseticidas
3 3 clorados, que passaram a ser usados no controle de pragas florestais a partir da década de Em 1960 foi criada a primeira escola de florestas do país, incluindo disciplinas de entomologia florestal. A partir de 1965, foram criados os programas de incentivos fiscais ao reflorestamento no Brasil. O primeiro deles foi o Programa de Incentivos Fiscais ao Florestamento e Reflorestamento, que consistiu em um conjunto de atos normativos federais elaborados entre 1965 e 1988, para regulamentar os incentivos fiscais à atividade florestal. O primeiro instrumento legal, dentro do Programa, a estabelecer incentivos fiscais ao reflorestamento foi o 2 o Código Florestal (Lei N o 4.771, de 15/09/65), que surgiu para tornar viável a reposição florestal dos consumidores de matéria-prima florestal e a auto-suficiência no abastecimento de madeira por parte dos grandes consumidores. A partir daí, foram criados outros programas de incentivos fiscais tanto em nível federal (como o REPEMIR - Programa de Reflorestamento de Pequenos e Médios Imóveis Rurais, em 1970, e o Projeto Algaroba, em 1985), quanto em nível estadual (como o PRODEMATA/Reflorestamento, em 1976; o MG-II, em 1980; e o PLANOROESTE-II, em 1981, ambos em Minas Gerais). Além disso, foram criados programas privados de fomento a pequenos e médios produtores, que contribuíram para o aumento das áreas reflorestadas no Brasil, a fim de atender à crescente demanda da população e da indústria, baseada na utilização de madeira como matéria-prima, inaugurando a segunda fase da eucaliptocultura nacional. Esses incentivos foram extintos em 1988, pela Lei N o (29/12/88), que estabeleceu que, a partir do exercício financeiro de 1989, as pessoas jurídicas não poderiam aplicar parcelas do imposto de renda, em razão do programa de florestamento e reflorestamento. Em decorrência desses programas de fomento, além dos projetos de reflorestamentos com recursos próprios, o Brasil, que até 1964 possuía uma área plantada de ha, passou a ter, em 1973, a maior área plantada com eucalipto no mundo, aproximadamente um milhão de hectares, quase o dobro da Índia, que figurava como o maior plantador da espécie até então. Em 1986, o país possuía uma área reflorestada, somente com eucalipto, próxima de ha. Em 1984, o país possuía ha reflorestados com diversas espécies nativas e exóticas. Atualmente, estima-se que o Brasil possua uma área reflorestada de cerca de ha. Essas áreas reflorestadas estão concentradas, principalmente, nas regiões Sudeste (56,93%) e Sul (29,67%), destacando-se os Estados de Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e Bahia.
4 4 Nessa fase, as pesquisas florestais tinham como prioridade melhorar a produtividade dos plantios, a qualidade da madeira, a produção de sementes melhoradas, o desenvolvimento de clonagem e as técnicas de manejo que eram desenvolvidas pelas recém-formadas escolas florestais do país, institutos florestais públicos e privados, além da criação dos centros de pesquisas de diversas empresas florestais brasileiras. Com o fim dos incentivos fiscais a partir de 1988, iniciou-se a terceira fase da silvicultura nacional, quando as florestas clonais passaram a ser generalizadas, sendo a cultura influenciada pelos movimentos ecológicos e sociais, além de mudanças econômicas profundas em nível internacional e nacional, as quais resultaram na reestruturação do setor. As empresas reduziram grandemente os investimentos em pesquisa florestal e passaram a implantar programas de qualidade total, buscando melhorar a eficiência e a competitividade, impostas pelo mercado internacional, que passou a exigir certificação florestal do tipo CERFLOR e ISO série e , para atestar a qualidade técnica, ecológica e social das empresas. Nessa fase surgiram os primeiros programas de manejo integrado de formigas e de outras pragas florestais. Atualmente, o setor florestal brasileiro tem participação de, aproximadamente, 5% no PIB nacional. Os principais produtos desse setor são: celulose, papel, madeira em tora, madeira serrada, chapas, compensados, aglomerados, fibras e carvão. O caminho da pesquisa sobre entomologia florestal aponta para estudos sobre levantamento e flutuação populacional e métodos de controle sem o uso de produtos químicos, mostrando a tendência atual de se conhecerem os insetos associados às florestas e sua interação com o ambiente. Essa tendência é fruto das exigências do mercado internacional de produtos florestais, o qual obriga as empresas a conhecer o ecossistema onde atuam, buscando reduzir impactos ambientais decorrentes da atividade, inclusive com respeito ao controle químico de pragas. BILBIOGRAFIA CONSULTADA ANJOS, N. Entomologia Florestal: Manejo integrado de pragas florestais no Brasil. Notas de aula. UFV BARBOSA, P. & SCHULTZ, J.C. Insect outbreaks. Academic Press, New York, 1987, 578p. BERRYMAN, A.A. Forest insects: principles and practice of population management. Plenum Press, London p.
5 5 COULSON, R.N. & WITTER, J. A. Forest entomology: ecology and management. John Wiley & Sons, New York, 1984, 669 p. CROCOMO, W.B. (Ed.). Manejo de pragas. Botucatu, UNESP, 1990, 237 p. DENT, D. Insect pest management. Wallington CAB. International, 1991, 640 p. GALLO, D. et al. Manual de Entomologia Agrícola. Ed. Agronômica Ceres. São Paulo, p. HORN, D.J. Ecological approach to pest management. Guilford, New York, 1988, 285 p. METCALF, R.L. & LUCKMANN, W.H. (Ed.). Introduction to insect pest management. 2 nd. ed.. New York, John Wiley, p. PEDIGO, L.P. Entomology and pest management. Macmillan, New York, 1989, 646 p. PFADT, R.E. (Ed.) Fundamentals of applied entomology. 4 th. ed.. New York, Macmillan, SPEIGHT, M.R. & WAINHOUSE, D. Ecology and management of forest insects. Oxford, Clarendon Press, p. TVEDTEN, S. History of pest management
FIGURA 2. Modelo do efeito da injúria provocada por insetos sobre a produção.
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