PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA TRIBUNAL DE JUSTIÇA Quinta Câmara Cível DECISÃO MONOCRÁTICA

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1 fls. 1 DECISÃO MONOCRÁTICA Classe : Agravo de Instrumento n.º Foro de Origem : Salvador Órgão : Relator(a) : Desª. Marcia Borges Faria Agravante : Associação Brasileira de Bares e Restaurantes - Seccional Bahia - Abrasel Advogado : Candido Emanoel Viveiros Sá Filho (OAB: 8708/BA) Advogado : Renata Lôbo Quadros (OAB: 19594/BA) Agravado : Serviço Social do Comércio no Estado da Bahia - Sesc/ba Agravado : Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado da Bahia Agravado : Salvador Shopping S. A. Assunto : Efeitos Trata-se de agravo de instrumento interposto pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes Seccional Bahia - Abrasel, contra provimento judicial de lavra do juízo da 4ª Vara Cível e Comercial da Comarca de Salvador, que nos autos da ação ordinária com pedido de tutela de urgência ajuizada em face do Serviço Social do Comércio no Estado da Bahia SESC, da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo no Estado da Bahia, e do Salvador Shopping S.A, indeferiu o pedido formulado, considerando que não evidenciada, nesta fase de cognição sumária, a probabilidade do direito, que justifique a concessão da tutela vindicada.... Inconformado, aduz o Agravante, em síntese, que ingressara com a ação de origem objetivando a paralisação imediata de obra realizada no estacionamento G2 do Salvador Shopping para abertura de empreendimento denominado pelas Agravadas de Restaurante dos Comerciários, com pretensão de ofertar (seis mil) refeições por dia a 02 1

2 fls. 2 preços subsidiados, evidenciando claro desvio de finalidade, concorrência desleal, e periculosidade para os consumidores em geral, haja vista não ser o estacionamento do shopping local adequado para abertura de restaurante.. Argumenta, neste sentido, que a Agravada SESC realiza serviço de atividade pública, e percebe valores advindos de contribuição compulsória, estando o interesse público diretamente ligado à atividade desenvolvida pela mesma, de modo que, no presente caso, evidenciada em sua atuação, o flagrante desvio de finalidade. Ainda, assevera que um restaurante a preços populares, ainda que voltado somente aos comerciários da região, traria um desequilíbrio econômico incalculável aos lojistas que já possuem comércio no shopping., destacando que o custeio de tal obra é feito através de contribuição que os próprios associados da Agravante pagam às Agravadas. Ao fim, consigna que o local escolhido para a construção do Restaurante dos Comerciários é inapropriado, e não comporta a criação de uma cozinha, que deverá preparar comida para (seis mil) pessoas ao dia, com estrutura de gás, água e energia elétrica, colocando em risco a própria estrutura do estabelecimento e saúde e segurança dos que ali transitam.. Dispendendo argumentos neste sentido, pugnou, ao final, pela concessão de efeito suspensivo ativo ao presente recurso, para fins de se determinar a suspensão imediata da obra em comento, até que a Agravada 02 2

3 fls. 3 apresente o projeto integral do restaurante em questão, e até que seja comprovada a ausência de concorrência desleal e desvio de finalidade.... No mérito, requerer a confirmação da tutela antecipada requerida, com a revogação da decisão combatida. Distribuído o recurso à, por sorteio, e, neste âmbito, à minha relatoria, vieram-me os autos conclusos. É o que ora merece ser relatado. Preenchidos os predicados processuais respectivos, e não sendo o caso de julgamento monocrático, na forma do art. 932 do atual Código de Ritos, passo a analisar o pedido de antecipação dos efeitos da tutela recursal. Neste passo, é cediço que a atribuição de efeito suspensivo em sede de agravo de instrumento, tal qual requerido pelo Agravante, constitui medida excepcional, e, por isso, deve-se pautar pela existência concorrente dos pressupostos autorizadores de que tratam os artigos 300 c/c 1.019, I, do Código de Processo Civil, notadamente o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo, bem ainda a probabilidade do direito invocado. No caso em apreço, parece-nos, em parte, relevante a argumentação lançada na exordial recursal, notadamente porquanto demonstrada a probabilidade do direito invocado. De fato, o provimento deferido pelo Juízo primevo aparenta ter 02 3

4 fls. 4 passado ao largo de uma análise mais detida e minuciosa dos regramentos legais atinentes à espécie em comento. Nesse sentido, à vista da argumentação empreendida pela Agravante, tenho, pois, à luz da ótica perfunctória típica da apreciação liminar, por necessário o deferimento da suspensividade ora requerida, de modo a se obstar os efeitos da decisão agravada. Assoma-se à relevância da fundamentação desenvolvida pela Recorrente, o palpável receio de dano irreparável ou de difícil reparação com a manutenção do provimento, posto que a vigência do decreto judicial vergastado enseja a continuidade da obra de implantação do empreendimento objeto da lide, cuja extensão dos efeitos prejudiciais à associação Agravante e seus filiados, ainda são desconhecidos. Outrossim, aventada ainda a eventual possibilidade de existência de fato do desvio de finalidade e concorrência desleal, na forma do quanto suscitado pela Agravante, em decorrência da continuidade das obras e efetiva implantação e funcionamento do Restaurante dos Comerciários nas imediações do Salvador Shopping, imperiosa a suspensão da edificação em comento, por revelar-se medida de justa cautela. Registre-se, por oportuno, que não se está, a toda evidência, antecipando um acolhimento das razões lançadas na peça propedêutica, cuja apreciação terá lugar quando do julgamento final do mérito do instrumental pelo colegiado; mas tão somente preservando o direito material em debate, cuja plausibilidade por ora se vislumbra, precípuo fim do processo. 02 4

5 fls. 5 Assim sendo, forte, pois, nas razões ora aventadas, CONCEDO O EFEITO SUSPENSIVO ATIVO vindicado, para revogar a decisão agravada e determinar a imediata suspensão das obras de implantação do Restaurante dos Comerciários nas imediações do Salvador Shopping, até ulterior deliberação deste Juízo. Determino ainda, por oportuno, a intimação do agravado, para, em 15 (quinze dias), querendo, apresentar resposta nos termos do art , II, do CPC, bem como, que seja oficiado ao juízo de piso para, caso entenda necessário, prestar as informações pertinentes. Publique-se. Intimem-se. Salvador, 8 de junho de Desª. Marcia Borges Faria Relatora 02 5