VIGÉSIMA SÉTIMA CÂMARA CÍVEL / CONSUMIDOR AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº AGRAVANTE: BAYER S

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1 VIGÉSIMA SÉTIMA CÂMARA CÍVEL / CONSUMIDOR AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº AGRAVANTE: BAYER S.A AGRAVADO: ANTONIO SANTOS RELATORA: DES. TEREZA CRISTINA SOBRAL BITTENCOURT SAMPAIO AGRAVO DE INSTRUMENTO. TUTELA ANTECIPADA. SERVIÇO DE HOME CARE. 1. A decisão que antecipa os efeitos da tutela representa apenas um juízo provisório, baseado em cognição sumária, submetendo-se ao prudente arbítrio do juiz e fundado no princípio do livre convencimento. 3. Assim, somente quando da realização de um juízo de cognição exauriente, será possível ao magistrado avaliar se a pretensão autoral merece prosperar, considerando o conjunto probatório a ser desenvolvido no curso do processo. 4. Incidência da Súmula 58 do TJRJ. Precedentes do STJ e do TJRJ. 5. Negado seguimento ao recurso. D E C I S Ã O Trata-se de Agravo de Instrumento interposto por BAYER S.A, com pedido de efeito suspensivo, contra decisão do Juízo da 2ª Vara Cível da Comarca de Belford Roxo, que deferiu a antecipação dos efeitos da tutela, para determinar que a ré proceda a imediata autorização do serviço de home care em favor do autor, com acompanhamento permanente dos profissionais de saúde, bem como que custeie todos os medicamentos, procedimentos e materiais requisitados pelo médico que assiste o autor. A decisão foi proferida nos seguintes termos, in verbis: 1) Defiro a gratuidade de justiça requerida. 2) Trata-se de pedido de MESR 1

2 tutela antecipada para que as demandadas sejam obrigadas a fornecer o serviço de home care ao autor pelo período de 24 horas, com o acompanhamento dos profissionais e o fornecimento dos medicamentos necessários. Narra a inicial, em resumo, que o autor foi acometido por AVC hemorrágico e câncer de próstata, bem como sobre de mal de Parkinson, Alzheimer e outras enfermidades, razão pela qual necessita da prestação do serviço em questão. Informa que o réu fornece o serviço de home cae, sem, entretanto, prestar o suporte referente aos enfermeiros necessários para os procedimentos diários realizados, em especial o de bronco aspiração. O autor, por seu turno, em que pese as alegações, não junta qualquer laudo médico indicando a necessidade da prestação do serviço de home care pelo prazo de 24 horas, nem da indicação médica de todos os itens postulados a título de tutela antecipada, limitando-se a juntar receituários e um atestado médico descrevendo a situação em que o autor foi internado; sendo certo que sem uma declaração ou atestado médico indicando expressamente a necessidade dos itens pleiteados, justificando-os, fica comprometida a avaliação a ser feita pelo magistrado, que não possui os conhecimentos médicos específicos. No entanto, considerando os princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana e do direito à saúde, a situação do autor recomenda que o exame de seu pleito se faça com cautela, pois é se trata de pessoa, a princípio, com graves problemas de saúde, o que inspira elevado grau de cautela e cuidados. Importante frisar que, consoante entendimento jurisprudencial, a internação em regime de home care vem sendo equiparada à internação hospitalar. Apenas em atenção à condição de cada paciente modifica-se o local da prestação do serviço, o qual, em sua essência, tem a mesma natureza. (...) Assim, para se evitar o perecimento do direito invocado, o que pode acabar acontecendo caso não concedida a tutela de urgência, e presentes os requisitos descritos no artigo 273 do CPC, defiro o pedido de tutela antecipada para determinar à ré que autorize imediatamente em favor do autor o serviço de home care, com acompanhamento permanente (24 horas) dos profissionais de saúde e custeio de todos os medicamentos, procedimentos e materiais requisitados pelo médico que MESR 2

3 assiste o autor, sob pena de multa diária de R$ 2.000,00, que poderá ser majorada em caso de descumprimento. Cite-se e intime-se a ré COM URGÊNCIA, autorizado o cumprimento pelo Oficial de Justiça de plantão. 3) Sem prejuízo, para a avaliação da manutenção desta decisão, deverá o autor juntar aos autos, no prazo de 10 dias, laudo médico indicando a necessidade da prestação do serviço de home care na forma e pelo período postulado na inicial, devendo descrever, de forma justificada, a necessidade dos recursos solicitados. Decorrido o prazo, com ou sem a juntada dos documentos, voltem conclusos para reavaliação da decisão. P.I. Em suas razões recursais, o agravante aduz, em síntese, que o agravado não comprovou o direito e nem a necessidade do serviço de enfermagem ou de qualquer medicamento ou acessório descrito na inicial, o que indica a inexistência dos requisitos autorizadores da decisão antecipatória, razões por que pugna pelo conhecimento e integral provimento de seu recurso. É o relatório. Inicialmente, conheço do presente, vez que constato a presença dos requisitos extrínsecos e intrínsecos de admissibilidade e passo à apreciação de seu mérito. É cediço que aplicável o Código de Defesa do Consumidor ao contrato de prestação de serviços de saúde, nos termos do enunciado nº 469 da súmula do Superior Tribunal de Justiça: MESR 3

4 plano de saúde. Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor aos contratos de Ab initio, necessário registrar que a decisão que antecipa os efeitos da tutela representa apenas um juízo provisório, baseado em cognição sumária, submetendo-se ao prudente arbítrio do juiz e fundado no princípio do livre convencimento. Da detida análise dos autos, entendo que não merece prosperar a irresignação recursal, uma vez que a decisão concessiva de antecipação dos efeitos da tutela proferida pelo magistrado de 1º grau se mostrou coerente com tal fase de cognição sumária. Assim, somente quando da realização de um juízo de cognição exauriente, será possível ao magistrado avaliar se a pretensão autoral merece prosperar, considerando o conjunto probatório a ser desenvolvido no curso do processo. No mais, entendo que o magistrado de 1º grau demonstrou cautela em seu atuar, pois dentre a possibilidade do perecimento do bem da vida aqui tutelado e da necessária documentação comprobatória da urgência da prestação do serviço, priorizou, inicialmente, o primeiro em detrimento do segundo. Assim, entendeu por bem, deferir o pleito antecipatório a fim de salvaguardar a vida do requerente, mas condicionar a manutenção desta decisão concessiva à comprovação, no prazo de 10 dias, do MESR 4

5 laudo médico indicando a necessidade da prestação do serviço de home care na forma e pelo período postulado na inicial. Dessa forma, ponderando-se os interesses envolvidos e a possibilidade de reversibilidade do provimento, bem como a farta jurisprudência sobre o assunto, a prudência recomenda a manutenção da decisão ora vergastada. Saliente-se que, o que ora se analisa é a demonstração da existência dos elementos caracterizadores do pleito liminar, quais sejam, o fumus boni iuris, consistente na plausibilidade do direito alegado pela autora, bem como do periculum in mora, que se traduz na urgência da prestação jurisdicional. E nesse sentido, agiu com o devido acerto o magistrado a quo ao conceder a antecipação dos efeitos da tutela. Por fim, constata-se que a decisão atacada não é teratológica, não merecendo, portanto, reforma, consoante entendimento consagrado no verbete nº 58 da súmula de jurisprudência deste tribunal, o qual dispõe: "Somente se reforma a concessão ou indeferimento de liminar, se teratológica, contrária à Lei ou à evidente prova dos autos." Nesse sentido, seguem os entendimentos perfilhados por esta Corte Estadual: AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO DO CONSUMIDOR. PLANO DE SAÚDE. TRATAMENTO DOMICILIAR HOME CARE. TUTELA ANTECIPADA MESR 5

6 DEFERIDA. TRATAMENTO DOMICILIAR QUE SUBSTITUI OS CUIDADOS DE UNIDADE HOSPITALAR. DIREITO FUNDAMENTAL À SAÚDE. DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA. PRECEDENTES JURISPRUDENCIAIS. DECISÃO MANTIDA. AGRAVO A QUE SE NEGA PROVIMENTO, NA FORMA DO art. 557, CAPUT, DO CPC. (Agravo de Instrumento nº Des Joaquim Domingos de Almeida Neto Julgamento: 17/12/2013 Vigésima Quarta Câmara Cível Consumidor). AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZATÓRIA. TUTELA ANTECIPADA CONCEDIDA PARA DETERMINAR QUE AS RÉS DÊEM CONTINUIDADE AO ATENDIMENTO HOME CARE INDICADO PELO MÉDICO, SOB PENA DE MULTA. PRESENÇA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ART. 273 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. DECISÃO INTEGRALMENTE MANTIDA. PRECEDENTE DO TJRJ. SÚMULA 59 DO TJ/RJ. RECURSO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO. (Agravo de Instrumento nº Des Marcelo Anatocles Julgamento: 16/12/2013 Vigésima Terceira Câmara Cível Consumidor). Agravo de instrumento contra decisão que em ação proposta pelo Agravado, deferiu a tutela antecipada para determinar que a Agravante autorizasse imediatamente, em seu favor, o serviço de home care, com acompanhamento permanente (24 horas) dos profissionais de saúde e custeio de todos os medicamentos, procedimentos e materiais requisitados pelo médico que o assiste, sob pena de multa diária de R$ 1.000,00, que poderá ser majorada em caso de descumprimento. Foi, ainda, determinado que, sem prejuízo do cumprimento da tutela antecipada, fosse apresentado pelo Agravado, laudo médico, indicando a necessidade da prestação de serviço de home care na forma pretendida, no prazo de cinco dias. Agravado que foi submetido a internação hospitalar, em razão de queda, lhe tendo sido recomendado o serviço de home care, conforme declaração médica. Enquanto pendente a controvérsia quanto à existência de cobertura contratual para o serviço reclamado, e havendo recomendação médica para o tratamento domiciliar, presentes os requisitos para a concessão da tutela antecipada, que não é irreversível, pois, em caso de revogação, poderão ser cobrados do Agravado os custos do tratamento. Decisão agravada que não se mostra teratológica, contrária à lei ou à MESR 6

7 prova dos autos. Súmula 59 do TJRJ. Desprovimento do agravo de instrumento. (Agravo de Instrumento nº Des Ana Maria Oliveira Julgamento: 12/12/2013 Vigésima Sexta Câmara Cível Consumidor). PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RELAÇÃO DE CONSUMO. DECISÃO QUE DEFERE PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA. NEGATIVA DE COBERTURA DE OPERADORA DE PLANO DE SAÚDE. HOME CARE. APELADO QUE NECESSITA DE ACOMPANHAMENTO EM SUA RESIDÊNCIA. DECISÃO AGRAVADA NÃO SE AFIGURA TERATOLÓGICA, NEM CONTRÁRIA À LEI OU À PROVA DOS AUTOS. RECURSO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO NA FORMA DO ART. 557, CAPUT, DO CPC. (Agravo de Instrumento nº Des Lucia Helena do Passo Julgamento: 17/10/2013 1ª ementa Vigésima Sétima Câmara Cível Consumidor). Pelo exposto, com amparo no art. 557, caput do Código de Processo Civil, nego seguimento ao recurso. Rio de Janeiro, 31 de janeiro de TEREZA CRISTINA SOBRAL BITTENCOURT SAMPAIO Desembargadora Relatora MESR 7