DESEMBARGORA AMÉLIA MARTINS DE ARAÚJO. Colenda Corte Especial Eminente Desembargador Relator,

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1 MANDADO DE SEGURANÇA ( ) IMPETRANTES SILVIO MOREIRA DA COSTA E OUTRA IMPETRADO DESEMBARGADOR RELATOR DA 4ª CÂMARA CÍVEL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS RELATORA SUBPROCURADOR-GERAL DE JUSTIÇA PARA ASSUNTOS JURÍDICOS DESEMBARGORA AMÉLIA MARTINS DE ARAÚJO SPIRIDON N. ANYFANTIS MANDADO DE SEGURANÇA. INDEFERIMENTO DE EFEITO SUSPENSIVO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. LIVRE CONVENCIMENTO MOTIVADO. PODER GERAL DE CAUTELA. Do compulso do caderno processual nota-se que a decisão que indeferiu o pedido de efeito suspensivo ativo, a fim de que fosse reconhecido o direito de retenção por benfeitorias, regula a apreciação e avaliação das provas existentes nos autos, indicando que o magistrado formou sua convicção e naqueles moldes decidiu. Manifestação do Ministério Público pela denegação da segurança. Colenda Corte Especial Eminente Desembargador Relator, Cuida-se de mandado de segurança impetrado por Silvio Moreira da Costa e Maria de Fátima Ferreira da Costa em face de ato, indigitado como ilegal, praticado pelo Desembargador Relator da 4ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, conforme os fatos e fundamentos a seguir alinhados. Os impetrantes insurgem-se contra decisão que indeferiu o pleito de efeito suspensivo no Agravo de Instrumento n.º

2 ( ) a fim de reconhecer seu direito a retenção por benfeitorias na Ação de Indenização por Benfeitorias com pedido de liminar proposta em face de Costa Machado Engenharia e Construção Ltda. Narraram que ajuizaram uma Ação de Indenização por Benfeitorias, com pedido de liminar inaudita altera pars, após a sentença com trânsito em julgado da Ação de Reintegração de Posse n.º , a qual tramitou perante a Vara das Fazendas Públicas, Registros Públicos, Ambiental e 2º Cível da Comarca de Caldas Novas/GO, em desfavor de Costa Machado Engenharia e Construções Ltda, buscando a condenação a título de indenização pelas construções que incorporaram ao Lote 32, do Condomínio Chalés Caldas Novas, Quadra 146, situado no loteamento Mansões Águas Quentes, de Caldas Novas/GO. Decorrido o transcurso regular do processo, o pedido liminar fora indeferido, em razão da ausência de alegação sobre o direito de retenção por benfeitorias na fase cognitiva e consequente impossibilidade de discussão de tal matéria na fase executória, em virtude da coisa julgada material. Tal fato ensejou a interposição de recurso de Agravo de Instrumento por parte dos ora impetrantes, por meio do qual requereram efeito suspensivo ativo a fim de que fosse reconhecido o direito de retenção por benfeitorias, pedido este que fora indeferido pela autoridade apontada como coatora. Informaram ainda que da mencionada decisão interpuseram Agravo Regimental, o qual por sua vez não fora conhecido, posto que incabível da decisão que defere ou indefere liminar em Agravo de Instrumento. Nesse diapasão, requerem o deferimento da liminar para que seja suspenso o ato apontado como coator e, no mérito, objetivam a concessão da segurança para deferir o pedido de antecipação da tutela recursal, formulado no Agravo de Instrumento. 2

3 Com a inicial, os documentos de fls. 29/834. A decisão de fls. 837/744 indeferiu a liminar pretendida. informações às fls. 847/849. A autoridade apontada coatora, Des. Carlos Escher, prestou Autos com vista à Procuradoria-Geral de Justiça. Sintetizada nesses termos a matéria posta, inicialmente constata-se que as partes são legítimas, tendo o remédio heroico sido manejado atempadamente. não assiste aos impetrantes. Já no tangente ao mérito do presente remédio constitucional, razão Do compulso do caderno processual nota-se que a decisão que indeferiu o pedido de efeito suspensivo ativo, a fim de que fosse reconhecido o direito de retenção por benfeitorias, regula a apreciação e avaliação das provas existentes nos autos, indicando que o magistrado formou sua convicção e naqueles moldes decidiu. Veja-se a decisão objeto da presente irresignação dos impetrantes: Para que haja o deferimento da liminar desejada é necessária a demonstração da possibilidade de ocorrer dano irreparável ou de difícil reparação, risco que corre o processo principal de não ser útil ao interesse demonstrado pela parte e a plausibilidade do direito substancial invocado pelos agravantes. No caso em exame, apesar da extensa justificativa dos recorrentes e dos documentos carreados aos autos, exercitando o poder geral de cautela conferido ao Julgado, indefiro a antecipação de tutela nos termos pretendidos na inicial. Ainda, não demonstrados os motivos que autorizam o imediato deferimento do efeito suspensivo ao agravo, como o fumus 3

4 boni iuris, ou a plausibilidade do direito invocado, e o periculum in mora, consubstanciado na não demonstração das consequências danosa advindas da manutenção da determinação judicial, indefiro, também, a suspensão dos efeitos da decisão agravada. É de conhecimento notório que a análise levada a efeito pelo juiz atende ao princípio do livre convencimento motivado, pelo qual, a partir do caso concreto que lhe foi posto, e após a apresentação de provas e argumentos dispostos pelas partes, tem ele liberdade para decidir a respeito de seu conteúdo de forma que considerar mais adequada conforme seu convencimento e dentro dos limites impostos pela lei e pela Constituição, e dando motivação à sua decisão. Neste sentido CINTRA, GRINOVER e DINAMARCO 1 : "O Brasil também adota o princípio da persuasão racional: o juiz não é desvinculado da prova e dos elementos existentes nos autos (quod non est in actis non est in mundo), mas a sua apreciação não depende de critérios legais determinados a priori. O juiz só decide com base nos elementos existentes no processo, mas os avalia segundo critérios críticos e racionais (CPC, art. 131 e 436)." Ademais, destaque merece o artigo 798, do Código de Processo Civil, que concede ao juiz o poder de tomar providências de índole cautelar que julgar adequadas, quando houver fundado receio de que uma parte, antes do julgamento da lide, cause ao direito da outra lesão de grave e de difícil reparação. E, ao se analisar o caso em comento, prevaleceu o entendimento de não restarem demonstrados os motivos que autorizariam o imediato deferimento do efeito suspensivo ao agravo de instrumento anteriormente interposto, como o fumus 1 CINTRA, Antônio Carlos de Araújo, GRINOVER, Ada Pellegrini, DINAMARCO, Cândido Rangel, Teoria Geral do Processo, p

5 boni iuri,- ou a plausibilidade do direito invocado, e o periculum in mora, consubstanciado na não demonstração das consequências danosa advindas da manutenção da determinação judicial. Em vista do exposto, esta Procuradoria-Geral de Justiça manifestase pela DENEGAÇÃO da segurança, em razão da ausência de direito líquido e certo da impetrante. Goiânia, 23 de fevereiro de SPIRIDON N. ANYFANTIS Subprocurador-Geral de Justiça para Assuntos Jurídicos Portaria n.º 1.492/2014 DOMP 1224ª ed. S/M 5