AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº Nº ( ) COMARCA DE GOIÂNIA AGRAVANTE : MARIA SILVANIA LEITE BARROS
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1 AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº Nº ( ) COMARCA DE GOIÂNIA AGRAVANTE : MARIA SILVANIA LEITE BARROS 1º AGRAVADO : ESTADO DE GOIÁS 2º AGRAVADO : GOIÁS PREVIDÊNCIA GOIASPREV RELATOR : DR. GERSON SANTANA CINTRA Juiz Substituto em Segundo Grau RELATÓRIO E VOTO Cuida-se de Agravo de Instrumento interposto por MARIA SILVANIA LEITE BARROS em face da decisão reproduzida em fls. 64/66, proferida pela MMª. 1ª Juíza de Direito da 2ª Vara da Fazenda Pública da Comarca de Goiânia, Dra. Suelenita Soares Correia nos autos da AÇÃO PREVIDENCIÁRIA ajuizada em desfavor de ESTADO DE GOIÁS e GOIÁS PREVIDÊNCIA GOIASPREV. A decisão agravada foi assim proferida: ( ) Por muito tempo houve acalorados debates em relação ao cabimento ou não da tutela antecipada contra a Fazenda Pública. Depois de muita discussão sobre o tema chegou-se a conclusão que terminantemente proibida a concessão de antecipação de tutela nas hipóteses elencadas na 1
2 nova lei n de 07 de agosto de 2009, disciplinadora do mandado de segurança individual e coletivo. ( ) A concessão do pedido de tutela antecipada esposado na presente demanda encontra óbice nos mencionados dispositivos legais, dando azo ao indeferimento da medida pretendida pela requerente, uma vez que pleiteia o pagamento de pensão por morte de seu ex-companheiro. Nesse diapasão, indefiro a antecipação dos efeitos da tutela, nos moldes em que pleiteada. Em suas razões (fls.02/08), a Agravante verbera que a decisão recorrida não deve prosperar, uma vez que restou devidamente comprovada a sua relação de união estável com o falecido Rui Machado de Mendonça, sendo assim necessária a concessão de tutela antecipada para que se proceda o depósito do valor correspondente a 50% (cinquenta por cento) do valor dos benefícios que hoje são integralmente recebidos pelos dependentes do de cujos. Aduz que o julgador não pode se basear apenas na leitura fria da lei, ainda mais em casos como este, em que a própria constituição reconhece a união estável entre homem e mulher como entidade familiar. 2
3 Por derradeiro requer que seja conhecido e provido seu recurso a fim de reformar a decisão exarada pela magistrada de primeiro grau, concedendo-se assim a tutela antecipada. Preparo devidamente efetuado (fls.60). Dispensada a intimação dos Agravados ante o fato da ausência de angularização processual. É o relatório. Passo ao voto. admissibilidade do recurso. De plano, vislumbro a presença dos requisitos de Trata-se de Agravo de Instrumento contra decisão que negou antecipação de tutela nos autos da ação previdenciária interposta por Maria Silvânia Leite Barros, a qual pleiteava a concessão de liminar a fim de lhe conceder o direito a 50% (cinquenta por cento) do benefício previdenciário que hoje é recebido pelos herdeiros de Rui Machado de Mendonça, com quem a agravante convivia em união estável. Com base no contexto apresentado nos autos, é 3
4 importante destacar que o Agravo de Instrumento é um recurso secundum eventum litis, no qual se deve limitar ao exame do acerto ou desacerto do que ficou soberanamente decidido pela juíza, não podendo extrapolar o seu alcance para apreciar matéria estranha ao ato judicial vituperado, sob pena de, na hipótese, suprimir-se um grau de jurisdição. Assim, a concessão de liminar decorre, tão somente, da livre convicção e prudente arbítrio do julgador, desde que satisfeitos os requisitos necessários. Não há como negar o acerto da decisão do juízo monocrático posto que o pedido de liminar, na forma como manejado, importaria necessariamente no esgotamento da pretensão deduzida na ação. Em suma, os critérios da aferição para a liminar estão na faculdade do julgador que, exercitando o seu livre arbítrio, decide sobre a conveniência ou não da concessão, resultando que a instância revisora somente irá alterar a decisão fustigada em caso de flagrante contradição com as provas dos autos ou de evidente ilegalidade, circunstâncias que não se revelam nestes autos. A propósito, a redação do artigo 1º, 3, da Lei 8.437/1992 expressamente assevera quanto à impossibilidade de concessão de medida liminar contra a Fazenda Pública que esgote todo 4
5 o objeto da ação, conforme ora se depreende: Art. 1 Não será cabível medida liminar contra atos do Poder Público, no procedimento cautelar ou em quaisquer outras ações de natureza cautelar ou preventiva, toda vez que providência semelhante não puder ser concedida em ações de mandado de segurança, em virtude de vedação legal. 3 Não será cabível medida liminar que esgote, no todo ou em qualquer parte, o objeto da ação. Nesta mesma esteira, temos o entendimento firmando no art. 7º 2º e 5º da lei /09, que também foi citado pela magistrada de primeiro grau, vejamos: Art. 7º Ao despachar a inicial, o juiz ordenará: (...) 2º Não será concedida medida liminar que tenha por objeto a compensação de créditos tributários, a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior, a reclassificação ou equiparação de servidores públicos e a concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza. ( ) 5º As vedações relacionadas com a concessão de liminares previstas neste artigo se estendem à tutela 5
6 antecipada a que se referem os arts. 273 e 461 da Lei n o 5.869, de 11 janeiro de Código de Processo Civil. Como pode-se observar, o texto em epígrafe é bem claro ao estabelecer a impossibilidade de concessão de liminares e tutelas antecipadas nos pagamentos de qualquer natureza, como é o do caso em tela. Ante as razões expostas, conheço do recurso e nego-lhe provimento, para, mantida a decisão primária, resguardar o pronunciamento de mérito da matéria ao juízo monocrático. É o voto. Goiânia, 08 de maio de Gerson Santana Cintra Relator em Substituição Legal 5 6
7 AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº Nº ( ) COMARCA DE GOIÂNIA AGRAVANTE : MARIA SILVANIA LEITE BARROS 1º AGRAVADO : ESTADO DE GOIÁS 2º AGRAVADO : GOIÁS PREVIDÊNCIA GOIASPREV RELATOR : DR. GERSON SANTANA CINTRA Juiz Substituto em Segundo Grau EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO PREVIDENCIÁRIA. CONCESSÃO DE TUTELA ANTECIPADA CONTRA FAZENDA PÚBLICA. IMPOSSIBILIDADE. 1. O agravo de instrumento é um recurso secundum eventum litis, onde o juízo de segundo grau deve limitar-se ao exame do acerto ou desacerto da decisão prolatada pelo juízo monocrático, não devendo subsistir apreciação acerca de matéria estranha ao ato judicial combatido, sob pena de incorrer em supressão de um grau de jurisdição. 2 O artigo 1º, 3, da Lei 8.437/1992 veda expressamente a concessão de medida liminar contra a Fazenda Pública que antecipe, no todo ou em parte o objeto da ação. 3 Neste mesmo sentido temos o disposto nos 2º e 5º do art. 7º da Lei /2009 que vedam a concessão de medida liminar contra a Fazenda Pública que tenha por objeto pagamento de qualquer natureza. AGRAVO CONHECIDO E IMPROVIDO. 7
8 ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de Agravo de Instrumento, acordam os componentes da Quarta Turma Julgadora da Primeira Câmara Cível do egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, à unanimidade de votos, conhecer e improver o recurso, de conformidade com o voto do relator e da ata de julgamento. Custas da lei. Votaram, além do relator, o Des. Luiz Eduardo de Sousa, que também presidiu o julgamento, e a Drª. Maria das Graças Carneiro Requi. Ausente justificado a Drª. Amélia Martins de Araújo. Esteve presente ao julgamento a ilustre Procuradora de Justiça, Drª. Laura Maria Ferreira Bueno. Goiânia, 08 de maio de Dr. GERSON SANTANA CINTRA Juiz substituto em Segundo Grau Relator 5 8
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