RELAÇÃO HÁBITOS ALIMENTARES VERSUS OBESIDADE ENTRE ESCOLARES DE MANDAGUARI E REGIÃO
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- Denílson Sousa Monteiro
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1 RELAÇÃO HÁBITOS ALIMENTARES VERSUS OBESIDADE ENTRE ESCOLARES DE MANDAGUARI E REGIÃO RESUMO Lucimara Bergamo Panice Angela Aparecida da Silva Angélica Caroline Moreira de Aguiar Débora Leal Luan Eduardo de Oliveira Boldrin Talita Borelli Ferrareto Este trabalho teve como objetivo descrever os hábitos alimentares dos alunos de 5ª a 8ª séries de escolas públicas e particulares de Mandaguari-PR e região, e relacioná-los com a prevalência de obesidade e/ou sobrepeso nessa população. Foi realizado um estudo transversal, do tipo descritivo, com a aplicação de questionários, sendo analisadas também medidas de peso e altura para a obtenção do índice de massa corporal e do percentil para idade e sexo dos escolares. Participaram deste estudo 340 estudantes, em que 60,1% e 50,6% corresponderam à escola pública e do sexo feminino, respectivamente. Através dos dados coletados, observou-se que os alunos das escolas particulares e os do sexo masculino apresentaram maior prevalência de sobrepeso e obesidade. Quanto à dieta alimentar verificouse um consumo elevado de alimentos que induzem ao sobrepeso e/ou obesidade. É fundamental, portanto, executar medidas preventivas e de apoio logo na infância para se evitar e controlar a obesidade. Palavras-chave: Obesidade na adolescência. Índice de massa corporal. Hábitos alimentares. Introdução versus Obesidade, sobrepeso, doenças relacionadas e saúde alimentação são temas muito debatidos atualmente. Isso * ** ** ** ** ** * ** Doutora em Química pela UEM, com ênfase na área de Química dos Alimentos; professora na Fundação Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Mandaguari(FAFIMAN) e na Unidade de Ensino Superior Faculdade Ingá (UNINGÁ). Graduandos do curso de Ciências Biológicas da FAFIMAN. 9
2 porque uma das maiores preocupações com relação à alimentação se refere às doenças provocadas pelo descuido na hora de alimentar-se. Uma das piores aquisições da vida moderna, a obesidade é considerada hoje, uma doença de natureza epidêmica que tem preocupado a comunidade médica/científica, devido ao seu crescimento em várias partes do mundo (FLEGAL et al., 2010). Dessa forma, a mídia tem anunciado constantemente matérias a respeito de como alimentar-se de forma adequada para se ter boa saúde e, consequentemente, vida longa. Segundo as últimas pesquisas na área, observa-se que a obesidade e/ou o sobrepeso estão, de certa maneira, relacionados com a forma desequilibrada de alimentar-se, doença que tem aumentado drasticamente. De acordo com pesquisas realizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o excesso de peso triplicou entre os homens, de 18,5% em 1974 para 50,1% em 2009; e nas mulheres o índice foi um pouco menor, de 28,7% para 48%. Já a obesidade foi de 2,8% para 12,4% para os homens e de 8% a 16,9%, no caso das mulheres (IBGE, 2012). Em crianças e adolescentes, os registros mostram um incremento da obesidade de 4,1% a 13,9% entre 1974 e 1997 e um valor estimado de 16,7 % entre 2002 e 2003 (GODOY-MATOS et al., 2009).A incidência aumentada de sobrepeso e obesidade em crianças e adolescentes tem sido motivo de muita preocupação, pois estes têm maior probabilidade de continuarem obesos na vida adulta e desenvolverem complicações ainda na infância que antes eram mais evidentes apenas nos adultos, como o diabetes mellitus tipo 2 e as doenças cardiovasculares. Além disso, as pesquisas indicam que filhos de pais obesos têm 80% de chance de se tornarem obesos, enquanto que o índice diminui para 40 % quando apenas o pai ou a mãe é obeso (OLIVEIRA; FISBERG, 2003; SAPATÉRA; PANDINI, 2005; RAMOS; BARROS FILHO, 2003). Em alguns países, a obesidade já é considerada um problema de saúde pública e, em todo o mundo, vem chamando a atenção devido a seus efeitos devastadores sobre o organismo. A obesidade pode ser definida como uma doença crônica, associada a diversas complicações e que é caracterizada pelo acúmulo de gorduras de tal forma que a saúde é comprometida. Algumas dessas 10
3 complicações incluem as doenças cardiovasculares, a hipertensão arterial, o diabetes mellitus, as dislipidemias, as alterações osteomusculares e o incremento da incidência de alguns tipos de carcinoma e dos índices de mortalidade (FRANCISCHI et al., 2000; GODOY-MATOS et al., 2009). Geralmente, a obesidade é resultado da ingestão excessiva de calorias comparada à quantidade requerida para o funcionamento normal do organismo. Entretanto, segundo Godoy-Matos et al. (2009) deve-se levar em consideração que a obesidade possui caráter multifatorial, sendo resultado de fatores socioeconômicos, psicológicos, genéticos, ambientais, culturais, nutricionais, metabólicos, hormonais etc. No entanto, os que poderiam explicar esta grande incidência de indivíduos obesos, principalmente em crianças e adolescentes, parecem estar mais relacionados às mudanças no estilo de vida e aos hábitos alimentares adquiridos nesses tempos de era globalizada. O aumento no consumo de alimentos ricos em açúcares simples e gordura, com alta densidade energética, passar horas em frente à TV ou ao computador e a diminuição ou ausência da prática regular de atividades físicas têm contribuído decisivamente como fatores ambientais para elevar os índices de sobrepeso e obesidade (OLIVEIRA; FISBERG, 2003). São consideradas obesas as pessoas que possuem Índice de Massa Corporal (IMC) maior do que 30 kg/m². O excesso de peso ou sobrepeso, por sua vez, é determinado quando o IMC está entre 25 e 29,9 kg/m². Para calcular o IMC, é necessário dividir o peso do indivíduo pela sua altura ao quadrado. As medidas utilizadas devem ser o quilograma (kg) e o metro (m) e as atuais definições determinam a seguinte convenção de valores, estabelecidos em 1997 e publicados em 2000, conforme quadro 1 (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1995). Entretanto, deve-se levar em consideração numa análise clínica, a raça, etnicidade, massa muscular, idade, sexo e outros fatores que podem influenciar a interpretação do índice. Outra questão envolvida é que o IMC superestima a gordura corporal em indivíduos muito musculosos e pode subestimá-la naqueles que tiveram perda de massa corporal (ex. idosos). No caso de crianças e adolescentes, também se utiliza o IMC, mas devem ser observados os percentuais para idade e sexo, como critério de adiposidade (MUST et al., 1991). 11
4 IMC (Kg/m 2 ) CLASSIFICAÇÃO < 18.5 Abaixo do Peso normal Sobrepeso Obesidade grau I Obesidade grau II > 40.0 Obesidade grau III Quadro 1 Classificação do grau de obesidade determinado pelo IMC. Para definir sobrepeso e obesidade na infância, existe uma grande variedade de critérios, o que dificulta as comparações entre os estudos de prevalência. O critério mais utilizado atualmente é aquele sugerido em 2000 pelo Center for Disease Control (CDC) quando revisando suas tabelas de crescimento que datam de 1977, incluiu as tabelas de IMC para indivíduos de 2 a 19 anos de idade, e recomendou a utilização dos termos risco de sobrepeso, para aqueles com IMC para idade e sexo em percentuais > 85; e o termo sobrepeso, para aqueles com IMC para idade e sexo em percentuais > 95. Clinicamente, esses termos foram substituídos por sobrepeso e obesidade, respectivamente. Procura-se encontrar um índice de pontos de corte de IMC que possa mostrar continuidade desde a infância à idade adulta, com o objetivo de correlacionar a obesidade e comorbidades nestas diferentes faixas etárias. Nesse sentido, o estudo realizado por Cole et al. (2000), em seis países (Inglaterra, Brasil, Hong Kong, Singapura, Holanda e EUA), tem sido aceito e recomendado pelo IOTF (International Obesity Task Force) para estudos epidemiológicos populacionais. Os autores desenvolveram pontos de corte para sobrepeso e obesidade, a partir da correlação entre os percentuais de IMC > 85 e > 95 para idade e sexo na faixa etária pediátrica que, aos 18 anos, correspondem aos pontos de corte para sobrepeso (> 25 kg/m²) e obesidade (> 30 kg/m²) na faixa etária adulta. Depois que o IMC é calculado para crianças e adolescentes, ele é plotado no diagrama de IMC para idade de meninos e meninas, para obter uma classificação percentil. O percentil indica a posição relativa do IMC da criança ou adolescente em relação a outras crianças e adolescentes do mesmo sexo e idade. O diagrama mostra as categorias de 12
5 classificação de peso para crianças e adolescentes, conforme quadro 2: abaixo do peso; peso saudável; sob risco de sobrepeso (sobrepeso); sobrepeso (obesidade) (CONDE; MONTEIRO, 2006). O IMC é usado como instrumento para identificar possíveis problemas de peso em crianças e adolescentes. O Centers for Disease Control (CDC) e Prevention e American Academy of Pediatrics (AAP) recomendam o uso do IMC para o sobrepeso em crianças começando aos 2 anos de idade. Para crianças e adolescentes, o IMC é usado para averiguar o sobrepeso, risco de sobrepeso ou peso abaixo do saudável. Porém, o IMC não é uma ferramenta de diagnóstico. Por exemplo, o IMC pode indicar se a criança está com sobrepeso, porém para determinar se o excesso de gordura corporal é problema o médico precisará de mais exames, que podem incluir medição de dobras cutâneas, avaliação da dieta, nível de atividade física, histórico familiar, etc. (KUCZMARSKI et al., 2002). CATEGORIA DE PESO Quadro 2 - Classificação de peso para crianças e adolescentes baseado no percentil. O presente trabalho teve como objetivo descrever os hábitos alimentares dos alunos matriculados nas 5ª a 8ª séries em algumas escolas públicas e particulares de Mandaguari-PR, Jandaia do Sul-PR e Fênix-PR, além de demonstrar sua relação com o sobrepeso e a obesidade através dos dados de percentis 85 e 95, respectivamente, do IMC por idade, proposto na literatura para crianças e adolescentes pelos Centers for Disease Control and Prevention (2002). Metodologia Foram comparadas as influências das variáveis: sexo, prática de 13
6 atividade física e consumo de alimentos que induzam ao sobrepeso e à obesidade e ainda a prevalência dos mesmos entre os escolares do ensino público e particular. Neste trabalho, foi realizado um estudo de delineamento transversal, do tipo descritivo, com a aplicação de questionários, para alunos entre 10 e 17 anos de idade, matriculados nas séries 5ª a 8ª de algumas escolas públicas e particulares de Mandaguari-PR, Jandaia do Sul-PR e Fênix-PR. Os alunos foram selecionados aleatoriamente para compor uma amostra representativa desta população nas referidas cidades. Foram avaliados os hábitos alimentares determinando sua relação com o sobrepeso e a obesidade, através de formulários de Consentimento Livre e Esclarecido, sendo que os participantes em nenhum momento foram constrangidos a participarem do estudo, mas este foi realizado somente sob o consentimento dos escolares e de seus pais, que se dispuseram a fornecer os dados necessários. Foram comparadas as prevalências de sobrepeso e obesidade nas escolas públicas e particulares e as influências das variáveis: sexo, prática de atividade física e consumo de alimentos que induzam ao sobrepeso e à obesidade. Aferições de pressão arterial foram obtidas utilizando-se esfigmomanômetro marca BD e estetoscópio BD MDF-747- duo sonic. Foram realizadas também medidas de peso e altura. Estes dados foram coletados utilizando balança mecânica antropométrica marca Welmy. Os alunos foram pesados sem calçados, usando roupas leves e sem portar objetos pesados. As medidas de estatura foram realizadas com os alunos descalços, na plataforma da balança, de costas para a haste, com os pés unidos e em posição ereta. As medidas de peso e estatura foram realizadas em triplicatas, a fim de se obter como resultado final a média dos valores. A avaliação do estado nutricional foi realizada com as medidas anteriores de acordo com indicadores antropométricos recomendados para adolescentes, segundo o National Center for Health Statistics (NCHS), USA, de 1977 (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1995). Foram considerados como sobrepeso os valores do IMC para os percentis 8595, e obesidade, acima do percentil 95 como proposto por Must, Dallal e Dietz (1991), Conde e Monteiro (2006). 14
7 Resultados e discussões Participaram desse estudo 340 alunos, com idade entre 10 e 17 anos, sendo 61,5 % de escolas públicas e 50,6 % do sexo feminino. No geral, em Mandaguari e região, observou-se que 15,2% e 12,1%, em média, dos escolares, apresentaram percentis iguais a 85 e 95, respectivamente, indicadores de sobrepeso e obesidade. Comparando a prevalência de sobrepeso e obesidade entre os tipos de escola analisados, verificou-se que os alunos das particulares apresentaram maiores índices de sobrepeso e obesidade. Esse resultado pode ser explicado pela associação do excesso de gordura corporal a níveis socioeconômicos mais elevados, devido à facilidade de acesso a alimentos ricos em gorduras e açúcares simples, assim como a disponibilidade de altas tecnologias, computadores, vídeo games etc. A prevalência de risco de sobrepeso e de obesidade, respectivamente, nas amostras selecionadas foi de 12,2 % e 8,9 % para os alunos do sexo feminino e de 13,8% e 14,9 % para os alunos do sexo masculino, ambos das escolas públicas. Para os alunos das escolas particulares, a mesma classificação foi de 10,8% e 8,1% para o sexo feminino e de 28,1% e de 17,5 % para o sexo masculino. Estes valores de percentil, obtidos em média, encontram-se dispostos na tabela 1, que também mostra as demais classificações obtidas de percentil. Tabela 1 Distribuição percentual médio do IMC dos escolares segundo o sexo e tipo de escola, calculados em valores de percentil para crianças e adolescentes. PERCENTIL ESCOLA PÚBLICA ESCOLA PARTICULAR FEMININO MASCULINO FEMININO MASCULINO P3 4,5 6,4 4,1 7,0 P5 P75 74,4 64,9 77,0 47,4 P85 P90 12,2 13,8 10,8 28,1 P95-P97 8,9 14,9 8,1 17,5 Observa-se, pelos resultados apresentados, que tanto nas escolas públicas quanto nas particulares houve uma predominância do 15
8 sexo masculino em apresentar sobrepeso e também excesso de peso. Isso se deve, provavelmente, ao fato de os meninos, principalmente, ficarem várias horas diárias em frente à TV ou computador, em jogos on-line e/ou sites de comunidades de relacionamento, entre outros, resultando num gasto energético baixo. Resultados semelhantes foram encontrados nos estudos feitos por Costa, Cintra, Fisberg (2006), Ramos e Barros Filho (2003), em que analisaram escolares de Santos e Bragança Paulista- SP, respectivamente. Além do cálculo de IMC dos escolares para se determinar o percentil, também foi obtido o IMC dos pais. Neste caso, 41,0% e 6,0%, em média, dos pais dos alunos das escolas públicas apresentaram valores de IMC referentes a sobrepeso e obesidade, respectivamente. Para os pais dos alunos das escolas particulares, estes valores corresponderam, em média, a 31,0% e 8%, respectivamente. É importante destacar que pesquisas realizadas têm mostrado que o ambiente familiar tem grande influência no comportamento, desde a infância e que existe uma relação direta entre a situação nutricional dos pais com a dos filhos, sendo que ocorre maior prevalência de sobrepeso e obesidade em adolescentes que também possuem pais obesos (RAMOS; BARROS FILHO, 2003). Crianças e adolescentes com sobrepeso e obesidade fazem parte de uma estatística cada vez mais crescente. É uma questão muito preocupante para a comunidade médica e científica, pois crianças e adolescentes obesos apresentam de 5 a 20 vezes mais chances de se tornarem adultos obesos. Esse fato já pode ser constatado nos países desenvolvidos como os EUA e também nos países em desenvolvimento (BRAY, 2001; ABRANTES; LAMOUNIER; COLOSIMO, 2002). Para as medidas de pressão arterial realizadas, a maioria dos escolares apresentou valores normais, entre 110 mmhg e 70 mmhg, com variações não significativas para mais ou para menos. Quanto às questões propostas aos alunos das escolas públicas e particulares, 21% e 8%, respectivamente, dos entrevistados responderam não praticar nenhuma atividade física, como mostra o gráfico da figura 1. Praticar atividade física, no entanto, tem se tornado cada vez 16
9 menos habitual pelos adolescentes e crianças em geral, fato que pode ser observado diante do estilo de vida atual dos mesmos, em que as interações com o mundo externo são na maior parte do tempo muito mais virtuais do que físicas. Figura 1 - Distribuição percentual dos escolares que praticam atividade física. Quanto ao tipo de alimentação diária dos escolares, observouse através dos dados coletados nos questionários, que muitos se 17
10 alimentam erroneamente, no geral, 46,9% dos alunos preferem alimentos fritos, que possuem altas taxas calóricas, enquanto 37,8% preferem alimentos assados e 15,3% alimentos cozidos, como mostra o gráfico da figura 2. Figura 2 - Preferência alimentar dos escolares (ensino público e particular). Apesar de a grande maioria alegar comer verduras e legumes algumas vezes na semana, 15,5% disseram não consumir estes tipos de alimentos, como mostra o gráfico da figura 3. Figura 3 - Consumo de verduras e legumes pelos escolares em geral. 18
11 O hábito de se alimentar antes de dormir é praticado por 65,9% dos escolares, e a taxa de consumo de doce entre os mesmos é alta. 96,8% deles afirmam comer doces ao menos uma vez por semana; 17,3% comem doces todos os dias e somente 3,23% não possuem esse hábito (Figura 4). Figura 4 - Consumo de doces pelos escolares em geral. O lanche oferecido pela escola é consumido por 49,6% dos alunos e 33,2% levam lanche para tomar no intervalo das aulas. Mas, 69,2% revelaram que compram alimentos vendidos na cantina da escola, entre esses, na maioria das vezes, alimentos fritos e industrializados. Nas culturas ocidentais, observa-se um alto consumo de alimentos calóricos e processados industrialmente, contendo elevados teores de açúcares e lipídios, além de outros elementos como corantes e conservantes, e, portanto, considerados prejudiciais à saúde. No último século, estima-se que o consumo de açúcares e gorduras tenha aumentado em 67% e 64%, respectivamente. Por outro lado, o de verduras e legumes está sendo cada vez mais relegado a segundo plano e diminuiu cerca de 26% e o de fibras 18% (POLACOW; LANCHA JUNIOR, 2007). As pesquisas têm mostrado que alimentos 19
12 tradicionais como o arroz e o feijão, verduras, frutas e legumes, têm sido substituídos por outros como lanches, bolachas, salgadinhos, fritas e fast food em geral. Os sucos naturais também perderam espaço para os refrigerantes. Apesar de existirem programas nos diversos meios de comunicação, alertas da comunidade científica/médica a respeito da importância de uma alimentação balanceada e de qualidade para se ter uma vida longa e saudável, as crianças são as que mais sofrem com a grande influência das fortes propagandas de alguns produtos que se mostram altamente atrativos. Estes incluem balas, refrigerantes, fast food, sucrilhos, bolachas, doces, entre outros. Outro fator que compromete a saúde é o sedentarismo que insiste em fazer parte da vida de muitas crianças, adolescentes e adultos em geral. Com o avanço tecnológico, tudo ficou mais cômodo e fácil. No estilo de vida moderno, nesta era de celulares, jogos eletrônicos, controles remotos, e outros aparatos tecnológicos, ficar horas parado em frente a um computador ou televisão se tornou uma atividade constante de prazer para as pessoas e, principalmente, para as crianças e adolescentes. A Organização Mundial da Saúde já reconheceu neste ambiente obesogênico o principal determinante do rápido crescimento da prevalência de obesidade, e, oficialmente, recomendou estudos e pesquisas que forneçam medidas de mudanças comportamentais ambientais. Essas terão o intuito de prevenirem o excesso de peso e, consequentemente, evitarem transtornos associados, como as doenças cardiovasculares e o diabetes mellitus. Algumas estratégias de tratamento da obesidade podem ser propostas como, mudança de estilo de vida, tratamento medicamentoso e cirúrgico. Apesar da falta de evidências definitivas, o tratamento medicamentoso em adolescentes emerge como uma ferramenta eficaz. Orlistat, por exemplo, pode ser uma boa opção terapêutica quando acompanhada das mudanças no estilo de vida. Mas o consumo por estas drogas não devem ser utilizadas como única fonte de prevenção e controle do sobrepeso/obesidade. É essencial e imprescindível a busca por exercícios físicos e alimentação correta. 20
13 Conclusão Concluiu-se através dos resultados obtidos que existe uma prevalência significativa de escolares com sobrepeso e obesidade, principalmente entre os do sexo masculino e nas escolas particulares. Em muitos casos, a obesidade na infância e adolescência tem sido vista apenas como um problema estético, entretanto, o aumento de problemas cardiovasculares e doenças associadas têm sido observados, provavelmente, em razão das alterações metabólicas relacionadas ao excesso de peso. Outro parâmetro importante a ser levado em consideração é a alta prevalência de obesidade em adultos que durante a vida infantil também foram obesos. Por isso é importante tomar medidas de contenção e controle da obesidade ainda na infância para se evitar problemas futuros de saúde. Apesar desse conhecimento, ainda são poucas as atitudes tomadas de prevenção e controle, o que demonstra uma falta de informação e desinteresse por parte das pessoas em geral. Os cuidados e precauções para evitar e controlar a obesidade devem ser adquiridos e ministrados pela sociedade de maneira geral, cujo trabalho deve ser realizado continuamente, tendo maior preocupação com as crianças que podem levar estas características quando adultos. Finalmente, não devem ser ignoradas as causas genéticas desta patologia, pois muitas vezes ela não aparece apenas por falta de cuidado com hábitos alimentares e inatividade física, mas sim por falhas genéticas em produtores ou receptores de sinais que controlam o balanço energético do organismo. Abstract RELATIONSHIP BETWEEN OBESITY VERSUS FOOD HABITS OF SCHOOLOF MANDAGUARIAND REGION This study aimed to describe the eating habits of students from 5th to 8th grade in public and private schools of Mandaguari - PR and region, and 21
14 relate them to the prevalence of obesity and/or overweight in this population. We conducted a cross-sectional study, descriptive type, with the application of questionnaires, also being considered measures of weight and height to obtain the body mass index and percentile for age and sex of the students. The study included 340 students, where 60.1% and 50.6% were from public school and females, respectively. Through the collected data, it was found out that students of private schools and the males had a higher prevalence of overweight and obesity. About diet, it was checked that a high consumption of food which induces to overweight and/or obesity. It is essential, therefore, to implement preventive measures and support since infancy to prevent and control obesity. Keywords: Obesity in adolescence. Body mass index. Eating habits. Referências ABRANTES, M. M.; LAMOUNIER, J. A.; COLOSIMO, E. A. Prevalência de sobrepeso e obesidade em crianças e adolescentes das regiões Sudeste e Nordeste. Jornal de Pediatria, Rio de Janeiro, n. 78, p , IBGE. POF : desnutrição cai e peso das crianças brasileiras ultrapassa padrão internacional. Disponível em: < visualiza.php?id noticia=1699&id pagina=1>. Acesso em: 10 mar BRAY, G. A. Physiology and consequences of obesity. Diabetes & Endocrinology Clinical Management Modules, Disponível em: < M.vo3/pnt.Mvo3.html>. Acesso em: 28 jun CENTER FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION CDC Growth Charts: United States [Online]. Hyaltsville, Disponível em: < Acesso em: 28 jun
15 COLE, T. J.; BELLIZZI, M. C.; FLEGAL, K. M.; DIETZ, W. H. Establishing a standard definition for child overweight and obesity worldwide: international survey. British Medical Journal, London, v. 320, no.1/6, p , CONDE, W. L.; MONTEIRO, C. A. Valores críticos do índice de massa corporal para classificação do estado nutricional de crianças e adolescentes brasileiros. Jornal de Pediatria, Rio de Janeiro, v. 82, n. 4, p , 2006 COSTA, R. F. da; CINTRA, I. de P.; FISBERG, M. Prevalência de Sobrepeso e Obesidade em Escolares da Cidade de Santos, SP. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia e Metabologia, São Paulo, v. 50, n. 1, p , fev FLEGAL, K. M.; CARROLL, M. D.; OGDEN, C. L. et al. Prevalence and Trends in Obesity Among US Adults, JAMA, Chicago, v. 303, no. 3, p , FRANCISCHI, R. P. P. de; PEREIRA, L. O.; FREITAS, C. S. et al. Obesidade: atualização sobre sua etiologia, morbidade e tratamento. Revista de Nutrição, Campinas, SP, v. 13, n. 1, p , jan./abr GODOY-MATOS, A. F. de et al. Management of obesity in adolescents: state of art. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia, São Paulo, v. 53, n. 2, p ,
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