PADRÃO DE DESENVOLVIMENTO DO INVESTIMENTO DIRETO EXTERNO DA COREIA DO SUL: estratégias empreendidas e resultados econômicos alcançados

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1 Universidade Federal de Santa Catarina UFSC Centro Sócioeconômico Departamento de Ciências Econômicas LUCIANA MENEGON SANTUCCI PADRÃO DE DESENVOLVIMENTO DO INVESTIMENTO DIRETO EXTERNO DA COREIA DO SUL: estratégias empreendidas e resultados econômicos alcançados FLORIANÓPOLIS, 2013.

2 LUCIANA MENEGON SANTUCCI PADRÃO DE DESENVOLVIMENTO DO INVESTIMENTO DIRETO EXTERNO DA COREIA DO SUL: estratégias empreendidas e resultados econômicos alcançados Monografia submetida ao curso de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Santa Catarina, como requisito obrigatório para a obtenção do grau de Bacharelado. Orientador: Silvio Antônio Ferraz Cario Ass.: FLORIANÓPOLIS, 2013.

3 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS ECONÔMICAS A Banca Examinadora resolveu atribuir nota 9,5 a aluna Luciana Menegon Santucci na disciplina CNM 5420 Monografia, pela apresentação deste trabalho. Banca Examinadora: Prof. Silvio Antônio Ferraz Caio Prof. Fernando Seabra Fernanda Perin

4 Dedico este trabalho à minha amada mãe Maria Helena, exemplo de garra, força e determinação.

5 AGRADECIMENTOS A realização dessa monografia somente foi possível com o apoio incondicional da minha família, amigos e namorado. A eles agradeço por todo carinho e compreensão durante este longo período de estudo e dedicação. Agradeço em especial à minha mãe que me proporcionou as condições necessárias para a realização de uma faculdade longe de casa e pelo incansável apoio em todos os momentos. Meu terno agradecimento à Fernanda Perin pela enorme ajuda na busca de dados e pelas ideias e contribuições à pesquisa. Agradeço imensamente ao professor Silvio Cario, pela oportunidade de aprender ainda mais sobre esse tema e pelas horas infindáveis de dedicação ao meu trabalho.

6 O sofrimento é passageiro, desistir é para sempre. (L. Armstrong)

7 RESUMO A presente pesquisa estuda o investimento direto externo da Coreia do Sul e suas características específicas. Para isso, recorre-se ao processo histórico de desenvolvimento do país, através da análise dos diversos planos quinquenais sustentados sob direção do Estado e comprometidos pelos segmentos empresariais e trabalhadores. Os resultados apontaram para grande transformação estrutural na economia sul-coreana e melhoria nos indicadores econômicos e sociais. Além disso, o estudo recorreu à base teórica sobre os determinantes da internacionalização de empresas dando destaque às contribuições de Dunning e da Escola Uppsala. Bem como, foram utilizados dados do Korea Eximbank, da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento e do Bank of Korea, além de diversas outras fontes complementares. Como resultado, observou-se uma crescente inserção internacional das empresas coreanas, através do investimento direto externo na última década. Contribuiu, para tanto neste processo as políticas industrial e tecnológica e as estratégias de internacionalização dos grandes grupos econômicos chaebols. Foi identificado que as empresas da Coreia do Sul destinam a maior parte de seus investimentos diretos para os países da Ásia e América do Norte. Não obstante, a Europa também tem significativa participação no destino deste investimento evidenciando a estratégia das empresas na busca por vantagens tecnológicas e de gestão. Palavras chave: investimento direto externo; desenvolvimento econômico; internacionalização.

8 ABSTRACT This paper analyzes the foreign direct investment in South Korea and its specific characteristics. In order to understand this move, were used the historical process of development of the country, through the analysis of several plans under the direction of the State sustained and committed by business segments and workers. The results showed major structural change in the South Korean economy and improved economic and social indicators. Furthermore, the study resorted to base theory on the determinants of internationalization of companies showing the contributions of Dunning and Uppsala School. Data from Korea Eximbank, United Nations Conference on Trade and Development, and from the Bank of Korea as well as several other complementary sources were used to develop this research. As a result, there was a growing international integration of Korean companies through foreign direct investment in the last decade. Contributed to this process both policies industrial and technological and the strategies of internationalization of economic groups chaebols. It was also identified that companies from South Korea designed most of its direct investments to the countries of Asia and North America. However, Europe also has significant involvement in the fate of South Korean foreign direct investment, showing the strategy of the companies in the search for technological and managerial advantages. Key words: foreign direct investment; economic development; internationalization.

9 LISTA DE QUADROS Quadro 2.1: Vantagens obtidas pelas empresas internacionalizadas expressas no Paradigma Eclético de Dunning Quadro 2.2: Estratégias de IDE e Principais Determinantes Quadro 2.3: Componentes institucionais, definição de formal e informal no modelo de Dunning Quadro 2.4: Tópicos do Modelo Uppsala revisado para IDE Quadro 3.1: Governos da Coreia do Sul e principais acontecimentos na política e economia, 1948 a Quadro 3.2: Planos Quinquenais de Desenvolvimento Econômico da Coréia do Sul, 1962 a Quadro 3.3: Estágios e estratégias de desenvolvimento econômico da Coreia do Sul, 1948 a Quadro 3.4: Evolução da produção da Coreia do Sul, 1960, 1970, 1980, 1990 e Quadro 4.1: As dez maiores companhias coreanas em anos selecionados... 88

10 LISTAS DE TABELAS Tabela 3.1: Evolução do PIB, PIB per capita e percentual de crescimento da Coreia do Sul, 1970 a Tabela 3.2: Estrutura das exportações da Coreia do Sul, 1967 a 2006 em milhões de US$. 65 Tabela 3.3: Porcentagem da produção que é exportada da Coreia do Sul, 2001, 2003, 2005, 2007 e em % Tabela 3.4: Penetração das importações da Coreia do Sul, 2001, 2003, 2005 e em %. 72 Tabela 3.5: Patentes outorgadas em países selecionados entre 1980 e Tabela 3.6: Previsão de gastos internos brutos em P&D, países selecionados, 2009, 2010 e 2011 em bilhões de US$ Tabela 3.7: Evolução do emprego na Coreia do Sul, 2000 a 2011 em mil, % Tabela 3.8: Empregados na Coreia do Sul pelo tipo de trabalho, 1995 a em milhões de US$ e % Tabela 3.9: Relação de distribuição do emprego, 2007 a em milhões de US$ e % Tabela 4.1: Promoção anual do financiamento dado pela Korea Eximbank sobre os fluxos de IDE, 2000 a Tabela 4.2: Motivação para realização do IDE da Coreia do Sul, 2004 em % Tabela 4.3: PIB e IDE e relação a IDE/PIB da Coreia do Sul, 1990 a 2012 em milhões de US$ Tabela 4.4: Estoque de IDE acumulado como proporção do PIB, países selecionados, 1990 a em % Tabela 4.5: FBCF e fluxo de IDE e a relação FBCF/IDE da Coreia do Sul, 1980 a 2011 em milhões de US$ Tabela 4.6: Participação do IDE da Coreia do Sul por setores e região em 2010 em % Tabela 4.7 Fluxo de IDE da Coreia do Sul no mundo principais países, Tabela 4.8: Fluxo de IDE da Coreia do Sul no mundo principais países, Tabela 4.9: Fluxo de IDE da Coreia do Sul no mundo principais países, Tabela 4.10: IDE da Coreia do Sul no mundo, acumulado de 4 anos principais destinos, 1991 a 2010 em % Tabela 4.11: Fluxo de IDE no setor da agricultura da Coreia do Sul, 2001 a 2011 em milhões de US$ e % Tabela 4.12: Fluxo de IDE na setor da indústria da Coreia do Sul, 2001 a 2011 em milhões de US$ e % Tabela 4.13: Fluxo de IDE no setor de serviços da Coreia do Sul, 2001 a 2011 em milhões de US$ e % Tabela 4.14: Valor e Número das Fusões e Aquisições da Coreia do Sul, 2004 a 2011 em milhões de dólares e nº de acordos Tabela 4.15: Valor e Número de greenfield da Coreia do Sul, 2005 a 2011 em milhões de US$ e nº de acordos Tabela 4.16: Montante de IDE, Dividendos e Lucros distribuidos e saldo da Balança comercial, 2003 a 2012 em milhões de US$

11 LISTA DE FIGURAS Figura 2.1: O padrão do Investiment Development Path (IDP) Figura 2.2: Etapas do processo de internacionalização empresarial Figura 3.1: Investimento nas diversas áreas tecnológicas da Coreia do Sul, 2002 a

12 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 3.1: PIB da Coreia do Sul de 1970 a em milhões de US$ Gráfico 3.2: PIB per capita da Coreia do Sul de 1970 a 2012 em milhões de US$ Gráfico 3.3: Níveis crescimento econômico e inflação da Coreia do Sul de 1990 a Gráfico 3.4: Formação Bruta de Capital Fixo da Coreia do Sul, 1961 a 2011 % de crescimento anual Gráfico 3.5: Formação Bruta de Capital Fixo da Coreia do Sul, 1960 a 2011 em % do PIB 68 Gráfico 3.6: Balanço de pagamentos da Coreia do Sul, 1980 a em milhões de US$ Gráfico 3.7: Balança de Bens e Serviços da Coreia do Sul, 1980 a em milhões de US$ Gráfico 3.8: Conta capital da Coreia do Sul, 1980 a em milhões de US$ Gráfico 3.9: Dívida bruta da Coreia do Sul, 1990 a 2012 em bilhões de US$ Gráfico 3.10: Dívida do governo da Coreia do Sul em relação ao PIB, 1990 a em bilhões de US$ Gráfico 3.11: Dívida pública da Coreia do Sul, 2004 a em % Gráfico 3.12: Dívida externa da Coreia do Sul, 1994 a em milhões de US$ Gráfico 3.13: Evolução do índice de inflação da Coreia do Sul de 1980 a em % Gráfico 3.14: Dispêndio público e privado em P&D da Coreia do Sul e países selecionados em % do PIB Gráfico 3.15: Taxa de desemprego na Coreia do Sul, 1999 a 2011 em % Gráfico 3.16: Mudança na estrutura do emprego, 1970 a em % Gráfico 4.1: Estoques internos e externos de IDE da Coreia do Sul, 1990 a em bilhões de US$ Gráfico 4.2: Fluxos de entrada e saída de IDE da Coreia do Sul, 1990 a em bilhões de US$ Gráfico 4.3: Estoque de IDE emitido como proporção do PIB, países selecionados, 1990 a em % Gráfico 4.4: Fluxos anuais de saída de IDE como proporção do total mundial, do PIB e da FBCF da Coreia do Sul, 1980 a 2011 em % Gráfico 4.5: IDE realizado por ano e região pela Coreia do Sul, 1990 a 2013 em % Gráfico 4.6: Principais destinos do IDE da Coreia do Sul, Gráfico 4.7: Principais destinos IDE da Coreia do Sul, Gráfico 4.8: Principais destinos IDE da Coreia do Sul, Gráfico 4.9: Principais destinos IDE da Coreia do Sul, Gráfico 4.10: Estoque de IDE pelos principais setores da Coreia do Sul - em % Gráfico 4.11: Participação do IDE por setores da Coreia do Sul, Gráfico 4.12: Participação do IDE por setores da Coreia do Sul, Gráfico 4.13: Participação do IDE por setores da Coreia do Sul, Gráfico 4.14: Montante de IDE, Dividendos e Lucros distribuidos e saldo da Balança comercial, 2003 a 2012 em milhões de US$

13 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS BIT Bilateral Investiment Treaties ECAS Export Credit Advisory Service EMN Empresa Multinacional ETN Empresa Transnacional EUA Estados Unidos da América F&A Fusões e Aquisições FBCF Formação Bruta de Capital Fixo GATT General Agreement on Tariffs and Trade HCI Heavy Chemical Industrialization IDE Investimento Direto Externo IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada MIGA Multilateral Investiment Guarantee Agency MIOFE Ministry of Finance and Economy OCDE Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico OEIS Overseas Economic Information System P&D Pesquisa e Desenvolvimento PIB Produto Interno Bruto PNB Produto Nacional Bruto PQDE Plano Quinquenal de Desenvolvimento PQNE Plano Quinquenal da Nova Economia UNCTAD Conferência das Nações Unidas sobre o Comércio e Desenvolvimento URSS União das Repúblicas Socialistas Soviéticas WIR World Investiment Report

14 SUMÁRIO CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA E APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA OBJETIVOS Objetivo Geral Objetivos Específicos JUSTIFICATIVA METODOLOGIA ESTRUTURA DO TRABALHO CAPÍTULO II GLOBALIZAÇÃO E INVESTIMENTO DIRETO EXTERNO: TRATAMENTO TEÓRICO-ANALÍTICO INTRODUÇÃO ASPECTOS DA GLOBALIZAÇÃO ECONÔMICA Globalização Comercial Globalização Financeira Globalização Produtiva DEFINIÇÕES DE IDE Abordagens teóricas selecionadas sobre IDE Modelo Eclético Abordagem Institucionalista Caminho do desenvolvimento do investimento Abordagem da Escola Uppsala Modelo Uppsala revisado SÍNTESE CONCLUSIVA CAPÍTULO III - PROCESSO DE CONSTITUIÇÃO HISTÓRICO: DOS PLANOS QUINQUENAIS DE DESENVOLVIMENTO AO QUADRO MACROECONÔMICO ATUAL INTRODUÇÃO DE 1910 A DE 1945 A DE 1961 A Primeiro Plano Quinquenal de Desenvolvimento, Segundo Plano Quinquenal do Desenvolvimento, Terceiro Plano Quinquenal de Desenvolvimento,

15 3.4.4 Quarto Plano Quinquenal de Desenvolvimento, Quinto Plano Quinquenal de Desenvolvimento, Sexto Plano Quinquenal de Desenvolvimento, Sétimo Plano Quinquenal de Desenvolvimento, DE 1990 A ANOS 2000: PRINCIPAIS OCORRÊNCIAS PIB, PIB per capita, percentual de crescimento e evolução da produção da Coreia do Sul Formação Bruta de Capital Fixo e investimento nas diversas áreas tecnológicas da Coreia do Sul Balanço de Pagamentos, participação das exportações na produção e penetração das importações Dívida bruta, doméstica e externa da Coreia do Sul Inflação Patentes e investimento em P&D Número de trabalhadores empregados, taxa de desemprego e estrutura do emprego SÍNTESE CONCLUSIVA CAPÍTULO IV INVESTIMENTO DIRETO EXTERNO INTRODUÇÃO PRINCIPAIS POLÍTICAS DE INCETIVO À INTERNACIONALIZAÇÃO DAS EMPRESAS DA COREIA DO SUL Apoio informacional, assistência técnica e outros serviços Criação de comfort zone Instrumentos fiscais e tributários Instrumentos de minimização de riscos Financiamento Acordos Internacionais ESTRATÉGIAS ADOTADAS PARA OS IDEs: MÚLTIPLAS DIMENSÕES CARACTERIZAÇÃO DO IDE SUL-COREANO SÍNTESE CONCLUSIVA CAPÍTULO V CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS

16 15 CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA E APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA No fim da Segunda Guerra Mundial, conforme aumentavam as disputas entre EUA E URSS, a Coreia foi dividida entre Coreia do Norte e Coreia do Sul. Essa divisão, que deveria ser provisória, acabou sendo mantida, tendo um governo no Norte, comunista, e outro no Sul, capitalista, fortemente influenciado pelos Estados Unidos. A Coreia do Sul, após esse longo e duro período do término da Segunda Grande Guerra, passou por uma reconstrução e transformou-se rapidamente durante as décadas de 50, 60 e 70. Durante o governo do presidente Syngan Rhee, que tinha uma forte aliança e dependência dos EUA, foram dados os primeiros passos para o desenvolvimento. Primeiro, o governo deu suporte à industrialização de bens de consumo não-duráveis com baixa intensidade de capital, utilizando a combinação clássica do favorecimento do crédito e das alianças de importação. Em segundo lugar foram criados os grupos capitalistas nacionais, através de operações de privatização de diversas empresas que o governo havia tomado posse como herança da colonização japonesa. Em terceiro lugar, sob pressão dos EUA, deu-se início a implementação de uma ampla reforma agrária, que visava a diminuição das tensões sociais no campo e a criação de uma nova base social de apoio ao regime, com o perfil de uma pequena burguesia rural. E, por fim, em quarto lugar, ainda sob a inspiração dos norte americanos, o governo da Coreia do Sul empreendeu durante a década de 50, um grande esforço de alfabetização e de desenvolvimento do ensino fundamental (COUTINHO, 1999). Após os anos sessenta, a Coreia buscou um modelo de desenvolvimento direcionado e coordenado pelo Estado, nesse processo o acesso das empresas multinacionais era limitado para que o Estado pudesse manter a capacidade de intervir e influenciar no desenvolvimento industrial. Os investimentos diretos externos (IDEs) foram limitados nos casos onde a tecnologia não era um item importante para a produção e, também, onde as tecnologias necessárias podiam ser adquiridas por outros meios, como a engenharia reversa, por exemplo. Seguiram vários Planos Quinquenais de Desenvolvimento, sendo o Primeiro Plano de 1962 a 1966; o Segundo Plano de 1967 a 1971; o Terceiro Plano de 1972 a 1976; o Quarto Plano de 1977 a 1981, o Quinto Plano de 1982 a 1986; o Sexto Plano de 1987 a 1991; e o Sétimo Plano de 1992 a Nestes planos ficou evidente a direção dada pelo Estado e o

17 16 compromisso do setor privado de executá-los, assim como ocorreu um comprometimento da sociedade com os projetos definidos. Ao logo das décadas seguintes, 80 e 90, a economia sul-coreana direcionou seu crescimento para as grandes empresas nacionais que foram construídas com o auxílio e direcionamento do Estado e, dessa forma, a Coreia passa a vivenciar um desenvolvimento muito mais estruturado e robusto. Segue-se, sobretudo, a partir dos anos 90 e continua nos anos 2000, a incursão externa das empresas sul-coreanas, como parte da política de desenvolvimento do Estado. De acordo com Goldenstein (1994), o resultado foi uma mudança radical no padrão de especialização produtiva e da pauta exportadora, passando de produção e exportação de bens intensivos em trabalho para setores cada vez mais intensivos em tecnologias, sendo os IDE uma expressão das inversões sul coreanas no mundo. A partir dos anos 80 o IDE passa a ser um elemento de grande importância para o desenvolvimento da economia da Coreia do Sul. O Governo precisava ampliar seus mercados, melhorar seu balanço de pagamentos e por consequência valorizar a moeda local, e para tanto, passou a considerar vantajosa a liberalização de maiores fluxos de entrada do IDE. Com a crise do final dos anos 90, a depreciação do won, a queda nos salários e a escassez de divisas pela qual o país passava, a Coreia do Sul torna-se um país atrativo para o recebimento de IDE, com destaque para o investimento em setores de produtos para exportação. Dessa forma, segundo dados da UNCTAD, a Coreia do Sul enviava em 1999, US$ 19 bilhões em IDE ao exterior, ao passo que recebia US$ 42 bilhões em IDE. No entanto, essa tendência foi revertida em 2008, quando a Coreia passa a enviar mais IDE do que receber. O estoque de IDE sul-coreano realizado cresceu mais de 50 vezes, passando de US$ 2,3 bilhões nos anos 90 para US$ 171 bilhões em Dessa forma, o estudo aprofundado dos mecanismos de crescimento e desenvolvimento utilizados pelos sul coreanos e sua relação com o investimento direto externo são de extrema importância para compreender como esse país conseguiu evoluir sua economia e se inserir no quadro dos países desenvolvidos em menos de 50 anos. Portanto, o presente trabalho tem como meta expor características do investimento direto externo da Coreia do Sul, suas políticas de crescimento e o padrão de desenvolvimento para que se possa responder ao questionamento da pesquisa: Como se conformam e quais são as características do Investimento Direto Externo da Coreia do Sul?

18 OBJETIVOS Os objetivos deste trabalho se dividem em Objetivos Geral e Específicos Objetivo Geral Analisar o Investimento Direto Externo emitido pela Coreia do Sul no contexto do desenvolvimento de sua economia, com destaque para os anos Objetivos Específicos Partindo do objetivo geral, buscou-se os seguintes objetivos específicos para o direcionamento e esclarecimento da pesquisa: 1. Apresentar tratamento teórico-analítico sobre a globalização e os determinantes do IDE. 2. Descrever aspectos históricos da constituição da Coreia do Sul desde o Pós Segunda Guerra Mundial até o quadro macroeconômico atual dos anos Analisar as características do IDE emitidos pela Coreia do Sul e os resultados econômicos alcançados pelo país 1.3 JUSTIFICATIVA O crescimento acelerado da economia sul coreana, trouxe a tona um modelo de desenvolvimento, que poderia ser utilizado e copiado, dado algumas alterações, nos países periféricos. Pois, ao iniciar seu processo de transformação da indústria, criação de uma população melhor qualificada e mudança de um país agrário para um país altamente

19 18 industrializado, suas dificuldades eram muito parecidas com as dos demais países da América Latina, inclusive o Brasil. A Coreia do Sul deixou de ser um dos países mais pobres da Ásia, com uma economia baseada na agricultura tradicional e produtos primários, para se tornar uma fortaleza industrial, onde há grandes empresas de porte global, detentoras de tecnologia de ponta e produtos com alto valor agregado (COUTINHO, 1993). A partir de uma análise dos períodos de crescimento da Coreia do Sul, procurando entender o regime político adotado, as políticas industriais e a proteção ao nacional é possível observar o porquê do sucesso do país e o seu desenvolvimento como um todo. Dentre as ações da Coreia do Sul encontra-se a estratégia de realizar investimentos em outros países através de IDE para assegurar e desenvolver mercados no exterior, dado que seu mercado interno era pequeno; utilizar o baixo custo da mão de obra local; evitar as barreiras comerciais; garantir o fornecimento de matérias-primas; adquirir vantagens tecnológicas e de gestão e busca de recursos naturais, considerando a escassez desses recursos no país. 1.4 METODOLOGIA Este trabalho insere-se em termos metodológicos pelo procedimento de análise do processo histórico à realidade atual da Coreia do Sul, com destaque para o IDE, sendo, portanto, qualitativo histórico. Neste sentido, os procedimentos metodológicos seguem em linha com os objetivos específicos. Em relação ao primeiro objetivo específico da pesquisa, foi realizado um tratamento teórico-analítico sobre globalização e IDE, discutiu-se o conceito de globalização e os modelos determinantes de Dunning e Uppsala. Recorreu-se para tanto aos autores Dunning e Narula (1996); Ribeiro e Ruppert (2011) e Cario et al (2012). Para atender o segundo objetivo expresso em descrever os aspectos históricos da Coreia do Sul desde o Pós Segunda Guerra Mundial até o quadro macroeconômico atual dos anos 2000 utilizou-se alguns autores tais como, Masiero (2000); Ferreira Jr e Canuto (1990); Yoon e Souza (1999); e Kim (2005) que tratam sobre o padrão de desenvolvimento que se constituiu na Coreia do Sul. Por fim, no tocante ao terceiro capítulo, realizou-se uma análise sobre as características do IDE coreano e os resultados alcançados a partir da maior participação desse na economia da Coreia do Sul. As variáveis estudadas foram o fluxo e estoque de IDE, FBCF,

20 19 IDE setorial, IDE por regiões e países, entre outras. As fontes bibliográficas foram Canuto (1991), Lee e Kawai (2007) e Ruppert e Ribeiro (2011). 1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO Este trabalho acadêmico encontra-se estrutura em 5 capítulos. Sendo o 1º capítulo a introdução ao tema e exposição da problemática de pesquisa, assim como os objetivos gerais e específicos, justificativa e metodologia. O 2º capítulo apresenta as características da globalização e fundamentação teórica do Investimento Direto Externo. No 3º capítulo encontra-se a evolução história da economia da Coreia do Sul, seus planos quinquenais e desenvolvimento desde 1945 até os anos O 4º capítulo busca compreender as políticas adotadas pelo governo sul coreano, as estratégias e motivações das grandes empresas e as características específicas do Investimento Direto Externo da Coreia do Sul. No 5º e último capítulo, encontram-se as conclusões finais dos resultados e estudos apresentados.

21 20 CAPÍTULO II GLOBALIZAÇÃO E INVESTIMENTO DIRETO EXTERNO: TRATAMENTO TEÓRICO-ANALÍTICO 2.1 INTRODUÇÃO O termo globalização, tem se tornado mais frequente nas últimas décadas, tanto nos textos de economia, quanto no cotidiano dos agentes e na mídia, seja para mostrar sua habilidade de atuar globalmente e em tempo real, seja para apontá-la como alternativa para estratégias em regiões, países (PEREIRA, 2007). De acordo com Pereira (2007, p.26) o fato é que as economias capitalistas no cenário atual passam por uma nova fase de acumulação, onde é possível notar o crescimento relevante na (...) internacionalização da produção de bens e serviços, nos fluxos de investimentos externos, na concorrência dos mercados internacionais e na integração dos mercados produtivos e financeiros locais. Neste contexto evidencia-se a importância do Investimento Direto Externo (IDE) como forma de expressão da globalização econômica, que vem transformando a estrutura de produção e comércio dos países que participam dessa nova dinâmica e também a relação entre os negócios feitos internacionalmente (CARIO et al, 2012 e PEREIRA, 2007). Segundo Pereira, 2007, p.26: Em outras palavras, o investimento externo se reflete como uma das formas de expressão da globalização não apenas pelo incremento dos investimentos financeiros, mas também pelo processo de reestruturação produtiva e acirramento concorrencial, que ampliaram fortemente a internacionalização das empresas, através de seus investimentos diretos. Objetiva-se analisar as principais definições, características e interpretações do fenômeno da globalização nos seguintes pontos: comercial, financeira e produtiva, e também apresentar as principais contribuições das teorias acerca do IDE, de maneira a evidenciar a importância de cada uma delas como forma adicional de explicação para as atividades das empresas para além de seu território nacional. Dessa maneira, o presente capítulo está divido em 4 seções, sendo nessa seção, 2.1 a introdução que explica o objetivo proposto; na seção 2.2 busca-se através de uma revisão literária, as principais características e influências deste fenômeno o qual chamamos de globalização, havendo a inserção da transformação do modo de acumulação das grandes empresas e o aumento da importância do IDE e dos fluxos financeiros para a nova dinâmica capitalista de acumulação; na seção 2.3 as definições de IDE apresentam-se a partir dos estudos das abordagens do Modelo Eclético, Institucionalista e do Caminho do Investimento

22 21 de Dunning e, também, a abordagem da Escola Uppsala; e, por fim, na seção 2.4 figura-se a síntese conclusiva do capítulo. 2.2 ASPECTOS DA GLOBALIZAÇÃO ECONÔMICA É possível definir globalização como uma expansão significativa do comércio, dos fluxos de capitais e da produção, em escala internacional, ao mesmo tempo em que houve grande avanço tecnológico, que aconteceu com maior intensidade a partir dos anos 80 (CARIO et al, 2012). De acordo com Lacerda (2003 apud CARIO et al, 2012, p.50): "a combinação de processos, interconexões dos mercados financeiros e produtivos, a 'financeirização', as evoluções tecnológicas e a reconstrução produtiva, torna a globalização um fenômeno inédito na história do capitalismo." Para Coutinho e Morais (1996, 2003 apud PEREIRA, 2007, p.28) a globalização deve ser considerada como uma etapa mais avançada do processo histórico de internacionalização, por possuir características mais amplas e independentes das áreas produtiva, política, comercial, financeira e institucional. Ainda na visão dos autores, a globalização como o estágio mais avançado do processo de internacionalização e da integração da economia capitalista, corresponde aos seguintes aspectos: i) forte aceleração da mudança tecnológica entre as economias dos PD's; ii) reorganização dos padrões de organização da produção e gestão, principalmente através da utilização dos sistema just-in-time, combinando os movimentos de regionalização e globalização; iii) difusão desigual da revolução tecnológica, substituindo o bipolarismo nuclear do pós-guerra por um policentrismo econômico e; iv) ausência de um padrão monetário mundial estável após o colapso do sistema de Bretton Woods. (COUTINHO, 1996 e MORAIS, 2003 apud PEREIRA, 2007, p.28). Para Gonçalves (1999 apud PEREIRA, 2007, p.28) o despontar da globalização econômica deveu-se a três pontos importantes: i) aumento das políticas de caráter liberal que surgiram na década de 1980 que transformaram e redirecionaram os investimentos para uma escala global; ii) os recursos produtivos dos países desenvolvidos foram deslocados para os países em desenvolvimento dada a sua maturidade ou menor potencial de crescimento e; iii) com o aumento da tecnologia era possível fazer o controle das operações financeiras e produtivas das empresas fora da sua região com mais intensidade. A partir da década de 1980, o surgimento e ascensão das ideias liberais fez com que o movimento de globalização das relações econômicas fosse fomentado, na medida em que o

23 22 ambiente internacional fosse favorável (PEREIRA, 2007). Ainda segundo o autor, "a confiança da sociedade norte-americana na sua economia enfraqueceu muito no final da década de 1960 e início de 1970, principalmente devido à guerra do Vietnã e o desgaste sofrido pelo Welfare State" (PEREIRA, 2007, p.29). O Estado era um membro pesado e para sua manutenção era necessário altos déficits públicos, dada a expectativa de vida da população que aumentava cada vez mais, e consequentemente, a elevação dos benefícios sociais, tais como aposentadoria, saúde, seguro-desemprego e educação (PEREIRA, 2007). Enquanto se davam as inversões da Terceira Revolução Industrial, o choque do petróleo e a crise que esse gerou, só aumentaram as críticas feitas ao Welfare State, sob acusação de promover elevadas taxas de inflação nas economias capitalistas (CARIO et al, 2012). Dessa forma, foi substituído, na década de 1980, o Welfare State pelo modelo liberal, com a proposta de diminuição da participação do Estado na economia e maior destaque para a liberalização dos movimentos de capitais, tanto produtivas como financeiras e comerciais (CARIO et al, 2012). De acordo com Pereira (2007), foi dentro da Terceira Revolução Industrial que a globalização econômica surgiu e despontou como fenômeno. Para Lastres et al (1999 apud PEREIRA, 2007, p.29), nas áreas produtivas, as inovações tecnológicas abriram caminho para a ampliação das atividades que as empresas desempenhavam pelo mundo, dado que a nova forma de estabelecer as trocas de informações entre os atores teve grande e importante impacto na diferenciação e expansão de sistemas de difusão da informação. A maior internacionalização dos produtos, fez com que essas empresas fossem as atuantes principais do fenômeno da globalização. Através das inovações, a distâncias foram encurtadas, minimizando os indesejados efeitos da geografia e maximizando o potencial que era oferecido pelas novas tecnologias no desenvolvimento de produtos e serviços, garantindo menor custo e maior qualidade (PEREIRA, 2007). Por sua vez, na esfera financeira, a globalização permitiu a ascensão extraordinária dos fluxos financeiros e maior integração dos mercados financeiros locais, uma vez que o capital poderia ser transferido em tempo real e escala global, (...) (ibid., p.30).

24 Globalização Comercial Na história, a principal maneira de integração das economias nacionais sempre foi através do comércio internacional, tendo como exemplo a formação dos grandes blocos de integração econômica, os acordos bilaterais de comércio e redução das barreiras comerciais. Sendo a expansão internacional do intercâmbio de bens e mercadorias o primeiro passo da globalização (PEREIRA, 2007 apud CARIO et al, 2012, p.51). Para Prado (2001 apud PEREIRA, 2007, p.30), essa face da globalização é a mais simples de se determinar e que detém controvérsias conceituais, pois se o crescimento médio anual do comércio mundial for maior que a do PIB mundial, fica visível a globalização comercial. Ela pode se manifestar em escala regional ou mundial, dependendo das varáveis em questão. A ascendente evolução do comércio internacional nas últimas décadas foi basicamente caracterizada por quatro tendências: i) transformação na área setorial; ii) diversificação relativa, com destaque na transferência de uma proporção cada vez maior de comércio para os países em desenvolvimento; iii) processo de interação entre a liberalização do comércio global e a regionalização da economia mundial, e também iv) organização de redes de relações comerciais entre as empresas (CASTELLS, 1999 apud PEREIRA, 2007, p.30). Na primeira tendência de transformação setorial, é fácil perceber a predominância do comércio de bens manufaturados em comparação ao desfavorecido do comércio de matériasprimas e o relativo aumento do comércio de serviços. No segundo ponto, a diversificação relativa das áreas de comércio vem como consequência da expansão da base geográfica do comércio internacional, havendo maior participação dos países em desenvolvimento, com destaque para os países asiáticos. A terceira tendência que diz respeito à interação entre a liberalização do comércio e a regionalização das economias passou a ser mais explícita na década de 1990, podendo observar vários blocos de integração econômica, que faziam acordos intra-blocos ao passo que, concomitantemente, se mantinham as antigas barreiras comerciais com o restante do mundo. E por fim, o quarto ponto com a questão da formação de redes de relações comerciais entre as empresas estabelece relação com fato de os serviços e/ou mercadorias estarem cada vez mais globalizados e isso supõe uma carência das empresas, dada suas estratégias, de participar em conjunto para comercializar seus produtos nos mais diversos mercados (COUTINHO, 1996 apud PEREIRA, 2007).

25 Globalização Financeira A globalização financeira pode ser entendida como um processo de integração dos mercados financeiros domésticos com os internacionais. Conforme Prado (2001 apud PEREIRA, 2007, p.34): este processo se refere, tanto ao extraordinário crescimento das transações financeiras, quanto da integração dos mercados financeiros locais para a conformação de um mercado financeiro internacional. Segundo Gonçalves et al (1998 apud PEREIRA, 2007, p.34), destacam que a globalização financeira corresponde à interação de três fatores: i) expansão extraordinária dos fluxos financeiros internacionais; ii) acirramento da concorrência nos mercados financeiros internacionais e; iii) maior integração entre os sistemas financeiros locais e internacionais. Após o rompimento com o sistema Bretton Woods, juntamente com a crise do petróleo, os mercados cambias foram liberados, se tornando flutuantes, e ocorre, também, a desregulamentação do controle sobre os fluxos de capital. Com o passar do tempo, houve a transferência dos investimentos produtivos para o mercado financeiro, na medida em que surgiam diversas inovações financeiras e se tornava mais intensa a formação de um mercado financeiro internacional, o que, consequentemente, conduziria a uma globalização financeira (CARIO et al, 2012). Lacerda (2003 apud PEREIRA, 2007, p.36) chama a atenção para o despontar do novo paradigma tecnológico e a propagação das ideias liberais a partir de Destacando a primeira ideia que, viabilizava o surgimento de várias inovações financeiras, como por exemplo, os mercados de hedge e derivativos, que combinados aos novos recursos da telemática, fizeram com que a velocidade e volume de transações financeiras pelo mundo se intensificassem. E a segunda ideia era a de intensificar a desregulamentação dos mercados em escala global, incluindo o dos países em desenvolvimento, com ênfase na década de 1990, que diante da falta de equilíbrio em suas contas externas se viram pressionados a atrair o capital. As mudanças de estratégias dos investidores institucionais e das empresas transnacionais também representaram papel importante na globalização financeira, fundamentalmente no que diz respeito à indicação de novas e diferentes localizações geográficas para seus investimentos (PEREIRA, 2007). Gonçalves et al (1998 apud PEREIRA, 2007, p.36), por sua vez, constataram que a instabilidade das taxas de câmbio e de juros, e também a própria maturidade e/ou o menor potencial de desenvolvimento das economias no centro, no decorrer da década de 1980, fizeram com que esses agentes

26 25 elevassem seus investimentos entre os países centrais, bem como entraram em países de economias emergentes, produzindo um sistema de maior integração entre os mercados financeiros domésticos e internacionais Globalização Produtiva Entende-se globalização produtiva, quando em uma segunda fase do fenômeno da globalização, as empresas se deslocaram para os países que comercializavam seus produtos, pois apresentavam grandes vantagens de instalação. Essas vantagens se caracterizaram pela procura de mercados internos, que oferecessem isenção de produção, oportunidades e vantagens para a exportação, eficiência na logística e no marketing, e também na busca por ativos que fossem estratégicos (CARIO et al, 2012). De acordo com Prado (2001 apud PEREIRA, 2007, p.31), essa face da globalização está intimamente relacionada ao investimento externo, organização da tecnologia e da indústria, podendo ser entendida através dos seguintes fatores: i) IDE; ii) propagação da tecnologia e de formas organizacionais das empresas e; iii) internacionalização das estruturas de mercado e de competição empresarial. Considerando que a internacionalização da produção acontece quando residentes de um país tem acesso a bens e/ou serviços de outro país, é possível pressupor que a internacionalização da produção ocorra de três formas: i) comércio internacional; ii) IDE e; iii) relações contratuais. No que concerne ao comércio internacional, as importações ou exportações de bens e serviços já indicam com nitidez o acesso por parte de residentes dos produtos e/ou serviços que são produzidos em outro país. Já no investimento direto há uma diferença com relação ao comércio internacional, pois os bens e/ou serviços já não são mais produzidos no outro país, mas dentro do próprio país em seu mercado interno. A empresa faz a transferência de ativos produtivos para o mercado que deseja se instalar e ela mesma produz seu bem e/ou serviço. A última maneira de internacionalização é a relação contratual. Nessa modalidade, a empresa simplesmente faz a transferência de um ativo específico que ela detém como know how, patentes, tecnologias, entre outros, para uma empresa local conseguir produzir. A diferença entre essas três formas encontra-se na questão de se a produção é internalizada ou externalizada, isto é, se a empresa que produz o bem e/ou serviços é transnacional ou local (GONÇALVES et al, 1998, apud PEREIRA, 2007, p.32).

27 26 A Terceira Revolução Industrial foi de grande importância para a globalização produtiva, por conta das grandes mudanças nas áreas de telecomunicações, automobilística e informática que possibilitaram o fomento de modernas empresas industriais, a partir da transferência do local das etapas produtivas e diminuição do espaço e do tempo entre as fases de produção e comercialização dos produtos e/ou serviços (PEREIRA, 2007). Durante a década de 1970, havia emergência por um novo paradigma tecnológico de produção, sendo este um divisor de águas dessa época. Assim destaca Castells (1999 apud PEREIRA, 2007, p.33), que nessa década foram inventados o microcomputador e o microprocessador, e também os videocassetes e a fibra ótica ganharam espaço na produção comercial e iniciou-se o desenvolvimento da nova e revolucionária rede eletrônica de comunicação, a tão conhecida: internet. É nesse contexto que Coutinho (1996, apud PEREIRA, 2007, p.33) afirma que: a globalização produtiva removeu as barreias existentes à livre circulação do capital, que possui, atualmente, estratégias globais para sua acumulação. 2.3 DEFINIÇÕES DE IDE Assim como foi apresentado nas seções anteriores, uma das principais características do fenômeno da globalização econômica tem sido o grande dinamismo do movimento internacional dos fatores de produção nas economias com regime capitalista, especialmente quanto à participação das ETN s e dos fluxos de IDE, que, por sua vez, tem aumentado sua participação para fora das fronteiras internas por meio dos investimentos externos. Em vista desse fato, se faz preciso uma definição mais clara dos investimentos externos e, mais especificamente, dos IDE s (PEREIRA, 2007). Segundo CARIO et al, 2012, p.62: Os investimentos internacionais podem ser classificados como investimento direto (IDE) ou de portfólio. A principal diferença reside no nível de reversibilidade do investimento, que quando direto apresenta caráter duradouro e, de certa forma, irreversível, diante a intenção de participação efetiva do controle de uma empresa, ou com fins em sua ampliação. Investimentos de portfólio, ou em carteira, dizem respeito a aquisição de ações preferenciais, debêntures, depósitos bancários e títulos públicos, com profundo caráter reversível que não se destina ao controle efetivo de empresas, podendo ser meramente especulativo.

28 27 O investimento direto externo é relacionado realização de um investimento para adquirir interesse a longo prazo em empresas que operam fora da economia do investidor. Além disso, nos casos de IDE, o objetivo do investidor é ganhar uma participação efetiva na gestão da empresa. A entidade estrangeira ou grupo de entidades associadas que fazem o investimento é chamado de investidor direto" (UNCTAD, 2010 apud PERIN, 2010, p.25). O IDE pode assumir diversas formas, mas as de maior destaque na literatura são as atividades de F&A e do tipo greenfield. A atividade do tipo greenfield acontece quando a empresa investe em novas instalações e na criação de novas entidades por meio da entrada no mercado externo, sendo esta nova unidade uma filial ou uma subsidiária da matriz. Ao passo que a atividade de F&A se refere a aquisições, ou fusões, com empresas que já existem. Segundo Perin, 2010, p.26: Em uma fusão os ativos e as operações das empresas envolvidas são estabelecidos em uma nova entidade jurídica, e em uma aquisição, o controle dos ativos e das operações é transferido para a empresa compradora a fim de tornar-se uma filial desta. Nesse contexto é necessário determinar o significado das empresas transnacionais (ETNs), estas são empresas constituídas em sociedade que compreendem as empresas-mãe e suas filiais estrangeiras. A empresa-mãe, ou matriz, é definida como uma empresa que controla ativos de entidades de outros países diferentes do seu país de origem. A filial estrangeira é uma empresa constituída ou não constituída em sociedade, na qual um investidor, que reside em outra economia, possui um investimento que permite um interesse duradouro na gestão dessa empresa. Neste contexto, desde o princípio, o capital externo tem como objetivo final viabilizar a absorção das estruturas da economia que são consideradas fundamentais para a sociedade. No atual momento, é de consentimento geral que o efeito é ativo na estrutura econômica de uma nação, tendo seu reflexo tanto nas estruturas comercial e produtiva quanto no crescimento do país que recebe o investimento. Particularmente no que diz respeito à essência do avanço técnico de que o IDE é portador, perante as estratégias que dão direção para a atuação das EMNs, a nação será integrada ao modelo de desenvolvimento internacional globalizado, o que conduz à instalação de um respectivo modelo de desenvolvimento na região. A estrutura social e a instituição do país que recebe o investimento se tornariam, então, conforme a teoria, características-chave na ampliação das vantagens de localização, de forma que nos países envolvidos ocorressem os investimentos dinâmicos (CARIO et al, 2012). Com o fim da Segunda Guerra Mundial e a recuperação da economia internacional, houve uma intensificação dos fluxos de investimentos diretos externos nas economias das

29 28 Américas. O efeito desse acontecimento foi o estímulo para o surgimento da primeira linha de pesquisa que, na tentativa de explicar os fatos, a teoria do comércio internacional assumiu os fatores imóveis de produção, trabalho e capital, que são resultado do problema implícito das diferenças industriais no interior desses fluxos. A resolução foi concedida por Stephen Hymer (1976 apud PERIN, 2010, p.22) ao destacar que se uma empresa quer entrar no mercado internacional, ela deve ser detentora de uma vantagem que pode ser transferida internamente, dado que o controle do mercado externo concede à empresa uma conveniência de quase um monopólio sobre os concorrentes locais. A empresa investidora é a que gera as barreiras ao comércio impedindo que as empresas hospedeiras façam uso dessa vantagem, de modo que, a maneira preferida de tirar proveito dessa vantagem nos mercados externos seja através do IDE, por consentir que esta supere a vantagem do conhecimento que a empresa nativa detém. (PERIN, 2010) Abordagens teóricas selecionadas sobre IDE Modelo Eclético O modelo que foi criado por Dunning recebeu a designação de eclético porque buscava explicar o local das atividades produtivas longe de suas fronteiras, por meio de um modelo amplo que associa diferentes elementos das abordagens sobre o IDE. Dessa forma, a estrutura do modelo tem como objetivo proporcionar uma abordagem mais completa e integrada na tentativa de explicar quais as razões que levam as empresas a realizarem o IDE, o porquê da internacionalização da sua produção, a escolha do destino do IDE ou onde se realizar o investimento e as formas como essas atividades são desenvolvidas pelas empresas (PEREIRA, 2007). De acordo Dunning (2001 apud PERIN, 2010, p.31) este estudo é uma nova abordagem sobre a teoria do IDE e parte das informações contidas na tradição H-K-C (contribuições dadas pelos três autores Hymer, Kindlebrber e Caves, que transpôs a literatura trivial sobre o IDE ao fazer a relação da organização industrial com os investimentos), sobre o modelo do ciclo do produto de Vernon e também no modelo de internacionalização dos custos de transação. O OLI Paradigm, como também é chamado o modelo, sugere três conjuntos de vantagens que são indispensáveis na atuação das empresas transnacionais, os sub-paradigmas

30 29 que este modelo apresenta são as vantagens de propriedade, referente à letra O (Ownership), as vantagens de localização, a letra L (Localization) e, as vantagens de internalização, a letra I (Internalization) (PERIN, 2010). O primeiro conjunto do modelo são as Vantagens de Propriedade, ou seja, a existência de vantagens competitivas específicas da empresa que são de natureza estrutural ou transnacional. As vantagens de propriedade do tipo estrutural são referentes às patentes, marcas, propriedade de tecnologia, economias de escala etc., e as vantagens de propriedade transnacional tem relação com a capacidade da empresa em fazer a gestão das atividades de modo hierárquico no exterior. Tais vantagens geram benefícios que estimulam as empresas a realizarem o IDE (ibid., p.31). Segundo Dunning (2000 apud PERIN, 2010, p.31) esse conjunto das vantagens de propriedade é ainda separado em dinâmicas e estáticas. As vantagens de propriedade dinâmicas provem da capacidade da empresa de elevar sua renda acima do normal ao longo do tempo e, as vantagens de propriedade estáticas surgem sob a forma de uma receita extraordinária para a empresa em certo período de tempo. O segundo grupo são as Vantagens de Localização que se refere às vantagens que determinados países e regiões detém para atrair o IDE. Há localidades que possuem uma série de fatores inertes, naturais ou que são criados pelo próprio país ou região, que muitas vezes podem ser definitivos quando da decisão de investir. Considerando esses fatores, quanto maior for o potencial do mercado consumidor, disponibilidade de seus recursos naturais, estabilidade do mercado interno e ambiente político e institucional favorável, maior será a atratividade das empresas investidoras neste local (PERIN, 2010). O último conjunto é o das Vantagens de Internalização que fazem referência à propensão das empresas a combinar suas vantagens de localização e propriedade para se estabelecer no mercado internacional. Garantindo essa posição, a empresa tem a chance de escolher entre internalizar a produção no país estrangeiro ou externalizar as suas atividades por meio de contrato com uma empresa local. Tal decisão é feita a partir dos custos com a internacionalização e os custos de uma relação contratual (ibid., p.32).

31 30 Quadro 2.1: Vantagens obtidas pelas empresas internacionalizadas expressas no Paradigma Eclético de Dunning Vantagens de Propriedade Vantagens de Localização Vantagens de Internalização 1. Propriedade de tecnologia, trabalho e capital. 1. Disponibilidade de recursos. 1. Redução dos custos de transação. 2. Dimensão da empresa. 2. Mercados e políticas governamentais. 2. Proteção dos diretos de propriedade. 3. Diferenciação do produto. 3. Baixos custos de transporte e comunicação. 3. Redução de incertezas e ações oportunistas. 4. Formas de gestão e organização. 4. Distâncias físicas, língua e 4. Ganhos estratégicos. cultura. 5. Acesso a mercados, fatores e 5. Distribuição, preços e qualidade 5. Controle da oferta de produtos. produtos. dos insumos e matérias-primas. 6. Economias de escala. 6. Aproveitamento das externalidades. Fonte: Baseado em Dunning, In: PEREIRA, 2007, p.49 Para Dunning (2000 apud PEREIRA, 2007, p.49), o maior desafio enfrentado pelas ETN s está em estabelecer uma configuração que seja ideal entre os três conjuntos de elementos, porque essa configuração depende, essencialmente, do contexto geral em que as mesmas estão inseridas, principalmente com relação aos níveis micro e macroeconômico. Isso significa que para que as ETN s possam ter essa configuração, elas terão que: (...) levar em conta as características da indústria, a natureza das atividades agregadoras de valor nas quais estão inseridas, as suas próprias características, incluindo aí seus objetivos e estratégias implementadas para a obtenção desses objetivos, assim como as condições econômicas e políticas do país e/ou região de origem e destino do IDE (PEREIRA, 2007, p.49). Conforme os três conjuntos de elementos ou sub-paradigmas do modelo eclético de Dunning, é possível identificar quatro tipos de estratégias para a realização do IDE, são elas: i) busca de recursos (resource seeking); ii) busca de mercados (market seeking); iii) busca de eficiência (efficiency seeking) e; iv) busca de ativos estratégicos (strategic asset seeking), de acordo com o Quadro 2.2.

32 31 Quadro 2.2: Estratégias de IDE e Principais Determinantes Estratégia de IDE Busca de Recursos Naturais (Resource Seeking) Principais Determinantes Disponibilidade de recursos naturais a preços baixos e de qualidade Infraestrutura para exploração dos recursos e escoamento da produção Incentivos aos investimentos, como redução de impostos e subsídios à exportação Oportunidades para desenvolvimento de infraestrutura local Disponibilidade de empresas locais para firmar parcerias em atividades intensivas em recursos Busca de Mercados (Market Seeking) Busca de Eficiência (Efficiency Seeking) Busca de Ativos Estratégicos (Strategic Asset Seeking) Oferta de capital a custo baixo para captação Tamanho dos mercados locais e/ou potencial de crescimento Presença de empresas locais com competitividade suficiente para atuar como fornecedoras Infraestrutura física e institucional capaz de auxiliar na exploração dos mercados Políticas para auxiliar a exploração dos mercados e que não restrinjam a atuação das ETN's Proximidade com os consumidores Baixo custo da produção se comparado a outros países potenciais Liberdade de comercialização de bens intermediários intra-firma Presença de economias de aglomeração e/ou clusters especializados Políticas públicas de promoção do investimento Disponibilidade de recursos e mercados que permitam a promoção e desenvolvimento das vantagens de propriedade Aparato institucional que auxilie na obtenção desses recursos Canais de comercialização preexistentes Oportunidades para incremento do conhecimento e aprendizado através da interação com outros produtores Acesso a informações acerca das instituições formais e informais do país de destino do IDE Forte atuação do governo para o desenvolvimento dos recursos humanos Fonte: Baseado em Dunning, 1997 e In: PEREIRA, 2007, p.51. Apesar do modelo eclético de Dunning ainda ser a principal abordagem para examinar os determinantes do IDE é importante enfatizar que o modelo consiste em analisar as variáveis estáticas que motivam esse tipo de investimento. Entretanto, dado a existência de variáveis dinâmicas da produção externa o poder de explicação deste modelo é limitado. Este fato é motivo pelo qual as contribuições sobre os determinantes do IDE vem sendo acrescidas por diversos autores (PEREIRA, 2007).

33 Abordagem Institucionalista A abordagem institucionalista busca mostrar a relevância das instituições para a determinação dos IDE s, principalmente em relação à estratégia de localização dos investimentos das ETN s e à criação de um ambiente favorável de forma a atrair o IDE para os países e/ou regiões. Para isso, é indispensável compreender o conceito das instituições e organizações, passando pelo entendimento de como estas interferem e afetam a economia e assim relacioná-las com os negócios internacionais, mais especificamente, ao IDE. Na visão de North (1990 apud PEREIRA, 2007, p.57): (...) as instituições devem ser encaradas como as regras do jogo em uma sociedade ou as limitações idealizadas pelo homem que dão forma à interação humana, seja ela política, social ou econômica. Por conseguinte, a mudança institucional deve ser encarada como a chave para o entendimento de como as sociedades evoluem e se desenvolvem ao longo do tempo, que por sua vez é crucial para a determinação do IDE na medida em que afetam todos os agentes e organizações que contribuem no processo de criação de riqueza em uma sociedade. Segundo Cario et al (2012), há na abordagem institucional, uma diferenciação entre instituições formais e informais (regras do jogo) e as organizações ou organismos (jogadores) que estão dentro de uma sociedade. As organizações (jogadores) de uma sociedade agem sobre suas instituições (regras) de forma que consigam vencer o jogo. Para as instituições formais têm-se as leis e decretos (informações codificáveis), e as instituições informais têm relação com os costumes, moral e normas, sociais ou religiosas, da sociedade de uma nação. As organizações ou organismos desta sociedade abrangem: (i) corpos políticos, partidos, senado, câmara, agências reguladoras; (ii) os corpos econômicos, como empresas, sindicatos e cooperativas; (iii) corpos sociais, igrejas, clubes e associações; (iv) corpos educativos, como escolas, universidades e centros de treinamento. Diante das formas que se relacionam os organismos e as organizações dentro das instituições, serão definidas as regras e a posição dos agentes como modeladores do progresso (CARIO et al, 2012, p.77). Considerando estes aspectos, Dunnig (2006) propõe uma extensão do modelo eclético adicionando às vantagens OLI o componente institucional. O Quadro 2.3 resume as principais questões da abordagem institucional que o autor incorporou ao modelo eclético, por tipo de vantagem, instituição, mecanismo de execução e disfunção institucional.

34 33 Quadro 2.3: Componentes institucionais, definição de formal e informal no modelo de Dunning INSTITUIÇÕES O L I Legislação Leis/Regulamentos; Contratos Inter-firmas; Externa/Regulamentos; FORMAL INFORMAL MECANISMOS DE EXECUÇÃO FORMAL INFORMAL DISFUNÇÃO INSTITUCIONAL Disciplina dos Mercados Econômicos; Objetivos Corporativos, Sistemas de Comando Interno e Estr. De Incentivo Códigos, Normas e Convenções Cultura Corporrativa/País; Particularidades dos Tomadores de Decisão; Pressões dos Competidores e Grupos de Interesse Especial Sanções, Penalidades (ambos Externos e Internos às Empresas); Ações dos Consumidores; Investidores, Sind. De Trab., Sociedade Civil etc.; Disciplina dos Mercados Políticos; Incentivos e Padrões baseados em Regras; Acordos de Invesimento Fora das Fronteiras Nacionais Costumes, Tradições Sociais Herdadas; Organizações externas como Instutuições de Referência; Instituições Motivadoras da Inovação, Competitividade etc.; Atitudes que vão de encontro à Mudança e Incerteza. Sanções/Penalidades/Implemenatação de Políticas; Qualidade das Org. Públicas de Prot. Aos Direitos de Propriedade, Sistema Legal etc.; Aprendizado Coletivo (Em Modelar e Implementar Instituições) Contratos Intra-firmas Declarações, Códigos, Rel. De Confiança (Intra e Inter-firma); Constr. De Instituições através de Networks/Clusters de Empresas; Extensão/Forma de Distância Cultural/Institucional. Penalidades por Quebra de Contratos; Greves; Educação/Treinamento. Persuasão Moral; Sistemas de Crença; Transações Nãorepetitivas; Perda ou Ganho de Status Status/Relacionamento; Tradição; Culpa/Vergonha; Opções Retaliadoras; Construção ou Destruição de Ativos Relacionados como a Confiança; Votar Contra Práticas Contábeis Desonestas, Fraudes e Outras Atitudes Empresariais Condenáveis; Carência de Transporte Estr. Institucional Inadequada. Fonte: Dunnig (2006 apud PEREIRA, 2007, p.40) Demonstração, Participação Ativa em Org. Prí-políticas; Guia Social, Persuasão Moral; Redes de Segurança Social Crime, Corrupção, Falhas no Sistema de Justiça etc. ; Inabilidades em lidar com Mudanças Tecnológicas e Institucionais. Econ. Exter. Derivadas de Redes/Alianças (Benefícios do Aprendizado); Votar Contra Falta de boa relações Intra/Inter-firma Falha nas Alianças etc. Definidas as instituições e as organizações, fica nítido observar que as mesmas são capazes de influenciar o desempenho econômico das empresas e, consequentemente,

35 34 impulsionar diversas taxas de crescimento das economias. No longo prazo o desempenho econômico de uma nação está relacionado à maneira como evoluiu em seu ambiente institucional. Sendo assim, as variações nas estruturas institucionais possuem extrema importância para compreender as diversas trajetórias de desenvolvimento dos países. Por outro lado, são de suma importância para delimitar os meios de promover o desenvolvimento, tendo as mudanças institucionais como base (PEREIRA, 2007). Para tanto, as mudanças institucionais devem ter seu foco na garantia de um cenário mais favorável e de confiança às empresas investidoras no país, aumentando o nível de credibilidade, dinamismo e transparência do governo. Dessa maneira, a abordagem institucionalista considera a estrutura institucional como vantagem ou desvantagem de localização extremamente importante, pois possibilita a realização do IDE, viabilizando o comércio internacional e o crescimento econômico (PEREIRA, 2007). As vantagens locais são identificadas pelos governos nacionais como as que auxiliam na realização do IDE, fazendo com suas instituições atuem de maneira eficiente para atrair as empresas estrangeiras. Essa forma de atuação do governo revela a capacidade de articulação durante os estágios do ciclo de desenvolvimento do investimento, o que pode tornar mais dinâmica a interação dos segmentos produtivos nacionais com os IDEs, e assim, conseguir mudar a posição dessa economia no panorama das relações econômicas globalizadas (CARIO et al, 2012). Desta maneira, como ressalta Dunning (2004 apud PEREIRA, 2007, p.66) a relevância assumida pelas instituições e as variações na infraestrutura institucional sobre as vantagens de localização dos países têm se tornado de uma importância tão grande, que devem estar no foco da análise de qualquer novo estudo sobre os determinantes dos negócios internacionais Caminho do desenvolvimento do investimento De acordo com que a teoria do investment development path (IDP) um país passa por cinco etapas de desenvolvimento econômico, cada uma delas caracterizada por padrões diferentes de entrada e saída de IDE. O IDP deriva de uma hipótese principal: quando um país se desenvolve, a mudança estrutural ocorre durante as condições enfrentadas pelas empresas nacionais e estrangeiras, afetando os fluxos de IDE e saídas que, por sua vez, alteram a estrutura econômica do país. De acordo com esse quadro teórico, está representada abaixo a Figura 2.1. Ao longo destas etapas, as vantagens de propriedade, localização e de

36 35 internalização de empresas de um país - em comparação com os de outras economias - mudam, fazendo com que um país possa evoluir a partir de uma posição de dentro para investidor direto para fora (PASSOS et al, 2007). Figura 2.1: O padrão do Investiment Development Path (IDP) Fonte: Dunning e Narula, *GDP: Gross Domestic Product (Produto Interno Bruto PIB) No primeiro estágio, os países menos desenvolvidos recebem e realizam pouco IDE, pois não possuem vantagens de propriedade (O) ou de localização específica (L). O influxo de IDE, quando há, ocorre com o objetivo de explorar recursos naturais. Como resultado, ambos os investimentos internos e externos são extremamente limitados, e as EMNs preferem o acesso a estes países através do comércio. O segundo estágio é uma evolução natural do primeiro. De fato, quando um país se desenvolve e há melhoria de suas vantagens de localização (L), isso leva a um crescimento de IDE, especialmente em produtos primários e recursos naturais, bem como em setores que são intensivos em capital físico e mão de obra barata e pouco qualificada. O afluxo de IDE, entretanto, ainda é baixo ou inexistente. No terceiro estágio, o país começa a experimentar a queda da taxa de crescimento da entrada de IDE, enquanto presencia a aceleração da saída do investimento direto. Este estágio intermediário mostra um aumento na renda per capita da economia, uma aceleração da industrialização e uma especialização maior de demanda orientada para produtos de qualidade

37 36 superior. A concorrência no mercado doméstico aumenta à medida que as vantagens de propriedade dos investidores externos é difundida através da indústria local. Como resultado, as empresas nacionais começam a desenvolver suas próprias vantagens. Neste estágio, as firmas atingiram nível de capacidade tecnológica suficiente para competir com investidores internacionais no mercado doméstico. Seus investimentos crescem alinhados com sua competitividade. O quarto estágio é marcado pelo crescimento da realização de IDE, a ponto de igualar ou exceder o volume de investimento direto externo recebido. Neste estágio, espera-se que a maioria das firmas domésticas possa competir de maneira eficiente com as firmas estrangeiras não somente dentro do mercado doméstico, mas também no exterior. E por fim, o quinto estágio é alcançado quando o país atinge o desenvolvimento econômico. A posição líquida de IDE oscila ao redor de zero, porém tanto os influxos como os afluxos de IDE continuam crescendo (DUNNING e NARULA, 1996). É esperado que o investimento direto externo seja realizado nas etapas finais, quando o país tiver acumulado quantidade significativa de vantagens de propriedade ou de localização específica entre as firmas (RIBEIRO e RUPPERT, 2011) Abordagem da Escola Uppsala Outra importante abordagem sobre os fluxos do IDE encontra-se na Escola Uppsala, conduzida por Jan Johanson e Jan-Erik Vahlne (1977). Estes realizaram um estudo relacionado ao comportamento da empresa, na qual a informação e a incerteza são onde se concentra o foco da abordagem. Neste modelo são apontados, de maneira gradual, os passos para o modelo de internacionalização. Com esse foco de análise, o IDE foi visualizado como sendo movido por circunstâncias externas que foram não planejadas, de maneira que a coordenação e o planejamento empresarial não foram essenciais para a teoria (PERIN, 2010). No modelo Uppsala, a internacionalização da empresa, que tem sua base teórica fundamentada no crescimento e no comportamento das empresas, é observada como um processo em que a empresa aumenta gradativamente sua participação no exterior. A empresa evolui para um processo de interação entre o desenvolvimento do conhecimento sobre mercados internacionais e um elevado esforço de recursos para esses mercados. As características do estado de internacionalização fazem parte do compromisso do mercado e conhecimento do mercado, esses dois aspectos são assumidos para influenciar as decisões

38 37 relativas à liberalização dos recursos para o mercado estrangeiro e a forma como as atividades são realizadas (ibid., p.37). A Figura 2.2 mostra como as fases do processo de internacionalização se desenvolvem de maneira gradual. Estas fases são as atividades de exportação, exportação via representantes, estabelecimento de subsidiária de vendas e produção/fabricação, essas etapas ilustram a capacidade da empresa de aumentar o conhecimento de mercado e o compromisso de mercado, sendo que a cada nova etapa, a empresa evoluiu tanto em uma direção quanto em outra. Figura 2.2: Etapas do processo de internacionalização empresarial Fonte: Johanson e Vahlne, In: PERIN, 2010, p.37. O modelo de 1977 teve sua estrutura revisada perante as mudanças econômicas e a internacionalização das empresas que se processaram no decorrer dos anos. Foi agregada junto à análise, a relevância das redes de internacionalização nas empresas, considerando a rede de negócios como um conjunto acumulado de conhecimento através da construção da confiança, que pode transformar laços fracos em fortes relações de dependência e produtividade conjunta. São criados, então, ambientes favoráveis e privilegiados para a internacionalização dos negócios, de modo a tonar de fraco para fortes os laços entre clientes e fornecedores (PERIN, 2010 apud CARIO et al, 2012, p.73). De modo que, o modelo Uppsala original supõe que o conhecimento do mercado é essencial para a internacionalização da empresa, que se desenvolve a partir das experiências com os agentes locais, criando um processo de aprendizado virtuoso. O novo modelo elucida

39 38 que as redes empresariais são o caminho por onde é absorvido o conhecimento na relação entre fornecedores e clientes, na geração de conhecimento que envolve todo o contexto da rede de negócios que as empresas comprometidas fazem parte. Uma empresa que não faz parte da rede de negócios dificilmente consegue desenvolver o processo de internacionalização, e a sua entrada no mercado estrangeiro deve ser notada como uma posição no processo de construção de uma rede de relações de negócios com os agentes econômicos de outros mercados (CARIO et al, 2012) Modelo Uppsala revisado O modelo de internacionalização que foi criado em 1977 teve sua estrutura revisada dada as mudanças decorrentes da internacionalização empresarial a partir desse período. É preciso notar que o processo de internacionalização das empresas é sensível a cada mudança econômica, considerando que fazem parte da mesma rede de negócios que se modifica ao longo do tempo (PERIN, 2010). De acordo com o modelo inicial, as teorias que o precediam não eram efetivas quando aplicadas para entender a situação de mercados de empresas individuais, motivo pelo qual levou os próximos estudos a analisar a importância das redes de internacionalização de empresas. Isto porque as empresas avaliadas pela Escola Uppsala apresentaram relações duradouras com seus clientes e fornecedores criando uma situação privilegiada para a internacionalização (PERIN, 2010, p.39). A partir das redes de negócios o resultado obtido é o acúmulo de conhecimento e construção de confiança que pode modificar laços fracos e dependência unilateral em relações bilaterais e interdependência e, assim, aumentar a produtividade conjunta. Na primeira versão do Modelo Uppsala essas relações se desenvolviam por meio de um processo de aprendizagem ao longo de suas atividades, no entanto, o modelo revisado identifica que o processo de internacionalização exige um compromisso recíproco entre a empresa e seus clientes e fornecedores (PERIN, 2010). Para o novo modelo as redes empresariais são redes de relacionamentos conectadas que adquirem conhecimento por meio do acúmulo de conhecimento da própria empresa e de seus parceiros e os colocam em um processo de criação de conhecimento que abrange todo o contexto da rede de negócios que faz parte. Através desse tipo de relacionamento é possível que a empresa absorva conhecimentos sobre sua relação com os parceiros, incluindo os seus recursos, capacidades, necessidades, estratégias e outros. Parceiros de relacionamento são,

40 39 então, de forma indireta fonte de informações comerciais relevantes sobre os seus próprios parceiros e atores mais distantes da rede. Dessa forma, a empresa coordena um conhecimento privilegiado sobre a sua rede de negócios (PERIN, 2010). Segundo Perin (2010, p.40): Além da rede de negócios ser fator determinante para o sucesso de uma empresa, esta condição ainda aparece como decisivo para as relações comerciais específicas na internacionalização de uma empresa, pois adquire elementos essenciais do processo de internacionalização, como a construção da confiança e compromisso. Por outro lado, uma empresa que não é presente na rede de negócios dificilmente consegue desenvolver o processo de internacionalização. Contudo, mesmo não estando em condição privilegiada e, continuar com o processo de ingresso no mercado externo, sua prosperidade pode ser obtida ao relacionar-se com um ator importante da rede de negócios. O Quadro 2.4 ilustra como algumas competências são indispensáveis na efetivação dos negócios internacionais de acordo com o modelo Uppsala. Tais competências são qualificadas em essenciais, pois possibilitam uma maior percepção de todo o ambiente onde a empresa se insere e inicia seu processo de aprendizagem, reunindo conhecimento e transpondo para outra fase. Essas competências essenciais estão dividias em seis tópicos como mostra o Quadro 2.4 e que se relacionam ao modelo Uppsala para melhor compreendê-lo.

41 40 Quadro 2.4: Tópicos do Modelo Uppsala revisado para IDE Modelo Uppsala Competências Essenciais Conhecimento: importante para a realização dos negócios internacionais Valorização da aprendizagem Gradualismo e incrementalismo Comprometimento Competências de negócio: compreender o negócio, seus objetivos na relação com o mercado, clientes e competidores, assim como com o ambiente político e social (conhecimento do negócio, orientação para o cliente), maximizar a atividade inovadora baseada em conhecimentos e habilidades, utilizando recursos locais de cada uma de suas unidades, que possam ser usados não só localmente, mas em todos os mercados onde ela opera, antecipação às demandas do ambiente competitivo. Competências técnico-profissionais: competências específicas para certa operação, ocupação ou atividade. (conhecimento do produto, finanças). A aprendizagem é vista como um grande diferencial e estratégia competitiva. A disponibilidade para aprender e ensinar são essenciais, assim como a cooperação. Fluxo contínuo do conhecimento bem como seu compartilhamento, é necessário que o conhecimento seja codificado e compartilhado para que não exista somente na mente das pessoas, cabendo às organizações administrá-lo de forma inteligente, transferindo através de processos de socialização, know-how coletivo. Referem-se às competências relacionadas à gestão do tempo e conhecimento do processo como um todo. Para a realização da internacionalização é necessário seguir determinadas etapas e procedimentos. Relacionado ao grau de investimento na internacionalização. Está relacionado a um feeling de negócios e ao incentivo ao empreendedorismo interno, ou intraempreendedorismo, absorvendo informações, transformando-as em conhecimento, para em seguida combiná-los com suas experiências anteriores, em um contexto delineado por sua cultura organizacional, gerando as estratégias que necessita para obter sucesso. Distância psíquica Abordagem comportamental Fonte: Pessoa et al, (2008). In: CARIO et al, p.74. Competências sociais: competências necessárias para interagir com as pessoas, conhecer realidades culturais e sociais diferentes e de adaptação. Estão em destaque competências de comunicação, negociação, mobilização para mudança, sensibilidade cultural, trabalhos em equipe, flexibilidade e adaptabilidade, habilidade de desenvolver e transferir conhecimento entre fronteiras. Relacionado às competências atitudinais onde as atitudes, percepções e comportamento dos tomadores de decisão são extremamente relevantes. Destacase a inovação, criatividade e a imaginação humana, interação com o ambiente. É possível notar, então, que as empresas possuem uma vulnerabilidade em relação às mudanças do cenário internacional, de modo que se torna justificável a instável transformação dos padrões de internacionalização. As empresas necessitam aprender a lidar com as incertezas para que possam explorar mais as oportunidades (PERIN, 2010). 2.4 SÍNTESE CONCLUSIVA Embora haja divergências conceituais sobre o fenômeno da globalização, é nítido que as economias capitalistas atuais estão vivenciando uma nova fase de acumulação, que é marcada pelos crescentes incrementos na internacionalização da produção de bens e serviços,

42 41 nos fluxos de investimentos externos, na concorrência dos mercados e na integração dos mercados produtivos e financeiros locais com os internacionais. É nesse contexto que o investimento estrangeiro tem se lançado cada vez mais como uma das formas de expressão da globalização econômica, pois se manifesta tanto sob a forma de investimentos diretos quanto de carteira ou portfólio. No tocante às teorias do IDE, mesmo considerando os avanços que a abordagem da organização institucional apresenta para a construção de uma teoria específica para o IDE, esta tem sido apresentada a partir de explanações parciais, mas complementares para entender a internacionalização da produção, sendo necessário unir os seus principais elementos num modelo geral, capaz de proporcionar uma abordagem mais completa para explicar os determinantes para a realização do IDE. Para preencher o espaço deixado pela abordagem da organização institucional está o modelo eclético de Dunning. Este modelo demonstra que a extensão, forma e padrão da produção internacional são determinados pela configuração de três conjuntos de elementos, chamados de OLI e que se referem às vantagens de propriedade da empresa (O), de localização de um país e/ou região (L) e de internalização das atividades (I). O modelo eclético de Dunning afirma que essas três vantagens são decisivas na atuação das ETNs. Nesse contexto, a partir da combinação das vantagens de propriedade com as de localização e com as de internalização, assim como o grau de intensidade atribuído a cada uma delas, chega-se a quatro tipos de estratégias para a realização do IDE, que são: busca de recursos (resource seeking), busca de mercado (market seeking), busca de eficiência (efficiency seeking) e busca de ativos estratégicos (strategic asset seeking). Outro padrão observado foi o do Investment Development Path (IDP) que indica que o desenvolvimento de um país vem a partir de uma mudança estrutural, que é enfrentada pelas empresas locais e estrangeiras, alterando, assim, sua estrutura econômica. As características do IDP não explicariam os padrões de IDE sul-coreanos, considerando que o país não foi, inicialmente, um receptor de IDE de destaque, mas o país passou para as etapas finais do IDP, fornecendo e recebendo investimentos diretos relevantes. A teoria do Modelo Uppsala, a qual também foi abordada, afirma que a internacionalização da empresa, que está baseada no comportamento e no crescimento da empresa, é observada como um processo em que esta aumenta gradualmente sua participação internacional. A empresa evolui, então, para um estágio de interação entre o desenvolvimento do conhecimento sobre mercados estrangeiros e um esforço crescente de recursos para esses mercados. As características do processo de internacionalização são o compromisso de

43 42 mercado e conhecimento de mercado, os aspectos de mudança são atividades atuais e compromisso de decisões. Conhecimento de mercado e compromisso de mercado são assumidos para afetar as decisões relacionadas à liberação dos recursos para os mercados externos e da forma como as atividades em curso são realizadas.

44 43 CAPÍTULO III - PROCESSO DE CONSTITUIÇÃO HISTÓRICO: DOS PLANOS QUINQUENAIS DE DESENVOLVIMENTO AO QUADRO MACROECONÔMICO ATUAL 3.1 INTRODUÇÃO A Coreia do Sul passou por um processo de desenvolvimento de sua economia que serve como exemplo para outros países. Como herança da dominação japonesa de 1910 a 1945, os sul-coreanos aprenderam a ter um planejamento econômico centralizado. Os sulcoreanos buscaram através de seus Planos Quinquenais de Desenvolvimento fortalecer a economia do país, proteger seus produtos e melhorar a qualidade da educação. Pois sabiam que só com uma população capaz de produzir bens de alta tecnologia seria capaz de, futuramente, competir com o mercado externo. Este capítulo tem como objetivo expor e retomar a base histórica da economia da Coreia do Sul, identificando seu desenvolvimento através dos Planos Quinquenais até chegar ao quadro macroeconômico atual. Para tanto, o mesmo é composto de 7 seções : na seção 3.1 encontra-se a introdução; a seção 3.2 evidenciam-se os aspectos de seu desenvolvimento até 1945; na seção 3.3 demonstram-se as trajetórias do país até 1961; na seção 3.4 encontram-se os Planos Quinquenais de Desenvolvimento; na seção 3.5 são apresentadas os estágios e estratégias de desenvolvimento econômico sul-coreano a partir 1990 até 1997; a seção 3.6 expõe o quadro econômico atual, com dados a partir dos anos 2000; na seção 3.7, por fim, encontra-se a síntese conclusiva do capítulo. 3.2 DE 1910 A 1945 A península da Coreia foi anexada ao Japão em 22 de agosto de 1910, através do Tratado de Eulsa. A partir desse tratado, o Japão tomou o controle das instituições do governo coreano e tentou impor os costumes e a cultura japonesa através de uma colonização severa, chegando até ao ponto de proibir o idioma coreano e por meio de um decreto em 1939, incentivar a população a adotar nomes japoneses. O governo japonês trouxe poucos avanços e benefícios para o desenvolvimento econômico coreano. De acordo com Masiero, 2000, p.10:

45 44 Praticamente todas as indústrias pertenciam às empresas japonesas instaladas ou não na Coreia. As taxas de juros cobradas aos empreendedores coreanos eram mais altas do que aos japoneses, dificultando o surgimento de empresas locais. No início dos anos 40, o capital coreano constituía apenas 1,5% do total investido nas indústrias instaladas no país. Importantes setores industriais como o da metalurgia, de produtos químicos e dos eletrodomésticos pertenciam integralmente a empresas japonesas. As empresas coreanas eram muito menores, sem contar que sua tecnologia e sua capacidade financeira eram inferiores às japonesas. O autor Kim (2005) evidencia os aspectos culturais marcantes da Coreia do Sul, no período de 1910 a 1945, como um país com uma das mais longas histórias de nação independente do mundo, com uma tradição de civilização e de conquistas no campo científico. A cerâmica coreana, a imprensa e a astronomia, ainda que baseadas em tecnologias chinesas tornaram-se mais avançadas que as da China. A primeira instituição de ensino da Coreia, o T aehak, mais conhecido como Aprendizado Supremo, tinha as bases inspiradas em modelos institucionais chineses e foi criada em 372 d. C.. O T aehak tinha o intuito de treinar os líderes do futuro do governo e permaneceu por sucessivas monarquias até o final do século XIX (KIM, 2005). Sang-Woon Jeon 1 documentou centenas de conquistas científicas e tecnológicas coreanas no século XIX, englobando desde a astronomia, a meteorologia, a física, a tecnologia física e química até a geografia. Embora grande parte dessas ideias básicas tenha vindo da China, segundo Kim (2005), os coreanos conseguiram desenvolver estratégias para adaptar as invenções estrangeiras às próprias necessidades e condições locais. O resultado constituiu em novas criações e descobertas, mostrando que os coreanos também foram bons inovadores. A Coreia do Sul saiu da Segunda Guerra Mundial com uma economia atrasada e agrícola de subsistência. De acordo com Kim (2005), o país ainda sofreu com frequentes invasões estrangeiras, sendo a última delas a japonesa, cujo domínio durou 36 anos, de 1910 a Antes disso, a civilização coreana era muito mais avançada e sua civilização mais organizada em comparação com as outras colônias. Kim (2005) aponta duas exceções notáveis para o atraso no desenvolvimento rural que foram as medidas tomadas para a realização da reforma agrária no fim da década de 40 e a utilização em larga escala de fertilizantes químicos. Por meio da reforma agrária, a proporção 1 Professor assistente da Andong National University na Coreia do Sul.

46 45 de arrendatários caiu de 81% para 5,7% do total de lavradores e as áreas arrendadas caíram de 60% para 15% do total de terras cultivadas. Dessa forma, a classe latifundiária foi eliminada, deixando de ser um grande obstáculo ao desenvolvimento do capitalismo dinâmico. Em 1945, quando a Coreia voltou a ser independente, haviam em torno de 300 mil coreanos que já tinham experiência em atividades industriais e mineradoras, ou seja, os coreanos tinham uma maior participação nesses setores do que as populações nativas de colônias também sob o domínio ocidental. No entanto, esse número era muito pequeno em relação à população total de 25 milhões de coreanos que na sua maioria tinham empregos pouco qualificados. 3.3 DE 1945 A 1961 De acordo com Lee (1996, apud MILTONS, MICHELON, 2007, p.8) depois da divisão da Coreia em Sul e Norte, a organização do governo militar norte-americano na Coreia do Sul entre 1945 e 1948 tinha como objetivo a promoção da redemocratização do país e esse objetivo foi estendido até a Primeira República, quando foi inaugurado em 1948 com a promulgação da Constituição, o sistema presidencialista. Masiero (2000) afirma que a ocupação dos Estados Unidos da América ( ) na Coreia do Sul foi determinada por confusão e incerteza. Este fato se deu pela ausência de uma política clara dos norte-americanos para a Coreia, também devido ao confronto entre a União Soviética e os EUA e conjuntamente com a polarização da política coreana entre direita e esquerda. Embora o tratamento dado pelos generais americanos aos grupos coreanos tenha sido muito hostil, foram fundados, a partir de 1945, vários partidos políticos como a República do Povo Coreano, o Partido dos Comunistas Coreanos, o Partido dos Trabalhadores Coreanos e o Partido Democrático Coreano. Devido a este fato, em 1946, o governo americano estabeleceu a Assembleia Nacional Sul Coreana para a formulação de leis que promovessem reformas sociais, políticas e econômicas (MASIERO, 2000, p.10). Em 1947 depois de ser submetida às Nações Unidas, a Coreia do Sul teve o reconhecimento feito pela Assembleia Geral, em novembro do mesmo ano, da independência do país. Houve a eleição de uma Assembleia Nacional que foi supervisionada pela comissão das Nações Unidas, em 1948, estabelecendo a forma de governo com a eleição de um presidente e com um mandato de 4 anos. Em maio desse mesmo ano foi eleito o primeiro presidente, Syngman Rhee. A evolução política do país é de alguma forma condicionada

47 46 pelos interesses das grandes potências internacionais durante todo o período da Guerra Fria. (MASIERO, 2000, p.10). De maneira sintética relaciona-se abaixo no Quadro 3.1 extraído do texto A Economia Coreana de Gilmar Masiero, o período e o nome dos presidentes assim como os principais acontecimentos políticos e econômicos da Coreia do Sul. Quadro 3.1: Governos da Coreia do Sul e principais acontecimentos na política e economia, 1948 a Syng-Man Rhee Ago60/Ma161 Chang Myon Chung-Hee Park 1979 Choi Kyu-Há Chun Doo Hwan Roh Tae-Woo Kim Young-Sam Kim Dae Jung Fonte: MASIERO, Desenvolvimento econômico sob condições subdesenvolvidas. Reforma agrária em 1947 e Educação elementar tornada compulsória. Instabilidade política e social. Guerra civil de 1950 a Surgimento de grupos com taxas de crescimento maior que a média nacional. O crescimento econômico não fazia parte dos objetivos políticos. Frágil sistema parlamentarista com Chang Myong eleito primeiro ministro Com o estabelecimento do primeiro e do segundo plano quinquenal de desenvolvimento econômico, a economia passou a crescer duas vezes mais rápido do que no governo Rhee. Controle das atividades do setor privado para assegurar que os recursos e as oportunidades do governo iriam contribuir para o crescimento do país. Na década de 70, o governo promoveu o desenvolvimento de indústrias químicas e pesadas. Ênfase na estabilidade econômica e igualdade ao invés de crescimento. Reorganização das indústrias químicas e pesadas para diminuir o monopólio dos chaebol. Durante este período os grupos coreanos estavam altamente endividados: 83,5% dos recursos dos 10 maiores era financiado por dívidas, enquanto que a média da Coréia era de 65,2%. Os grupos passaram a atuar nas indústrias de alta tecnologia. Início dos investimentos estrangeiros diretos. Reforçar a competitividade da economia coreana. Liberalização das finanças, das importações e do comércio internacional. Democratização do país Estabelecimento de plano de desenvolvimento para a nova economia, com ênfase na administração da economia sem o controle do Estado. Intenso movimento pela globalização total denominado segyehwa. Entrada do país na OCDE Reestruturação financeira, do trabalho, das corporações e das repartições públicas. Maior atenção às pequenas e médias empresas e às indústrias de informação. Intenso movimento de reaproximação para a reunificação com a Coréia do Norte. Realização da Copa do Mundo de futebol em conjunto com o Japão. Segundo Ahn e Kim (1997, apud MASIERO, 2000, p.11) diante do caos econômico após a divisão do país, o governo Rhee colocou em prática duas importantes reformas institucionais. A primeira diz respeito à propriedade da terra que posteriormente contribuiu para que a Coreia do Sul desenvolvesse uma sociedade mais igualitária e a aperfeiçoar o capital humano para o progresso da indústria. Em 1949 foi criada a Lei de Reforma Agrária

48 47 que removeu um dos principais obstáculos sócio-políticos para o desenvolvimento nacional. A segunda reforma foi a adoção da educação obrigatória para os níveis primário e elementar. Sob o governo do presidente Syngman Rhee, de 1948 a 1960, a Coreia do Sul teve como foco a reconstrução do país. Nesse período, houve grande ajuda externa, principalmente dos EUA. O desenvolvimento da indústria foi centrado na substituição das importações, as pequenas indústrias locais eram protegidas por altas taxas de importação e restrições quantitativas. De acordo com Lee (1996 apud MILTONS, MICHELON, 2007, p.9): O governo, com frequência, fez uso de mecanismos de licenças seletivas de importação e de um complexo sistema de múltiplas taxas de câmbio para favorecer os futuros chaebols. Segundo Haggard, Lim e Kim (2003 apud MILTONS, MICHELON, 2007, p.9) os chaebols grupos econômicos são determinados por essas seguintes características estruturais: a) uma estrutura de governança familiar; b) uma estrutura organizacional de uma holding controlada formalmente por firmas independentes; c) uma estrutura de negócios de forte diversificação. O PIB que, em 1953, crescia a uma taxa de 1%, em 1961 passou a crescer 5,9%, entretanto a renda per capita continuava abaixo de US$ 100. Houve, também, aumento das exportações de US$ 39,6 milhões, em 1953, para US$ 41 milhões no ano de 1960 (NAHM, 1996; LIM, 2003 apud MILTONS, MICHELON, 2007, p.9). Como reflexo de um primeiro esforço consistente de planejamento, o governo, em 1960, lançou um plano trienal de desenvolvimento econômico, mas que foi deixado para trás com o fim da Primeira República. A Segunda República adotaria um novo plano trienal e instituiria o Serviço de Construção Nacional (NAHM, 1996 apud MILTONS, MICHELON, 2007, p.9). Afirma Lee (2006 apud MILTONS, MICHELON, 2007, p.9) que: As autoridades do governo militar americano viam a educação essencial na implantação do regime democrático na Coréia. Em novembro de 1945, foi instituído o Comitê Nacional de Planejamento Educacional, composto por educadores coreanos e oficiais do governo americano, com o objetivo de estabelecer um novo sistema. Segundo Seth (2002 apud MILTONS, MICHELON, 2007, p.10), ao passo que o governo americano procurou fomentar todos os níveis de escolaridade, a administração do

49 48 governo Rhee deu prioridade para a universalização da educação primária. A ideia de promover a igualdade de oportunidade, através do qual todos os jovens coreanos teriam acesso, no mínimo, à primeira etapa do ciclo educacional, possuía grande popularidade e foi assimilada pela população com muita rapidez. De acordo com Lee (1996 apud MILTONS, MICHELON, 2007, p.10): A campanha nacional pela alfabetização, promovida com recursos do governo norte-americano, proporcionou o crescimento da taxa de alfabetização, de 22% em 1945 para, aproximadamente, 80% em Harvie e Lee (2003 apud MILTONS, MICHELON, 2007, p.10) consideravam que: (...) a ênfase na educação foi responsável por fornecer ao país uma força de trabalho qualificada, fundamental para as indústrias intensivas em trabalho. Os programas de promoção da educação lançados durante a administração de Rhee tinham como objetivo atender às necessidades da economia, sendo capazes de fornecer mãode-obra técnica para a reconstrução do país, durante a Guerra da Coreia. Ao final da Guerra da Coreia, em 1953, sob grande pressão das missões governamentais estadunidenses, o governo sul coreano deu início a um processo de privatização em massa de bancos públicos e de empresas industriais. Nesse processo, mais de cinquenta grandes indústrias foram privatizadas em prol de ex-agentes e acordos políticos. Em 1957, também foram privatizados três bancos comerciais de porte nacional, para os mesmos beneficiários da onda anterior (CHENG, 1986 apud FERREIRA JR, CANUTO, 1990, p.7). De acordo com Ferreira Jr. (1990) e Otaviano Canuto (1990), nesse período não existia o interesse do capital multinacional, e o processo acelerado de privatização apenas poderia acumular ativos sob o comando dos favorecidos iniciais, aqueles agentes que, outrora, já haviam disfrutado das primeiras facilidades no momento da aquisição. Nascia uma burguesia industrial, altamente concentrada e gestada pelo próprio Estado. (FERREIRA JR., CANUTO, 1990, p.7). As combinações de estratégias para o desenvolvimento econômico sul coreano que foram colocadas em prática e lideradas pelo governo podem ser consideradas, resumidamente, como uma política industrial ou uma industrialização conduzida pelo governo, de acordo com as intervenções governamentais no sistema de preços, diante das relações do governo com os grandes grupos e, essencialmente, nos distintos planos quinquenais de desenvolvimento econômico e social. Os planos quinquenais orientaram não somente o comportamento da burocracia estatal, mas também o desenvolvimento dos grandes conglomerados (chaebols) da Coreia do Sul, fundamentalmente a partir de 1960 (MASIERO, 2000).

50 DE 1961 A 1997 Syngman Rhee, então presidente da Coreia do Sul, foi reeleito em 1956 e, em seguida, em 1960, porém a manipulação das eleições em 1960 provocou um enorme protesto nacional. Em 19 de abril do mesmo ano houve a Revolução Estudantil que levou a morte 142 estudantes, foçando a renúncia de Rhee. O governo que veio a seguir era o de Chang Myong, apresentando reformas de liberalização em diversas áreas, entretanto, o desenvolvimento econômico se manteve lento. Os militares com o temor da agitação dos estudantes e da crescente instabilidade no país executaram um golpe militar em 16 de maio de 1961, pondo fim a Segunda República (MASIERO, 2000). Depois do golpe militar em 1961, a aliança entre o Estado, sob seu novo regime, e o grande capital, foi reafirmada; os bancos foram reestatizados e; os grandes grupos se comprometeram a atuar como instrumento afinado e preciso de acordo com o projeto militar de modernização. Tal disposição estava expressa no Primeiro Plano Quinquenal de Desenvolvimento elaborado de 1962 (FERREIRA JR., CANUTO, 1990). Liderada pelo general Park Chung Hee, a Terceira República foi marcada pela decisão do presidente de retirar do governo todos aqueles que eram considerados desqualificados e corruptos. Seu mandato buscava o crescimento econômico e uma grande revolução humana que expulsaria do governo todas as práticas de corrupção. O presidente general fez importantes reformas na economia e, embora com grande resistência dos estudantes e outros, assinou, em 1965, um tratado com o Japão, que garantia reparos de guerra e ajuda no que diz respeito à industrialização do país (MASEIRO, 2000). Segundo Masiero (2000), durante o mandato de Park a política foi dominada pelo Partido Democrático Republicano, o qual, a partir do controle financeiro e proteção do governo, obteve o domínio dos pequenos grupos que se opunham ao regime. Em 1972, com as políticas de restrição à liberdade civil e proibição de manifestações dos oponentes políticos, Park conseguiu que a Coreia do Sul alcançasse um crescimento espetacular e fez com que as exportações chegassem aos mercados do ocidente. Mas, por outro lado, cresceu a insatisfação com as políticas exercidas pelo então governo. Park tinha o conhecimento de que a Coreia se encontrava em posição vulnerável. Foram lançadas três séries de políticas econômicas inter-relacionadas com o intuito de corroborar com a economia, e acabaram dando forma ao modelo de desenvolvimento coreano. De acordo com Michelle Merética Miltons e Ednaldo Michelon (2007):

51 50 Primeiro, foram feitas reformas macroeconômicas com a intenção de estabilizar a economia. Segundo, foi estabelecida uma parceria de risco entre o Estado e as empresas de grande porte, por meio do fornecimento, através dos bancos estatais, de garantias às instituições estrangeiras, de repagamento das dívidas, caso estendessem seus empréstimos a empresas privadas (HAGGAR, LIM e KIM, 2003; LIM, 2003; MO, 2000 apud MILTONS, MICHELON, 2007, p.11). Terceiro, houve uso de ferramentas políticas e mobilização do governo, com incentivos para dar apoio à industrialização e ao aumento das exportações, sendo alguns deles: a) subsídios diretos para exportadores; b) acesso preferencial às licenças de importação; c) empréstimos a taxas preferenciais (Kang, 2004); d) taxas de juros reduzidas para projetos considerados prioritários pelo governo (Kwon, 1997) e) aprovação automática de empréstimos pelos bancos comerciais para firmas com bom desempenho exportador e; f) deduções de impostos (Lim, 2003) (MILTONS, MICHELON, 2007, p.11). O critério para concessão de benefícios era o desempenho exportador, que deveria estar de acordo com as metas indicativas que foram estabelecidas no início de cada período Primeiro Plano Quinquenal de Desenvolvimento, Os Planos Quinquenais de Desenvolvimento foram o guia para o período de acelerado desenvolvimento da Coreia do Sul. O Primeiro Plano ( ) constituiu os passos iniciais para a construção de uma estrutura industrial no país. As políticas tinham em vista, num primeiro momento, assegurar as fontes que forneciam energia, a correção dos desequilíbrios estruturais, a expansão das indústrias de base e de infraestrutura, a mobilização de recursos que estavam inativos, o melhoramento do balanço de pagamentos e a promoção da tecnologia e do desenvolvimento. Para atingir estes objetivos, o governo deu prioridade para as áreas de energia elétrica, refinarias de petróleo, fertilizantes, cimento e fibras sintéticas (MASIERO, 2000). Para a transformação da Coreia do Sul, de país atrasado para país avançado industrialmente, foi importante a mudança da política econômica implementada no início dos anos 60, que tornou a industrialização voltada para a exportação.

52 51 Neste contexto, na década de 60, salienta Cho (1987 apud YOON e SOUZA, 1999, p.2) a existência dos seguintes fatores: a) desejo da população de sair da pobreza; b) mão de obra barata e com alta escolaridade; c) investimentos orientados para a exportação, com absorção de novas tecnologias; d) situação econômica internacional favorável para o crescimento econômico. Observam-se as ocorrências de preços das matérias primas baixos e estáveis, juntamente com o comércio internacional que crescia muito e a renda dos países desenvolvidos aumentava rapidamente, fazendo com que fosse absorvido o excedente de mão de obra e as exportações da Coreia do Sul Segundo Plano Quinquenal do Desenvolvimento, De acordo com Song (2003, apud MILTONS e MICHELON, 2007, p.11) o Segundo Plano Quinquenal de Desenvolvimento, que foi lançado em 1967, pretendia fomentar a alocação de recursos de forma eficiente por meio das políticas industrial, social, comercial e agrícola. Visava também, a melhora do balanço de pagamentos, o aumento em geral da produtividade e o desenvolvimento tecnológico. O Plano também propunha a continuidade do uso de políticas de incentivo, com as bases estabelecidas no desempenho exportador, na promoção de pesquisa e desenvolvimento para a introdução de novos produtos, no auxílio à defesa nacional e no aumento da produtividade. Por causa da alta de preços ocorrido no plano anterior, o Segundo Plano Econômico deu início a algumas medidas para conter a inflação. Entre elas, estava uma reforma financeira, que estabelecia taxas de juros positivas e realistas e também uma reforma fiscal, que propunha estabilizar os gastos do governo. Estas medidas tiveram como resultado o rápido crescimento do PIB e das exportações, aumento das reservas domésticas e preços estáveis. Contudo, como os investimentos públicos e privados aumentaram muito rapidamente, a demanda por investimentos ultrapassou essas reservas. Neste período a necessidade de aumentar as reservas internas e reduzir os empréstimos estrangeiros, tornou-se ainda maior (MASIERO, 2000).

53 Terceiro Plano Quinquenal de Desenvolvimento, O Terceiro Plano ( ) orientou seus objetivos para o progresso das exportações e fomento das indústrias pesadas e químicas. As indústrias que receberam o maior apoio foram as de aço e ferro, eletrônicos, maquinaria de transporte petroquímica e construção de navios. O Estado provia às novas indústrias, de matérias-primas, assistência financeira e empréstimos com baixas taxas de juros, com a intenção de diminuir ou até eliminar a dependência com o capital que vinha do exterior. Com a intenção de promover o desenvolvimento e a industrialização para fora da capital Seul, foram construídas indústrias em áreas menos desenvolvidas, gerando aumento das oportunidades de emprego nessas regiões (MASIERO, 2000). Na opinião de Miltons e Michelon (2007), os órgãos públicos, em 1972, detinham 87% do valor agregado que foi gerado pelo sistema financeiro, o que significava o controle de mais de dois terços dos recursos que se podiam investir dentro do país. Graças ao apoio financeiro, os principais chaebols aumentaram mais que o dobro sua participação no PIB entre 1973 a 1978 (LIM, 2003 apud MILTONS e MICHELON, 2007, p.12). Canuto (1994) afirma que o crescimento dos chaebols, somente foi possível por meio de elevadíssimas razões dívida/capital próprio. As receitas das atividades correntes eram usadas para a continuidade do aprendizado tecnológico e para compor a parcela de recursos próprios em novos investimentos, ao invés do resgate das dívidas anteriores. (MILTONS e MICHELON, 2007, p.12). Os chaebols faziam programas de treinamento interno, para que fosse desenvolvido o aprendizado tecnológico. Importava-se tecnologia do exterior e fazia-se a engenharia reversa (desmontagem e remontagem). A presença de técnicos japoneses contribuiu muito para a transferência de know-how (NAHM, 1996; CANUTO, 1994 apud MILTONS e MICHELON, 2007, p.12). A Coreia do Sul teve um gasto de aproximadamente US$ 681 milhões em royalties para importar know-how entre os anos , o que configurou 47,4% de todo o investimento em negócios feitos no exterior durante esse período. Trabalhadores foram motivados e encorajados a se especializarem em suas atividades. Segundo Lee (1996, apud MILTONS e MICHELON, 2007, p.12) a imposição feita pela competição global com direcionamento para o exterior forçou o governo e as firmas a investirem intensamente na acumulação de capital humano para a economia sul-coreana. Segundo Enos & Park (1988 apud CANUTO, 1991, p.185):

54 53 A Coreia do Sul não se baseou no investimento direto externo como fonte de tecnologia externa. A Coréia contratou tecnologia, mas não contratou produção. A Coreia favoreceu o ingresso de técnicas estrangeiras, mas não encorajou a propriedade estrangeira. (...) A Coreia adquiriu ambos os bens de capital e o know-how, ao invés de permitir que firmas estrangeiras os possuíssem. O crescimento acelerado da Coreia do Sul nesse período aumentou ainda mais as disparidades entre as classes econômicas, entre as indústrias de exportação e domésticas, entre as firmas com diferentes tamanhos e entre as regiões. Como resultado, reparar esse distanciamento entre as classes tornou-se prioridade tanto no Terceiro PQDE quanto no Quarto PQDE Quarto Plano Quinquenal de Desenvolvimento, O Quarto Plano ( ) tinha como objetivo o desenvolvimento de indústrias que, de fato, pudessem disputar nos mercados industriais internacionais. Foram consideradas estratégicas as indústrias de alta tecnologia, que exigiam mão de obra qualificada, como as de máquinas ferramentas, construção naval e eletrônicos. O Plano também focava em indústrias químicas e pesadas, tais como a petroquímica, de aço, ferro e metais não-ferrosos. Como consequência, estas indústrias tiveram uma taxa de crescimento de 51,8% em 1981 e suas exportações cresceram 45% do total. Para as indústrias de maquinaria, houve aumento de quase o dobro dos investimentos na geração de energia elétrica, motores, construção de equipamentos pesados e maquinaria integrada (MASIERO, 2000). Ao longo do Quarto Plano Quinquenal, foi dado o destaque para o desenvolvimento e crescimento da indústria pesada e química. Entretanto, dado que estas indústrias são intensivas em energia e, a Coreia possui o entrave da escassez de recursos naturais, houve, por consequência, o enorme gasto com a importação de petróleo. Durante este período, a taxa de crescimento das exportações chegou aos 112%, sem interromper a diminuição das exportações de baixa tecnologia. Isso se devia, também, ao fato de os novos objetivos que foram propostos pelo IV PQDE passarem pela inovação da tecnologia, aumento da eficiência, avanço do equilíbrio por meio do desenvolvimento da sociedade e por dar continuidade a uma economia auto sustentada. Em comparação com outros países, a exportação coreana, cresceu em um ritmo mais lento. A crise do petróleo foi a principal causa para a diminuição das exportações durante essa época, mas também teve o agravante da concorrência gerada pelos

55 54 Novos Países Industrializados (NPIs), que sustentavam a competitividade internacional com o baixo custo de sua mão-de-obra, sendo menores que o da Coreia do Sul (PERKINS, 1994 apud ANTÓNIO e MARQUES, 2009). Para Masiero (2000), a recessão mundial no final dos anos 70, o aumento dos preços dos combustíveis e da inflação fez com que a estrutura industrial da Coreia se desequilibrasse. O aumento da inflação também ocorreu pela ênfase dada aos investimentos nas indústrias pesadas, em um período em que a demanda se encontrava enfraquecida. Na tentativa de controlar estes problemas, o governo organizou um regime monetário para manter estável o fornecimento de preços, capital e a economia. De acordo com Miltons e Michelon (2007), os oficiais do governo, em 1977, começaram a encontrar dificuldades com as estratégias de promoção das indústrias pesadas e químicas, que ficaram conhecidas como Heavy-Chemical Industrialization ou HCI, durante o III PQDE, e foram organizadas alternativas para a reforma econômica, que havia sido interrompida pelo segundo choque do petróleo e pelo assassinato do presidente Park em outubro do mesmo ano. O regime do presidente Chun Doo-hwan que viria a seguir procurou dar continuidade a essa reforma econômica. Embora o governo de Chun tenha alcançado resultados representativos na diplomacia e economia do país, ele não obteve sucesso em conquistar o apoio e a confiança da população. Os sul-coreanos viam Chun como aquele que retirou de seu país a chance de estabelecer a democracia (MASIERO, 2000) Quinto Plano Quinquenal de Desenvolvimento, De 1982 a 1986, o Quinto Plano teve seu lançamento com o objetivo de edificar uma sociedade de bem estar. O início dos anos 80 foi marcado por um moroso crescimento da economia, devido à alta inflação e aumento da dívida no exterior. Tornou-se, ainda maior, a necessidade de acelerar o crescimento por meio das exportações. Sendo assim, as exportações passaram a ser prioridade novamente (MASIERO, 2000). Segundo Masiero, 2000, p.15: As principais mudanças na política comercial incluíam promoção dos produtos de exportação e diversificação de mercado, reformas no sistema de apoio às exportações, diminuição nas taxas para expandir a importação de produtos para a manufatura e aumento dos empréstimos associados com a exportação de bens duráveis, como máquinas e navios.

56 55 Yoon e Souza (1999) afirmam que durante o terceiro e o quarto planos quinquenais de desenvolvimento, o objetivo era estabelecer as indústrias pesada e química, já no quinto a estratégia era a modernização e estabilização da tecnologia. O governo também deu atenção especial para o controle da dívida externa, evidenciando a necessidade de aumento das reservas domésticas. O Plano focava nas indústrias de intensa tecnologia como as de máquinas de precisão, produção de vários tipos de eletrônicos (vídeos cassetes, televisores e semicondutores) e na informação. Maior ênfase foi dada aos produtos de alta tecnologia que cresciam sua demanda no mercado internacional (MASIERO, 2000). De acordo com Song (2003 apud MILTONS e MICHELON, 2007, p.14): Em termos macroeconômicos, houve melhorias: as taxas de inflação e desemprego caíram, e as taxas de crescimento do PNB, exportações e de poupança cresceram, levando o VI PQDE ( ) focar na eficiência da competitividade internacional Sexto Plano Quinquenal de Desenvolvimento, Durante o Sexto Plano Quinquenal, de 1987 a 1991, a estratégia era as áreas de tecnologia de informação. Como consequência, os incentivos do governo foram direcionados para os produtos com alto índice de sofisticação tecnológica. Os setores mais focados acabaram por ser o das telecomunicações, micro-eletrônicos e computadores (ANTÓNIO e MARQUES, 2009). O Plano dava ênfase à eficiência e a competitividade da economia coreana, internacionalmente, por meio da liberalização de seu mercado. No contexto das reformas políticas estava incluso uma radical diminuição da regulamentação do Estado sobre as empresas e a liberalização de seus mercados financeiros, das taxas de câmbio e das importações (MASIERO, 2000). Os propósitos do Sexto Plano se aproximaram muito aos do plano anterior, sendo as maiores mudanças no âmbito da política econômica que buscava: (...) a redução gradual de vários subsídios fiscais, privatização de empresas públicas, controle monetário indireto e diminuição dos empréstimos estrangeiros. As mudanças introduzidas neste plano levaram à expansão monetária e a atrasos no ajuste estrutural industrial, que deve-se, principalmente, ao superávit na balança de pagamentos. O governo

57 56 continuou enfatizando o desenvolvimento de ciência e tecnologia e a promover o potencial criativo e a iniciativa das empresas e sul-coreanos em geral (MASIERO, 2000, p.16). Como resultado do direcionamento das políticas para as áreas intensivas em tecnologia como o de computadores, micro-eletrônicos e outros produtos, a Coreia do Sul passou a produzir mais da metade das memórias RAM que eram utilizadas nos computadores no mundo todo e se tornou responsável por, aproximadamente, 40% da produção mundial de navios (PAGE, 1994 apud ANTÓNIO e MARQUES, 2009, p.47) Sétimo Plano Quinquenal de Desenvolvimento, No final de 1991, a Coreia do Sul e a do Norte são reconhecidas pelas Nações Unidas como países separados e assinam um pacto de paz. Nas eleições de 1992, foi eleito o candidato Kim Young Sam que lançou um programa contra a corrupção, visando tornar públicas as propriedades de militares e políticos. É nesse cenário que surge o Sétimo Plano Quinquenal de Desenvolvimento ( ), após a Coreia do Sul ter se tornado membro das Nações Unidas com uma renda per capita de 7 mil dólares (MASIERO, 2000). Os principais objetivos do Sétimo Plano eram: (...) promover uma economia eficiente e saudável, inovar a administração e estabelecer um trabalho correto e ético. O governo enfatizava a reorganização da educação e promoção de treinamento profissional, expansão da infraestrutura e eficiência no transporte, administração eficiente, organização industrial e reforço das pequenas e médias empresas, melhorias na estrutura agrícola, restabelecimento das funções do governo, expansão da abertura econômica, preparação para a unificação e promoção da cooperação norte-sul (MASIERO, 2000, p.16). Entretanto, esse plano acabou sendo suspenso antes do final de seu segundo ano e foi substituído pelo Plano Quinquenal da Nova Economia ( ), elaborado pelo governo de Kim. Neste Plano foi realçada a relevância das reformas com o intuito de elevar a Coreia do Sul ao patamar de país industrialmente desenvolvido até Estas reformas indicavam a desregulamentação do setor financeiro, a liberalização do mercado e o fomento do investimento direto externo (MILTONS e MICHELON, 2007). Segundo Kwon (1997 apud MILTONS e MICHELON, 2007, p.14) um dos efeitos desse PQNE foi a entrada da Coreia, em 1996, na OCDE.

58 57 De acordo com o Quadro 3.2, todos os PQDE geraram uma situação cooperativa entre o Estado, as empresas privadas e o restante da sociedade, delineando um caminho para o futuro. Quadro 3.2: Planos Quinquenais de Desenvolvimento Econômico da Coréia do Sul, 1962 a 1996 Plano e período Meta Observação 1o o o o o o o Taxa de cresc. (%)* 7,1 (7,9) 7,0 (9,3) 8,6 (10,2) 9,2 (6,1) 7,6 (9,3) 7,3 (10,0) 7,5 (7,0) - Romper o círculo vicioso de pobreza - Construção da base de auto- sustentação da economia - Modernização da estrutura industrial - Avanço da economia de auto-sustentação - Harmonização entre crescimento e estabilização - Realização da economia de auto-sustentação - Desenvolvimento integrado do território nacional com equilíbrio regional - Realização da estrutura econômica de autosustentação - Avanço no equilíbrio através do desenvolvimento social - Inovação tecnológica e aumento de eficiência - Estabilização da economia, aumento da competitividade internacional, obtenção de superávit da balança comercial; - Criação de empregos e aumento de renda - Desenvolvimento com equilíbrio entre classes e regiões - Aumento da equidade e da justiça social - Desenvolvimento, equilíbrio e melhoria do bemestar social - Abertura da economia - Avanço da competitividade internacional da indústria - Aumento da equidade social e desenvolvimento equilibrado - Abertura da economia, avanço na autosustentação da economia e preparação da base de reunificação com a Coreia do Norte - Construção de infra-estrutura, substituição de importações de bens de consumo e aumento da base da indústria exportadora - Esforço de exportação de bens da indústria leve - Estabelecimento da base da indústria pesada e química - Continuação da construção da base da indústria pesada e química - Tentativa de resolver os problemas gerados pelo crescimento desde 1962: estabilização, ajuste da estrutura industrial, realização de superávit na balança comercial e estabilização de preços - Começa-se a focalizar a abertura econômica - Procurou-se resolver o conflito social: greves, surgimento do problema da equidade social - Atenção à melhoria da equidade social, avanço tecnológico para melhoria da competitividade internacional da indústria nacional e intensificação da abertura econômica Fonte: Song, 1992, p apud YOON e SOUZA, 1999, p.10. Obs.: * Os valores entre parênteses referem-se à taxa média anual de crescimento do PNB do período; a outra taxa, é a planejada. 3.5 DE 1990 A 1997 Durante os anos 90, devido ao aumento da competição internacional e a uma maior abertura da economia, a margem de lucro dos conglomerados (chaebol) sofre uma queda. O aumento das dívidas dos chaebols junto aos bancos nacionais, e consequentemente, as dívidas

59 58 destes junto aos credores estrangeiros, faz com que alguns grupos não fossem capazes de se sustentar e vieram a quebrar (MILTONS e MICHELON, 2007). Esse fato associado à crise de liquidez e ao ataque contra moedas não só na Coréia, mas em outros países do leste asiático, marca a crise que derrubou a taxa de crescimento do PIB para 5,71 pontos percentuais negativos em (MILTONS e MICHELON, 2007, p.8). Segundo Lee (2011), em decorrência da grande instabilidade na economia e a preocupação dos investidores estrangeiros, de que a crise tivesse efeito em outros países da Ásia, estes retiraram rapidamente seu capital dos mercados asiáticos. Como resultado, na segunda metade de 1997, a taxa de câmbio disparou. Entretanto, o governo da Coreia do Sul não possuía o suficiente em reservas cambiais para combater a desvalorização de sua moeda, o que o obrigou a pedir auxilio ao FMI para salvar sua economia. Algumas situações são importantes de se destacar sobre o desenvolvimento coreano no Quadro 3.3. Quadro 3.3: Estágios e estratégias de desenvolvimento econômico da Coreia do Sul, 1948 a 2000 Período Estágios de Estratégias de Desenvolvimento Desenvolvimento Período de reconstrução 1. Política de industrialização por Substituição de Importações 2. Indústrias manufatureiras leves 3. Reconstrução nacional Período de crescimento orientado para exportações 1. Orientação para fora (exportação) 2. Indústrias manufatureiras leves Crise e recuperação 1. Orientação para fora (exportação) 2. Promoção das indústrias pesadas e químicas (HCI) Recuperação e crescimento 1. Expansão das indústrias intensivas em tecnologia 2. Estabilização de preços Crise 1. Ênfase nas pequenas e médias empresas 2. Promoção de inovação e empresas de alta tecnologia 3. Abertura comercial 1999 em diante Recuperação e crescimento 1. Recuperação econômica 2. Introdução de políticas ortodoxas recomendadas pelo FMI 3. Transição para economia do conhecimento 4. Ênfase nas indústrias intensivas em alta tecnologia e capital humano Fonte: baseado em Lee (1996) e World Bank (2006). In: MILTONS e MICHELON, 2007, p.8 De 1990 a 1997, um dos principais objetivos do governo era alcançar o equilíbrio do balanço de pagamentos e promover a liberalização da economia. Foi então que, a partir de 1990, o investimento direto externo (IDE) passou a ser usado como ferramenta da política

60 59 econômica na industrialização da Coreia. O papel do governo sul-coreano é então alterado, antes regulador agora incentivador dos IDEs (LEE, 2011). Para António e Marques (2009), o IDE foi um dos elementos fundamentais para a reforma do sistema econômico, e deu a Coreia o status de um dos principais países de reserva cambial em todo o mundo. A política de crescimento da Coreia passou de um desenvolvimento assente em endividamento externo, para um desenvolvimento com base na captação de IDE a partir da década de 90. Esta foi uma mudança que se tornou particularmente visível após a crise financeira vivida nos anos 90 (ANTÓNIO e MARQUES, 2009, p.72). Como resultado, entre 1998 e 2002, a Coreia do Sul, conseguiu arrecadar 60 bilhões de dólares em IDE (LEE e RUGMAN, 2008 apud ANTÓNIO e MARQUES, 2009, p.72). 3.6 ANOS 2000: PRINCIPAIS OCORRÊNCIAS De acordo com o projeto de Seminários Bilaterais de Comércio Exterior e Investimentos, realizado pela Federação das Câmaras de Comércio Exterior FCCE (2007), a Coreia se tornou um país com o qual muito temos que aprender. Após sair de uma terrível guerra do século XX (a Guerra da Coreia, entre 1950 e 1953, que dividiu o país entre norte comunista e sul capitalista), a Coreia do Sul se transformou, em menos de meio século, em um país com uma economia forte, com uma renda per capita três vezes maior que a do Brasil, por exemplo. Para Ullrich (2000 apud MARQUES e ANTÓNIO, 2009), na atualidade, a inovação tecnológica é considerada a variável principal para o desenvolvimento, dando condição para a inserção competitiva das diversas economias no mercado mundial. Com um comércio exterior agressivo na Coreia, a venda de produtos de alta tecnologia é ponto chave em sua pauta exportadora. A Coreia do Sul possui empresas líderes nesse mercado de grande valor agregado, obtendo saldos positivos com vários países do mundo. Nem com a crise financeira global, que ocorreu em meados de 1997, a Coreia perdeu sua posição de destaque como uma das mais importantes economias do mundo (FCCE, 2007).

61 PIB, PIB per capita, percentual de crescimento e evolução da produção da Coreia do Sul. De acordo com os autores Moura et al (2011), o crescimento econômico da Coreia do Sul se deu através da (...) redução drástica das importações; o incentivo às exportações; o desenvolvimento de indústrias leves; a exportação de produtos manufaturados, que passou de 15% nos anos 60 para 80% nos anos 70 (...). O PIB per capita do país passou de US$ 284 em 1970 para US$ em Ainda segundo os autores, o maciço investimento em educação também foi uma das principais razões para o crescimento econômico coreano: (...) foram criados institutos de ensino voltados para a tecnologia, no desenvolvimento de produtos de ponta, o qual gerou grande produtividade à economia; a medida do governo, que criou um sistema de laços íntimos desenvolvidos com a iniciativa privada, gerando os famosos chaebols grandes conglomerados empresariais (MOURA et al, 2011, p.105). A exemplo das empresas LG, Samsung, Kia Motors e Hyundai que receberam importantes incentivos do governo (restrição das importações e facilidade para a obtenção do crédito) conseguindo se consolidar no mercado interno e promover a expansão da indústria sul-coreana.

62 Tabela 3.1: Evolução do PIB, PIB per capita e percentual de crescimento da Coreia do Sul, 1970 a 2012 Ano PIB em milhões US$ Taxa de crescimento PIB per capita US$ , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , * 2,00* * *Valor estimado Fonte: UNCTAD, Elaboração própria. 61

63 62 Na Tabela 3.1 é possível obervar que em menos de meio século a Coreia conseguiu multiplicar seu PIB e a renda de sua população. A Coreia do Sul passou de um PIB de apenas US$ 8 bilhões em 1970, para mais de US$ 1 trilhão em 2012, o que demonstra uma incrível façanha para um país que na década de 70 encontrava-se quase que destruído e com graves problemas econômicos. Através do percentual de crescimento do PIB é possível observar esse forte avanço da economia sul coreana, que na média dos anos ficou em torno de 7,01%, uma taxa alta de crescimento e difícil de encontrar na maioria dos países, elevando a Coreia para as primeiras posições mundiais. A partir do Gráfico 3.1, com exceção da segunda metade da década de 90, em que ocorreu a crise asiática, o PIB apresenta crescimento constante. No entanto, se separar a análise por décadas é possível notar a diminuição da taxa de crescimento ao longo do tempo, tal como era de se esperar. De 1970 a 1980 foi o período em que a economia da Coreia do Sul mais cresceu sendo seu crescimento de 720%, já da década de 80 para 90 o crescimento foi de 419%, caindo para 197% de 90 a 2000 e 190% na década seguinte. Embora, muito do crescimento do primeiro período se deva ao estado deficitário que a economia se encontrava. Gráfico 3.1: PIB da Coreia do Sul de 1970 a em milhões de US$ Fonte: UNCTAD, Elaboração própria. Esse crescimento econômico de aproximadamente % se traduz em aumento da renda, o que fez com que o PIB per capita se elevasse de US$ 284 em 1970, para US$ mil em A partir desse crescimento a Coreia sobe posições no ranking mundial e alcança o nível entre os países com maior renda per capita do mundo, se igualando a países desenvolvidos. O que se diferencia fortemente da sua posição na década de 70 em que estava mais próximo dos países subdesenvolvidos, como os da África. A evolução do crescimento do

64 63 PIB per capita é igual ao do próprio PIB, assim como se pode observar no Gráfico 3.2. Se colocadas as curvas em um mesmo gráfico, ainda que em escalas diferentes, seriam praticamente as mesmas. Esse fato mostra como o crescimento da economia da Coreia do Sul foi consistente. Gráfico 3.2: PIB per capita da Coreia do Sul de 1970 a 2012 em milhões de US$ Fonte: UNCTAD, Elaboração própria. Em relação ao comportamento da taxa de crescimento da economia sul-coreana notase que nos início dos anos 90 a Coreia cresceu 9,71%. A década de 90, para a Coreia do Sul, é marcada pela produção de alto valor agregado, melhora da tecnologia e, consequente, aumento significativo da taxa de crescimento. Com a crise financeira mundial dos anos 1998 há uma brusca queda do crescimento da economia sul-coreana, mas que é rapidamente recuperado no ano seguinte, alcançando novo pico histórico de 10,73% de crescimento. É possível notar que a inflação acompanhou esse crescimento, porém de forma controlada.

65 64 Gráfico 3.3: Níveis de crescimento econômico e inflação da Coreia do Sul de 1990 a 2012 Fonte: UNCTAD, Elaboração própria. Nos anos 50, a Coreia do Sul mostrava um baixo grau de abertura da economia e uma fraca motivação exportadora de produtos manufaturados, exportando apenas produtos fundamentalmente primários com pouca tecnologia. No início dos anos 60, esse tipo de mercadoria representava de 60 a 75% do total das exportações do país. E no final da década, ainda que a grande parte da exportação coreana fosse de produtos manufaturados (88,56%), 73,85% deles eram de produtos com baixa tecnologia, intensos no fator trabalho, de acordo com a Tabela 2.2 (MARQUES e ANTÓNIO, 2009). No entanto, esta situação se modificaria de uma maneira radical e de certo modo repentina. Segundo Marques e António, 2009, p.36: O ritmo de crescimento das exportações de produtos manufaturados foi de tal forma elevado que num curto período de tempo, a estrutura de exportações alterou-se substancialmente. Entre 1964 e 1966 a taxa de crescimento anual das exportações era 44% e entre os anos 1972 e 1976 era, extraordinariamente, 571,70%, sendo destes, 628,46% de produtos manufaturados. Os produtos manufaturados que apresentaram um maior crescimento de suas exportações, sendo, contudo os produtos com alto grau de tecnologia os responsáveis pelas maiores taxas de crescimento. Sendo assim, para Marques e António (2009), é possível perceber uma clara tendência para que as exportações se concentrem não somente em produtos manufaturados, mas mais especificamente nos produtos de alto índice tecnológico.

66 65 Tabela 3.2: Estrutura das exportações da Coreia do Sul, 1967 a 2006 em milhões de US$ Ano Total Valor Taxa de crescimento 571,70% 248,64% 82,85% 118,45% 66,00% 44,19% 66,02% Valor Produtos Manufaturado % 88,56% 96,04% 96,15% 98,14% 91,18% 98,95% 99,33% 99,57% Taxa de crescimento 658,46% 249,03% 86,64% 118,54% 67,30% 44,74% 66,43% Valor Produtos Não Manufaturados % 11,44% 3,96% 3,85% 1,86% 1,82% 1,05% 0,67% 0,43% Taxa de crescimento 132,49% 239,05% -11,73% 113,72% -4,18% -7,40% 5,85% Produtos de Alta Tecnologia Valor % 5,62% 12,27% 12,70% 14,99% 24,00% 27,34% 32,01% 34,57% Taxa de crescimento 1367,12% 260,85% 115,79% 249,45% 89,05% 68,84% 79,31% Produtos de Média-Alta Tacnologia Produtos de Média-Baixa Tecnologia Valor % 3,52% 5,27% 9,19% 12,02% 18,05% 26,60% 27,93% 34,06% Taxa de crescimento 904,47% 507,99% 139,16% 227,96% 144,63% 51,41% 102,43% Valor % 5,56% 16,64% 22,72% 30,77% 17,92% 20,43% 22,61% 22,14% Taxa de crescimento 1910,95% 375,90% 147,63% 27,23% 89,23% 59,54% 62,59% Valor Produtos de Baixa Tecnologia % 73,85% 61,85% 51,53% 40,36% 38,21% 24,58% 16,78% 8,81% Taxa de crescimento 462,54% 190,48% 43,20% 106,81% 6,81% -1,59% -12,88% Fonte: Dados CEPII CHELEM. Elaboração dos autores Marques e António, Ao observar o crescimento ao longo do período, é possível notar na Tabela 3.2 que a exportação de produtos manufaturados representava no entre ,57% das exportações da Coreia do Sul. Nestes termos, refere-se a constatação de que nesse período, praticamente não havia a exportação de produtos não faturados. Por outro lado pode-se ainda

67 66 realçar que destes produtos manufaturados, somente 8,81% eram produtos com baixa tecnologia, sendo, portanto, a maior parte dos produtos de alta e média alta tecnologia. Segundo Dent (2003 apud MARQUES e ANTÓNIO, 2009) pela a análise da tabela anterior: verifica-se que existiu na Coreia, como que um abandono das exportações de produtos tipicamente primários, havendo uma especialização em produtos de maior índole tecnológico. De acordo com Masiero (2009), atualmente a Coreia do Sul, não só desenvolve produtos e serviços inovadores como também estabelece padrões tecnológicos. O setor da construção naval é o primeiro do mundo. O de produção de semicondutores é o terceiro em escala mundial e o eletrônico ocupa o quarto lugar. Os setores siderúrgico e automobilístico ocupam a quinta posição do ranking mundial dos maiores produtores. Esses são os principais setores responsáveis pelos mais de US $ 300 bilhões em exportações em Quadro 3.4: Evolução da produção da Coreia do Sul, 1960, 1970, 1980, 1990 e 2000 Década Produtos 1960 Tecidos, roupas, brinquedos e compensados de madeira Navios, aço, bens de consumo, eletroeletrônicos e serviços de construção Computadores, chips de memória, semicondutores, gravadores, videocassetes e automóveis Televisores com alta densidade, sistema de comunicação pessoal e um novo tipo de reator nuclear Telefones celulares e televisores com monitores de cristal líquido (LCD TV). Fonte: dados contidos no artigo FORTE, Elaboração própria. Para Masiero (2006), os dois produtos responsáveis pelo sucesso da Coreia do Sul no setor de informação e tecnologia são: os telefones celulares e televisores com monitores de cristal líquido (LCD TV). Segundo Moura et al, 2011, p.103: Os telefones celulares são produzidos na Coreia, e não na China, pela necessidade de um melhor padrão de qualidade. Produtos que não exigem elevada qualidade passaram a ser exportados ou fabricados na China. Em função de a distância ser um fator importante nos intercâmbios internacionais, a China passou a ser o primeiro parceiro comercial e de investimentos diretos da Coreia do Sul.

68 Formação Bruta de Capital Fixo e investimento nas diversas áreas tecnológicas da Coreia do Sul A Formação Bruta de Capital Fixo constitui indicador que mede o quanto as empresas aumentaram os seus bens de capital, ou seja, aqueles bens que servem para produzir outros bens. São basicamente máquinas, equipamentos e material de construção. Ele é importante porque indica se a capacidade de produção do país está crescendo e também se os empresários estão confiantes no futuro (IPEA, 2013). A partir do Gráfico 3.4 é possível observar que o valor para a formação bruta de capital fixo (percentual de crescimento anual) na Coréia do Sul foi -1,14% em Ao longo dos últimos 50 anos, este indicador atingiu um valor máximo de 59,6% em 1966 e um valor mínimo de -22,93% em 1998, ano considerado como início da crise econômica mundial, cujo reflexo atingiu a maioria dos países. Gráfico 3.4: Formação Bruta de Capital Fixo da Coreia do Sul, 1961 a 2011 % de crescimento anual Fonte: Indexmundi, Elaboração própria. No Gráfico 3.5, os investimentos em formação bruta de capital fixo na Coreia do Sul possuem um percentual alto e alcançou em torno dos 28% do PIB de 2004 a 2011.

69 68 Gráfico 3.5: Formação Bruta de Capital Fixo da Coreia do Sul, 1960 a 2011 em % do PIB Fonte: Indexmundi, Elaboração própria. A formação bruta de capital fixo como porcentagem do PIB na Coreia do Sul foi 27,44% em Seu valor mais alto nos últimos 51 anos foi de 38,89%, em 1991, enquanto o seu menor valor foi de 11,44%, em De acordo com Moura et al (2011), na Figura 3.1 registra-se o investimento em diversas áreas tecnológicas, bem como tecnologia cultural, tecnologia especial, tecnologia ambiental, nanotecnologia, biotecnologia e tecnologia da informação. Figura 3.1: Investimento nas diversas áreas tecnológicas da Coreia do Sul, 2002 a 2005 Fonte: MASEIRO (2006 apud MOURA et al, 2011, p.104).

70 69 Nestes termos, a partir da Figura 3.1 percebe-se que o sucesso do crescimento coreano está fortemente relacionado ao investimento em P&D e em tecnologia Balanço de Pagamentos, participação das exportações na produção e penetração das importações Após a análise do PIB da Coreia do Sul, observa-se junto ao Gráfico 3.6 referente ao comportamento do balanço de pagamentos que, mesmo com as crises que ocorreram no país, de modo geral, a Coreia sempre obteve um alto superávit no balanço de pagamentos, também, sua grande capacidade de recuperação da economia após os momentos adversos causados pelas crises. Gráfico 3.6: Balanço de pagamentos da Coreia do Sul, 1980 a em milhões de US$ Fonte: UNCTAD, Elaboração própria. Ao observar este Gráfico fica evidente que na última década o potencial agressivo da Coreia de aumento das exportações e diminuição das importações tem maior destaque, o que reflete no seu balanço de pagamentos. O país passa de valores negativos na década de 80 e alcança superávit de 1998 em diante, com exceção de Em 2012 a Coreia consegue atingir quase 40 milhões de dólares de superávit.

71 70 Gráfico 3.7: Balança de Bens e Serviços da Coreia do Sul, 1980 a em milhões de US$ Fonte: UNCTAD, Elaboração própria. A balança comercial representa as entradas e saídas de bens e serviços de um país. Em 1998 a balança de bens teve um superávit de US$ 43 bilhões, maior saldo positivo em 30 anos, de acordo com o Gráfico 3.7. Em 2004 a Coreia do Sul exporta mais bens do que importa e, como resultado, alcança um superávit de US$ 39,6 bilhões, em 2011 há um déficit de US$ 19,4 bilhões. A Coreia do Sul teve um superávit na sua balança de serviços entre 1980 e 1989, com uma média de US$ 2,1 bilhões ao ano. De 1990 até 2011, registrou-se déficit da balança de serviços, com exceção para o ano de 1998, fechando em 2012 com um superávit de US$ 4 bilhões. Na Tabela 3.3, é possível observar alguns dos bens que são produzidos na Coreia e a porcentagem da produção que é exportada.

72 71 Tabela 3.3: Porcentagem da produção que é exportada da Coreia do Sul, 2001, 2003, 2005, 2007 e em % Setores AGRICULTURA, caça, silvicultura e pesca 2,44 1,89 1,65 1,28 2,00 Extração de produtos energéticos 0,08 0,13 0,34 2,76 0,11 INDÚSTRIA 30,02 31,05 30,67 31,12 34,29 Produtos alimentares e bebidas 4,66 4,40 4,06 3,87 4,98 Os produtos de tabaco 4,15 9,05 8,92 12,45 17,15 Têxteis, vestuário, couro e calçados 49,22 41,75 33,58 29,44 32,27 Químicos, excluindo produtos farmacêuticos 32,72 34,74 38,49 40,70 44,92 Metais não-ferrosos 33,98 41,74 23,80 25,54 38,68 Máquinas e equipamentos 43,92 47,77 48,29 48,05 51,58 Equipamento elétrico e de óptica 49,15 54,03 55,99 55,84 57,95 Máquinas de escritório, contabilidade e informática 73,06 106,36 231,05 227,83 184,45 Máquinas e aparelhos elétricos 24,34 26,14 35,48 29,56 40,11 Rádio, televisão e equipamentos de comunicações 49,82 51,54 46,91 44,46 43,34 Instrumentos médicos e de precisão ópticos 34,22 43,40 106,29 152,55 238,49 Equipamento de transporte 39,50 40,14 41,45 41,83 46,88 Construção e reparação de navios e embarcações 66,11 61,33 60,61 54,75 66,55 Metais básicos, produtos de metal, máquinas e equipamentos 36,51 38,78 37,36 37,57 41,38 Alta tecnologia 48,75 53,97 54, Média-alta tecnologia 30,44 32,58 34, Média-baixa tecnologia 22,99 21,50 20,83 22,38 27,84 Baixa tecnologia 21,78 18,47 14,29 12,17 13,39 Alta e média-alta tecnologia 39,51 42,29 43,46 43,74 47,65 Fonte: OCDE, Neste contexto, a partir da Tabela 3.3, nota-se que a Coreia exporta grande parte do que é produzido no país. Na agricultura não há muito destaque, tendo apenas 2% do que é produzido internamente exportado em 2009, sendo que a extração de produtos enérgicos representado por 2,76%, em 2007, reduziu para 0,11% em Nos itens que são produzidos pela indústria, as exportações de máquinas de informática para escritório passou de 73% em 2001 para 185% em 2009, ou seja, além do que é produzido no país, a Coreia importa produtos para então, exportá-los. Os instrumentos médicos e de precisão ópticos em 2001, este país exportava menos da metade de sua produção, porém, a partir de 2005 a Coreia passou a exportar mais de 100% de sua produção. Os produtos de alta tecnologia foram os mais exportados no começo dos anos 2000, seguidos pelos de alta e média-alta tecnologia, média-alta tecnologia, média-baixa tecnologia e por último os de baixa tecnologia. A exportação de produtos menos intensivos em tecnologia vem caindo ao longo dos anos, de 21,78% em 2001 para 13,39% em 2009, enquanto que os de alta e média-alta tecnologia vem aumentando de 39,51% em 2001 para 47,65% em 2009.

73 72 O indicador de penetração das importações mede a participação das importações no consumo doméstico, o que contribui para identificar movimentos de substituição de produtos nacionais por importados. Na Tabela 3.4, a Coreia mostra grande movimento na importação de produtos energéticos, dada a escassez de recursos naturais existente no país. Tabela 3.4: Penetração das importações da Coreia do Sul, 2001, 2003, 2005 e em % Setores AGRICULTURA, pesa, silvicultura e pesca 12,01 13,19 12,29 13,82 15,54 Silvicultura, exploração florestal e atividades relacionadas 32,20 34,45 35,97 36,80 33,83 Mineração 94,24 93,39 95,14 96,37 96,74 Extração de produtos energéticos 98,67 98,88 98,98 99,19 99,37 Extração, exceto de produtos energéticos 63,68 59,63 68,98 78,41 79,96 INDÚSTRIA 23,17 24,37 22,82 23,60 24,68 Vestuário, tingimento e curtimento de peles 28,17 30,25 26,25 27,95 29,28 Couro, produtos de couro e calçados 29,92 31,48 34,50 39,76 48,15 Substâncias e produtos químicos 27,24 27,60 29,30 30,89 32,18 Metais básicos 19,95 23,54 20,24 22,84 20,42 Ferro e aço 11,02 14,31 15,53 17,64 15,58 Metais não-ferrosos 51,67 56,61 39,14 38,11 42,59 Máquinas e equipamentos 38,47 40,26 38,71 37,65 39,89 Equipamentos elétricos e de óptica 42,39 44,58 44,01 42,12 43,10 Máquinas de escritório, contabilidade e informática 53,12 124,83-232,99-418,82 338,34 Equipamento de transporte 8,76 9,15 9,37 10,92 11,26 Alta tecnologia 41,11 42,85 41, Média-alta tecnologia 23,80 25,09 25, Média-baixa tecnologia 15,84 17,59 15,72 17,45 18,24 Baixa tecnologia 16,77 17,03 15,62 17,25 18,08 Alta e média-alta tecnologia 30,10 31,12 30,25 29,88 31,43 Fonte: OCDE, A Coreia do Sul importou quase 100% dos produtos energéticos ao longo dos anos A indústria importou em torno de 24% entre 2001 e A importação de metais nãoferrosos diminuiu de 2001 para 2009 e a importação de máquinas equipamentos teve um leve aumento 3,5% de 2001 a A maioria das importações é de alta tecnologia nos anos de 2001, 2003 e Depois de 2003 as mercadorias de média-baixa tecnologia superam as de baixa tecnologia, que passa a ser mais importadas em 2009, com 18,24%. O aumento das importações permite um incremento na produção de alguns setores, gerando maior necessidade por mão de obra. Em outros, porém, esse aumento de compras de insumos no exterior aumenta a produção, mas reduz vagas. Isso explica por que o número de

74 73 pessoas empregadas no setor da indústria vem diminuindo, enquanto que no setor de serviços esse número cresce a cada ano (SOFIA e CRUZ, 2007). A conta capital também faz parte do balanço de pagamentos de um país como mostra o Gráfico 3.8 e registra as transações e a quantidade de empréstimos do país no exterior, quanto mais negativo for o seu saldo melhor estará o país. Gráfico 3.8: Conta capital da Coreia do Sul, 1980 a em milhões de US$ Fonte: Bank of Korea. Elaboração prória. Para a Coreia do Sul, então, observa-se que o país vem obtendo resultados cada vez melhores em sua conta capital. Nos anos 80 a Coreia do Sul recebia mais capital do que enviava. A partir de 1998, essa tendência é revertida e a Coreia do Sul registrou um envio ao exterior de US$ 35,7 bilhões. Uma década depois, em 2008, há uma queda no envio de capital da Coreia para o mundo, sendo de apenas US$ 753 milhões. De 2009 a 2012, o envio de empréstimos deste país ao exterior volta a aumentar, fechando com US$ 43,6 bilhões em Dívida bruta, doméstica e externa da Coreia do Sul. Outra forma de analisar macroeconomicamente a economia de um país é através da relação da dívida bruta do governo e seu percentual em relação ao PIB. No Gráfico 3.9 tem-se o registro da dívida bruta do governo da Coreia do Sul em bilhões de dólares.

75 74 Gráfico 3.9: Dívida bruta da Coreia do Sul, 1990 a 2012 em bilhões de US$ Fonte: IMF, World Economic Outlook Database, October Elaboração própria. De 1990 a 1996 a Coreia do Sul registrou em média uma dívida bruta do governo de US$ 34,2 bilhões por ano. Porém, a partir dos anos 1967 essa dívida aumenta ao longo dos períodos, sendo US$ 108,7 bilhões em 2000, US$ 309 bilhões em 2008 e US$ 445 bilhões em Mas, mais importante do que avaliar somente o desempenho do crescimento da dívida bruta é necessário ver sua relação com o PIB. No Gráfico 3.10 nota-se o aumento desse percentual. Gráfico 3.10: Dívida do governo da Coreia do Sul em relação ao PIB, 1990 a em bilhões de US$ Fonte: IMF, World Economic Outlook Database, October Elaboração própria.

76 75 Apesar dos excelentes resultados macroeconômicos que a Coreia vem apresentando no decorrer dos anos, observando o Gráfico 3.10 constata-se que a porcentagem da dívida bruta do governo vem aumentando em relação ao PIB, dado que nos anos 90 esse índice estava em torno de 13% e em 2012 alcança os quase 35%. No entanto, mesmo com esse aumento, a Coreia do Sul está entre os países com menor grau de endividamento, o que lhe confere um diferencial econômico para a intervenção do governo (IMF, 2013). A dívida pública representa o total acumulado de todos os empréstimos menos os reembolsos quantificados do governo em moeda local do país. Dessa forma, a dívida pública não deve ser confundida com dívida externa, que reflete os passivos em moeda estrangeira de ambos os setores público e privado e deve ser financiado com receitas em divisas internacionais. Conforme o Gráfico 3.11 abaixo, a Coreia do Sul apresentou uma dívida pública em relação ao PIB de 31,9 % em 2006 e 33,6% em 2011, os dois pontos mais altos do Gráfico, embora a média desses 8 anos tenha ficado em torno de 26%. Gráfico 3.11: Dívida pública da Coreia do Sul, 2004 a em % Fonte: Indexmundi, Elaboração própria. A dívida externa coreana, segundo o Gráfico 3.12, mostra o total da dívida pública e privada em dívida para com os não residentes a qual se paga com moeda estrangeira, bens e serviços. Estes valores levam em consideração a taxa de câmbio.

77 76 Gráfico 3.12: Dívida externa da Coreia do Sul, 1994 a em milhões de US$ Fonte: Bank of Korea. Elaboração própria. A dívida externa da Coreia do Sul mostrou evolução, sobretudo, depois de Observa-se que dívida externa de curto prazo da Coreia do Sul caiu para US$ 126,7 bilhões no final de O número representa uma queda de US$ 10,7 bilhões em relação ao final de 2011, a maior baixa em termos absolutos desde a crise financeira asiática de Inflação A inflação medida pelo índice de preços ao consumidor reflete a variação percentual anual no custo para o consumidor médio de aquisição de uma cesta de bens e serviços que podem ser fixados ou alterados em intervalos específicos, tais como anual. Para que a Coreia do Sul conseguisse aumentar a renda da sua população, fortalecer a indústria doméstica e se tornar um país economicamente atrativo era necessário que a inflação estivesse sob controle, dado que quanto menor ela for, maiores são as condições do país competir com o resto do mundo. O Gráfico 2.13 mostra a evolução da inflação ao longo de 3 décadas.

78 77 Gráfico 3.13: Evolução do índice de inflação da Coreia do Sul de 1980 a em % Fonte: UNCTAD, Elaboração própria. A partir do Gráfico 3.13 é possível observar que já no começa da década de 80 o país conseguiu manter seus índices de inflação a níveis baixíssimos, podendo se comparar a países de primeiro mundo. Ao longo da primeira década a média da inflação ficou em 8,4%, nos anos 90 baixou para 5,7%, chegando aos anos 2000 com a média em 3,4% Patentes e investimento em P&D Uma forma de analisar o investimento em tecnologia é a quantidade de patentes e investimento em P&D. Na Tabela 3.5, observa-se que a Coreia fez altos investimentos em tecnologia, no período entre 1980 e 2000, pois passou de 8 patentes outorgadas, em 1980, para em Tabela 3.5: Patentes outorgadas em países selecionados entre 1980 e 2000 Países Estados Unidos Taiwan Coreia Brasil Fonte: U.S. Patent and Trade Mark Office apud SAGIORO, Na Coreia do Sul, os gastos em P&D são basicamente realizados pela indústria (setor privado). Há, também, financiamento do governo para pesquisa e desenvolvimento (Gráfico 3.14), no entanto em menores proporções (MOURA et al, 2011).

79 78 Gráfico 3.14: Dispêndio público e privado em P&D da Coreia do Sul e países selecionados em % do PIB Fonte: In: Ribeiro, Ruppert, *Estimativa No Gráfico 3.14 nota-se que o setor privado da Coreia do Sul investe muito mais em P&D do que o Governo. Com exceção da taxa de investimento realizado em P&D pelas empresas do Japão que é de 2,68 por cento, as empresas sul coreanas investem mais em pesquisa e desenvolvimento do que os outros países analisados, 2,46 por cento do PIB. Se a Coreia do Sul chegou ao padrão tecnológico de hoje, com empresas do porte da Samsung, LG, Kia e da Hyundai foi porque investiu pesado nessa direção. Ao longo dos diversos PQD, o governo da Coreia do Sul fez um esforço para criar um ambiente favorável e que viabilizasse o dispêndio empresarial em P&D através de políticas governamentais. No entanto, essa não é uma tarefa fácil, considerando o exemplo do Brasil que possui 0,57 por cento do PIB investido pelo setor privado. A Tabela 3.6 ilustra o ranking dos 20 países com maior gasto bruto em Pesquisa e Desenvolvimento.

80 79 Tabela 3.6: Previsão de gastos internos brutos em P&D, países selecionados, 2009, 2010 e 2011 em bilhões de US$ Ranking mundial Países 2009 GERD PPP bilhões, US$ 2009 P&D - % do PIB 2010 GERD PPP bilhões, US$ 2010 P&D - % do PIB PIB Bruto 2011 PIB PPP bilhões, US$ 2011 GERD PPP bilhões, US$ 2011 P&D - % do PIB 1 EUA 383,6 2,7% 395,8 2,8% 2,3% ,3 2,7% 2 China 123,7 1,4% 141,4 1,4% 9,0% ,7 1,4% 3 Japão 139,6 3,4% 142,0 3,3% 1,5% ,1 3,3% 4 Alemanha 68,0 2,4% 68,2 2,4% 2,0% ,5 2,3% 5 Coreia do Sul 41,4 3,0% 42,9 3,0% 4,5% ,8 3,0% 6 França 41,1 2,0% 41,5 1,9% 1,6% ,2 1,9% 7 Reino Unido 37,2 1,7% 37,6 1,7% 2,0% ,4 1,7% 8 Índia 28,1 0,8% 33,3 0,9% 8,4% ,1 0,9% 9 Canadá 23,2 1,8% 23,7 1,8% 2,7% ,3 1,8% 10 Rússia 21,8 1,0% 22,1 1,0% 4,3% ,1 1,0% 11 Brasil 18,0 0,9% 18,6 0,9% 4,1% ,4 0,9% 12 Itália 18,7 1,1% 18,7 1,1% 1,0% ,0 1,1% 13 Taiwan 17,6 2,4% 18,2 2,3% 4,4% ,0 2,3% 14 Espanha 17,3 1,3% 17,2 1,3% 0,7% ,2 1,3% 15 Austrália 15,0 1,8% 15,3 1,8% 3,5% ,9 1,7% 16 Suécia 11,5 3,4% 11,6 3,3% 2,6% ,9 3,3% 17 Holanda 10,5 1,6% 10,6 1,6% 1,7% ,8 1,6% 18 Israel 8,8 4,3% 9,1 4,2% 3,8% 233 9,4 4,2% 19 Áustria 8,2 2,5% 8,2 2,5% 1,6% 339 8,3 2,5% 20 Suiça 7,3 2,3% 7,4 2,3% 1,7% 237 7,5 2,3% Fonte: UNCTAD. In: Rupper, Ribeiro, *GERD (gross expenses in research and development) *PPP (public-private partnership) A Coreia do Sul ocupa o quinto lugar no ranking mundial dos países que mais investem em P&D em porcentagem do PIB, sendo dos BRICs o que mais investe. Em 2009 esse investimento foi de US$ 41,4 bilhões, US$ 42,9 bilhões em 2010 e US$ 44,8 bilhões em 2011, com percentual em relação ao PIB de 3% nos 3 anos Número de trabalhadores empregados, taxa de desemprego e estrutura do emprego. Após verificar o forte crescimento do PIB e do PIB per capita, é possível observar o impacto desse crescimento econômico na Tabela 3.7 a partir da evolução do emprego de 2000 a 2011, o aumento dos empregados e a queda do número de pessoas desempregadas.

81 80 Tabela 3.7: Evolução do emprego na Coreia do Sul, 2000 a 2011 em mil, % Ano População de 15 anos ou mais População Economicamente Ativa Empregados Desempregados Taxa de Participação da Força de Trabalho Taxa de Desemprego ,2 4, ,0 3, ,9 3, ,8 3, ,5 3, ,8 3, ,0 3, ,1 3,4 Fonte: Statistic Korea, Elaboração própria. De 2000 a 2005 a população economicamente ativa da Coreia do Sul aumentou em milhões e a taxa de desemprego caiu aproximadamente 23% em 11 anos. Em 2011, a população economicamente ativa do país foi de , ou seja, 61,1% das pessoas com 15 anos ou mais. De acordo com a Tabela 3.8, estavam empregadas e estavam desempregados, levando a uma taxa de desemprego de 3,4%. No Gráfico 3.15 a taxa de desemprego tem uma queda significativa de 1999 para 2002, onde cai mais que a metade, passando de 6,3% para 3,1% respectivamente. A partir daí a taxa de desemprego se mantém nos demais anos em 3,4%. De 2008 para 2009 houve um pequeno aumento, dada a crise mundial, mas que logo se normaliza em 3,3% e 3,4% em 2010 e Gráfico 3.15: Taxa de desemprego na Coreia do Sul, 1999 a 2011 em % Fonte: IndexMundi, Elaboração própria.

82 81 Considerando os anos, observa-se que de 1999 a 2001 registrou-se queda da taxa de desemprego. Após 2004, a taxa manteve-se estabilizada entre 3 e 4%. Assim sendo, em pouco tempo a Coreia conseguiu atingir e manter o pleno emprego, dando melhores condições para os trabalhadores no mercado de trabalho, aumentando os rendimentos em termos reais e conseguindo diminuir a pobreza no país. Desde 1995, a maioria dos trabalhadores se concentra no emprego regular sendo de 58,1% em 1995 e 61,3% em Houve melhora na qualidade do tipo de emprego, sendo que o emprego temporário e diarista, juntos, representam 41,9% do total de trabalhadores no ano de 1995, caindo para 38,7% em 2011, o que indica melhores cenários tanto de qualidade do emprego quanto aumento da remuneração conforme a Tabela 3.8. Tabela 3.8: Empregados na Coreia do Sul pelo tipo de trabalho, 1995 a em milhões de US$ e % Ano Total Salário Empregos Regulares Temporários Diaristas ,1 27,9 14, ,9 34,5 17, ,1 33,3 14, ,8 33,1 14, ,0 32,4 13, ,6 31,3 13, ,1 31,0 11, ,4 29,9 10, ,3 28,7 10,0 Fonte: Statistics Korea, Elaboração própria. A economia da Coréia do Sul vem experimentando rápidas mudanças na sua estrutura. Um aspecto evidente desse processo é o setor de serviços ganhando mais espaço e, igualmente significativa são mudanças da indústria transformadora: primeiro, a modificação da indústriaintensiva leve para a indústria-intensiva pesada e, mais recentemente, a alteração da direção das indústrias de alta tecnologia que empregam menos trabalho por unidade produzida. Desse modo, a mudança de estrutura da fabricação está empurrando o trabalho para o setor de serviços, no fenômeno conhecido como desindustrialização (SHIN et al, 2012). A desindustrialização é um ponto importante no debate sobre o crescimento econômico, pois os trabalhadores que deixam a indústria não se movem automaticamente para empregos com altos salários no setor de serviços, como o de finanças ou consultoria. Muitas vezes, a única alternativa é mudar para empregos com baixa produtividade, especificamente,

83 82 serviços de varejo e alimentos. Esse fato levanta a questão de saber se a mudança estrutural é a criação de uma dupla economia composta por subsetores, relativamente, de alta tecnologia em serviços e na indústria, empregando indivíduos altamente qualificados, ao mesmo tempo em que emprega indivíduos nos setores de serviços com baixa tecnologia, como idosos e trabalhadores menos qualificados, que já não conseguem encontrar um emprego que pague bem (ibid., p.47). No Gráfico 3.16 observa-se a mudança na estrutura dos empregos da Coreia do Sul no período entre 1970 e Gráfico 3.16: Mudança na estrutura do emprego, 1970 a em % Fonte: Statistics Korea e Bank of Korea, Elaboração própria. O papel dos serviços na desaceleração do crescimento do PIB em 1990 foi acentuado pelo fato de que naquele momento a Coreia do Sul havia chegado a um ponto onde o setor de serviços teve grande importância na economia. O emprego no setor da indústria havia crescido rapidamente dos anos 60 até os 80, mas após esse período houve uma estabilização e depois uma queda como proporção da força de trabalho. Em contrapartida, o emprego no setor de serviços cresceu de forma constante a partir de 1970 como se pode notar no Gráfico De acordo com a Tabela 3.9, ao comparar a estrutura do emprego entre 2007 e 2011, a proporção da distribuição das pessoas empregadas na agricultura, silvicultura e pesca e as empregadas nos setores de mineração e de produção diminuiu 1,0% e 0,3%, respectivamente, enquanto que o índice de distribuição dos empregados em setores de serviços aumentou 1,3%.

84 83 Tabela 3.9: Relação de distribuição do emprego, 2007 a em milhões de US$ e % Ano Total Agricultura silvicultura e pesa Mineração e indústria Serviços % % % , , , , , , , , , , , , , , ,7 Fonte: KOSTAT, Elaboração própria. Parece que essa tendência continuará no meio do desenvolvimento de tecnologias de informação e comunicação, assim como a recente tendência para atribuir importância aos altos setores industriais de valor agregado, tais como serviço e setores baseados no conhecimento e nas tecnologias sofisticadas. Para Shin et al (2012), essa mudança na produção e no emprego fora da agricultura e indústria em favor do emprego no setor de serviços é típico de países de média e alta renda. No entanto, a magnitude da mudança é variável. No Japão, por exemplo, os serviços nunca dominaram a estrutura do emprego, na mesma proporção, que nos Estados Unidos e na Europa Ocidental. O padrão sul-coreano se aproxima mais do padrão japonês do que dos outros países com média e alta renda. 3.7 SÍNTESE CONCLUSIVA O período de ocupação e dominação do povo coreano pelo Japão foi marcado por muitas dificuldades, através de uma colonização severa, os japoneses impuseram seus costumes e cultura e até obrigaram que na Coreia se adotassem nomes japoneses. Porém, um grande ensinamento que os japoneses deixaram para os coreanos foi uma experiência de planejamento econômico centralizado, fortalecendo, primeiramente, a indústria local e favorecendo os produtos produzidos no país. Dessa forma foi possível desenvolver as empresas de setores importantes da economia, após o fim do vínculo com o Japão. Após a Segunda Guerra Mundial, em 1945, com a rendição do Japão, a Coreia deixou de ser colônia japonesa e passou a ser ocupado por forças americanas. A Coreia passa então por uma divisão de seu território, sendo divida entre Sul e Norte, tendo o Sul ocupado pelos Estados Unidos e o Norte pela União Soviética. Pela ausência de uma política clara dos norte-

85 84 americanos na Coreia do Sul, esse período de dominação é caracterizado por confusão e incerteza. Em 1947, a Coreia do Sul foi submetida às Nações Unidas e considerada um país independente, tendo em maio de 1948 seu primeiro presidente eleito, Syngman Rhee. Os anos do primeiro governo foram marcados pela reforma agrária e por tornar-se compulsória a educação elementar. Devido à guerra civil de 1950 a 1953, o país foi marcado por grande instabilidade política e social. A Coreia do Sul combinou diferentes estratégias para o seu desenvolvimento, sendo a política industrial e a industrialização guiadas, principalmente, pelas mãos do governo. Tais políticas intervinham no sistema de preços, através da relação do governo com os grandes conglomerados e o processo de industrialização foi possível por meio dos diversos Planos Quinquenais de Desenvolvimento econômico e social. Esses Planos possibilitaram o desenvolvimento dos chaebols, a partir de 1960, e a criação de uma burguesia estatal. A transformação da Coreia do Sul, de um país atrasado para um país com uma economia industrialmente avançada se deu por meio da mudança da política econômica, que foi implementada no início de 1960, tornando a industrialização voltada para a exportação. Entre os anos de 1962 e 1982 a Coreia utilizou 47,4% de todo o investimento em negócios feitos no exterior, para importar know-how para suas empresas. Os trabalhadores eram incentivados a se especializarem em suas atividades. A forte competição global forçou o governo e as firmas sul-coreanas a investirem intensamente na acumulação de capital humano. A Coreia contratou tecnologia, mas não a sua produção, facilitou o ingresso de técnicas internacionais, mas não encorajou a propriedade estrangeira, em suma, a Coreia do Sul adquiriu os bens de capital e o know-how, ao invés de permitir que empresas estrangeiras os possuíssem em seu território. O início dos anos 80 foi marcado por um lento crescimento da economia, devido à alta inflação e ao aumento da dívida externa da Coreia. Dessa forma, tornou-se ainda maior a necessidade de acelerar o crescimento através das exportações, a modernização da indústria e a estabilização da tecnologia. No final da década de 80 e início dos anos 90, a estratégia era o desenvolvimento das áreas de tecnologia e informação. O governo direcionou seus incentivos para os produtos altamente sofisticados, como os dos setores das telecomunicações, computadores e micro-eletrônicos. Durante os anos 90, devido ao aumento da competição internacional e a uma maior abertura da economia da Coreia, houve uma queda da margem de lucro dos conglomerados (chaebols), fazendo com que suas dívidas junto aos bancos nacionais aumentassem, e,

86 85 consequentemente, aumentassem as dívidas destes junto aos credores internacionais. Em decorrência da grande instabilidade na economia e o temor dos investidores estrangeiros de que a crise tivesse efeito em outros países da Ásia, estes retiraram seu capital dos mercados asiáticos, fazendo com que alguns grupos coreanos não fossem capazes de se sustentar e quebrassem. A alta da taxa de câmbio e a falta de reservas para combater a desvalorização da moeda coreana obrigou o país a pedir ajuda ao FMI para salvar sua economia. A Coreia do Sul buscou nos anos de 1990 e 1997 o equilíbrio do balanço de pagamentos e fomentar a liberalização da economia. Foi a partir daí que o Investimento Direto Externo (IDE) passou a ser utilizado como ferramenta da política econômica na industrialização do país. Há uma mudança no papel do governo sul-coreano, que passa de regulador para incentivador dos IDEs. O IDE foi um dos elementos fundamentais para a reforma do sistema econômico, dando à Coreia do Sul o título de um dos principais países de reserva cambial do mundo. A política de crescimento sul coreano passou de um desenvolvimento baseado no endividamento externo, para um desenvolvimento com base na captação de IDE. Ao fim e ao cabo dos períodos analisados chegaram os anos 2000 e com eles indicadores que refletiram positivamente a maioria das variáveis macroeconômicas, com registro de queda na taxa de desemprego, aumento das exportações de bens intensivos em tecnologia, crescimento do PIB e do PIB per capita, controle da inflação, alto nível de escolaridade e qualidade de vida, manutenção de uma indústria forte e competitiva mundialmente, elevando o país ao patamar de desenvolvido em menos de cinquenta anos.

87 86 CAPÍTULO IV INVESTIMENTO DIRETO EXTERNO 4.1 INTRODUÇÃO No início da década de 1960, após sofrer um golpe militar liderado pelo grupo político do general Park Chung Hee, a Coreia do Sul passou por um processo de rápido e intenso crescimento econômico. Segundo Ribeiro e Ruppert, 2011, p.77: Ancorado pela experiência de industrialização do Japão e pela importância estratégica do país durante a Guerra Fria, a Coreia pôde contar com o apoio dos Estados Unidos e a colaboração japonesa no seu esforço de implantação de uma economia industrial sólida e moderna. Dessa forma, de país pobre e enfraquecido pelas guerras de ocupação ocorridas no final do século XIX, a Coreia do Sul despontou no decorrer das três décadas seguintes como um importante exemplo de país que emergiu do subdesenvolvimento para o desenvolvimento sem precedentes da economia (ibid., 2011). Como resultado deste processo, o país ocupou, em 2011, a 15 posição tanto no PIB mundial quanto no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) (PNUD, 2011). Foi a partir desse importante processo de desenvolvimento social e econômico, que as principais empresas sul coreanas tiveram a oportunidade de sair da condição de meras imitadoras de tecnologia estrangeira para o patamar de empresas inovadoras, assumindo posições de destaque mundial em setores importantes como as indústrias siderúrgicas, naval, automobilística e eletrônica (RIBEIRO, RUPPERT, 2011). De acordo com Ribeiro e Ruppert, 2011, p.77: A partir da segunda metade da década de 1980, depois de reduzida a crônica carência de divisas por que passou a economia do país durante as duas primeiras décadas de industrialização, as empresas coreanas começaram a investir no exterior para manter a competitividade em um ambiente de forte pressão interna provocada pelo crescimento dos custos de trabalho, pela saturação do mercado interno e pela necessidade de adquirir know-how tecnológico que as conduzisse à ascensão na escala de valor agregado da divisão internacional da produção. Sendo assim, a realização do investimento direto no exterior tornou-se uma estratégia cada vez mais relevante no desenvolvimento dos grandes conglomerados, os chaebols, e

88 87 também das empresas de pequeno e médio porte, intensivas em trabalho. Apesar da crise que abateu a economia do país nos anos de 1997 e 1998, o IDE continuou ampliando a sua importância durante os anos 2000, quando alcançou níveis sem precedentes (RIBEIRO, RUPERT, 2011). Considerando estes aspectos iniciais, o objetivo deste capítulo é caracterizar o investimento sul-coreano, destacando a evolução dos fluxos anuais e do estoque, os principais países destinatários do IDE, quais os setores com maior concentração e as principais empresas transnacionais do país. Para isso esse capítulo encontra-se dividido em 5 seções, sendo que na seção 4.1 faz-se a introdução; na seção 4.2 aborda-se o processo de internacionalização coreana, destacando as principais políticas de apoio ao IDE realizado pelas empresas do país; a seção 4.3 apresentam-se as estratégias para os IDEs; na seção 4.4 faz-se a análise das características sobre o IDE na Coreia do Sul; e, por fim, na seção 4.5 realiza-se a síntese conclusiva desse capítulo. 4.2 PRINCIPAIS POLÍTICAS DE INCETIVO À INTERNACIONALIZAÇÃO DAS EMPRESAS DA COREIA DO SUL Com a política de forte desenvolvimento da indústria nacional já implantada, a partir de uma produção de alto valor agregado e capaz de competir globalmente, a internacionalização das empresas coreanas foi encarada como uma maneira de intensificar a capacidade das empresas de concorrerem no exterior, sendo intenso o apoio oferecido pelo governo, que promoveu e facilitou o envio de investimentos diretos ao exterior (RIBEIRO, RUPPERT, 2011). A questão do IDE realizado por empresas sul-coreanas passou a fazer parte da pauta do governo já no final da década de Entretanto, até parte da década de 1970, o complicado e burocrático aparato regulatório punha limites significativos aos investimentos diretos no exterior devido, principalmente, aos déficits crônicos em conta corrente da Coreia do Sul. Contudo, frente ao aumento de interesse das empresas em realizar o investimento no exterior, da diminuição da competitividade por causa do aumento interno dos custos de mão de obra, do fato do mercado local já estar saturado e pela urgência em elevar a competitividade das empresas, o governo coreano se deu conta da necessidade de rever alguns aspectos da regulação (Ibid, 2011, p.102). Nesse contexto, o Estado coreano, atuou com rigor e passou a intervir na economia, diminuindo os preços relativos através de subsídios que buscavam promover o crescimento

89 88 econômico e privilegiar setores e grupos específicos, de acordo com os objetivos estabelecidos nos programas econômicos do governo, os conhecidos Planos Quinquenais. De acordo com Amsden (1989 apud RIBEIRO, RUPPERT, 2011, p.100), a disciplina governamental imposta aos empresários, dando punição aos que falhavam e premiando os bem-sucedidos no cumprimento dos objetivos, foi fundamental para que os recursos fossem aplicados de maneira mais eficiente que em outros países que recorreram às políticas públicas para a industrialização. Durante este processo foram estabelecidos e consolidados os grandes conglomerados como pontas de lança do desenvolvimento industrial coreano conforme Quadro 4.1. Quadro 4.1: As dez maiores companhias coreanas em anos selecionados Posição Samsung Samsung Hyndai Hyndai Samsung 2 Samho LG LG Samsung KEPC 3 Kaepung Hanjin Samsung LG Hyundai 4 Daehan Shinjin SK Daewoo SK 5 LG Ssangyong Daewoo SK LG 6 Donyang Hyndai Ssangyong Ssangyong Korea Nat. Housing Corp 7 Kukdong Daehan Kukle Kia POSCO 8 Hanglass Hanwha Hanyang Hanjin Lotte 9 Dongrib Kukdong Hanhwa Hanhwa Korea Expressway Commission 10 Taechang Daenong Daelim Lotte Korea Land Corporation Fonte: Korea Fair Trade Commission. Hiraga (2010) e Chang (2003) apud Ribeiro, Ruppert (2011). Como aborda Lall (2004 apud RIBEIRO, RUPPERT, 2011, p.100), a criação e desenvolvimento dos grupos privados coreanos foi uma das estratégias mais importantes para o crescimento econômico e de mudança do tipo de inserção externa do país. A partir de uma seleção de empresas exportadoras de sucesso é que surgiram os chaebols. Para estas empresas foram dados subsídios e privilégios, e também foi restringida a entrada de multinacionais estrangeiras na Coreia do Sul, tudo isso em troca da estratégia empresarial de criação de atividades de alto valor agregado e tecnológicas orientadas para exportação. Para Ribeiro e Ruppert (2011, p.100): Dadas as deficiências de capital, mão de obra qualificada, tecnologia e infraestrutura, apenas grandes e diversificadas empresas poderiam assumir os riscos e custos de internalizar suas funções, absorver tecnologias complexas, desenvolver novas tecnologias em seus próprios centros de P&D, estabelecer unidades em escala global e criar suas próprias marcas e redes de distribuição. Isto foi o que fizeram os chaebols com sua parceria com o Estado coreano.

90 89 A partir da segunda metade da década de 1970, o Ministério da Economia e Finanças começou a dar mais ênfase e percebeu, cada vez mais, a importância dos investimentos diretos no exterior para dar a continuidade ao desenvolvimento do país. Dessa maneira, para encarar os novos desafios, o governo coreano passou a liberar investimentos de empresas da Coreia no exterior. Ao longo desse período, foram dadas as direções para a aprovação e controle da saída de IDE. Segundo Ribeiro, Ruppert (2011, p.103) foram exigidas as seguintes condições para a aprovação dos projetos: importar matéria-prima que não pudesse ser suprida domesticamente; reduzir os gargalos nas exportações; assegurar uma área de pesca; ou reposicionar uma indústria no exterior, a fim de permiti-lhe recuperar sua competitividade internacional perdida. A aprovação dos projetos de investimentos era feita através do banco central do país, o Bank of Korea, para, depois, seguir com os procedimentos documentais que buscavam garantir o sucesso do processo de internacionalização. No início da década de 1980, foi ampliado o processo de flexibilização das leis que eram relacionadas ao investimento direto no exterior. Vários fatores que, nas décadas anteriores, restringiam o IDE, foram abolidos e os procedimentos se tornaram mais simples. Não precisava mais a pré-aprovação do projeto de internacionalização, ou a comprovação de competitividade no mercado interno. No ano de 1986, com o superávit comercial e menos restrições do balanço de pagamento, o governo da Coreia do Sul passou a incentivar as empresas a realizarem investimento no exterior. Através dos resultados positivos obtidos nas contas externas, o argumento de que tais investimentos prejudicavam o balanço de pagamento não era mais factível. Além disso, como argumenta Ribeiro e Ruppert (2011, p.103): os lucros repatriados pelas empresas que atuavam fora do país, inclusive beneficiando o balanço de pagamentos e o volume de reservas internacionais na Coreia, também impediriam um possível avanço de uma situação de restrição externa. Durante a década de 1990, foi dada continuidade ao processo de liberalização dos fluxos de saída de IDE com aprovação para todos os setores e com menos exigências para a realização do IDE. A melhora das reservas internacionais, valorização da moeda e a promoção governamental contribuíram para a ativa saída de IDE. As mudanças por que passou a economia sul-coreana ao longo desta década, com o objetivo de criar uma economia intensiva em conhecimento e tecnologia e com a crise financeira de 1998, juntamente com os acordos internacionais que o país firmou adesão ao GATT em 1994, à OCDE em 1996 e FMI em 1998 aceleraram o processo de abertura da economia coreana (RIBEIRO, RUPPERT, 2011).

91 90 Nos anos de 2005 e 2006, o Plano de Ativação de Investimentos foi lançado e implementado, com o intuito de dar um destino para o excesso de divisas que vieram dos sucessivos superávits em conta corrente, através da expansão das empresas no exterior. Não existiam mais os constrangimentos para a realização do IDE por empresas não financeiras que investissem em atividades financeiras e secundárias no exterior, e foram elevados os limites para investimentos realizados por indivíduos. Através do Plano de Liberalização Cambial, ainda em 2006, as permissões necessárias para realização de IDE foram substituídas por simples declarações às autoridades responsáveis. Estas medidas, que possibilitaram às filiais de bancos estrangeiros instalados na Coreia captarem recursos no exterior a taxas menores e emprestarem às empresas locais, provocaram um grande salto no montante do IDE sulcoreano a partir de 2006, conforme será mostrado nos Gráficos 4.1 e 4.2 da seção 4.4 (KANG, 2010 apud RIBEIRO, RUPPERT, 2011, p.104). Quanto ao arranjo institucional, o governo coreano conta com algumas instituições importantes para o fomento das políticas de internacionalização, na qual se destaca o Export- Import Bank of Korea. Este banco, fundado em 1976, teve como objetivo principal auxiliar a política de crescimento econômico puxada pelas exportações (export-led growth), por meio do financiamento do comércio exterior e de investimentos externos em áreas prioritárias para o desenvolvimento coreano (ibid., 2011). Durante os anos 2000, o Korea Eximbank aumentou fortemente sua participação no financiamento dos empreendimentos da Coreia do Sul no exterior. Em 2000, a porcentagem de empréstimos que foram desembolsados sobre o fluxo de IDE para o exterior foi somente de 1%, subindo para 21% em 2005 e em 2010, para 34%. Tabela 4.1: Promoção anual do financiamento dado pela Korea Eximbank sobre os fluxos de IDE, 2000 a Korean Eximbank (A)' Fluxo de saída (B) C = (A)/(B) 1% 6% 11% 17% 16% 21% 20% 16% 21% 20% 34% Fonte: Korea Eximbank (vários anos); UNCTADStat (vários anos). In: RIBEIRO, RUPPERT, Nota: Convertido de won para dólar americano pela taxa anual fornecida pelo Bank of Korea (Disponível em: < O fato de o acelerado crescimento do país nos últimos anos estar relacionado aos investimentos realizados em recursos naturais, uma das principais prioridades do governo tem sido garantir o fornecimento de matérias-primas e energia para o suporte do desenvolvimento.

92 91 Isto levou, em 2007, o Eximbank a criar o Natural Resource Development Credit Office, para atuar mais fortemente no apoio a estas atividades. De acordo com a metodologia de classificação das medidas políticas elaboradas pelo IPEA a partir da UNCTAD (2006 apud RIBEIRO, RUPPERT, 2011, p.105) são expostas a seguir as principais medidas que o governo coreano tomou nesta direção Apoio informacional, assistência técnica e outros serviços. Criação de centros de coleta de informações em países para onde é destinado os investimentos coreanos. Incentivos na área de administração e informação concedidas por meio do centro de assistência para as empresas da Coreia do Sul no exterior, da rede de informação sobre IDE, do sistema de informação para as empresas sul-coreanas no exterior do Ministry of Finance and Economy (MOFE), do Export-Import Bank sul-coreano e do Instituto Coreano de Economia Industrial e Comércio: Export-Import Bank: Overseas Economic Information System (OEIS), Consulting Service e Export Credit Advisory Service (ECAS); Overseas Investment Information Center Criação de comfort zone Montagem de parque industrial coreano no México, buscando acesso ao mercado americano. Assim como em outros países dentre os quais o Brasil Instrumentos fiscais e tributários Desconto de impostos pagos no exterior para evitar a dupla tributação e acordos bilaterais nesse sentido Instrumentos de minimização de riscos O Korea Export Insurance Corporation (KEIC) proporciona a proteção do investidor contra perdas advindas da descontinuidade do projeto de investimento originadas de

93 92 problemas políticos, como guerra, expropriação, restrição de transferências e ruptura de contrato por parte do país que recebe o investimento (Overseas Investment Insurance) Financiamento Auxílio financeiro com oferecimento de empréstimos que cobrem até 80% do total investido no exterior (90% para pequenas e médias empresas); criação do Natural Resource Development Credit Office (2007), para o financiamento de projetos que garantam o acesso aos recursos naturais Acordos Internacionais Realização de acordos bilaterais de investimentos (bilateral investment treaties BIT), com o intuito de facilitar os fluxos de entrada e saída de IDE e de proteger os investimentos de empresas da Coreia do Sul no exterior. De acordo com os dados da UNCTAD (apud RIBEIRO, RUPPERT, 2011, p.106), até junho de 2011, o país firmou estes acordos com 90 países. Esses acordos foram efetuados para evitar a dupla taxação, com apoio da agência do Banco Mundial (Multilateral Investiment Guarantee Agency - MIGA) para reduzir esses riscos. Para Kim e Rhe (2009 apud RIBEIRO, RUPPERT, 2011, p.106), tais medidas tiveram impactos relevantes sobre o volume e perfil dos investimentos realizados pelo país no exterior, mostrando que através destes instrumentos e da regulamentação da administração sobre a entrada e saída de IDE, o governo tem conseguido acelerar a internacionalização das empresas da Coreia do Sul. 4.3 ESTRATÉGIAS ADOTADAS PARA OS IDEs: MÚLTIPLAS DIMENSÕES O tipo e a direção (setorial e geográfica) que são assumidas pelo investimento direto da Coreia do Sul constituem, também, reflexo das estratégias e motivações de suas grandes empresas bem como dos fatores referentes às localizações dos países de destino. A partir da liberalização econômica que foi iniciada no final dos anos 1980, os fluxos de investimento direto coreano além de incentivados, foram facilitados pela ação do governo. Se, em uma primeira etapa, as empresas sul-coreanas investissem pesado em países

94 93 desenvolvidos, em um segundo momento as decisões quanto à localização do IDE foram modificadas, e a Coreia do Sul passou também a realizar investimentos em países em desenvolvimento. As razões que provocaram estas inversões são variadas de acordo com o grau de desenvolvimento do país que recebe o investimento direto. Além das oportunidades concedidas por investir nestes destinos, os objetivos da política econômica sul-coreana no que diz respeito ao balanço de pagamentos e à política industrial, por exemplo também foram fatores orientadores do processo de internacionalização (RIBEIRO, RUPPERT, 2011). Moon (2007 apud Ribeiro, Ruppert, 2011, p.87) alega que quatro fatores originaram os afluxos de investimento direto coreano, sendo eles: mão de obra barata, mercado doméstico saturado, desvantagens de custos e competição interna. Várias empresas fizeram investimentos para ganhar eficiência (efficiency-seeking) e mercados estratégicos (marketseeking), como é possível observar nos investimentos que foram realizados na Ásia, em busca de mão de obra barata, diminuindo os custos de produção e desenvolvendo as economias da região. As empresas sul coreanas que direcionaram seus investimentos para a Europa e América do Norte, de uma maneira geral, foram a procura dos seus mercados e de ativos estratégicos (strategic asset-seeking), como aquisição e melhora de tecnologias e pesquisa e desenvolvimento (P&D). Por sua vez, investimentos na América do Sul, América Central e Caribe, Oriente Médio, África e Oceania são, em sua maioria, em recursos naturais (resourceseeking) principalmente recursos energéticos, na tentativa de diminuir a falta deste tipo de produto na economia sul-coreana, conforme a Tabela 4.2. Tabela 4.2: Motivação para realização do IDE da Coreia do Sul, 2004 em % Destino Setores Motivação China EUA Europa Equipamentos eletrônicos e de telecomunicações Automóveis Indústria têxtil Assegurar ou desenvolver mercados locais ou de terceiros países 41,2 65,1 66,7 50,9 50,7 41 Utilizar baixo custo local do trabalho 47,9 4,7 8,8 41,7 38,7 52,1 Evitar barreiras comerciais 3,2 2,3 0,7 2,9 4,4 3,2 Assegurar matérias-primas 4,6 3,5 4,8 0,6 0,9 2,1 Adquirir vantagens tecnológicas e de gestão 1,1 21,2 11,6 2,5 4,4 0,8 Desenvolver recursos naturais 2,1 3,2 7,5 1,4 0,9 0,7 Fonte: LEE (2007 apud RIBEIRO, RUPPERT, 2011, p.90). Dados: Korea Eximbank.

95 94 Junto à estratégia de busca de mercado, o IDE tem sido utilizado pelas empresas coreanas como uma forma de ultrapassar as barreiras comerciais e contornar as quotas de comércio que são impostas pelos países que recebem o investimento. Outro ponto ligado ao crescimento do IDE foi a busca por novas tecnologias e a competência de aperfeiçoar a inovação. Para Ribeiro e Ruppert (2011, p.89): As empresas multinacionais de países em desenvolvimento apresentam, em comparação com as dos países desenvolvidos, uma carência maior destas vantagens tecnológicas. Para enfrentar isto, elas realizam investimento direto em países que possuem alto padrão de tecnologia no setor no qual se deseja realizar o catching-up, normalmente via fusões e aquisições ou joint ventures. Ainda que diversos setores da economia sul coreana tenham se transformado de imitadores para inovadores, é necessário que eles estejam próximos dos principais centros de tecnologia da Europa, do Japão e dos Estados Unidos. E esta proximidade se faz ainda mais necessária quando se está em busca de estabelecer um padrão global de qualidade que estabeleça a marca entre os consumidores mais exigentes. Várias empresas também buscam por mercados internacionais na tentativa de dividir o risco de investir apenas no mercado interno. Mercados domésticos saturados, pequenos para as grandes empresas e de intensa competição no setor das indústrias, como o da Coreia do Sul, levam a uma diminuição das margens de lucros, incentivando o movimento de internacionalização das empresas. Além disso, o IDE pode ser uma opção vantajosa ao comércio quando os custos de transação nos mercados internacionais são muito altos diminuindo o mercado pela verticalização ou mesmo na tentativa de contornar barreiras substituindo as exportações por produção doméstica. Este foi o caso da realização do IDE da Samsung Electronics no Vietnã. O governo vietnamita determinou que as empresas estrangeiras que desejassem vender eletrodomésticos no país teriam que promover unidades produtivas no seu território. Caso contrário, não seria possível a venda de tais produtos por companhias estrangeiras (RIBEIRO, RUPPERT, 2011). Outro fator determinante do IDE coreano, abordado por Moon (2007 apud Ribeiro, Ruppert, 2011, p.91) é: a busca das empresas em alcançar a competitividade necessária para se tornarem marcas globais. Este fator envolve a administração de questões relativas ao trabalho, as tentativas das empresas sul-coreanas realizarem o catching-up diante de seus competidores externos e a localização estratégica das filiais. Segundo Ribeiro e Ruppert:

96 95 No primeiro caso, empresas coreanas intensivas em trabalho buscam países onde se encontram maiores facilidades de administrar tensões entre os trabalhadores. Quanto a alcançar seus competidores, algumas empresas coreanas investem no exterior para imitar ou compensar as vantagens adquiridas pelos seus rivais que possuem um padrão tecnológico mais avançado e que iniciaram mais cedo o processo de internacionalização (2011, p.91). Tais referências demonstram que o destino estratégico do IDE coreano também revela a necessidade de as companhias estarem bem posicionadas nos mercados dos setores em que elas atuam. Neste contexto figura-se o forte objetivo de aprendizagem com concorrentes. O acelerado desenvolvimento tecnológico e industrial da Coreia do Sul com destaque importante para indústria manufatureira tradicional nos anos 1980 e para a indústria eletrônica de ponta a partir de meados dos anos 1990 fez com que as empresas coreanas adquirissem importantes vantagens de propriedade (ownership advantadge), sendo capazes de competir em nível global, possibilitando que o país fizesse uma trajetória de investimento direto estrangeiro não esperada pela teoria do IDP (Ibid., 2011). Dessa forma, as características do IDP não teriam uma explicação para os padrões de IDE, pelos quais a Coreia do Sul passou ao longo do percurso de seu processo de desenvolvimento econômico. Considerando que o país não foi, inicialmente, um grande receptor de IDE ainda que estes investimentos estivessem a procura de recursos naturais ou de atender ao mercado interno coreano, mas passou rapidamente para as etapas finais do IDP, recebendo e fornecendo investimentos diretos importantes. Este fato confirma a relevância que o modelo de industrialização específico orientado pelo governo da Coreia teve para o desenvolvimento econômico do país, também para a criação de um elevado poder competitivo de suas empresas e, por fim, para o tipo de inserção externa realizada. Ao longo dos anos 1980, a Coreia do Sul estava inserida em um ambiente internacional extremamente favorável ao fortalecimento da Segunda Revolução Industrial e à internalização de parte da Terceira Revolução Industrial, sendo consolidada durante os anos de A presença do Japão como líder internacional e aliado do movimento de industrialização nos tigres asiáticos, foi fundamental para o desempenho coreano (RIBEIRO, RUPPERT, 2011, p.92). O Japão, interessado em ajudar industrialmente os países da Ásia, favoreceu a Coreia com transferência de tecnologia (menos sofisticada, de início) e deu condições de financiamento para que as empresas sul-coreanas internalizassem os produtos de baixa e

97 96 média tecnologia produzidos no Japão. Desse modo, os japoneses poderiam se concentrar na produção de bens industriais de alta tecnologia. Posteriormente, com o auxílio do governo, a Coreia do Sul também internalizou a produção de bens de tecnologia altamente sofisticada. Outro ponto relevante do específico processo de desenvolvimento coreano foi que o aperfeiçoamento da indústria e o desenvolvimento dos conglomerados aconteceram sem a participação significativa das multinacionais de outros países através de investimentos diretos. O governo assumiu como função a proteção do mercado interno da ação das empresas multinacionais (EMNs) estrangeiras, de forma que os clusters nacionais estivessem, suficientemente, fortes quando fossem encarar a concorrência externa. Segundo Ribeiro e Ruppert (2011, p.93): (...) foram incentivados contratos de produção e licenciamentos que permitiam às empresas coreanas realizarem importante internalização de tecnologias. Assim, os chaebols serviram como principais motores do crescimento no setor privado, com influxo de IDE relativamente baixo por parte das multinacionais estrangeiras. Dessa maneira, quando ocorria a entrada de investimentos diretos, estes se processavam, em geral, na forma de joint ventures, com participação minoritária do capital estrangeiro. O Estado financiou processos de P&D dos grupos econômicos estrategicamente selecionados e dificultou a importação de bens de consumo, ao mesmo tempo em que, em contrapartida a este apoio financeiro e regulatório, exigia alto desempenho exportador dos grupos locais (Ibid., 2011). A política industrial coreana tinha como foco o rápido desenvolvimento de ativos intangíveis e a construção de um parque industrial, cujas capacidades tecnológicas não eram dependentes, necessariamente, da transferência de conhecimento através da realização do IDE das EMNs dos países desenvolvidos, mas por meio da externalização da produção destas EMNs sob a forma de licenciamento de tecnologias e produtos (CANUTO, 1991). Dunning e Narula (1996; 2000 apud RIBEIRO, RUPPERT, 2011, p.93) fizeram a introdução da ideia de que a dinâmica de interação entre IDE, crescimento econômico e políticas públicas podem interferir na trajetória da produção e do investimento de um país, dado que o desenvolvimento de cada país é individual e tem suas particularidades específicas, dependendo de trajetórias prévias (investment development path). Neste sentido, o governo sul-coreano teve um papel fundamental para o desenvolvimento e fortalecimento do setor privado nacional, de forma a garantir sua capacidade de competir internacionalmente e, também, a internacionalização de suas empresas.

98 CARACTERIZAÇÃO DO IDE SUL-COREANO A partir de 1980 o investimento direto externo estabeleceu-se como um fenômeno de extrema importância na Coreia do Sul. Até meados da década de 80, houve um severo controle da entrada e saída de investimentos através da imposição de fortes barreiras. Se por um lado, buscava-se bloquear a saída de capitais em uma economia já abalada pela forte escassez de divisas; por outro lado, o governo tentava impedir que o capital estrangeiro tivesse controle sobre a economia local. No entanto, segundo Yang et al (2009) e Moon (2007)( apud Ribeiro, Ruppert, 2011, p.78): (...) com o aumento dos custos internos do trabalho, a persistência de barreiras comerciais, o esgotamento do mercado interno, a melhora no balanço de pagamentos e a consequente apreciação do won, o governo passou a considerar como vantajosa para o país uma maior liberação dos fluxos de IDE. Dessa maneira, a Coreia do Sul, juntamente com outras várias nações em desenvolvimento, principalmente os newly industrialized countries (NICs) asiáticos, despontou como importante fonte de investimento direto estrangeiro no decorrer das últimas três décadas (RIBEIRO, RUPPERT, 2011). O intenso processo de internacionalização das grandes empresas coreanas ao longo dos anos através do IDE apenas foi possível devido às mudanças estruturais, dentre as quais o grande o incentivo à liberalização comercial e financeira que o país passou. Nesse sentido, várias mudanças foram feitas com a orientação de flexibilizar as transações da conta corrente e de capital, durante a década de De acordo com Ribeiro e Ruppert (2011), p.79: Em 1990, o país aceitou as obrigações impostas pelo Acordo Geral de Tarifas e Comércio (em inglês, General Agreement on Tariffs and Trade GATT), as quais estabeleciam a abolição de quotas de importação. A partir desta década, uma série de desregulamentações dos mercados de capitais foi realizada no sentido de aumentar a mobilidade de capitais e mercadorias, ao mesmo tempo em que se procurava assegurar a competitividade internacional da indústria coreana. O Plano de Reforma do Comércio foi anunciado pelo governo em 1994, com o objetivo de internacionalizar a economia da Coreia. Dois anos depois, em 1996, o país passou a ser membro da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

99 98 Para que a Coreia atingisse os critérios da organização foi necessária a remoção de diversos controles sobre os fluxos de IDE. A crise financeira asiática, no final de 1997, obrigou o país a pedir ajuda ao Fundo Monetário Internacional (FMI). Para os autores, entre as exigências cobradas pelo FMI, as que merecem destaque são: a mudança para o regime cambial de flutuação livre, a abolição do teto para a entrada de IDE e a abertura dos mercados financeiros locais para investidores internacionais fatores que contribuíram para o aumento da entrada de IDE no período. Essas medidas fizeram com que os chaebols respondessem rapidamente às mudanças dos mercados financeiros globais e dispusessem de novas estratégias para competir, através da realização de investimentos diretos no exterior (Ibid., 2011). A etapa de liberalização de todas as transações de comércio internacional foi completada em O governo coreano, em 2003, auxiliou as empresas que queriam investir no exterior por meio de incentivos. Já em 2005, o governo fez o anúncio do Plano de Ativação de Investimentos Estrangeiros, com o objetivo de solucionar o problema de excesso de oferta de IDE e fomentar a expansão internacional das companhias nacionais. Sendo assim, muitos instrumentos e medidas foram utilizados na tentativa de liberalizar a economia coreana, o que intensificou a saída de IDE e tornou as empresas coreanas mais fortemente competitivas internacionalmente (RIBEIRO, RUPPERT, 2011). Conforme os dados da United Nations Conference on Trade and Development (UNCTAD), o estoque de IDE coreano no exterior cresceu mais de 50 vezes, passando de US$ 2,3 bilhões em 1990 para US$ 171 bilhões em 2011 segundo o Gráfico 4.1. Os fluxos de IDE que foram realizados pela Coreia do Sul, como mostra o Gráfico 4.2, cresceram de uma média de US$ 2,9 bilhões ao ano no decênio para US$ 10,8 bilhões entre 2001 e 2010.

100 99 Gráfico 4.1: Estoques internos e externos de IDE da Coreia do Sul, 1990 a em bilhões de US$ Fonte: UNCTADStat (< Elaboração própria. Obs.: Dados obtidos em 18/06/2013. É possível notar que a tendência de a Coreia se tornar um investidor estrangeiro líquido nos anos 1990 foi revertida com a crise de Devido à intensa desvalorização do won, do elevado endividamento e também da perda da capacidade de alavancagem das empresas, durante a crise, a realização de IDE foi fortemente reduzida. Ao passo que, em resposta não apenas a estes fatores, mas também à redução dos salários e à falta crônica de divisas por que passava o país durante a crise, o mercado coreano passou a ser atrativo para as empresas estrangeiras, principalmente para a realização de investimentos em setores ligados à exportação. Em 1999, a Coreia do Sul recebia quase US$ 42 bilhões em IDE e enviava apenas US$ 19 bilhões, mas a partir de 2008 o país passou a realizar mais IDE do que receber.

101 100 Gráfico 4.2: Fluxos de entrada e saída de IDE da Coreia do Sul, 1990 a em bilhões de US$ Fonte: UNCTADStat (< Elaboração própria. Obs.: Dados obtidos em 18/06/2013. Entre os anos de 1998 e 2000, o país recebeu muito mais IDE do que enviou de acordo com o Gráfico 4.2. Embora essa diferença tenha diminuído em 2001, os fluxos de entrada ainda superaram, em 2005, os de saída de investimento. Todavia, já recuperada da crise em 2002, a Coreia do Sul voltou a aumentar a saída de investimentos diretos. Em 2006 o país voltou a intensificar o fluxo de saída do investimento direto, retomando a posição de investidor líquido, na qual, se mantém até hoje, atingindo o pico de US$ 23,3 bilhões investidos em 2010 e caindo para US$ 20,4 bilhões em PIB/IDE. A Tabela 4.3 apresenta o PIB, o estoque de IDE realizado pela Coreia e a relação

102 101 Tabela 4.3: PIB e IDE e relação a IDE/PIB da Coreia do Sul, 1990 a 2012 em milhões de US$ PIB IDE % , ,91 0, , ,63 1, , ,37 1, , ,27 1, , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , ,40 * ,00 Fonte: UNCTAD. Elaboração própria. *Estimado O PIB da Coreia do Sul, de acordo com os dados da UNCTAD, teve uma trajetória crescente desde os anos 1970 até 2007, onde atinge mais de US$ 1 trilhão. Porém, com a crise de 2008, é possível observar a queda do PIB em 11% comparado com o ano anterior e mais ainda em 2009, com um PIB em torno de US$ 834 bilhões, valor menor que o alcançado em O estoque de IDE coreano acumulado também apresenta crescimento ao longo dos anos, com destaque para o ano de 2007, quando tem um aumento de 52% do total investido no ano anterior, e mesmo com a crise de 2008, a Coreia do Sul continua acumulando IDEs, sendo maior a cada ano. A relação PIB/IDE da Coreia do Sul tem uma média de 2,5% na década de 90, porém, na década seguinte essa média vai para quase 7% (2000 a 2010). A partir de 2008, essa porcentagem passa a ser maior que 10%, atingindo 17% em No entanto, se comparada a alguns países que, em período recente, têm tido importante crescimento como fontes de IDE África do Sul, Brasil, China, Espanha, Malásia e Rússia, a Coreia do Sul ainda apresenta um dos menores níveis de IDE com relação ao

103 102 PIB, superando somente a China e o Brasil, que foi ultrapassado apenas a partir de 2008 conforme expressa a Tabela 4.4 e o Gráfico 4.3. Tabela 4.4: Estoque de IDE acumulado como proporção do PIB, países selecionados, 1990 a em % Brasil China Coreia do África do Malásia Rússia Sul Sul Espanha ,15 11,15 0,85 1,58-13,40 3, ,28 12,28 1,05 1,44-13,39 3, ,86 12,86 1,31 1,66-13,63 4, ,59 11,59 1,46 1,99 0,50 13,77 4, ,26 8,26 2,23 3,27 0,64 14,07 5, ,78 5,78 2,50 5,34 0,84 15,41 6, ,24 5,24 3,08 8,16 1,12 16,94 6, ,18 5,18 3,67 10,69 1,89 15,62 9, ,69 5,69 5,34 15,94 3,28 20,00 10, ,46 8,46 4,16 16,20 4,88 24,77 15, ,06 8,06 4,03 16,27 7,76 24,33 22, ,97 8,97 3,96 8,65 14,44 14,84 23, ,75 10,75 3,60 9,75 18,07 19,78 23, ,94 9,94 3,88 10,48 21,12 16,16 25, ,43 10,43 4,46 9,86 18,16 17,84 27, ,99 8,99 4,58 15,35 19,20 15,26 27, ,46 10,46 5,17 22,21 21,87 19,47 35, ,23 10,23 7,13 30,19 28,48 23,02 40, ,41 9,41 10,51 29,00 12,38 18,24 37, ,15 10,15 14,44 39,39 25,07 25,65 42, ,80 8,80 14,11 39,28 24,63 24,61 47, ,18 8,18 15,37 36,97 19,49 19,11 43, ,33 10,33 17,00 39,67 20,89 21,10 46,43 Fonte: UNCTAD. Elaboração própria. Dos países selecionados, a Espanha apresentou o maior percentual de estoque de IDE em relação ao PIB, com 46,43% em De uma maneira geral esses países têm aumentando essa porcentagem, entre os anos 1990 e 2012, com exceção do Brasil e da China que, apesar de oscilarem para mais ou para menos durante esse período, fecharam 2012 com um percentual menor do que o de Sendo assim, como demonstrado nos Gráficos 4.1 e 4.2, o crescimento do IDE coreano é um acontecimento recente, com aumento significativo apenas a partir de Em 2011, a porcentagem de estoque de IDE sobre o PIB coreano foi de 15,37% e 17% 2012.

104 103 Gráfico 4.3: Estoque de IDE emitido como proporção do PIB, países selecionados, 1990 a em % Fonte: UNCTADStat (< Elaboração própria. Obs.: Dados obtidos em 18/06/2013. Ao analisar os fluxos de IDE sul-coreanos durante um período maior, é possível observar que, depois de um significativo crescimento da proporção dos investimentos sobre a formação bruta de capital fixo (FBCF), o PIB e o fluxo mundial de IDE em 1986, ocorreu um período de queda seguido por oscilações no nível de investimento, mas entre 1992 e 1998 o IDE voltou a crescer de forma significativa. A partir de então, com os efeitos da crise asiática, houve nova queda. Como porcentagem da FBCF, o IDE da Coreia do Sul atingiu o pico em 2008, com 7,4%. Nesse mesmo ano, o fluxo de IDE realizado pelas empresas coreanas alcançou US$ 20,3 bilhões sendo o maior nível desde então, mas cai em 2009, bate um novo pico histórico em 2011 com US$ 29 bilhões, conforme expresso na Tabela 4.5

105 104 Tabela 4.5: FBCF e fluxo de IDE e a relação FBCF/IDE da Coreia do Sul, 1980 a 2011 em milhões de US$ Ano FBCF IDE % ,75 26,10 0, ,39 47,50 0, ,57 151,30 0, ,01 129,90 0, ,45 52,10 0, ,29 591,00 2, , ,80 3, ,70 514,90 1, ,70 642,90 1, ,11 597,80 0, , ,60 1, , ,60 1, , ,50 0, , ,00 1, , ,10 1, , ,00 1, , ,10 2, , ,40 2, , ,20 4, , ,60 2, , ,50 2, , ,70 1, , ,20 1, , ,30 2, , ,80 2, , ,30 2, , ,10 4, , ,10 7, , ,40 7, , ,40 7, , ,20 9, , ,60 9,47 Fonte: UNCTAD. Elaboração própria. Em termos globais, o investimento direto coreano no exterior teve redução significativamente em decorrência da crise internacional, uma vez que ela afetou também os fluxos globais de IDE. Ao contrário disto, a participação em termos mundiais dos fluxos realizados do IDE coreano cresceu de 1,03% em 2008 para 1,47% em 2009 e em 2010 alcançou a maior porcentagem já alcançado, 1,6% caindo em 2011 para 1,2% segundo o Gráfico 4.4.

106 105 Gráfico 4.4: Fluxos anuais de saída de IDE como proporção do total mundial, do PIB e da FBCF da Coreia do Sul, 1980 a 2011 em % Fonte: UNCTADStat (< Elaboração própria. Obs.: Dados obtidos em 16/06/2013 No que diz respeito aos destinos regionais dos investimentos das empresas sulcoreanas, entre 1990 e 1995, a Ásia constituiu a região de maior recebimento de IDE. Enquanto em 1990 a região representava somente 34% do IDE total, em 1995 esta porcentagem subiu para 55%, conforme o Gráfico 4.5. No mesmo período, a Europa também começou a se destacar como destino do IDE coreano entre 1990 e 1995, os fluxos destinados ao continente europeu saltaram de 4% para 18%. Tais movimentos ocorreram em detrimento da participação da América do Norte, principalmente dos Estados Unidos a participação deste país como destino do IDE coreano, foi de 43% em 1990 e 18% em De 2003 para 2013 houve uma queda de 55% para 44% do IDE para a Ásia, e de 23% para 21% para América do Norte. De acordo com Lee e Kawai (2007), as mudanças no perfil geográfico dos investimentos sul-coreanos na década de 1990 tiveram duas principais causas: 1) o crescente aumento dos custos da força de trabalho na Coreia do Sul, como resultado da consolidação do processo de industrialização dos anos 80, juntamente com a democratização do país; 2) o aumento das barreiras comerciais na etapa de formação da União Europeia e as privatizações que ocorreram nos países em transição no Leste Europeu levaram algumas empresas a investir na Europa para garantir acesso aos mercados da região.

107 106 Gráfico 4.5: IDE realizado por ano e região pela Coreia do Sul, 1990 a 2013 em % Fonte: Export-Import Bank of Korea Korea Eximbank (vários anos). Elaboração própria. Em 1980 a Ásia recebia 34% do IDE realizado pela Coreia do Sul, seguida pela América do Norte com 23% e África com 17% do total investido nas sete regiões. Uma década depois a América do Norte passou a ser, então, a região que mais recebeu o IDE coreano, com 43%, a Ásia passou a ter 34% e a Europa ganha espaço com 8%, de acordo com os Gráficos 4.6 e 4.7. Gráfico 4.6: Principais destinos do IDE da Coreia do Sul, 1980 Fonte: Korea Eximbank, Elaboração própria.

108 107 Gráfico 4.7: Principais destinos IDE da Coreia do Sul, 1990 Fonte: Korea Eximbank, Elaboração própria. Nos anos de 1996 a 2001, é possível observar diversas oscilações ano a ano em relação aos destinos principais do IDE, a maioria em decorrência da crise asiática. Em se tratar de tendências gerais, nota-se a forte queda da participação da Ásia como receptora do IDE coreano nesse mesmo período, caindo de 55% em 1995 para 27% em 2001, conforme expresso no Anexo 1. Já a América do Norte, no mesmo período, conseguiu, parcialmente, recuperar a sua importância, aumentando de 18% em 1995 para 29% em 2001, a Europa também aumenta sua participação, indo de 19% para 39%, embora, ambos (América do Norte e Europa), com bastante volatilidade. A Ásia teve uma pequena queda da sua participação no recebimento do IDE nos anos 2000, mas ainda assim ocupava a primeira posição dos destinos do IDE coreano, com 32%, as Américas Central e do Sul ocuparam o segundo lugar com 29% e logo em seguida a América do Norte com 28%..

109 108 Gráfico 4.8: Principais destinos IDE da Coreia do Sul, 2000 Fonte: Korea Eximbank, Elaboração própria. A Ásia, segundo exposto no Anexo 1, conseguiu recuperar, entre os anos de 2002 e 2008, seu papel de principal destino dos investimentos sul-coreanos, recebendo em todos os anos quase 50% do total que foi investido. Porém, desde 2008, sua participação como maior receptora de IDE coreano vem sendo reduzida, e a porcentagem destinada à Europa e América do Norte vem crescendo ano a ano. A América Central e a América do Sul, se comparado com a década anterior, elevaram seu nível de participação nos investimentos das empresas da Coreia do Sul nos anos 2000, tendo o Brasil e os paraísos fiscais da região como os destinos principais (RIBEIRO, RUPPERT, 2011). Gráfico 4.9: Principais destinos IDE da Coreia do Sul, 2012 Fonte: Korea Eximbank, Elaboração própria.

110 109 Em 2012 a Ásia se manteve sendo o país que mais recebe IDE coreano, com 44%, a América do Norte passa a ter participação de 19% e a Europa de 13%. A Tabela 4.6 representa o IDE na participação por setores e região. A China concentra 54% dos investimentos em manufatura, ao mesmo tempo em que os investimentos em comércio e atividades financeiras apresentam como preferências a América do Norte e a América Central e do Sul. Tabela 4.6: Participação do IDE da Coreia do Sul por setores e região em 2010 em % Setores Ásia Oriente Médio América do Norte América Central e do Sul Europa África Oceania Total Mineração Manufatura Comércio Atividades financeiras e secundárias Atividades imobiliárias Atividades profissionais, científicas e técnicas Subtotal Outros setores Total Fonte: Korea Eximbank. Elaboração própria baseado em RUPPERT, RIBEIRO, Quando o objetivo é alcançar o patamar de importantes produtoras de bens de alta tecnologia, as empresas coreanas direcionam seus investimentos prioritariamente para a Europa e América do Norte, com destaque para os Estados Unidos. Se o objetivo for diminuir os custos através da utilização de mão de obra local barata, a China é o país de preferência. A África e a Oceania tem maior participação no setor de extração mineral, devido a escassez desses recursos na Coreia. O Korea Eximbak (Banco de importação e exportação coreano) fez um levantamento de dados em 2004, junto aos investidores que fizeram o pedido para realizar IDE, e foi possível verificar que o motivo principal para as empresas investirem no exterior é o acesso aos mercados de destino, ou a terceiros mercados, onde a entrada é facilitada pela exportação a partir da produção no país que recebe o investimento. Nas Tabelas 4.7, 4.8 e 4.9 são apresentados os países que historicamente mais receberam investimentos diretos externos das empresas sul-coreanas nos anos 2010, 2011 e Os principais destinos com o maior montante investido têm sido a China e os Estados

111 110 Unidos, seguidos por Reino Unido, Malásia, Hong Kong, Canadá, Brasil, Indonésia, Vietnã e Alemanha. Tabela 4.7 Fluxo de IDE da Coreia do Sul no mundo principais países, 2010 País Número de novos investimentos no exterior Montante investido (Em milhões de US$) Peso relativo (Em %) China EUA Reino Unido Malásia Hong Kong Canadá Brasil Indonésia Vietnã Alemanha Outros países TOTAL Fonte: Korea Eximbank. Elaboração própria. Ao observar o número de novos investimentos no exterior a ordem de países se altera, a China continua em primeiro lugar seguida por EUA, Vietnã, Indonésia e Hong Kong que juntos alcançaram 64% dos novos investimentos feitos fora da Coreia do Sul em O fato dos países asiáticos assumirem os papéis mais destacados se explica por ser esta a direção preferencial dos investimentos em empreendimentos de pequeno e médio porte, que buscam alcançar os mercados dos países da região, mas que também têm um forte componente de busca da diminuição de custos de produção. Tabela 4.8: Fluxo de IDE da Coreia do Sul no mundo principais países, 2011 Países Número de novos investimentos no exterior Montante investido (Em milhões de US$) Peso relativo (Em %) EUA China Hong Kong Austrália Reino Unido Canadá Indonésia Brasil Vietnã Cingapura Outros países TOTAL Fonte: Korea Eximbank. Elaboração própria.

112 111 Em 2011, os Estados Unidos assumiram a liderança no montante investido, tendo 22%, mas a China continuou em primeiro lugar como país que recebeu o maior número de novos investimentos sul-coreanos. Tabela 4.9: Fluxo de IDE da Coreia do Sul no mundo principais países, 2012 País Número de novos investimentos no exterior Montante investido (Em milhões de US$) Peso relativo (Em %) EUA China Austrália Hong Kong Holanda Indonésia Brasil Filipinas Vietnã Canadá Outros países TOTAL Fonte: Korea Eximbank. Elaboração própria. A China e os Estados Unidos, em 2012, juntos somaram 30% do total de IDE coreano no mundo. O número de novos investimentos em Hong Kong aumentou de 94 para 104, porém o montante investido diminuiu em 5% com relação ao ano anterior. Os dez principais receptores de investimentos diretos coreanos em 1991 e 2010 estão representados na Tabela 4.11 com valores acumulados de quatro em quatro anos. Exceto o período entre 1991 e 1994, os IDEs destinados aos Estados Unidos e à China foram predominantes. Entre 1995 e 2010 a participação dos Estados Unidos e da China foi acima de 40%, com exceção do último quadriênio que ficou em 34%.

113 112 Tabela 4.10: IDE da Coreia do Sul no mundo, acumulado de 4 anos principais destinos, 1991 a 2010 em % Posição Países EUA China Hong Kong Reino Unido Vietnã Canadá Holanda Malásia Alemanha Brasil Outros países TOTAL Fonte: Korea Eximbank. Elaboração dos autores RIBEIRO, RUPPERT, A queda percentual nos últimos quatro anos teve grande influência de dois principais fatores: a diminuição dos investimentos em manufatura e a política de apoio a investimentos em recursos energéticos do governo da Coreia do Sul conforme Gráfico A redução dos investimentos em manufatura entre 2004 e 2009 causou significativo impacto nos investimentos destinados à China e, de uma maneira geral, à Ásia, região onde a concentração no setor manufatureiro é evidente segundo a Tabela 4.6. Além disso, o governo sul-coreano tem incentivado a realização de investimentos em recursos naturais, tendo o Reino Unido e o Canadá como alvos de importantes aquisições da Korean National Oil Co. (KNOC) em 2009 e 2010, por consequência cria-se uma tendência de queda de participação relativa de outros países como destino do IDE da Coreia do Sul (MANGUEIRA, 2010). É válido observar que o investimento direto externo com destino aos países desenvolvidos e em desenvolvimento possuem diferenças em termos de intensidade de fatores. De acordo com Ribeiro e Ruppert, (2011, p. 86): Enquanto o IDE coreano voltado para países desenvolvidos tem se concentrado nos setores de serviços e em manufaturas intensivas em capital, as indústrias de manufaturas intensivas em trabalho em sua maioria foram realocadas para países em desenvolvimento com baixo custo de mão de obra. Assim, existiram diferentes motivações e formas para a internacionalização das empresas coreanas, segundo o país de destino dos investimentos.

114 113 Ao observar o crescimento recente do IDE coreano (Gráfico 4.1), nota-se que, a partir de 2005, ele foi guiado por investimentos, principalmente, na indústria e no comércio como expresso no Gráfico A indústria, que teve um grande crescimento entre os anos 2005 e 2007 US$ 3,7 bilhões investidos em 2005; US$ 5,6 bilhões, em 2006; e US$ 8,2 bilhões, em 2007, sofreu significativa queda em 2008 (US$ 7,2 bilhões) e 2009 (US$ 4,5 bilhões), mas voltou a crescer em 2010, quando alcançou US$ 7,0 bilhões. Em 2011 chegou a US$ 8,2 bilhões e em 2012 teve uma queda e chegou a US$ 7,4 bilhões investidos na indústria. O comércio atingiu 14,71% em 2005 para 17,71% em 2008, porém o montante investido aumento de 1 bilhão para 3,8 bilhões de dólares. A exploração de recursos naturais, que é de extrema importância para a sustentabilidade do desenvolvimento econômico do país, registrou US$ 483 milhões investidos em 2005, US$ 7,3 bilhões em 2010 e US$ 7,6 bilhões em 2011, caindo para US$ 7 bilhões em Gráfico 4.10: Estoque de IDE pelos principais setores da Coreia do Sul - em % Fonte: Korea Eximbank (vários anos). Elaboração própria. Nota-se que a indústria vem perdendo importância relativa no direcionamento dos novos investimentos. Se, em 2001, este setor atingiu o pico de mais de 73% do IDE realizado pelas empresas coreanas, em 2009, esta proporção foi de apenas 22%. Em 2010 foi de 29%, e em 2011 e 2012, ficou em torno de 31%. As atividades financeiras ganham espaço nos anos 2000, chegando a 10% em 2003 e 13,6% em 2011, ao mesmo tempo em que o setor minerador absorveu 27% do IDE sul-coreano em 2009 e 30% em Esta elevação da participação do setor da mineração ocorreu devido à forte carência de recursos naturais de que sofre a economia sul-coreana.

115 114 Em 1980 o estoque de IDE no setor da agricultura foi de US$ 36,8 milhões, o que equivale a 25% do total investido. Para a indústria foram destinados US$ 34,1 milhões, alcançando 24% no investimento direto externo coreano. A maior participação foi a do setor de serviços, que ficou com 51%, sendo investidos US$ 74,2 milhões, segundo o Gráfico Gráfico 4.11: Participação do IDE por setores da Coreia do Sul, 1980 Fonte: Korea Eximbank. Elaboração própria. No final dos anos 80 e começo dos anos 90, o Sexto Plano Quinquenal, tinha como estratégia desenvolver as áreas de tecnologia de informação. Sendo assim, o governo direcionou seus incentivos para os produtos com alto índice de sofisticação tecnológica. Como resultado, em 1990, o direcionamento do investimento direto externo da Coreia foi direcionado 44% para a indústria, 38% para os serviços e apenas 18% para a agricultura como pode ser observado no Gráfico 4.11.

116 115 Gráfico 4.12: Participação do IDE por setores da Coreia do Sul, 1990 Fonte: Korea Eximbank. Elaboração própria. Nos anos 2000 a agricultura perde ainda mais espaço como destino do IDE, sendo investidos US$ 137 milhões, o que equivale a 3% do total investido. O setor de serviços voltou a ganhar espaço, e recebeu US$ 3,4 bilhões e a indústria perdeu força ficando com 32%. Como visto anteriormente, essa transferência de recursos da indústria para os serviços significa a mudança na estrutura da economia coreana nos últimos anos. Através do Gráfico 4.13 é possível observar essa mudança. Gráfico 4.13: Participação do IDE por setores da Coreia do Sul, 2000 Fonte: Korea Eximbank. Elaboração própria.

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