FORMAÇÃO DE PROFESSORES ALFABETIZADORES: CONTRIBUIÇÕES PARA O LETRAMENTO DOCENTE

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1 1 FORMAÇÃO DE PROFESSORES ALFABETIZADORES: CONTRIBUIÇÕES PARA O LETRAMENTO DOCENTE Resumo Francisca das Chagas Cardoso do Nascimento Santos Doutoranda Universidade Federal do Piauí UFPI Teresa Christina Torres Silva Honório Universidade Federal do Piauí UFPI O presente trabalho objetiva investigar como a formação de professores contribui para a reelaboração do letramento de professores alfabetizadores. O mesmo faz parte de uma pesquisa em andamento em nível de doutorado do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal do Piauí-UFPI sobre a formação de professores alfabetizadores em articulação com o letramento docente, considerando que estes profissionais estão inseridos em uma sociedade cujas práticas sociais de usos da escrita ocorrem em diferentes instituições sociais.a pesquisa foi motivado pela seguinte questão problema: Como a formação de professores contribui para a reelaboração do letramento de professores alfabetizadores? Encaminhamos como objetivos específicos: Identificar o perfil profissional dos professores que atuam em classes de alfabetização; analisar as contribuições da formação de professores no letramento de alfabetizadores. Temos como hipótese que a formação de professores alfabetizadores contribui para a reelaboração de letramentos em suas práticas docentes, articulando o uso da escrita nas práticas sociais. Tomamos como referência as contribuições de autores como: Street (2014), Kleiman (1995), Soares (1998; 2003), Cook-Gumperz (1991), Brito (2011), Freire (2005), (2009), Giroux e McLaren (1997), entre outros. O estudo (que se encontra em andamento) é uma pesquisa narrativa e possui como método a autobiografia/histórias de vida, cuja produção dos dados efetiva-se por meio do memorial de formação, tendo como técnica a oficina biográfica de projeto (DELORY- MOMBERGER, 2014). A investigação envolve sete alfabetizadoras das escolas da rede municipal de ensino de José de Freita-PI. Neste trabalho compreendemos que a formação deve criar espaços de reflexão e de compartilhamento de saberes entre os professores alfabetizadores para que a escola possa ser também um locus para a formação e espaço para o desenvolvimento do seu letramento. Palavras-chave: Formação de Alfabetizadores. Letramento. Prática Pedagógica. Introdução Hoje, tanto em nível nacional como internacional, um tema central dos debates a respeito da educação brasileira é a formação de professores. Tratar da formação docente envolve uma série de exigências para que o processo se efetive atendendo as demandas que requer a profissão na contemporaneidade. Dentre as exigências vincula-se o letramento do professor alfabetizador, que deve acontecer, no âmbito da formação, orientados pelos diversos saberes, dentre eles os saberes acadêmicos. 4918

2 2 Para a formação de professores alfabetizadores ésalutar que ocorra mediante subsídios teóricos e metodológicos que contemplem conhecimentos da cultura local e global alicerçada ao respeito à diversidade sociocultural. Neste âmbito, a formação possibilita ao professor constituir o próprio letramento entrelaçado a práticas concretas e sociais. Sob os alicerces teóricos de: Street (2014), Kleiman (1995), Soares (1998; 2003), Cook-Gumperz (1991), Brito (2011), Freire (2005), (2009), Giroux e McLaren (1997), entre outros, articulamos as discussões sobre a formação e o letramento do professor alfabetizador viabilizando elementos para reflexão de professores no que diz respeito ao letramento docente como busca pela melhor qualidade da educação. Mediante as análises iniciais, vemos que a formação para professores alfabetizadores se revela um dos caminhos para o letramento docente, mas não o único. O desafio das instituições de formações de professores residem exatamente em promover a articulação do processo formativo comas realidades das práticas sociais, em função das diversas agências de letramentos (família, escola, igreja) porque a prática docente exige que o docente constantemente esteja ressignificando seus conhecimentos e consequentemente elevando o seu nível de letramento como um processo dinâmico e constante. 2 Apontamentos sobre formação e letramento de professores alfabetizadores As instituições de formação de professoresprecisam ampliar ações que incentive o espírito pesquisador do alfabetizador de modo que aprimore a sua prática e reflita sobre as teorias e sobre sua atuação docente. Ou seja, este movimento entre a formação, prática e reflexão suscita um olhar cuidadoso diante da constituição do letramento docente. Outro aspecto que merece destaque é a compreensão de que a leitura e a escrita compõem a preparação para o professor alfabetizador constituir-se um dos agentes de letramento de seus alunos no ciclo de alfabetização Nesse sentido, investigar como a formação de professores contribui para a reelaboração do letramento de professores alfabetizadores implica compreender que no processo de formação, os alfabetizadores, dialogam com as exigências da prática, elaboram e reelaboram seus letramentos e consequentemente a apropriação de saberes que redimensionam suas trajetórias profissionais, a partir do exercício da prática 4919

3 3 reflexiva. Deste modo, aformação deve está atrelada à prática docente, constituindo-se em palco de experiências complexas e desafiadoras. Todos esses aspectos devem ser considerados para que possamos alcançar o que propõe Giroux (1997), Mclaren (2000) e Freire (1996; 2011; 2008), colocar nas escolas professores preparados para ajudar os estudantes a dominarem as ferramentas de leitura e ajudá-los a lerem o mundo criticamente. Para que os alfabetizadores exerçam sua tarefa de mediar o letramento de seus alunos precisam elevar o nível de letramento por meio dos processos formativos docentes atrelado à práticas educacionais que elaboram e difundem conhecimentos, habilidades e valores a partir das condições sociais de vida. Esses aspectos devem ser agregados a estratégias metodológicas e ideológicas com caráter libertador, contrário ao ensino memorialístico, mecanicista e depositário.. Corroboram com este pensamento autores como Zeichner (1993); Contreras (2002); Freire (2005); Giroux (1998) entre outros, ao defenderem a figura do professor crítico e reflexivo, capaz de atuar num ambiente cheio de controvérsias, observar os fenômenos e refletir sobre eles e propondo soluções. Conforme Brito (2003) a adequada formação do professor alfabetizador contempla entre outros, conhecimentos relacionados ao funcionamento da escrita (sua natureza, suas funções sociais), pode torná-lo competente em sua prática alfabetizadora, percebendo com clareza como ocorre a aprendizagem da escrita; quais posturas assumir diante das escritas infantis. Portanto, a formação do alfabetizador necessita de uma base ampla de saberes, envolvendo a cultura da profissão, a cultura geral e os saberes peculiares à alfabetização, estas características compõem elementos que reelaboram o letramento docente. 3 Delineamento metodológico da pesquisa Optamos pela pesquisa narrativa, cujo método elegemos a autobiografia/histórias de vida. Como técnica utilizamos a oficina biográfica de projeto conforme orientações de Delory-Momberger (2014) e como instrumento para produção de dados o memorial de formação. Para a fundamentação teórico-metodológica relativamente ao desenvolvimento da investigação elegemos as contribuições dos seguintes autores, entre outros: Nóvoa (2000); Josso (2010), Souza (2006), Bolívar (1997). Conforme Souza (2006) a pesquisa narrativa evidencia e aprofunda aspectos das experiências educativas e da formação dos sujeitos, bem como potencializa entender 4920

4 4 diferentes mecanismos e processos históricos relativos à formação e à práticas docentes em diferentes tempos, adentrando em um campo subjetivo e concreto. A pesquisa está sendo realizada em duas escolas da rede municipal de ensino de José de Freitas-PI, com a participação 7 (sete) colaboradoras que trabalham no ciclo de alfabetização. Considerações finais: algumas constatações A partir das discussões teóricas e das análises iniciais dos dados desta pesquisa, constatamos que a formação de professores mobiliza conhecimentos e saberes necessários ao letramento docente e se constitui uma das vias necessária paraa reelaboração de conhecimentose do letramento docente. É salutar a implementação de propostas de formação docentes, buscando o diálogo com as práticas de ensinar, a fim de que haja a reelaboração ou o redimensionamento do letramento docente. Ademais, compreendemos que a formação deve criar espaços de reflexão e de compartilhamento de saberes entre os professores alfabetizadores para que a escola possa ser também um locus para a formação de professores e espaço para o desenvolvimento do seu letramento. Referências BRITO, A. E. Saberes da prática docente alfabetizadora: os sentidos revelados e ressignificados no saber-fazer. Natal (RN): Universidade Federal do Rio Grande do Norte, CONTRERAS, J. A autonomia de professores. São Paulo,SP: Cortez, COOK-GUMPERZ, Jenny. A construção social da alfabetização. Porto Alegre: Artes Médicas, DELORY-MOMBERGER, C. Formação e socialização: os ateliês de projeto. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 32, n. 2, Maio/ago FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paze Terra,

5 5 GIROUX, H. A. Os professores como intelectuais: rumo a uma pedagogia crítica da aprendizagem. Porto Alegre. Artes Médicas, JOSSO, C. Da formação do sujeito ao sujeito da formação. In: NÓVOA, A.; FINGER, M. (Org.). O método (auto)biográfico e a formação. Natal, RN: EDUFRN; São Paulo: Paulus, KLEIMAN, A. B. Modelos de letramento e as práticas de alfabetização na escola. In: KLEIMAN, Angela B. (Org.). Os significados do letramento. Campinas, S.P.: Mercado de Letras, MACLAREN, P. e GIROUX, H. Escrevendo das margens: geografias de identidade, pedagogia e poder. In: MCLAREN, P. Multiculturalismo revolucionário: pedagogia do dissenso para o novo milênio. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, NÓVOA, A. Vidas de Professores. Lisboa: Porto Editorial, NÓVOA, A.; FINGER, M. (Org.). O método (auto)biográfico e a formação. Natal, RN: EDUFRN; São Paulo: Paulus, SOARES, M. Letramento e escolarização. In: RIBEIRO, M. (org.). Letramento no Brasil. São Paulo: Global, Pt. 2 p SOUZA, E. C. O conhecimento de si: estágio e narrativas de formação de professores. Rio de Janeiro. DP & A; Salvador, BA: UNEB, STREET, B. V. Letramentos sociais: abordagens críticas do letramento no desenvolvimento, na etnografia e na educação. Trad.: Marcos Bagno. São Paulo: Parábola Editorial, ZEICHNER, K. M. A Formação Reflexiva de Professores, Idéias e Práticas. EDUCA, Lisboa