MAPEAMENTO GEOMORFOLÓGICO DA ÁREA URBANA E ADJACÊNCIAS DA CIDADE DE ÁLVARES MACHADO-SP 1
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- Raphael Marreiro Canto
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1 MAPEAMENTO GEOMORFOLÓGICO DA ÁREA URBANA E ADJACÊNCIAS DA CIDADE DE ÁLVARES MACHADO-SP 1 Tiago Medici Vinha tmvinha@hotmail.com Aluno de Pós-Graduação Mestrado FCT/UNESP Presidente Prudente Bolsista CAPES RESUMO O presente artigo procura apresentar resultados preliminares da pesquisa que vem sendo realizada junto ao Programa de Pós Graduação em Geografia da FCT/UNESP, buscando através do mapeamento geomorfológico da cidade de Álvares Machado-SP fornecer subsídio para um zoneamento ambiental urbano. Para isso, procurou-se enfatizar a relação sociedade natureza e mostrar a importância do mapeamento geomorfológico como ferramenta na espacialização dos fenômenos ocorridos no relevo. Através do trabalho com fotointerpretação de imagens aéreas, uso de softwares cartográficos, bem como trabalhos de campo, desenvolveu-se mapas que pudessem mostrar a morfologia do terreno na cidade e áreas adjacentes bem como suas características de ocupação e intervenção. Palavras-chave: mapeamento, relevo, sociedade, recursos naturais, Geomorfologia. INTRODUÇÃO A sociedade moderna, nas mais diferentes regiões, tem causado intensas modificações na paisagem. Porém, essa herança, esse processo, ocorre há muito tempo, e o pensamento da sociedade sobre os recursos naturais como sendo algo particular, de apropriar-se para uso fruto sem pensar em ter alguma obrigação para com o mesmo era o que prevalecia. É fato na história das sociedades que esse modo intenso de uso dos recursos naturais para um crescimento econômico e social se intensificou com o advento do capitalismo e principalmente no meio urbano, local de maior expressão das intensas modificações provocadas pelo homem. A cidade se tornou o local mais adequado para o desenvolvimento do capitalismo, pois propiciou qualitativa e quantitativamente as melhores condições para isso, tornando-se o capitalismo, o responsável primeiro na divisão social do trabalho. (SPOSITO, 1988:64) Por conseqüência desses reflexos impactantes na natureza e na sociedade, e principalmente no ambiente urbano, à preocupação com os problemas ambientais cresceram, tanto na comunidade científica, nas administrações públicas, nas organizações não-governamentais e também na esfera privada. Já há algum tempo, um enorme volume de trabalhos técnicos e científicos produzidos vem mostrando quanto o avanço da sociedade tecnificada atual tem causado impactos ao ambiente. Historicamente, a década de 1970 foi o limiar de uma época em que os planos de desenvolvimento no Brasil estavam acelerados, o que fez aprofundar as discussões em âmbito nacional do que já vinha ocorrendo no exterior com relação às questões ambientais. 1 Eixo temático: Geografia Ambiental e da Saúde
2 O ano de 1970 foi eleito pelas Nações Unidas como o Ano do Meio Ambiente e também foi uma década de importantes conferências mundiais sobre meio ambiente. Seguida e essa fase, a década de 1980 foi a de maior expressão, principalmente pela Comissão Bruntland em 1988, reconhecendo o vínculo entre ambiente, ações, ambições e necessidades humanas. No Brasil, a aprovação de leis e decretos de cunho ambiental também começam a ganhar destaque. No ano de 1986 o Conselho Nacional de Meio Ambiente - Conama - institui a obrigatoriedade do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e do Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) para o licenciamento de atividades modificadoras do meio ambiente, através da Resolução 001/86. Em 1988, o artigo 225 da Constituição Federal Brasileira trata das questões ambientais, Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. Percebe-se, portanto, que a preocupação com a natureza começa a ganhar uma maior dimensão e a necessidade da busca por soluções contra problemas ambientais no ambiente urbano e para uma melhor qualidade de vida já ultrapassa o campo de uma única disciplina, de uma única equipe de pessoas e profissionais especializados numa única ciência, pois, a compreensão dos fatos e soluções dos problemas necessita hoje da integração de conhecimentos de várias disciplinas. A essa questão, trazemos a contribuição da Geografia e da Geomorfologia, mais precisamente desta última, já que a mesma se encontra numa situação privilegiada, pois consegue integrar as várias dinâmicas (sociedade e natureza) atuantes na paisagem. O foco de estudo dessa é o relevo, sendo este entendido como suporte ou recurso das relações sociais. O relevo funciona como variável importante, indicador dos diferentes ambientes que favorecem ou dificultam as práticas econômicas, responsáveis pelos arranjos espaciais e pelo processo de produção dos espaços. (ROSS, 2006:91). Trazemos, portanto, a contribuição da geomorfologia num estudo de mapeamento geomorfológico para a área urbana e adjacências da cidade de Álvares Machado-SP, na intenção de poder contribuir para uma futura proposta de zoneamento ambiental urbano, que esta sendo desenvolvido junto a pesquisa de mestrado a qual esse trabalho faz parte, intitulado, Analise geomorfológica aplicada à área urbana e adjacências de Álvares Machado-SP. LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO O Município de Álvares Machado (Figura 1) localiza-se no oeste do Estado de São Paulo, na microrregião de Presidente Prudente. A área central da cidade está nas
3 coordenadas S e WGr. A altitude neste ponto é de 475 metros, apresentando ao longo do município variações altimétricas de mais de 80 metros. O Município de Álvares Machado possui área de 346 Km² e sua população é de aproximadamente habitantes (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-IBGE, 2010). Historicamente é importante frisar que a ocupação dos compartimentos de relevo na cidade ocorreu do topo em direção as vertentes. Esse processo teve inicio na década de 1920, com o surgimento dos primeiros aglomerados urbanos e a criação dos primeiros lotes. Esse tipo de ocupação foi uma prática ocorrida com a maioria das cidades paulistas do interior, devido ao processo de expansão da malha ferroviária na época. Ocupavam-se os topos paralelamente aos trilhos do trem instalados nestes, pois a circulação de pessoas e mercadorias ocorriam nos arredores das estações ferroviárias instaladas muitas vezes antes ate da criação de alguns municípios. Álvares Machado cresceu através dos arredores da estação de trem, instalada em O surgimento dos primeiros lotes ocorreu em Atualmente, o município de Álvares Machado vem apresentando um aumento populacional considerável, segundo os últimos dados do IBGE (2010). No censo de 1991 o município apresentava habitantes e hoje apresenta aproximadamente pessoas segundo a estimativa do ano de O aumento populacional foi considerado acima da média do Estado de São Paulo, com variação acima de 20%. Esse fato nos chama atenção, pois a cidade de Álvares Machado é considerada como cidade dormitório, pela sua proximidade e o intenso fluxo de moradores que vão trabalhar, estudar e etc em Presidente Prudente. Esse processo vem proporcionando um aumento no número de empreendimentos imobiliários em Álvares Machado, pois o custo de vida na cidade é considerado baixo em relação à cidade vizinha. No ano de 2006, o então prefeito da época, o Sr. Luiz Takashi Katsutani, instituiu a Lei 2.497/06, que corresponde à criação do Plano Diretor Urbanístico do município de Álvares Machado, visando assim um plano para o uso e ocupação do solo no município. A criação do plano diretor do município vem na tentativa de direcionar de uma forma mais correta o uso e ocupação do solo, na busca de uma melhor gestão do território e na tentativa do uso correto dos recursos naturais.
4 Figura 1. Localização da área de estudo APLICAÇÕES DO MAPEAMENTO GEOMORFOLÓGICO Antes de tudo, deixemos claro que a Geomorfologia faz parte das chamadas ciência da Terra, praticada por profissionais de diversas áreas como geógrafos, geólogos, engenheiros agrônomos, engenheiros ambientais etc. Defendemos aqui que a Geografia seria a ciência que mais completa os questionamentos nos estudos em Geomorfologia, pois através da Geografia, é possível se fazer análises das relações humanas entre si, e desta com o meio natural, utilizando para tal, de práticas teóricas e também das tecnologias da informação (ROSS, 2006:199) Esse fato faz da Geografia uma importante ciência no desenvolvimento e planejamentos governamentais, norteando políticas públicas em projetos que tratem de aspectos relacionados ao desenvolvimento econômico, social e ambiental. (ROSS, 2006) Nesse estudo de caso, preponderamos que o ensinamento oferecido pela Geomorfologia, através da Geografia, torna a capacidade de compreensão dos fatos ambientais e sociais mais precisos, podendo relacionar de uma maneira mais equitativa esta relação sociedade-natureza. Concordamos com Ross (2006) ao afirmar que a Geomorfologia, proporciona suporte absoluto as atividades humana. Nesse sentido, destaca-se que o relevo da superfície terrestre é o piso, o chão, onde a humanidade constrói e desenvolve suas atividades, produz, organiza e reorganiza seus espaços territoriais. A geomorfologia ajuda a explicar como os espaços territoriais terrestres se organizam por meio das ações humanas. (ROSS, 2006: 9)
5 E ainda, afirma que a mesma é um elemento da natureza, fruto das interações de forças internas e externas da Terra, resultando em formas ou fisionomias do terreno, proporcionando sustentação para as relações espaciais produzidos pela humanidade. (ROSS, 2006). A busca pelo entendimento dos problemas ambientais e socioambientais específicos exige-se, portanto, que se trabalhe de uma maneira integrada entre a Geografia e a Geomorfologia, de modo aplicado, para que se criem condições e se forneça soluções práticas para um uso sustentável dos recursos naturais. As práticas e técnicas geomorfológicas para o entendimento das relações socioambientais são varias e destacamos aqui a do mapeamento geomorfológico como uma das mais importantes, pois o mapeamento geomorfológico representa uma ferramenta na espacialização dos fenômenos geomorfológicos, em que é possível fazer inferências e associações a gênese das formas do relevo e a relações com a estrutura e os processos resguardando suas particularidades, bem como mostra as diferentes formas de atuação da sociedade na paisagem. O mapeamento das feições geomorfológicas muitas vezes depende da escala, e neste caso, o mesmo abrangerá a escala da cidade, mapeando áreas tanto urbanas como as adjacentes. O mapeamento da morfologia em áreas urbanas se torna algo de difícil compreensão, pois muitas das formas hoje observadas estão muito modificadas pela sociedade. A ocupação urbana altera significativamente o relevo, promovendo alterações e cria muitas vezes novas características geomorfológicas. Fujimoto (2008), ao concordar com Douglas (1983), apresenta que: As novas formas de relevo são criadas em áreas urbanas através da acumulação de detritos urbanos ou pela extração de materiais e são denominadas de formas de relevo por acumulação ou formas de relevo por remoção, respectivamente. Algumas atividades envolvem os processos de extração e de acumulação simultaneamente, ou ainda, de extração em um determinado lugar e deposição em outro. (FUJIMOTO, 2008 p. 97) E ainda, as intervenções antrópicas são geradas para se obter superfícies planas para posterior incremento topográfico por construções ou edificações. Essas intervenções implicam basicamente em corte e/ou aterros desenvolvidos na morfologia original, provocando o remanejamento dos materiais superficiais. (FUJIMOTO, 2008 p. 97) Fujimoto (2008 p. 112), ao concordar com Peloggia (1998) afirma que são três os níveis de consequências da ação humana sobre a natureza (figura 2): na modificação do relevo, na alteração da dinâmica geomorfológica e na criação de depósitos correlativos comparáveis aos quaternários (os depósitos tecnogênicos) devido a um conjunto de ações denominada tecnogênese.
6 Essa cadeia de alterações antrópicas no relevo modifica toda uma estrutura que tem sua própria dinâmica, criando e recriando formas na superfície terrestre. Figura 2. Consequências da ação humana sobre a natureza no meio urbano (Adaptado de: FUJIMOTO, 2008 p. 112) Sabemos que a intervenção no meio é necessário para o desenvolvimento da humanidade, porém pensamos que se feito de forma adequada, obedecendo as características de cada elemento natural, os impactos gerados são amenizados, controlados, passíveis de equilíbrio. Nesse caso de estudo, onde se traz a importância da geomorfologia e a técnica de mapeamento geomorfológico voltado para áreas urbanas, pensamos que o mapeamento geomorfológico pode contribuir e muito para o desenvolvimento humano sobre os recursos naturais. O mapeamento geomorfológico é uma ferramenta na espacialização dos fenômenos geomorfológicos e pode contribuir para uma ocupação menos agressiva ao relevo. Klimazevisk (1982) expressava a importância do mapeamento geomorfológico para um uso mais racional das formas. Um mapa geomorfológico de detalhe, proporcionando uma exata e mensurável visão do relevo, satisfaz aos requerimentos solicitados pelos vários setores da economia, tendendo a uma utilização mais racional das formas. A configuração da superfície da terra é de maior interesse para a agricultura, assentamento populacional, comunicação, engenharia hidrológica, turismo, recreação e para o manejo dos recursos. Guerra e Marçal (2006) também demonstraram a importância do mapeamento geomorfológico para diversas áreas. Na agricultura, o mapa geomorfológico pode mostrar inclinação, os diferentes tipos de vertente e planícies de variáveis gradientes, erosões no solo, terrenos com possibilidades de deslizamentos. Para a construção civil pode contribuir mostrando terrenos passíveis de deslizamentos, rastejamento, desmoronamento, avalanches e escoamento pluvial, área de fragilidades cársticas e enchentes, etc.
7 Na edificação da malha viária, informa sobre a distribuição, extensão e segmentação de planícies e vertentes de várias categorias, distribuição de taludes rochosos sujeitos a intemperismo e desmoronamento, etc. Nos projetos de engenharia hidrológica auxilia na construção de barragens, onde é importante ter um conhecimento profundo da configuração da paisagem (vales, processos morfológicos contemporâneos nas áreas de vertentes, das reservas hídricas e da área de captura total da água). Controle de inundação e traçados dos rios também são feitos por um conhecimento do relevo, principalmente das morfologias de fundo de vale e do leito do rio. Nas praias informa sobre distribuição e dimensão das seções de falésia e tabuleiros estáveis ou instáveis, distribuição e áreas de praias e as tendências destrutivas e construtivas. Numa proposta de zoneamento ambiental urbano o uso do mapeamento geomorfológico torna-se crucial no momento em que pode fornecer detalhes do terreno e suas características de capacidade e fragilidade de acordo com a morfologia. Enfim, varias são as contribuições do mapeamento geomorfológico para um uso racional dos recursos naturais em beneficio da sociedade. Enfatizamos que esse trabalho, vai auxiliar na elaboração de uma proposta de zoneamento ambiental urbano que esta sendo desenvolvida para a cidade de Álvares Machado, já citado. OBJETIVO O objetivo principal é realizar uma análise geomorfológica da área do perímetro urbano e adjacências da cidade de Álvares Machado-SP, para um possível auxilio a administração pública municipal no planejamento da ocupação correta das diferentes formas de relevo. Para isso, traz-se como objetivos específicos: -elaboração do mapa hipsométrico mostrando as diferenças altimétricas predominantes na área urbana e adjacências; -elaboração do mapa de declividades, tão importante para se ter o conhecimento das áreas inadequadas a ocupação humana com declividades acima de 30%; -a elaboração do mapa geomorfológico através da fotointerpretação de fotografias aéreas, cujo mesmo permite-se diferenciar os compartimentos do relevo e associado aos demais mapas, servir como indicador do tipo de ocupação urbana; METODOLOGIA
8 A princípio foi obtida junto à prefeitura do município de Álvares Machado-SP, a base de dados digital planoaltimétrica com informações geográficas e cartográficas. O mapa planialtimétrico foi elaborado com base nas curvas de nível no formato digital de eqüidistância de 5m na escala 1:20.000, no software ArcGis 9.3. A área de estudo apresenta uma variação altimétrica de 375 metros a 490 metros de altitude. O mapa de declividades foi gerado através do software ArcGis 9.3, a partir da base planoaltimétrica citada. O mapa de declividades resultante em formato MNT (Modelo Numérico do Terreno) foi fatiado em classes de declividade, sendo elas 0-3; 3,1-6; 6,1-12; 12,1-20; 20,1-30 e >30, calculado em porcentagem (%). O mapa geomorfológico foi elaborado através da fotointerpretação de feições geomorfológicas extraídas de fotografias aéreas na escala 1: (vôo da Bacia hidrográfica do Rio Santo Anastácio, empresa Base S.A, 1978, Faixas Nº 68, 69, 70A e fotos 32, 33, 34, 35, 62, 63, 64, 65, 95, 96, 97, 98 e 99) utilizando elementos de interpretação como textura, tonalidade, forma, tamanho e padrão. As feições geomorfológicas extraídas, foram transferidas para a Base Digital Planoaltimétrica por intermédio de uma simples justaposição destas feições sobre uma carta topográfica na escala 1: obedecendo à rede de drenagem. O processo de vetorização e georrefereciamento das feições foram feitos no software ArcGis 9.3. Desta forma, cada feição vetorizada, contornadas segundo o overlay obtido através da interpretação aerofotogeomorfológica ocupa um layer específico. Posteriormente, cada layer é sobreposto ao outro possibilitando a formação do mapa. Na estereoscopia, observaram-se as feições do terreno como formas de topos, divisores de água, colos, morfologias das vertentes (côncavo, retilíneo ou convexo), as formas dominantes dos fundos de vales (abertos ou berço e fechado em V), terraços fluviais e processos morfodinâmicos (erosões). Para aferição das feições geomorfológicas mapeadas, foram realizados vários trabalhos de campo, a fim de corrigir os possíveis erros na extração das feições, bem como identificação de outros elementos da paisagem. RESULTADOS PARCIAIS Os resultados parciais apresentados nesta sessão farão parte da idéia principal na qual este trabalho está vinculado, que é o de propor para a cidade de Álvares Machado um zoneamento ambiental urbano para fins de expansão urbana. A pesquisa a qual nos referimos está em fase de conclusão e esta sendo desenvolvida junto ao Programa de Pós- Graduação em Geografia da UNESP de Presidente Prudente. Os três mapas elaborados (figuras 3, 4 e 5) são apresentados sequencialmente para posterior leitura dos mesmos.
9 Figura 3. Mapa hipsométrico da cidade de Álvares Machado Figura 4. Mapa de declividades da cidade de Álvares Machado
10 Figura 5. Mapa geomorfológico da cidade de Álvares Machado A localização geomorfológica de Álvares Machado segundo o Mapa Geomorfológico do Estado de São Paulo (ROSS e MOROZ, 1996) se encontra na morfoestrutura da Bacia Sedimentar do Paraná e na morfoescultura do Planalto Ocidental Paulista, mais precisamente no Planalto Centro Ocidental. A morfologia do relevo é constituída principalmente de colinas amplas e baixas, com altimetria entre 300 e 600 metros e declividade média predominante entre 10 e 20%. A região apresenta solos do tipo latossolo vermelho amarelo médio a arenoso e argissolo vermelho amarelo médio argiloso, apresentando um índice de fragilidade média, com formas de dissecação de média a alta, e vales entalhados e densidade de drenagem média a alta, com forte aptidão há atividade erosiva. As estruturas sedimentares correspondem a Formação Adamantina, pertencentes ao Grupo Bauru, na Bacia Sedimentar do Paraná. A Formação Adamantina é proveniente de depósitos fluviais, de arenitos finos a muito finos, apresentando em alguns locais cimentação por carbonato de cálcio. A estratificação é plano paralela, sendo possível observar o afloramento dessas em diversos trechos na cidade, bem como nas erosões encontradas na área urbana e nas adjacências. (IPT, 1981). Localmente, a área urbana do município esta sobre um compartimento de topo (espigão divisor de águas das bacias do Rio do Peixe a noroeste e do Rio Santo Anastácio a sudoeste), o qual direciona as drenagens de Álvares Machado para as duas bacias hidrográficas.
11 Como se pode observar no mapa hipsométrico (Fig.3), as variações altimétricas na área urbana de Álvares Machado atingem diferenças de mais de 100m do topo para os fundos de vale, sendo que o lado leste e principalmente sudeste apresentam suavidade altimétrica, com colinas mais amplas. Esta vem sendo uma região bastante explorada para a construção de residências de porte médio a alto, bem como chácaras de lazer, pois apesar da distância do centro da cidade, apresentam melhores condições físicas para a construção de casas. Já próximo a área urbana, alguma áreas possuem interflúvios próximos, com diferença acentuada, dificultando a ocupação. Com base nos mapas de declividade e de geomorfologia, foi possível identificar e correlacionar os seguintes aspectos: 1. Os topos são em sua maioria estreitos, suavemente ondulados e convexizados e com predomínio de declividades de 0 a 6%, se alargando mais na região oeste da área de estudo; estende-se de leste a oeste sendo interligados por colos rasos e pouco alongados. Caracterizado também como espigão divisor de águas, dividindo o município em duas bacias hidrográficas. A história de ocupação do município ocorre do topo em direção as médias e baixas vertentes, guiados pela construção da Estrada de Ferro Sorocabana, que percorre todo o espigão divisor de águas. Nos locais onde não há construções urbanas, as estruturas formadas pelo arenito cimentado pelo carbonato de cálcio oferece maior resistência aos agentes intempéricos. A vegetação na área dos topos (quando não impermeabilizados) são em sua maioria composta por pastagens e ou pequenas atividades agrícolas. Dificilmente se observou resquícios de mata nas áreas de topos, sendo este totalmente alterados de sua origem. De acordo com os trabalhos de campo, foi possível observar também a presença de Latossolos e em alguns pontos o afloramento da rocha matriz, indicando em alguns casos processos erosivos provocados pela realocação do solo. 2. A área urbana e suas adjacências apresentam, de forma geral, colinas amplas suavemente onduladas (380 a 480m); as declividades predominam entre 6 e 20%, porém proporcionam áreas com declividades acima dos 30%; em sua morfologia representam vertentes côncavas, convexas e retilíneas e a presença de cabeceiras de drenagem em anfiteatro. Em algumas áreas é possível observar Argissolos e Neossolos muito alterados, bem como o afloramento da rocha matriz. O predomínio maior são das colinas convexizadas dos topos suavemente ondulados; O comprimento de rampa associado a declividade, permite-se que se tenha em algumas vertentes, os três tipos de morfologia, sendo côncavas -convexas e retilíneas. Em alguns setores é possível observar as cabeceiras de drenagem em anfiteatro, provocados por sistemas de embaciamento, entalhadas por processos climáticos com padrões de drenagem dendrítico. É nas baixas vertentes onde foram encontradas a maioria das erosões, seja ela marginal, laminar, linear, ravinas e voçorocas. Muitas estão associadas a vertentes côncavas, pois o formato côncavo da vertente facilita a
12 concentração dos fluxos subsuperficiais e superficiais. De acordo com Moura e Silva (1998), apud Nunes et al (2008 p. 88), as áreas côncavas concentram fluxos d água subsuperficiais através do aumento do poro-pressão, gerando também fluxos superficiais saturados que, em períodos de maior pluviosidade, podem provocar rupturas/erosões por diferentes processos. Muitos desses fatores são provocados pelo processo de ocupação da área e pelo modo como hoje ela e ocupada. No caso das erosões observadas em campo, muitas delas estão associadas a falta de praticas de conservação do solo e da falta de cobertura vegetal. Algumas dessas erosões apresentam riscos à população pelo aumento constante das mesmas, aproximando-se de residências e pela grande profundidade atingida, como pode ser observada na figura 6. Figura 6. Erosão a 2 metros da residência (fonte, VINHA, 2010) A cobertura vegetal predominante nas vertentes ao longo da área de estudo são compostas por gramíneas proveniente de pastos. Há em algumas áreas resquícios de mata residuais. A degradação nas vertentes são intensas, muitas erosões e falta de manejo do solo são facilmente observados nos arredores da cidade. Nas vertentes impermeabilizadas, é fácil observar o grande fluxo de água que recebe os fundos de vale, sem nenhum método de contenção e desaceleração dos fluxos, mostrando assim a falta de infraestrutura básica. Os cortes, os aterros, as canalizações de águas que surgem em ambientes urbanos redirecionam os fluxos hídricos existentes e criam novos padrões de drenagem. Essas alterações proporcionam, por um lado, uma diminuição do escoamento superficial difuso, do escoamento subsuperficial e da infiltração e, por outro, uma intensificação do escoamento superficial [...] e criam verdadeiros leitos pluviais nas ruas durante eventos chuvosos ( FUJIMOTO, 2008 p. 104) 3. No compartimento de relevo das planícies aluviais, os fundos de vales são em V e em berço. As planícies apresentam-se muito assoreadas devido à carga de sedimentos transportados das áreas à montante, e muito erodidas, proporcionado pela falta das matas ciliares e pela má conservação do solo nas encostas. A declividade varia de 3 a mais de 10% em alguns locais com erosões, sendo possível observar a presença de Neossolos nas baixas vertentes próximo ao curso d água e da rocha matriz. Foram identificados terraços
13 fluviais e solos hidromórficos. No setor norte da cidade, na mesma erosão observada na figura 6, é possível observar o descarte de esgoto a céu aberto. A vegetação nos fundos de vale são mais intensas, com predomínios de árvores nativas de grande porte. Muitas dessas áreas apresentam também vegetações características de várzea, de porte baixo. Porém é fato que a cidade e seu entorno ainda carece de matas ciliares em seus córregos, evitando assim que a carga de sedimentos que chega das vertentes degradadas assoreiem ainda mais os rios e córregos. CONCLUSÃO O processo histórico de ocupação do relevo na cidade de Álvares Machado proporcionou ao longo dos anos, intensos processos degradatórios ao meio ambiente. As intervenções antrópicas modificaram as formas de relevo originais, desestruturando as características básicas do relevo gerando assim novos processos morfodinâmicos. Essas alterações implicam em significativas modificações no comportamento dos processos geomorfológicos, acelerando e intensificando suas potencialidades. A constituição do meio urbano e sua expansão não respeitam as formas e capacidades do relevo, salvo alguns locais. Observamos que os desenhos das estruturas urbanas não se adéquam ao tipo de vertente, sua curvatura, sua declividade, o que vem trazendo alguns problemas para a população que reside principalmente nas áreas à jusante dos bairros. Na maioria dos fundos de vale há a presença de processos erosivos relacionados ao despejo em excesso e com pouca ou nenhuma forma de contenção ou diminuição do fluxo superficial de escoamento das águas e resíduos cloacais, o que mostra a falta de infraestrutura urbana adequada. A falta de matas ciliares nos fundos de vale também aceleram esses processos erosivos. As mudanças nos topos e vertentes provocam alterações nos materiais superficiais, deixando-os expostos aos agentes climáticos, facilitando assim o transporte de material para os fundos de vale. O mapeamento geomorfológico dos compartimentos do relevo e sua associação a outros mapas característicos proporcionam uma visão privilegiada dos fatos ocorridos na superfície da cidade de Álvares Machado. A junção com outros estudos se faz necessário, desde o conhecimento do processo histórico de ocupação do relevo e os diferentes usos da morfologia local, os processos atuais de ocupação e futuras áreas de expansão urbana, o reconhecimento das condições ambientais originais e atuais tornam-se fundamentais no conhecimento da dinâmica da sociedade sobre o meio ambiente. Enfim, os resultados parciais obtidos até o momento demonstram que o desrespeito com as características ambientais locais sobressaem e os problemas aparecem de forma visível na cidade de Álvares Machado.
14 REFERÊNCIAS BRASIL, Constituição Federal do Brasil. Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de FUJIMOTO, N. S. V. M. Alterações ambientais na região metropolitana de Porto Alegre-RS: um estudo geográfico com ênfase na Geomorfologia urbana. Org. NUNES, J. O. R; ROCHA, P. C. Geomorfologias: aplicação e metodologias. São Paulo: Expressão Popular, 2008, p GUERRA, A. J. T; MARÇAL, M. S. Geomorfologia ambiental. Rio de Janeiro: Bertand Brasil, IBGE, INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA,. Disponível em: < Acesso em: 15 de junho de Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo, INPE. Mapa geológico do Estado de São Paulo. São Paulo, KLIMASZEWSKI, M. Detailed geomorphological maps. ITC Journal. Kraków NUNES, J. O. R. et al. Contribuição do conhecimento geomorfológico para as analises em SIG: seleção de áreas para a construção de aterro sanitário Presidente Prudente - SP Brasil. Org. NUNES, J. O. R; ROCHA, P. C. Geomorfologias: aplicação e metodologias. São Paulo: Expressão Popular, 2008, p ROSS, J. L. S. Ecogeografia do Brasil: subsídios para o planejamento ambiental São Paulo: Oficina de textos, ROSS, J. L. S; MOROZ, I. C. Mapa geomorfológico do Estado de São Paulo. São Paulo, SPOSITO, M. E. B. Capitalismo e urbanização. São Paulo: Contexto, 1988.
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