Superior Tribunal de Justiça

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1 RECURSO ESPECIAL Nº RS (2002/ ) RELATOR : MINISTRO JOÃO OTÁVIO DE NORONHA RECORRENTE : INVENSYS APPLIANCE CONTROLS LTDA ADVOGADO : JOSE ROBERTO MARCONDES E OUTRO(S) RECORRENTE : FAZENDA NACIONAL PROCURADOR : ARTUR ALVES DA MOTTA E OUTRO(S) RECORRIDO : OS MESMOS EMENTA TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. IPI. INSUMOS ISENTOS, NÃO TRIBUTADOS OU TRIBUTADOS À ALÍQUOTA ZERO. ART. 166 DO CTN. INAPLICABILIDADE. CORREÇÃO MONETÁRIA. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. PRESCRIÇÃO QÜINQÜENAL. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL. SÚMULA N. 83/STJ. 1. Nas hipóteses de aproveitamento de créditos de IPI, não tem aplicação a disposição contida no art. 166 do CTN. Precedentes. 2. Nas ações que visam o aproveitamento dos créditos escriturais do IPI relativos às aquisições de matérias-primas isentas ou reduzidas à alíquota zero, o prazo prescricional é de cinco anos. 3. "Não se conhece do recurso especial pela divergência, quando a orientação do Tribunal se firmou no mesmo sentido da decisão recorrida" Súmula n. 83 do STJ. 4. Não há como conhecer de recurso especial em que não resta cumprido o requisito indispensável do prequestionamento e a parte não opõe embargos de declaração para buscar a manifestação do Tribunal a quo acerca dos dispositivos suscitados. Incidência das Súmulas n. 282 e 356 do Supremo Tribunal Federal. 5. Recurso especial da Fazenda Nacional conhecido no que tange à alínea "a" e improvido. 6. Recurso especial da empresa contribuinte não-conhecido. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator, não conhecer do recurso da empresa contribuinte e conhecer do recurso da Fazenda pela alínea "a" e negar-lhe provimento. Os Srs. Ministros Castro Meira, Humberto Martins, Herman Benjamin e Eliana Calmon votaram com o Sr. Ministro Relator. Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Castro Meira. Brasília, 23 de outubro de 2007 (data do julgamento). MINISTRO JOÃO OTÁVIO DE NORONHA Relator Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 23/11/2007 Página 1 de 10

2 RECURSO ESPECIAL Nº RS (2002/ ) RELATOR : MINISTRO JOÃO OTÁVIO DE NORONHA RECORRENTE : INVENSYS APPLIANCE CONTROLS LTDA ADVOGADO : JOSE ROBERTO MARCONDES E OUTRO(S) RECORRENTE : FAZENDA NACIONAL PROCURADOR : ARTUR ALVES DA MOTTA E OUTRO(S) RECORRIDO : OS MESMOS RELATÓRIO O EXMO. SR. MINISTRO JOÃO OTÁVIO DE NORONHA: Trata-se de dois recursos especiais, o primeiro, da UNIÃO (FAZENDA NACIONAL), fundado no art. 105, inciso III, alíneas "a" e "c", da Constituição Federal, e o segundo, da INVENSYS APPLIANCE CONTROLS LTDA., interpostos com fundamento nas alíneas "a" e "c" do supramencionado permissivo constitucional, contra acórdão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região assim ementado: "TRIBUTÁRIO. IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS. OPERAÇÕES ISENTAS OU TRIBUTADAS À ALÍQUOTA ZERO. CREDITAMENTO. PRINCÍPIO DA NÃO-CUMULATIVIDADE. 1. Segundo a ordem constitucional vigente, que, nesse ponto, repte a anterior, o IPI é um imposto de competência da União, seletivo, em função da essencialidade do produto, e não-cumulativo, incidente sobre o valor agregado ao produto industrializado. 2. Como há creditamento na hipótese da isenção, que pressupõe a exclusão do crédito tributário ('nasce' a obrigação tributária, mas o crédito é excluído pela regra isentiva), mais razoável o creditamento na alíquota zero, em que sequer há a exclusão do crédito tributário, havendo a opção pela alíquota esvaziada. 3. A tese segundo a qual o creditamento, nos casos de isenção ou incidência tributária pela alíquota zero, implica enriquecimento ilícito, é de todo inaceitável, porquanto, mesmo naquelas hipóteses em que o tributo é pago, quem suporta o ônus econômico dessa tributação não é a mesma pessoa que se beneficia do crédito respectivo, considerando as várias etapas do processo de industrialização. 4. Para a desoneração o contribuinte pode excluir da base dos produtos fabricados o valor dos insumos adquiridos com alíquota zero, aplicando a alíquota sobre o saldo, ou aplicar sobre os insumos adquiridos com alíquota zero a alíquota dos respectivos produtos fabricados e lança o valor resultante a crédito em sua escrita, sendo que o resultado fiscal será exatamente o mesmo" (fl. 209). Os embargos de declaração opostos pela empresa contribuinte foram acolhidos para sanar omissão referente à correção monetária, posicionando-se "no sentido do não cabimento da correção monetária e juros o mais adequado à espécie, por descaracterizar o princípio da não-cumulatividade" (fl. 226). A Fazenda Nacional, em seu arrazoado (fls. 228/234), alega que o aresto impugnado violou o art. 166 do Código Tributário Nacional, asseverando que, para o aproveitamento dos Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 23/11/2007 Página 2 de 10

3 créditos de IPI, é necessária a prova de que o encargo do imposto respectivo não se transferiu ao contribuinte de fato. Sustenta também a existência de dissídio jurisprudencial entre o acórdão recorrido e julgados desta Corte que corroboram sua tese. Invensys Appliance Aontrols Ltda., por sua vez, sustenta, em seu recurso especial, que o acórdão recorrido violou o art. 66 da Lei n /91, ao determinar a não-incidência da correção monetária pela Ufir dos créditos de IPI. Alega também divergência jurisprudencial no que concerne ao prazo prescricional, asseverando que, ao contrário do entendimento consignado no acórdão recorrido, julgados paradigmas do STJ concluíram que o prazo prescricional na espécie é decenal. Contra-razões apresentadas pela Fazenda Nacional às fls. 271/279, e pela empresa contribuinte, às fls. 281/296. Os recursos foram admitidos às fls. 298 e 299, ascendendo os autos a esta Corte. É o relatório. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 23/11/2007 Página 3 de 10

4 RECURSO ESPECIAL Nº RS (2002/ ) EMENTA TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. IPI. INSUMOS ISENTOS, NÃO TRIBUTADOS OU TRIBUTADOS À ALÍQUOTA ZERO. ART. 166 DO CTN. INAPLICABILIDADE. CORREÇÃO MONETÁRIA. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. PRESCRIÇÃO QÜINQÜENAL. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL. SÚMULA N. 83/STJ. 1. Nas hipóteses de aproveitamento de créditos de IPI, não tem aplicação a disposição contida no art. 166 do CTN. Precedentes. 2. Nas ações que visam o aproveitamento dos créditos escriturais do IPI relativos às aquisições de matérias-primas isentas ou reduzidas à alíquota zero, o prazo prescricional é de cinco anos. 3. "Não se conhece do recurso especial pela divergência, quando a orientação do Tribunal se firmou no mesmo sentido da decisão recorrida" Súmula n. 83 do STJ. 4. Não há como conhecer de recurso especial em que não resta cumprido o requisito indispensável do prequestionamento e a parte não opõe embargos de declaração para buscar a manifestação do Tribunal a quo acerca dos dispositivos suscitados. Incidência das Súmulas n. 282 e 356 do Supremo Tribunal Federal. 5. Recurso especial da Fazenda Nacional conhecido no que tange à alínea "a" e improvido. 6. Recurso especial da empresa contribuinte não-conhecido. VOTO O EXMO. SR. MINISTRO JOÃO OTÁVIO DE NORONHA (RELATORA): Julgo conjuntamente ambos os recursos. 1) Recurso especial interposto pela União (Fazenda Nacional) O apelo não merece prosperar. Não constato, na espécie, a alegada violação do art. 166 do CTN, porquanto é firme a orientação da Primeira Seção desta Corte de que, nas hipóteses de aproveitamento de créditos de IPI, afigura-se desnecessária a comprovação da não-transferência do ônus financeiro correspondente ao tributo. Nesse sentido, cito os seguintes julgados: "RECURSO ESPECIAL. IPI. AQUISIÇÃO DE MATÉRIA-PRIMA ISENTA, NÃO TRIBUTADA OU SUJEITA À ALÍQUOTA ZERO. CRÉDITO. COMPENSAÇÃO. ART. 166 DO CTN. INAPLICABILIDADE. CRÉDITOS ESCRITURAIS. CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA. PRODUTOS FINAIS DESTINADOS À EXPORTAÇÃO. OS DISPOSITIVOS LEGAIS TIDOS POR VIOLADOS NÃO PREVÊEM A POSSIBILIDADE DE CREDITAMENTO DO IPI QUANDO NÃO HÁ SUA INCIDÊNCIA NEM NA ENTRADA DOS INSUMOS NEM NA SAÍDA DO PRODUTO FINAL. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 23/11/2007 Página 4 de 10

5 1. Esta Corte afastou o disposto no artigo 166 do Código Tributário Nacional na hipótese de direito ao creditamento do IPI, por não se tratar de repetição de indébito ou compensação. 2. A Primeira Seção, ao apreciar os Embargos de Divergência nº /SC, relatados pelo Ministro Teori Zavascki, entendeu ser devida a correção monetária dos créditos de IPI decorrentes da aquisição de insumos e matéria-prima utilizados na fabricação de produtos sujeitos à alíquota zero, isentos ou não tributados, quando o ente público impõe resistência ao aproveitamento dos créditos. 3. Não basta o acórdão dos embargos declaratórios afirmar que a matéria está prequestionada, pois não se pode considerar emissão de juízo a simples assertiva de que tais normas não teriam sido violadas. Falta de prequestionamento dos arts. 146 e 488 do Decreto nº 2.637/98 e 96, 108 e 110 do Código Tributário Nacional-CTN. Incidência das Súmulas 282 e 356 do STF. 4. Ausência de interesse em recorrer no concernente ao art. 39, 4º, da Lei nº 9.250/95, porquanto já aplicado pela Corte de origem sobre os créditos reconhecidos. 5. O aresto recorrido - ao entender que inexiste direito ao creditamento do IPI nas hipóteses em que os produtos finais nos quais empregados os insumos isentos, não-tributados e sujeitos à alíquota zero sejam destinados à exportação - não violou os dispositivos apontados no recurso que, em momento algum prevêem tal possibilidade. 6. Recurso especial da Fazenda Nacional improvido. Recurso especial de Compensados Dinor Ltda., conhecido em parte e improvido." (Segunda Turma, REsp n /PR, relator Ministro Castro Meira, DJ de ) "PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. INOCORRÊNCIA. CREDITAMENTO. IPI. INSUMOS ISENTOS, NÃO TRIBUTADOS OU TRIBUTADOS À ALÍQUOTA ZERO. FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL. COMPENSAÇÃO. TRÂNSITO EM JULGADO. CORREÇÃO MONETÁRIA. TRANSFERÊNCIA DO ENCARGO FINANCEIRO. PRECEDENTES. 1. Não viola o artigo 535 do CPC, nem importa negativa de prestação jurisdicional o acórdão que adota fundamentação suficiente para decidir de modo integral a controvérsia posta. 2. Por se restringir a competência atribuída pelo art. 105, III, da CF/88 ao STJ à uniformização da interpretação da lei federal infraconstitucional, não se conhece de recurso cuja matéria recorrida tem contornos eminentemente constitucionais. 3. Desde , com o advento da Lei Complementar 104, que introduziu no Código Tributário o art. 170-A, segundo o qual 'é vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial', agregou-se novo requisito para a realização da compensação tributária: a inexistência de discussão judicial sobre os créditos a serem utilizados pelo contribuinte na compensação. Logo, a compensação só poderá ser realizada após o trânsito em julgado da presente ação. 4. A jurisprudência do STJ e do STF é no sentido de ser indevida a correção monetária dos créditos escriturais de IPI, relativos a operações de compra de matérias-primas e insumos empregados na fabricação de produto isento ou beneficiado com alíquota zero. Todavia, é devida a correção monetária de tais créditos quando o seu aproveitamento, pelo contribuinte, sofre demora em virtude resistência oposta por ilegítimo ato administrativo ou normativo do Fisco. É forma de se evitar o enriquecimento sem causa e de dar integral cumprimento ao princípio Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 23/11/2007 Página 5 de 10

6 da não-cumulatividade. Precedentes do STJ e do STF. Precedentes: RESP /SC, 1ª Turma, Min. Luiz Fux, DJ. de e ERESP /SC, 1ª Seção, Min. Teori Albino Zavaski, DJ DE É firme a orientação da 1ª Seção do STJ no sentido da desnecessidade de comprovação da não-transferência do ônus financeiro correspondente ao tributo, nas hipóteses de aproveitamento de créditos de IPI, como decorrência do mecanismo da não-cumulatividade. Precedentes: RESP /SC, 1ª Turma, Min. Luiz Fux, DJ. de e RESP /PR, 2ª Turma, Min. João Otávio de Noronha, DJ de Ausência de interesse em recorrer face à inexistência de cumulação da SELIC com juros de mora. 7. Recursos especiais a que se nega provimento." (Primeira Turma, REsp n /RS, relator Ministro Teori Albino Zavascki, DJ de ) Por sua vez, o dissídio pretoriano deduzido esbarra no óbice previsto na Súmula n. 83 desta Corte: "Não se conhece do recurso especial pela divergência, quando a orientação do Tribunal se firmou no mesmo sentido da decisão recorrida". 2) Recurso especial interposto pela Invensys Appliance Controls Ltda. O recurso não merece prosperar. No que tange ao prazo prescricional para o ajuizamento de ação referente à utilização de créditos decorrentes da aquisição de insumos e matérias-primas empregadas na fabricação de produtos isentos ou sujeitos à alíquota zero do IPI, verifica-se que o acórdão recorrido posicionou-se no mesmo sentido da jurisprudência desta Corte, razão pela qual não merece reforma. Com efeito, em se tratando de ganho fiscal a ser abatido para posterior aproveitamento escritural, as Turmas que compõem a Primeira Seção deste Tribunal já firmou entendimento de que a prescrição é qüinqüenal, consoante demonstram os seguintes julgados: "PROCESSUAL CIVIL - TRIBUTÁRIO - IPI - AGRAVO REGIMENTAL - QUESTÕES QUE NÃO FORAM OBJETO DO DECISUM AGRAVADO - NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO - CREDITAMENTO - AQUISIÇÃO DE INSUMOS, MATÉRIA-PRIMA E/OU PRODUTOS INTERMEDIÁRIOS ISENTOS OU COM ALÍQUOTA ZERO - PRESCRIÇÃO QÜINQÜENAL - DECRETO /32 - CORREÇÃO MONETÁRIA. 1. Não se conhece do agravo regimental quanto a questões que não foram objeto da decisão agravada. 2. É qüinqüenal a prescrição da ação que pretende reconhecer o direito ao creditamento escritural. 3. É pacífico o entendimento desta Corte quanto à impossibilidade da correção monetária dos créditos escriturais do IPI. 4. Agravo regimental conhecido em parte e, nessa parte, improvido." (Segunda Turma, AgRg no REsp n /PR, relator Ministra Eliana Calmon, DJ de ) Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 23/11/2007 Página 6 de 10

7 "TRIBUTÁRIO. IPI. AQUISIÇÃO DE INSUMOS E MATÉRIAS-PRIMAS ISENTOS, NÃO-TRIBUTADOS OU TRIBUTADOS À ALÍQUOTA ZERO. DIREITO AO CREDITAMENTO. PRESCRIÇÃO QÜINQÜENAL. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. FALTA DE PREQUESTIONAMENTO. I - O princípio constitucional da não-cumulatividade assegura ao contribuinte o direito ao creditamento do IPI na hipótese de aquisição de insumos e matérias-primas isentos ou tributados à alíquota zero. Precedentes: REsp nº /PR, Rel. Min. CASTRO MEIRA, DJ de 25/02/04 e AGA nº /SC, Rel. Min. LUIZ FUX, DJ de 17/11/03. II - A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça firmou o entendimento de que, nas ações que visam ao reconhecimento do direito ao creditamento do IPI, o prazo prescricional é qüinqüenal, sendo atingidas as parcelas anteriores à propositura da ação. III - A discussão acerca dos honorários advocatícios não foi abordada pelo Tribunal a quo, nem tampouco foram opostos embargos de declaração objetivando prequestioná-la, insurgindo-se na espécie a incidência das Súmulas nºs 282 e 356 do STF. IV - Agravos regimentais improvidos." (Primeira Turma, AgRg no AgRg no REsp n /RS, relator Ministro Francisco Falcão, DJ de ) "PROCESSO CIVIL E TRIBUTÁRIO. IPI.CREDITAMENTO. PRESCRIÇÃO QÜINQÜENAL. DECRETO Nº /32. ART. 170-A, CTN. APLICABILIDADE. CORREÇÃO MONETÁRIA. INCLUSÃO. JULGAMENTO ULTRA PETITA. NÃO-OCORRÊNCIA. 1. Esta Corte já pacificou o entendimento de que o prazo para pleitear o creditamento do IPI, por não se tratar de pagamento indevido, é qüinqüenal, nos termos do Decreto-Lei nº /32. Precedentes da Primeira Seção e das duas Turmas de Direito Público. 2. Aplicabilidade do art. 170-A do Código Tributário Nacional (introduzido pela Lei Complementar nº 104/2001), porquanto vigente no momento em que impetrado o mandado de segurança. Precedentes. 4. A incidência da correção monetária, ainda que não conste do pedido inicial, não configura julgamento ultra petita, visando apenas à recomposição do valor da moeda. Precedentes. 5. O Supremo Tribunal Federal reconheceu que, em razão do princípio da não-cumulatividade, na hipótese de aquisição de insumos e matérias-primas isentos ou tributados à alíquota zero é assegurado ao contribuinte o direito ao creditamento do IPI. 6. Não se aplica o disposto no artigo 166 do Código Tributário Nacional na hipótese de direito ao creditamento do IPI, por não se tratar de repetição de indébito ou compensação. Precedentes. 7. A Primeira Seção, ao apreciar os Embargos de Divergência nº /SC, relatados pelo Ministro Teori Zavascki, entendeu ser devida a correção monetária dos créditos de IPI decorrentes da aquisição de insumos e matéria-prima utilizados na fabricação de produtos sujeitos à alíquota zero, isentos ou não tributados, quando o ente público impõe resistência ao aproveitamento dos créditos. 8. Recurso especial de Eldorado Beneficiamento de Couros Ltda-Massa Falida improvido. Recurso especial da Fazenda Nacional conhecido em parte e improvido." (Segunda Turma, REsp n /RS, relator Ministro Castro Meira, DJ de ) Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 23/11/2007 Página 7 de 10

8 Desse modo, o dissídio pretoriano deduzido quanto ao prazo prescricional esbarra no óbice disposto na Súmula n. 83 do STJ. Com relação à correção monetária dos créditos escriturais de IPI relativos a operações de compra de matérias-primas e insumos empregados na fabricação de produto isento ou beneficiado com alíquota zero, o apelo não merece ser conhecido. Verifica-se que o art. 66 da Lei n /91 não foi debatido pelo Tribunal a quo. Resta ausente, portanto, um dos requisitos indispensáveis para o conhecimento do recurso especial, qual seja, o prequestionamento, consoante disposto nas Súmulas n. 282 e 356 do Supremo Tribunal Federal. Ademais, saliento que a jurisprudência desta Corte é no sentido da impossibilidade da correção monetária dos créditos escriturais de IPI relativos a operações de compra de matérias-primas e insumos empregados na fabricação de produto isento ou beneficiado com alíquota zero, com exceção dos casos em que o aproveitamento de tais créditos sofre demora em razão de resistência oposta por ilegítimo ato administrativo ou normativo do fisco. Entretanto, de acordo com o delineamento fático do processo o qual não pode ser alterado por esta Corte em virtude da impossibilidade de apreciação de questões que demandam a análise do contexto fático-probatório do feito, o mandado de segurança não foi impetrado contra ato do fisco que tenha retardado ou impedido o aproveitamento dos créditos decorrentes da aquisição de insumos e matérias-primas utilizadas na fabricação de produtos isentos ou sujeitos à alíquota zero do IPI, ou seja, não houve conduta da autoridade fiscal no sentido de obstar o aproveitamento dos créditos. Dessa forma, não verifico, a teor da orientação desta Corte, a possibilidade de incidência de correção monetária nos referidos créditos. O mesmo entendimento se aplica à não-incidência dos juros, que nem sequer foram cogitados no acórdão recorrido. Diante dessas considerações: a) conheço do recurso especial da Fazenda Nacional no que tange à alínea "a" e nego-lhe provimento; e Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 23/11/2007 Página 8 de 10

9 b) não conheço do recurso especial interposto pela empresa contribuinte. É o voto. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 23/11/2007 Página 9 de 10

10 CERTIDÃO DE JULGAMENTO SEGUNDA TURMA Número Registro: 2002/ REsp / RS Número Origem: PAUTA: 23/10/2007 JULGADO: 23/10/2007 Relator Exmo. Sr. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA Presidente da Sessão Exmo. Sr. Ministro CASTRO MEIRA Subprocuradora-Geral da República Exma. Sra. Dra. DULCINÉA MOREIRA DE BARROS Secretária Bela. VALÉRIA ALVIM DUSI AUTUAÇÃO RECORRENTE : INVENSYS APPLIANCE CONTROLS LTDA ADVOGADO : JOSE ROBERTO MARCONDES E OUTRO(S) RECORRENTE : FAZENDA NACIONAL PROCURADOR : ARTUR ALVES DA MOTTA E OUTRO(S) RECORRIDO : OS MESMOS ASSUNTO: Tributário - IPI - Imposto Sobre Produtos Industrializados - Isenção CERTIDÃO Certifico que a egrégia SEGUNDA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: "A Turma, por unanimidade, conheceu do recurso da Fazenda pela alínea "a" e negou-lhe provimento e não conheceu do recurso da empresa contribuinte, nos termos do voto do(a) Sr(a). Ministro(a)-Relator(a)." Os Srs. Ministros Castro Meira, Humberto Martins, Herman Benjamin e Eliana Calmon votaram com o Sr. Ministro Relator. Brasília, 23 de outubro de 2007 VALÉRIA ALVIM DUSI Secretária Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 23/11/2007 Página 10 de 10