Superior Tribunal de Justiça

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1 RECURSO ESPECIAL Nº SP (2004/ ) RELATOR : MINISTRO JOÃO OTÁVIO DE NORONHA RECORRENTE : BANCO NOSSA CAIXA S/A ADVOGADO : REYNALDO CUNHA E OUTRO(S) RECORRIDO : MUNICÍPIO DE SANTOS PROCURADOR : LUIZ SOARES DE LIMA E OUTRO(S) EMENTA RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. TAXA DE LICENÇA PARA LOCALIZAÇÃO DE ESTABELECIMENTO COMERCIAL. PODER DE POLÍCIA. EFETIVIDADE DO EXERCÍCIO. SÚMULA N. 7/STJ. VIOLAÇÃO DOS ART. 77 DO CTN. MATÉRIA CONSTITUCIONAL. ART. 333 DO CPC. ÔNUS DA PROVA. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. 1. Não se conhece de recurso especial nas hipóteses em que seria necessário o reexame de matéria fático-probatória para alterar o entendimento adotado pela Corte local de que houve efetivo exercício do poder de polícia ensejador da cobrança da fiscalização, localização e funcionamento de estabelecimento comercial. Incidência da Súmula n. 7 do STJ. 2. Em sede de recurso especial, não cabe a apreciação de questão relativa à interpretação do art. 77 do Código Tributário Nacional, visto tratar-se de tema de índole essencialmente constitucional, uma vez que ambos os dispositivos reproduzem o art. 145 da Constituição Federal. 3. Aplicam-se os óbices previstos nas Súmulas n. 282 e 356 do STF quando a questão infraconstitucional suscitada não foi debatida no acórdão recorrido, nem, a respeito, foram opostos embargos de declaração. 4. Recurso especial não-conhecido. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, não conhecer do recurso nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Castro Meira, Humberto Martins, Herman Benjamin e Eliana Calmon votaram com o Sr. Ministro Relator. Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Castro Meira. Brasília, 26 de junho de 2007 (data do julgamento). MINISTRO JOÃO OTÁVIO DE NORONHA Relator Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 06/08/2007 Página 1 de 6

2 RECURSO ESPECIAL Nº SP (2004/ ) RELATOR : MINISTRO JOÃO OTÁVIO DE NORONHA RECORRENTE : BANCO NOSSA CAIXA S/A ADVOGADO : REYNALDO CUNHA E OUTRO(S) RECORRIDO : MUNICÍPIO DE SANTOS PROCURADOR : LUIZ SOARES DE LIMA E OUTRO(S) RELATÓRIO O EXMO. SR. MINISTRO JOÃO OTÁVIO DE NORONHA: Interpõe BANCO NOSSA CAIXA S/A recurso especial fundado nas alíneas "a" e "c" da norma autorizadora, contra acórdão do Primeiro Tribunal de Alçada Civil do Estado de São Paulo assim ementado: "Taxa - Localização e funcionamento - Renovação - Município de Santos - Admissibilidade - Lançamento correto - Entendimento firmado pelo Supremo Tribunal Federal - Embargos infringentes rejeitados" (fl. 151). A parte recorrente alega que o acórdão recorrido violou o art. 77 do CTN. Argumenta que não restou devidamente comprovado nos autos o efetivo, regular e anual exercício do poder de polícia, único elemento capaz de legitimar a cobrança da taxa de renovação de licença para localização. Sustenta também, a teor do disposto nos arts. 331 e 333, I, do CPC, que cabe à ora recorrida o ônus de comprovar que a execução de serviços que ampara a cobrança da exação em comento. Por fim, fundamenta sua pretensão em suposto dissídio jurisprudencial entre o acórdão recorrido e julgados desta Corte. autos conclusos. Admitido o recurso (fls. 200/201), com as contra-razões (fls. 180/183), vieram-me os É o relatório. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 06/08/2007 Página 2 de 6

3 RECURSO ESPECIAL Nº SP (2004/ ) EMENTA RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. TAXA DE LICENÇA PARA LOCALIZAÇÃO DE ESTABELECIMENTO COMERCIAL. PODER DE POLÍCIA. EFETIVIDADE DO EXERCÍCIO. SÚMULA N. 7/STJ. VIOLAÇÃO DOS ART. 77 DO CTN. MATÉRIA CONSTITUCIONAL. ART. 333 DO CPC. ÔNUS DA PROVA. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. 1. Não se conhece de recurso especial nas hipóteses em que seria necessário o reexame de matéria fático-probatória para alterar o entendimento adotado pela Corte local de que houve efetivo exercício do poder de polícia ensejador da cobrança da fiscalização, localização e funcionamento de estabelecimento comercial. Incidência da Súmula n. 7 do STJ. 2. Em sede de recurso especial, não cabe a apreciação de questão relativa à interpretação do art. 77 do Código Tributário Nacional, visto tratar-se de tema de índole essencialmente constitucional, uma vez que ambos os dispositivos reproduzem o art. 145 da Constituição Federal. 3. Aplicam-se os óbices previstos nas Súmulas n. 282 e 356 do STF quando a questão infraconstitucional suscitada não foi debatida no acórdão recorrido, nem, a respeito, foram opostos embargos de declaração. 4. Recurso especial não-conhecido. VOTO O EXMO. SR. MINISTRO JOÃO OTÁVIO DE NORONHA (Relator): O apelo não merece prosperar. Inicialmente, no que tange à alegação de que não houve a efetividade do exercício do poder de polícia ensejadora da cobrança da taxa de licença para localização de estabelecimento comercial, verifica-se que, para mudar o entendimento adotado pela Corte local, no sentido de que houve seu efetivo exercício, seria necessário o reexame de matéria fático-probatória dos autos, o que é vedado pela Súmula n. 7 do STJ. Quanto à suscitada violação do art. 77 do Código Tributário Nacional, o recurso igualmente não merece conhecimento, tendo em vista o entendimento consolidado desta Corte de que a interpretação desses dispositivos legais constitui tema de índole essencialmente constitucional, já que ambos reproduzem o art. 145 da Constituição Federal, consoante demonstram os seguinte julgados: "PROCESSUAL CIVIL VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC INOCORRÊNCIA EMBARGOS DECLARATÓRIOS COM NÍTIDO CARÁTER INFRINGENTE ACÓRDÃO RECORRIDO SOB O ENFOQUE Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 06/08/2007 Página 3 de 6

4 EXCLUSIVAMENTE CONSTITUCIONAL - TAXA DE CONTROLE E FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL - VIOLAÇÃO AOS ARTS. 77 E 78, DO CTN - MATÉRIA JULGADA PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL EM AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. Não viola o artigo 535 do CPC, nem importa negativa de prestação jurisdicional o acórdão que, mesmo sem ter examinado individualmente cada um dos argumentos trazidos pelo vencido, adotou, entretanto, fundamentação suficiente para decidir de modo integral a controvérsia posta. O recurso especial não se presta ao exame de matéria de índole constitucional, de competência exclusiva da Suprema Corte, nos termos do artigo 102 da Constituição Federal. A afirmação de que a lei instituidora da Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental TCFA (Lei n.º /2000) contraria o disposto nos arts. 77 e 78, do Código Tributário Nacional, que repetem texto constitucional, significa, por via reflexa, afirmar a inconstitucionalidade de referida disposição, matéria apreciável pelo Colendo Supremo Tribunal Federal. Agravo regimental improvido." (Segunda Turma, AgRg no Ag n /MG, relator Ministro Francisco Peçanha Martins, DJ de ) "AGRAVO REGIMENTAL. TRIBUTÁRIO. TAXA DE CONTROLE E FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL. VIOLAÇÃO AOS ARTS. 77 E 78, DO CTN. MATÉRIA DE NATUREZA CONSTITUCIONAL. COMPETÊNCIA DO STF. PRECEDENTES. PRETENSÃO DE DECLARAÇÃO REFLEXA DE INCONSTITUCIONALIDADE. 1. Os arts. 77 e 78, do CTN reproduzem preceito constitucional (art. 145, da Constituição Federal) remetendo a análise da controvérsia ao Pretório Excelso, em sede de apelo extremo (C.F., art. 102, III). 2. 'O art. 105, III, da CF não contempla a possibilidade de, em Recurso Especial, confrontar-se dispositivos de Lei Complementar (CTN) e de Lei Federal, a fim de declarar-se a ilegalidade desta última. Recurso Especial não conhecido.' (RESP /RS, Rel. Min. FRANCISCO PEÇANHA MARTINS, DJ de 17/09/2001) 3. A afirmação de que a lei instituidora da Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental TCFA (Lei n.º /2000) contraria o disposto nos arts. 77 e 78, do Código Tributário Nacional, que repetem texto constitucional, significa, por via reflexa, afirmar a inconstitucionalidade de referida disposição, matéria apreciável pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, guardião dos comandos constitucionais. 4. Inexiste matéria infraconstitucional autônoma. 5. Ausência de motivos suficientes para a modificação do julgado. Manutenção da decisão agravada. 6. Agravo regimental desprovido." (Primeira Turma, AgRg no Ag n /PR, relator Ministro Luiz Fux, ) "TRIBUTÁRIO. TAXA DE SAÚDE SUPLEMENTAR. ARTIGO 77 DO CTN. MATÉRIA CONSTITUCIONAL. ART. 145, 2º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. 1. O artigo 77 do Código Tributário Nacional reproduz dispositivo constitucional, implicando sua interpretação a apreciação de questão constitucional, inviável em recurso especial. 2. Recurso especial improvido." (Segunda Turma, REsp n /RJ, relator Ministro Castro Meira, DJ de 1º ) Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 06/08/2007 Página 4 de 6

5 Por sua vez, a questão relativa ao ônus da prova não restou prequestionada. Isso porque os dispositivos tidos como violados, quais sejam, os arts. 331 e 333 do Código de Processo Civil, em nenhum momento foram analisados no acórdão recorrido nem foram objeto dos embargos de declaração. Nesse contexto, o recurso não reúne condições de conhecimento ante a ausência de um de seus requisitos indispensáveis. Aplicam-se à espécie, por conseguinte, os enunciados das Súmulas n. 282 e 356 do Supremo Tribunal Federal. Corroborando tal entendimento, confira-se o seguinte acórdão desta Corte: "PROCESSUAL CIVIL - RECURSO ESPECIAL - AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO - INVIABILIDADE - SÚMULAS 282 e 356 DO STF E 211/STJ - DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL NÃO DEMONSTRADO. - Nos termos das Súmulas 282 e 356 do STF e 211/STJ, torna-se inviável o recurso especial quanto à questão não decidida no Tribunal de origem, haja vista a ausência do inafastável requisito constitucional do prequestionamento. - A iterativa jurisprudência desta Corte firmou entendimento no sentido de que, na hipótese de recurso especial fundado na alínea 'c' do permissivo constitucional, é indispensável que o aresto hostilizado e os julgados colacionados tenham decidido, rigorosamente, o mesmo tema de direito sob o enfoque da mesma legislação federal então aplicada, porém dando-lhes soluções jurídicas distintas. - Agravo regimental improvido." (Segunda Turma, AgRg no Ag n /SP, relator Ministro Francisco Peçanha Martins, DJ de ) Ante o exposto, não conheço do recurso especial. É como voto. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 06/08/2007 Página 5 de 6

6 CERTIDÃO DE JULGAMENTO SEGUNDA TURMA Número Registro: 2004/ REsp / SP Número Origem: PAUTA: 26/06/2007 JULGADO: 26/06/2007 Relator Exmo. Sr. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA Presidente da Sessão Exmo. Sr. Ministro CASTRO MEIRA Subprocurador-Geral da República Exmo. Sr. Dr. ANTÔNIO CARLOS FONSECA DA SILVA Secretária Bela. VALÉRIA ALVIM DUSI AUTUAÇÃO RECORRENTE : BANCO NOSSA CAIXA S/A ADVOGADO : REYNALDO CUNHA E OUTRO(S) RECORRIDO : MUNICÍPIO DE SANTOS PROCURADOR : LUIZ SOARES DE LIMA E OUTRO(S) ASSUNTO: Tributário - Taxa - Licença para Localização e Funcionamento CERTIDÃO Certifico que a egrégia SEGUNDA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: "A Turma, por unanimidade, não conheceu do recurso, nos termos do voto do(a) Sr(a). Ministro(a)-Relator(a)." Os Srs. Ministros Castro Meira, Humberto Martins, Herman Benjamin e Eliana Calmon votaram com o Sr. Ministro Relator. Brasília, 26 de junho de 2007 VALÉRIA ALVIM DUSI Secretária Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 06/08/2007 Página 6 de 6